segunda-feira, 27 de junho de 2011

Coimbra - Torre dos Cinco Cantos de Hércules

No texto anterior sobre o Culto do Oculto, faltou fazer referência a uma informação que apenas encontrámos passados estes 20 dias, e que o título torna auto-explicativa.
Ao ler uma parte dos Diálogos da Vária História, de Pedro Mariz (1594), fomos confrontados com esta passagem (pag.14):
Entre as quais povoações não foi (segundo parece) a de menor estima esta nossa Coimbra, onde fabricou aquela torre de cinco cantos, que naquele alto vedes situada, a que ainda hoje chamam de Hércules. E deixou o seu nome, não somente a esses campos, que ao longo do Mondego se estendem, a que os Autores antigos chamam Hérculeos; mas também a toda a mais terra, e à mesma Cidade, que por eles é chamada de Hércules; sinal evidentissimo de ser por ele fundada; pois, como diz o outro, não é de todo falso, o que em muito tempo é divulgado por muitos, quando por outra mor certeza o contrário não aparece.
Pedro Mariz deixa um registo que coloca Hércules como autor da Torre pentagonal de Coimbra, que já tinha sido motivo do nosso texto anterior, mas que vimos associada a D. Sancho I... mais acaba por definir que Coimbra teria sido fundada por Hércules e teria levado o seu nome! 

Arriscamos uma estória...
Desde Afonso Henriques haveria ordens para destruir a torre dos 5 cantos... o número 5 das nossas quinas surge aqui como factor anterior à nacionalidade afonsina.
Talvez o fundador, querendo preservar o registo, manda simplesmente disfarçar a situação fazendo uma outra torre quadrada, ao lado. A certa altura passa por ter sido o seu filho D. Sancho a fazer a outra ao lado (situação que já me tinha parecido invulgar...). D. Dinis continua o disfarce, mandando ele fazer uma torre pentagonal no Castelo do Sabugal, tornando assim a torre de Hércules exemplar não único! 
A situação, como sabemos, complicou-se bastante na regência do Marquês... o que levou à terraplanagem e destruição da torre, com a desculpa da construção do Observatório Astronómico!

À falta de outra imagem... fica a outra Torre de Hércules - o célebre farol de La Coruña:
... e é claro que temos que dar alguma voz a Gaspar Barreiros, que se queixava da atribuição a Hércules de tudo o que era construção antiga na Hispânia.

sábado, 25 de junho de 2011

Falk-Colombo

Para quem cresceu com a série Colombo, o detective interpretado por Peter Falk, não se pode deixar de assinalar o óbito desse actor que inspirou o espírito inquisitivo em detrimento de outros métodos nas séries policiais. As razões da sua morte ontem terão sido uma degradação do estado mental, associado a Alzheimer... a crónica doença do esquecimento.

Se tratámos por aqui dos mistérios de Colombo, não poderíamos deixar de assinalar a passagem deste actor que se confundiu com o personagem que resolvia mistérios policiais de forma sui generis. O seu rigor admitia o humor e não necessitava da frieza técnica que se tornou moda em séries como CSI e similares... uma pequena grande diferença.
Se em inglês Columbo é ligeiramente diferente de Columbus, a sua tradução nacional seguiu o nome Colombo, e por isso a notícia da morte de Colombo soa sempre como algo estranho, em que os personagens se sobrepõem aos actores. Peter Falk era caolho direito.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Milho a milhas

Num post antigo do Portugalliae, era apresentado um vídeo de Gunnar Thompson sobre a evidência da existência de milho entre os egípcios:


Não estão aqui em causa os argumentos de Thompson, e seria bom que houvesse imagens em vez de desenhos, mas é óbvio que ele se baseou em imagens reais e tenha decidido não usar material sujeito a direitos de autor. Apesar de estar na internet desde 2009, este vídeo revelador teve menos de 500 visitas, o que mostra bem que não basta divulgar, é preciso que a máquina de divulgação o autorize.

Se admitirmos que o milho é originário da América, isso significaria uma prova da presença egípcia nas américas... essa é uma linha de raciocínio possível, mas desconheço como se pode provar que só havia milho na América, e que daí chegou ao resto do mundo.

O nosso propósito aqui é ligeiramente diferente... numa tradução do livro "Sobre as Faculdades Naturais" de Galeno, feita em 1916 por A. J. Brock, encontramos a seguinte peça:
Or shall we also furnish our argument with the illustration afforded by corn? For those who refuse to admit that anything is attracted by anything else, will, I imagine, be here proved more ignorant regarding Nature than the very peasants. When, for my own part, I first learned of what happens, I was surprised, and felt anxious to see it with my own eyes. Afterwards, when experience also had confirmed its truth, I sought long among the various sects for an explanation, and, with the exception of that which gave the first place to attraction, I could find none which even approached plausibility, all the others being ridiculous and obviously quite untenable.
A palavra corn tem uma tradução que é milho... ou seja o tradutor aceitava que Galeno no Séc. II falava de milho, que segundo consta hoje só seria descoberto na América! Mas a descrição é mais elucidativa:
What happens, then, is the following. When our peasants are bringing corn from the country into the city in wagons, and wish to filch some away without being detected, they fill earthen jars with water and stand them among the corn; the corn then draws the moisture into itself through the jar and acquires additional bulk and weight, but the fact is never detected by the onlookers unless someone who knew about the trick before makes a more careful inspection. Yet, if you care to set down the same vessel in the very hot sun, you will find the daily loss to be very little indeed. Thus corn has a greater power than extreme solar heat of drawing to itself the moisture in its neighbourhood. Thus the theory that the water is carried towards the rarefied part of the air surrounding us (particularly when that is distinctly warm) is utter nonsense; for although it is much more rarefied there than it is amongst the corn, yet it does not take up a tenth part of the moisture which the corn does.
Ou seja, fala-se no Séc. II, concretamente no transporte de milho em vagões pelos camponeses e na propriedade do milho inchar... que é observada em várias coisas (em particular no processo das pipocas).
Não seria acidente o milho inchar, o propósito era aumentar o seu peso para que os camponeses pudessem ficar com algum para seu proveito, sem ser detectado entre pesagens, conforme Galeno explica. O objectivo de Galeno era apenas mostrar um princípio de atracção que ilustrava com a capacidade do milho inchar - "atraindo" o que o circundava.

Este não é o único texto em que vemos referências ao milho.
Por exemplo, na parte sobre a Hispania, na tradução de 1903 de Estrabo diz-se o seguinte:

Large quantities of corn and wine are exported from Turdetania, 
besides much oil, which is of the first quality;


Ou seja, é possível ler que o milho viria da Turdetania (e outras partes da Hispania e Aquitania).

Fica assim claro que no início do Séc. XX não havia a noção de que fosse algo estranho admitir que havia cultura de milho na Antiguidade... as traduções fazem-no com alguma naturalidade. Por isso, é de admitir que só no decurso do Séc. XX houve a fixação de que o milho seria exclusividade americana até aos descobrimentos!

Se o milho é originário das Américas, pois nesse caso ficam mais claras as viagens oceânicas na Antiguidade, caso ainda fosse necessária essa prova adicional... Porém, o que deve ter acontecido é que a cultura do milho na Europa durante a Idade Média, ou desapareceu pelas alterações climáticas, ou foi mesmo proibida (o que é mais natural, talvez até pelo artifício de enganar as pesagens relatado por Galeno).
O milho terá sido então reencontrado e autorizado no decurso das "descobertas", mas tanto pode ter tido a sua origem nas Américas, como pode ter sido levado para a América na Antiguidade.
Mas a questão da "prioridade dos descobrimentos" é o primeiro milho dado aos pardais, o que interessa é a questão da proibição, quem a implementou e por que razões?...

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NOTA IMPORTANTE [03/06/2013]
No século XIX era habitual usar-se a palavra "corn" para grão distinguindo "maize corn" para milho.
Actualmente a designação "corn" é usada para milho... portanto uma boa parte deste texto desfaz-se nesse equívoco de linguagem. Por isso algumas palavras aparecem agora cortadas, e o texto passou a cinzento... não está todo invalidado porque ainda tem como base a referência de Gunnar Thompson.

sábado, 18 de junho de 2011

La Palisse, Roma e Pavia, verdadeira mente

Verdadeiramente, a mente mente...

Vulcano e Poseidon
Há mais de um ano, em Abril de 2010, aquando da erupção de um vulcão islandês que decidiu irromper no momento da divulgação interna do Truth Report sobre a crise financeira, entrei num interessante diálogo no blog arrastão
A referida erupção surgia depois de um início de 2010 especialmente conturbado, marcado pelo mais devastador resultado de um terramoto sem maremoto, em Port-au-Prince. Há quem ache natural reportar-se a morte de mais de 200 mil pessoas no Haiti, por via de um sismo de amplitude 7.1 na escala de Richter. Devemos lembrar que o terramoto na Indonésia, em Aceh, teve amplitude 9, ou seja foi 100 vezes superior, e o número semelhante de vítimas deveu-se ao maremoto que se estendeu por uma larga área no Índico, abrangendo vários países. Sobre o evento já falei no artigo sobre a derrota da Hispaniola, e de forma alegórica num post da altura... porque nem sempre é fácil escrever explicitamente, quando a "situação é explosiva", e o "mundo muda de 15 em 15 dias", usando as oficiais frases governamentais da época.
Os poucos que seguiram o blog alvorsilves, desde o início, perceberão melhor do que falo...

Em 12 de Abril de 2010 era lançado na Islândia o Truth Report, conforme ainda fui encontrar nesta notícia do Telegraph, e a situação ficava mais explosiva para o primeiro-ministro islandês (actualmente a ser julgado). Acumulando a essa situação explosiva, o vulcão entra em erupção e em 14 de Abril passa a ser notícia a proibição de vôos.

 
Protestos populares na residência do Primeiro-Ministro Islandês
e primeiras imagens do vulcão Eyjafjallajökull, de onde saía fumo branco, ou negro?

Sob o ponto vista noticioso a actividade vulcânica do Eyjafjallajökull ocultou o Truth Report islandês. 
Se mal se ouvia falar da Islândia, o Truth Report poderia ter provocado uma explosiva situação espalhando cinzas sobre a Europa, porém no espaço de dois dias passou a ser o vulcão a fazê-lo. Dir-se-à que milhares de pessoas fizeram esta associação sobre o vulcão financeiro, mas não... A situação é ainda mais engraçada, pois no dia da publicação do relatório tinha terminado a erupção doutro vulcão, conforme se pode ler no Iceland Review no dia seguinte (15/04/2010):
Iceland is a strange place. When the “truth report” came out last Monday, the eruption on Fimmvörduháls stopped. To give the citizens some time and space to read it. Two days later, yesterday, another volcanic eruption started. Just a few kilometers away from the first one, at the top of Eyjafjallajökull glacier. A much more powerful eruption. Are the old gods angry?
Não seriam os velhos deuses, sobre esses temeu-se a explosão do Katla, durante dias... Mas, para a pequena intensidade do Eyjafjallajökull seriam mais os semideuses financeiros que elevavam essas cinzas até à estratosfera para depois as deixarem cair sobre a Europa. Tal como a roupa do imperador, as cinzas eram invisíveis... e as vozes de crianças a denunciá-lo estavam abafadas. 

A mente mente, porque a aceitação de informação é condicionada na educação. Ninguém é educado para ler notícias de forma alegórica... e por isso, às vezes, as notícias mais estrombólicas têm informação invisível para a esmagadora maioria do povo.

Foi nesse contexto de colisão de mentes, que fiz nesse blog o papel de criança que denuncia a nudez do império... só que nesta história, a voz criança é abafada na multidão. À excepção de um comentador (cafc), a boa educação dos restantes viu a denúncia das imagens vulcânicas islandesas como uma alucinação isolada de um qualquer maluco.


Mente
O assunto seguiu para uma observação peculiar, que deveria ser notada largamente, mas sobre a qual nada é dito. Os advérbios que terminam em mente, de mentir!
Será caso único? Não é!
Nas diversas línguas (interessa a fonética):
  • Português, Espanhol, Italiano: Advérbio +mente, Verbo = mentir(e), mente (3ª pessoa)
  • Francês: Advérbio +ment, Verbo - mentir, ment (3ª pessoa)
  • Inglês: Advérbio +ly, Verbo - lie/ly 
  • Alemão: Advérbio +lich, Verbo - liegen, liegt (3ª pessoa)
Isto acontece casualmente ou o casual mente?
A origem não é o Império Romano, pois a declinação "+mente" não se encontra no Latim, podendo ser até variável do caso.
Na altura em que coloquei o tema invoquei a sua aplicação nacional pela Lei Mental... a tal que D. João I tinha na sua mente, mas apenas invocando a semelhança do nome, e pela estorieta de estar na "mente" do rei, contudo convém notar que nas obras transcritas de Fernão Lopes já aparece a declinação "+mente" nesses advérbios.

Portanto, a origem desta declinação no mente de mentir parece ser anterior, medieval, mas foi aplicada de forma quase uniforme, ou uniformemente, em línguas cuja raiz era diferente. Como se tivesse havido uma ordem emitida aplicada às várias línguas... ou como se as línguas tivessem sido construídas deixando esse artifício identificador. A hipótese de línguas construídas na Idade Média não é assim tão estranha, já que houve certamente algum processo orientador a nível gramatical. O mais estranho é a declinação "+mente" já que associa duas sílabas tornando esses advérbios as nossas mais longas palavras... nota-se que houve algo propositado, que dá um significado diferente a verdadeiramente e à verdadeira mente.

Para além disso, usamos "Mente" para nos referirmos ao nosso raciocínio, e os ingleses apesar de mais cautelosos usam "Mind" que pode ter um sentido de aviso ou de importância.
A mente acidentalmente revela-nos que o acidental mente.


Roma e Pavia
O assunto deste post seria sobre Roma e Pavia, que "não se fizeram num dia"...
Como é claro, não se pretendia invocar nenhum processo construtivo feito com "paciência de chinês", mas apenas procurar a origem desta expressão, que já é mencionada (pelo menos) no início do Séc. XIX. É claro, pode invocar-se o acidente fonético de "Pavia" rimar com "dia"... mas haveria outras possibilidades fonéticas, sem que se pense que pode haver outra razão mais pertinente.

Na Storia delle Rivoluzioni d'Italia (vol. I) de Giuseppe Ferrari, relacionam-se as duas cidades com a intervenção de Belisário:
Forse a caso sarebbe il Pontefice atterrito e supplicherebbe l'imperatore di tutelare Roma, di proteggere la legge e la fede dei romani, di continuare la guerra di Belisario contro gli ariani di Pavia? Poteva forse darsi una tregua tra Roma e Pavia, tra le due Italie? La guerra doveva durare ed essere più forte, più vasta che l'Italia stessa perchè il cattolicismo interessava la metà del mondo alla causa di Roma, ed anche i Longobardi potevano trascinare nella lotta i loro federati.
Belisario, representação no Palazzo Beneventano, Siracusa

Ou seja, fala-se da invasão bizantina que Justiniano levou a Itália através do seu general Belisário, e mais concretamente fica claro que foi no sentido de resolver o problema Ariano... e insistimos que o Arianismo nada tem a ver com o conceito racial espalhado no Séc. XX, mas tão somente com a teologia monofisista de Arius de Alexandria, que tinha sido adoptada pelos godos, neste caso os Longobardos. De um lado, uma Pisa ariana e do outro lado uma Roma católica... 

Este problema foi ainda mais notório na forma como Belisário, chamado a Bizâncio, resolveu o problema da Revolta de Nika, que pode ser interpretada num conflito de cores partidárias, e na própria elevação de São Nicolau. Este conflito não teve apenas episódio... e passamos a uma verdade de La Palisse!


La Palisse
A expressão verdade de La Palisse tem um significado curioso, já que não remete ao general Jacques de La Palisse, mas sim à deturpação de uma canção em sua homenagem.
A deturpação é reveladora! O verso em francês, cantado postumamente pelos seus soldados, dizia:
S'il n'était pas mort il ferait envie
Porém, quem ler textos antigos percebe  rapidamente que havia uma grafia semelhante entre o S e o F... mais um foco para muitas confusões! A lenda sinaliza bem essa confusão... do verso "se não estivesse morto faria inveja" passamos para "se não estivesse morto estaria vivo":
S'il n'était pas mort il serait en vie
bastando retirar o tracinho do f  e separando "envie" em "en vie", tal como verdadeiramente pode ficar verdadeira mente. A verdade de La Palisse mostra muito mais como uma minúscula alteração de textos pode mudar por completo o seu significado original!

Para além desta relação, o que tem de especial La Palisse, para ainda relacionarmos com Roma e Pavia?
Ora, justamente La Palisse, reconhecido pelas múltiplas vitórias, vai morrer em 1523 na Batalha de Pavia... que opôs o exército francês de Francisco I contra o Sacro-Império Romano dos Habsburgos de Carlos V, algo que pode ser enquadrado numa reedição nas cores do velho confronto de Belisário.
Batalha de Pavia em 1523 (tapetes de Pavia)

terça-feira, 7 de junho de 2011

O culto do oculto

O propalado espírito reformador do Marquês de Pombal, que tanto foi propagandeado na nossa História, especialmente na fase republicana, tem um outro lado, mais difícil de ser percepcionado, mas que tende a mostrar o contrário.
Um desses factos-mitos é a suposta reforma e modernização da Universidade de Coimbra, que incluiria a constituição do Observatório Astronómico.
Porém, vejamos o que se passou (artigo de C. M. Martins e F. Figueiredo, revista Rua Larga, nº21):
Em 1773 inicia-se a construção deste vasto equipamento, com a demolição do castelo medieval e a regularização do terreno, e em 1775 estava realizado o essencial do piso térreo. A partir desta data pouco mais se avança. O elevado custo destes trabalhos, estando ainda por realizar parte significativa da obra, deve ter conduzido a Universidade a interromper tão ambicioso projecto. Um possível sintoma de divergência entre a vontade régia, de que a equipa de Guilherme Elsden era a executora, e as reais capacidades da Universidade.
Ou seja, aquilo que aconteceu foi uma efectiva obra de terraplanagem do Castelo Medieval de Coimbra.
Chegámos aqui através de uma referência à Torre pentagonal do Castelo do Sabugal, de António Carvalho da Costa, na Corografia Portuguesa de 1708:
Sendo da Coroa Portuguesa, El Rey D. Dinis a aumentou pelos anos de 1296 com forte Castelo & uma torre muito alta de cinco quinas, como a do Castelo de Coimbra, & no fecho da mais alta abóbada dela se vê o escudo das Armas Reais de Portugal com este letreiro:
Esta fez El Rey D. Dinis, Que acabou tudo o que quiz; 
Que quem dinheiro tiver, Fará quanto quizer. 
Torre das Cinco Quinas - Castelo do Sabugal

A notícia de semelhante Torre Pentagonal não apenas no Sabugal, mas também no Castelo de Coimbra, acabou por estar quase perdida. Encontrei um excelente apontamento no blog respigo onde há um link para lâminas/imagens únicas, da viagem de Cosme de Médicis pela Espanha e Portugal em 1668. Em particular, pode ainda ver-se o Castelo de Coimbra:

Vista de Coimbra 1668-69 (Viagem de Cosme de Médicis)

Uma torre pentagonal, apesar de invulgar, não é uma obra insólita, é até adequada ao aspecto das cinco quinas, símbolo fundador da nacionalidade. Talvez por isso não nos estranhe ser D. Sancho I que tem essa ideia original de construir uma torre pentagonal, ao lado da torre quadrada, apontada a nascente (Portas do Sol), que seu pai D. Afonso Henriques tinha mandado construir.

O que é insólito é que o que sobrou ao terramoto de Lisboa em 1755 teve muitas vezes um destino semelhante de destruição. Isso já não estranha, se encararmos o aspecto oculto que esteve presente no terramoto e na actuação bulldozer do Marquês. O renascer da intelectualidade portuguesa, se estava por um lado abafado pela pressão inquisitória do Santo Ofício, não foi minimamente levantado pelo Marquês. Ao contrário, houve uma importação coordenada de conhecimento externo que poderá parecer hoje pertinente e louvável, mas que era quase risível à época. Até ao início do Séc. XVIII, Portugal ainda teria pouco a aprender com a importação de saber europeu externo, com D. João V ainda havia manchas de saber nacional profundo (lembremos Bartolomeu de Gusmão)... foi a partir do terramoto e do "incêndio" que levou à destruição do espólio nacional, e da perseguição ao saber jesuíta, que tudo decaiu rapidamente. O Marquês enquanto maçon, não terá domesticado o leão inglês, terá antes caminhado ao lado dele, num desígnio que iria lançar as bases de poder noutras paragens anglo-saxónicas. Estas facções degladiam-se ainda em guerras de alecrim e manjerona que passam ao lado da população, onde o oculto reina como culto submerso.

Segundo a lenda, teria sido no Sabugal, perto deste Castelo das Cinco Quinas de D. Dinis, que teria ocorrido o milagre das rosas da Rainha Santa Isabel, numa aparente reedição do milagre da sua tia-avó Santa Isabel da Hungria. Não é difícil perceber que já aí estavam representados dois lados, um que se ligou aos templários de que resultou o misticismo maçon/judaico, e um outro que terá tido uma sequência pelo lado jesuíta. No meio, enquanto peões distraídos e usados, ficaria o povo...