Um dos tópicos mais frequentes da nossa desinformação é a tanga climática.
7 Out 2019
5 Nov 2019
Tanga climática, porque nas antigas previsões dos especialistas para 2020, deveríamos estar com primavera no inverno, sendo neve e chuva uma coisa rara.
Mesmo não ligando à Pirralha de serviço (ou Pipi ralha), para quem as tempestades do Atlântico são brincadeiras dos mares do sul, tendo o bom augúrio de não se cruzar com a depressão da Elsa, vieram os ventos lembrar às ventas que deveríamos estar em período decretado de seca extrema, ou coisa do género. Senão, recordemos as notícias de Outubro e Novembro:
- Público - Portugal continental manteve situação de seca meteorológica em Setembro
- Expresso - Portugal continental manteve situação de seca meteorológica em setembro
5 Nov 2019
- JN - Seca extrema aumenta em Portugal apesar do desagravamento no norte e centro
- Público - Mais de 30% do território continental em seca severa e extrema no fim de Outubro
- DN - Clima. 36% de Portugal continental em seca severa e extrema
As notícias de Novembro surgiam já depois das chuvas do final de Outubro, que se prolongaram praticamente por todo o mês de Novembro e continuaram em Dezembro.
Mesmo assim ainda se leriam títulos como "Os efeitos devastadores da seca no Algarve" já que não conseguiam arranjar outra seca para alimentar a seca de notícias. Enfim, era como se o Algarve e o Alentejo fossem afinal regiões conhecidas pela abundante chuva.
Não se pense que a Elsa trouxe água suficiente para afogar as mágoas.
Nada disso, a infindável ladaínha da seca está aí para ficar: "Últimas chuvas que foram parar às barragens dão para menos de um mês de consumo de água no Algarve".
Mesmo que a quase totalidade do país esteja a braços com barragens a rebentar pelas costuras, obrigadas a fazer constantes descargas (caso de Crestuma, que fez transbordar o Douro, ou o caso de Ribeiradio que provocou inundações em Águeda), o problema é que afinal a Elsa ainda não encheu por completo o Alqueva, ou outras barragens algarvias.
Correio da Manhã - em consequência da tempestade Elsa:
"Inundações na Maia deixam EN14 alagada e intransitável"
"Inundações na Maia deixam EN14 alagada e intransitável"
Assim, sem surpresa, tal como no ano passado, depois da vinda do Leslie em Outubro, chegou a Primavera e os artistas falaram de novo em "seca extrema", mantendo a mesma desavergonhada postura, mesmo que lhes caia um nevão, logo de seguida, como aconteceu em Abril.
Nada disto é de estranhar, porque não há qualquer vergonha, e uma característica de estado de sítio ditatorial é ordenar que a mentira passe por verdade. Não faltará um esperto que venha dizer, na lógica da cebola das "alterações climáticas", que afinal a inundação apenas confirma a seca.