sábado, 30 de setembro de 2017

Nebulosidades auditivas (50)

"Amigos em Portugal" foi um álbum lançado pelos Durutti Column em 1983, pela Fundação Atlântica, uma editora que seguia a linha da Factory Records, dos Joy Division, em Manchester, e que também era a editora de Viny Reilly. Aliás, Viny Reilly vai editar a música "Missing boy" em memória de Ian Curtis, cujo suicídio marcou toda uma geração. A canção fazia parte do álbum LC, de 1981, de que ainda tenho o vinil...
"Missing boy" - Durutti Column, 1981.

O nome Durutti Column era suficientemente estranho, e dizia respeito à coluna militar catalã de Durruti, sendo Buenaventura Durruti um dos líderes do movimento Anarquista que teve vida curta, morrendo em 1936, no contexto da 2ª República Espanhola, que terminou com a invasão das tropas de Franco.




segunda-feira, 11 de setembro de 2017

11 de Setembro - Dia da Catalunha

Se o dia 11 de Setembro ganhou um significado internacional ligado à queda das Torres do World Trade Center em 2001, em Nova Iorque, a data tem outros significados locais, bem diferentes de paragem para paragem. Vamos focar no caso de Barcelona, sem relação directa com os últimos atentados ocorridos em Agosto

No caso da Catalunha, a data de 11 de Setembro é o dia nacional da Catalunha, relacionando-se com o cerco de Barcelona (1713-14) por tropas franco-espanholas, que redundou nesse dia de 1714 com a queda da cidade, e o fim das aspirações de Independência, após a decisão da guerra de sucessão espanhola, com desfecho favorável à casa francesa de Bourbon com Filipe V.

Queda da cidade após cerco, fim da aspiração independentista catalã.
Monumento a Rafael Casanova, líder de Barcelona nesse cerco.

Estando prevista a realização do referendo independentista para o dia 1 de Outubro deste ano, após a decisão do parlamento catalão a 6 de Setembro, e face à invocação de inconstitucionalidade declarada logo no dia seguinte pelo tribunal constitucional espanhol, prevê-se uma instabilidade crescente, entre aspirações nacionalistas locais, e imposições espanholas centrais, até ao final deste mês de Setembro.

Face a confrontos anteriores, nomeadamente a guerra civil espanhola, é sabido que estas tensões podem disparar de forma algo incontrolada, em pouco tempo, e com consequências algo imprevisíveis. Digamos que, apesar doutras notícias que apontem problemas mundiais noutras partes do globo (por exemplo, a longa novela norte-coreana)... uma casmurrice cega de ambos os lados, especialmente do lado espanhol, pode tornar este problema catalão no problema mais grave dos próximos tempos, com proporções que a UE tende a ignorar olimpicamente, mas que pode vir a ter que repensar seriamente, em breve. 

Lembramos ainda o 11 de Setembro no Chile, que representa a data do Golpe que matou Allende e colocou Pinochet no poder, em 1973... com uma benção e apoio dos EUA, que parece estar hoje mais do que confirmada.
Golpe de Pinochet, onde é morto Salvador Allende

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Contacto com tacto

Por um lado, os mais entusiastas do "fenómeno OVNI" levantam questões sobre o encobrimento de visitas alienígenas (no presente, ou no passado - conforme é moda no Canal História).
Por outro lado, houve quem colocasse a conspiração num outro ponto - que o "governo mundial", através da NASA, iria fantasiar uma visita ET, tendo em vista um descrédito das religiões existentes, e o início de uma nova religião esotérica, do tipo New Age.

Esta última teoria é bastante menos conhecida, mas tem um nome: 
e junta a particularidade do seu principal proponente, Serge Monast, ter falecido em 1996, em circunstâncias estranhas, após ter denunciado perseguições governamentais.


Podemos encontrar vantagens em simular um poder alienígena, remetendo decisões controversas para uma culpa exterior, e captando a simpatia das populações para os dirigentes, que assim defrontariam uma pretensa ameaça mundial. Considerando que a NASA pode ter simulado e mantido a ideia de uma ida à Lua, sem grande adversidade, não seria difícil produzir o mesmo tipo de enredo para simular um contacto extraterrestre.

Além disso, havendo uma pré-disposição para acreditar, tudo fica muito mais fácil.
Como pode ser visto num relatório da CIA, na década de 1950, foi pensado usar o fenómeno do avistamento OVNI como táctica de guerra:

... ou seja, os avistamentos poderiam ser usados como arma psicológica de guerra - quer defensivamente, quer ofensivamente.

Portanto, quer se acredite ou não nesta teoria, a CIA considerou a possibilidade de usar em seu favor a credulidade no fenómeno OVNI. Isso poderia ser feito defensivamente, colocando os ET's como força superior que estaria do lado dos EUA, motivando as suas tropas... Como também poderia ser usado ofensivamente, desmoralizando o inimigo com a crença de que poderiam ser invadidos por uma força ET... caso a simulação fosse convincente.

As aplicações de projecções de imagens têm aplicações militares, para além de muitas outras.
A eventual projecção de imagens de santos ou divindades - que, consta, poderá ter sido usada na Guerra do Iraque, não seria de espantar, nem da utilização, nem do efeito crédulo que poderia gerar em soldados crentes ou supersticiosos.
Num aspecto completamente diferente, em 2016, a MTV bateu um record ao projectar, o anúncio dos MTV Awards, num imenso écran transportado por um helicóptero que sobrevoou Nova Iorque. Neste caso não havia intenção de ocultar a projecção, o objectivo era impressionar, e isso foi conseguido.
Cada vez mais, com algum progresso tecnológico, confunde-se a capacidade de distrinçar o admirável do vulgar, usando como substituição de critério ser menos ou mais comum, captar mais ou menos a atenção.

Também não seria de estranhar que, os primeiros amantes da projecção cinematográfica, decidissem no início do século passado... digamos por volta de 1917, projectar numa árvore, digamos numa oliveira na Cova de Santa Iria, uma imagem que seria suficientemente boa para suscitar a credulidade de pequenas crianças, numa comunidade fortemente religiosa. A tecnologia existia, e a credulidade também. Além disso, num céu enublado, o efeito de uma forte projecção circular de luz sobre as nuvens, rodopiando, não seria difícil de conseguir, mesmo nessa altura.
A capacidade de iludir esteve sempre presente, e a realidade é apenas conveniente quando funciona melhor, ou substitui, uma ilusão dispendiosa.

(*) Nota: O vídeo que aqui coloco merece ser visto, mas há que distinguir entre as actuais possibilidades de hologramas 3D, com composições visuais que aparecem em écran (ou seja, o efeito da baleia parece ter sido visualizado pelos alunos presentes no ginásio - desconheço se foi verdade ou não, mas os restantes aqui têm o olhar das pessoas não nos objectos, mas sim num écran onde a imagem era composta). O problema da tecnologia é que é demasiado tentadora para não ser mostrada e assim ser o primeiro a obter o reconhecimento do grande público...