domingo, 30 de dezembro de 2018

Colosso indiano

Há 2 meses, a Índia inaugurou a estátua mais alta do mundo com 182 metros, aliás 240 metros ao incluir o pedestal. Foi chamada "estátua da unidade", representando Sardar Patel, uma figura política que se diria quase desconhecida para não especialistas no contexto indiano, que normalmente tenderia a resumir as coisas pelo lado Ghandi ou Nehru... 

A escolha foi tanto mais singular, pois não há precedente conhecido de representação exagerada de figuras não religiosas ou ideológicas, desde o Monte Rushmore em 1925 com as cabeças de 18 metros de quatro presidentes americanos.


Apenas para dar alguma ideia de proporção, coloquei ao lado a Estátua da Liberdade, que durante muitos anos foi a maior estátua do mundo com 46 metros (92 metros com pedestal), e que agora será simplesmente um símbolo da imigração americana na transição do Séc. XIX para o Séc. XX.

As estátuas mais altas do mundo eram praticamente quase todas de Buda, e variavam entre o Japão e China, com alguns exemplares notáveis na Tailândia ou na Birmânia (Myanmar). O caso mais singular europeu era a estátua colossal "A mátria chama!" em Estalinegrado, actual Volgogrado, com apenas 85 metros.

Não é novidade erguerem-se colossos, tal como não será novidade caírem, e até caírem no esquecimento.

Se a estátua tivesse sido erguida na Europa ou nos EUA, provavelmente ainda hoje era notícia, e tomaria o destaque das realizações de 2018, com as naturais polémicas associadas. Talvez tivesse sido maior notícia se tivesse sido Ghandi o escolhido... mas a ideia política na Índia estará já longe de um seguidismo às referências ocidentalizadas.

Assim, a sua inauguração terá passado como notícia menor nalguns jornais, e duvido se passou nalgum canal televisivo nacional... Para merecer a atenção da imprensa ocidental seria preciso que Donald Trump tivesse feito alguma gaffe a este propósito, mas nem isso.

sábado, 8 de dezembro de 2018

Nebulosidades auditivas (67)

Por razões que ninguém faz esforço de entender, há coisas feitas em Portugal com uma qualidade surpreendente, e cujos protagonistas são praticamente desconhecidos. Depois, é claro, há outros, os mais conhecidos, que pouco mais são que filhos dos pais, sobrinhos dos tios, afilhados dos padrinhos, em geral, os úteis inúteis.

André Tentúgal, que não é conhecido pelo nome, nem do projecto "We Trust", lançou uma série de músicas que entraram no ouvido como se lá estivessem sempre estado. Certamente a maioria das pessoas já ouviu uma destas músicas sem dar conta que se tratava de uma banda portuguesa.

Deixo aqui três exemplos.

We Trust (2015) - "The Future"

We Trust (2011) - "Time (Better not stop)"

We Trust (2015) - "We are the ones"

Esperava-se que, com o tempo, a coisa não pudesse continuar a ser ignorada, como se nada se passasse... mas não é apenas um caso português, longe disso!
O mundo da música tem patronos muito bem definidos que vão decidindo o que é, e o que não é popular - chamam a isso "play lists" às quais a rádio não tem autorização de escapar.
A Antena 3, com a desculpa de passar uma maioria de produção nacional, foi tentando fazer o percurso alternativo, mas isso apenas fez algumas músicas conhecidas, e não os seus autores.

Nem interessa que os grupos sejam populares em franjas muito específicas de jovens, ou outros ouvintes... o que interessa é que feito esse percurso, parece que nunca chega a autorização de cima, para poderem sair do nível de quase anonimato.

Os "We Trust" aparentemente terminaram em 2016, sem que tivesse dado conta disso.
Neste caso, nem sequer se tratam de bandas cuja carga simbólica é naturalmente repelida, como é o caso dos Mão Morta, são simples autores que procuram o sucesso, e não pretendem mudar as consciências. Como prova disso, André Tentúgal parece que vai concorrer ao Festival da Canção de 2019...

sábado, 1 de dezembro de 2018

Ouça, oiça - ouro, oiro; touro, toiro

Uma das variantes que a língua portuguesa exibe como dualidade é a pronúncia alternativa da sílaba "ou" com a sílaba "oi", com exemplos de oiro, toiro, moiro, loiro, etc...

Toiro de Oiro, em Kunming (China)

Os casos são sobejamente conhecidos, mas não creio que estejam compilados numa lista exaustiva de possibilidades. De um modo geral todas as palavras que contêm "ouro" alternativamente podem ser ditas ou escritas com "oiro".

  • bouro - (boiro existe na Galiza)
  • couro - coiro
  • douro - doiro (dourar - doirar; dourado - doirado)
  • louro - loiro - lauro (láureo
  • mouro - moiro - mauro 
  • ouro - oiro - auro (áureo)
  • touro - toiro - tauro (táureo)
Portanto, vemos que as variantes "ouro, oiro, auro" eram comuns no que referia a louros, mouros ou touros, mas não tem expressão falar-se em "cauro/cáureo" como variante de "couro"...
Não estou a sugerir que os mouros tinham touros e eram louros, mas enfim, já lá vamos!

Depois, há toda uma conversa induzida, que parece plausível até ao momento em que pensamos nela.
Essa conversa é de que isto seriam variantes populares, características mais a norte ou mais a sul, de usar "ou" e "oi". 
Como se houvesse alguma ligação entre as duas sílabas... e não há!

Não se trata de nenhuma tendência fonética, porque:
  •  "loico" não é alternativa de "louco", nem "poico" de "pouco", nem "roibo" de "roubo".
É claro que nas palavras em que "ouro" é sufixo, é natural ver o mesmo:
- lavoura » lavoira, besouro » besoiro, tesoura » tesoira, agouro » agoiro, vassoura » vassoira, etc.
Mas... nem sempre, é rarissimo ouvir "cenoira" em vez de cenoura.

Onde aparece então essa variante "oi" do "ou"? - Vejamos caso a caso:
  • "...oub..." não tem variante "...oib...", por exemplo "soube" não varia para "soibe".
  • "...ouc..." não tem variante "...oib...", por exemplo "touca" não varia para "toica".
  • "...ouç..." tem variante "...oiç...", por exemplo "louça" em "loiça", "ouça" em "oiça"
  • "...oud..." tem variante "...oid...", por exemplo "doudo" e "doido".
  • "...ouf, oug, ouj, oul, oum, oun ...", tem o caso singular "papoula" e "papoila".
  • "...oup..." não tem variante "...oip...", por exemplo "poupar" não varia para "poipar".
  • "...our..." tem variante "...oir...", já vimos este caso!
  • "...ous..." tem variante "...ois...", p. ex. "pouso" em "poiso", "cousa" em "coisa"
  • "...out..." tem variante "...oit...", p. ex. "couto" em "coito", mas não "outro" em "oitro", etc.
  • "...ouv..." não tem variante "...oiv...", por exemplo "ouvir" não varia para "oivir".
  • "...oux..." tem variante "...oix...", por exemplo "frouxo" varia em "froixo" (pouco usado).

Conclui-se rapidamente que não há propriamente nenhuma regra, ou tendência fonética, que marque a variação de "ou" em "oi". Há simplesmente um hábito, ou seja, uma herança cultural, dirigido a certas palavras e não a outras. 

No caso da variante "ouro", há algo que podemos notar:
Louro, Couro, Ouro, Bronzeado, Bisonte

... ou seja, se o valor da terminação "ouro" tender mais para uma tonalidade metálica que variava entre ouro, cobre e bronze, seria mais fácil entender a associação às folhas de louro, ao couro, ao mouro (no sentido, bronzeado), ou ainda ao touro, admitindo uma coloração primitiva primitiva próxima do bisonte. 
Ou, dito ainda de outra forma, que tipo de touro, ou de boi, encontramos nas terras do Bouro?

Em catalão "boi" diz-se "bou", e "bous" era uma palavra grega para boi.
Portanto, quando lemos "Terras do Bouro" também poderíamos ler "Terras do Boiro", no sentido de "terras do boi"... talvez mais especificamente do boi com grandes chifres, lembrando o toiro, ou ainda o mais primitivo, auroque.
Claro que isto é apenas mais uma simples variação especulativa.

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Nebulosidades auditivas (66)

Na sequência do incêndio que destruiu a cidade de Paradise, CA, uma pequena cidade de 25 mil habitantes, que foi praticamente consumida pelo fogo, muitos foram aqueles que comentaram a ironia do nome. 
Afinal, biblicamente, consumir-se em chamas seria algo mais indicado para uma cidade chamada Inferno, do que de uma cidade chamada Paraíso... o que mostra bem a insensibilidade da condução do fogo perante a fé dos povos.

Enquanto o número de desaparecidos parece baixar para 700, as alterações climáticas não deixam de apoquentar a região. Tanto foram responsáveis pela seca, como são agora responsáveis por previstas chuvas que podem levar a inundações. Se há coisa que sabíamos sobre o clima, antes de aparecerem as imagens de satélite, é que dificilmente se poderia prever.

"Paradise Burning" é o nome de uma canção dos Ill Scarlet, um grupo canadiano com fortes influências californianas. Aliás a letra da canção segue assim:
Don't know what to do, don't know how we made it 
This California weather, the summer in December 
(...)
I'm just slipping away down the coast 
And I'm so far away from home 
Never returning; Paradise burning 

Os Aerosmith, uma banda de Boston, também ligada à Califórnia, no tema "What it takes", têm um refrão com referências similares:
Let go. Let go. Let go. I don't wanna burn in paradise.

Ora, isto é um tipo de coincidências expectável. Procurei, porque antevi ser bastante provável ter aparecido uma referência a "paradise burning" nalguma letra de alguma canção... já era menos expectável que houvesse alguma ligação à California. Portanto, nem sempre é difícil encontrar coincidências, e nem sempre estas revelam algo de estranho ou conspirativo.

Não sendo apreciador de nenhum desses temas, vou recuperar o tema "Birds" dos Coldplay... e a única ligação à Califórnia é aparecer no vídeo uma bizarria chamada California "Salvation Mountain".
Coldplay - "Birds" (2016)

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Focos californianos

Há fogos que destroem fogos...
É estranho usar a contabilidade das habitações com o nome de fogos, talvez porque a presença de fogo fosse a maneira mais fácil de identificar que casas eram ou não habitadas. Confundem-se as palavras fogo e foco, com um mesmo significado anterior, agora diferenciado.

As habitações, os fogos de Paradise, na Califórnia, apareceram reduzidos a cinzas devido aos fogos que inflamaram o estado americano.
Foto aérea de Paradise, onde as árvores ficaram, mas casas desapareceram...

É sempre estranho ver as árvores permanecerem, os relvados verdes, e ver as casas completamente consumidas pelas chamas. Estas imagens já deram lugar às mais variadas especulações...

Numa altura em que se contam 80 mortos, o balanço dos fogos que têm consumido a Califórnia desde 8 de Novembro é ainda especialmente assustador pelo número de desaparecidos, que chegou a ser superior a 1000 pessoas atingindo os 1300 desaparecidos.
Podendo ser um problema de organização na contabilidade, mas se há mesmo 1000 pessoas desaparecidas não se espera outro desfecho, que não seja de uma enorme tragédia. Mesmo que sejam reencontrados salvos 90% dos dados como desaparecidos, mesmo 180 vítimas seria um número demasiado grande para ignorar.

Camp Fire - um dos principais focos, onde se contabilizaram 77 vítimas até agora.

Com registo semelhante encontramos apenas fogos florestais de 1914, em Cloquet (com 1000 vítimas estimadas), ou o incêndio de Peshtigo em 1871, que vitimou entre 1500 e 2500 pessoas, e que ocorreu praticamente ao mesmo tempo do Grande Incêndio de Chicago, ao Incêndio de Port Huron, e outros, levando a várias especulações de teoria da conspiração sobre a origem de diversos fogos na mesma região e na mesma altura.

Cloquet Fire, Minnesota, 1914
A causa apontada para o incêndio de 1914 em Cloquet, Minnesota, foi uma prolongada seca, tal como essa é a causa mais apontada para estes incêndios de Novembro. 
Claro que em 1914 poderia haver uma grande seca a norte, capaz de motivar um grande incêndio, isso não era relacionado com nenhuma mudança climática, até porque era uma época de temperaturas baixas. 
100 anos depois, quando um incêndio é motivado por uma grande seca a sul, numa região fronteiriça de desertos como o "Vale da Morte", o tópico da moda impõe-se num inverno que se começa a anterver frio. É uma oportunidade de falar em "alterações climáticas".

Da mesma forma que se especula com a teoria da moda, há quem avance com experiências que o exército americano andaria a fazer no sentido de alterar o clima.

Sim, digamos que se um exército quiser usar o clima como arma destrutiva, convém que use isso a coberto de "alterações climáticas", que são culpa de toda a humanidade. Circulam bastantes vídeos na internet, com especulações mais ou menos bizarras.

No entanto, há uma coisa que ninguém parece ter vontade de explicar... a completa inoperância do exército americano perante uma ameaça interna que parece colocar em risco um maior número de vidas, muito maior do que as ameaças terroristas. 
Já se sabia que isto acontecia em Portugal, mas no caso dos EUA, estamos supostamente a falar do exército mais eficaz do mundo... e praticamente inoperante perante uma ameaça desta dimensão.

Se não é grande conspiração, parece restar a grande incompetência...  

domingo, 11 de novembro de 2018

Sós

Normalmente, uma boa maioria das TED Talks são alguns minutos desperdiçados com trivialidades, ou nos casos mais graves, com simples imbecilidades mais próprias para standup comedy
Este é o aspecto demolidor a falar, porque havendo tanta coisa que desconhecemos, é também agradável poder ter um assunto apresentado em 10 ou 15 minutos. 
Só que, convém não esquecer, trata-se de uma difusão do mainstream, ou seja, não iremos normalmente ver ali ninguém a falar de assuntos que não interessam ser difundidos.

A religião actual, do "politicamente correcto", tem necessidade de organizar uma espécie de palestras de "verdade oficializada", para instruir conveniente o pensamento da população. Como se instituiu uma sociedade cortesã de aparências e maldicências, contra o perigo das opiniões dissonantes elevam-se uma série de personalidades (pode haver quem lhes chame palhaços), ao estatuto de gurus, dão-se-lhes os mais espalhafatosos palcos (ao estilo "web summit"), para que os outros entendam aquilo que dizem como "verdades inquestionáveis", ou seja as "verdades" da moda.

Ao que interessa...
Devido a um comentário do José Manuel fui encontrar uma palestra TED sobre o Oumuamua, que é suficiente para introduzir a questão, mas não serve mais que isso. Excepto talvez para elucidar como funciona a astronomia de hoje, e que o objecto não é fonte de qualquer radiação, colocando um pouco de fora hipóteses de ser uma sonda alienígena.

Interessou-me ver outra palestra sugerida denominada 
"Where are all the aliens?" (Stephen Webb)
porque perguntar - onde estão todos os aliens? - ia no sentido oposto da versão mainstream, que praticamente considera heresia duvidar-se da existência de civilizações extraterrestres.

Com o mesmo simples argumento estatístico, que é usado para nos convencer que é provável existirem outros planetas com vida, Webb coloca uma série de outros factores, que são normalmente descartados, para argumentar que o mais natural é admitir que só existe vida inteligente na Terra.
Tal como no caso da existência, esta hipótese de não existência, é ainda pura especulação estatística.

Se tivesse que apostar num sentido ou noutro, a minha aposta iria no mesmo sentido de Webb.
No entanto, como são irrelevantes estas opiniões estatísticas, interessa-me algo mais definitivo e menos especulativo.

Ora, o que é mais definitivo e não é especulativo, é que existindo alguma outra inteligência, ela manifestar-se-ia da mesma forma que a nossa. Por isso, a interacção com extraterrestres mais, ou menos inteligentes, funcionaria da mesma forma do que a interacção entre pessoas mais inteligentes e pessoas menos inteligentes... que em muito se resume à vontade de entendimento e colaboração.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Desafinações visuais (6)

O filme "Elysium", de 2013, de Neil Blomkamp, explicita um futuro em que uma elite humana passa a viver permanentemente numa estação espacial que recria paisagens terrestres idílicas (o chamado cilindro de O'Neill). O restante da população, que ficou na Terra, é administrada de cima, ou basicamente deixada à sua sorte, no sentido de ser facilitado o uso dos recursos terrestres.


Esse futuro pode ser visto como uma mera caricatura do presente, na forma como os países mais desenvolvidos acabam por se aproveitar dos recursos de países do terceiro mundo, deixando os seus governos em constantes tribulações, instabilidade, e corrupção.

Poderia pensar-se que seria mais fácil invadir e explorar esses recursos.
Puro erro.
Invadir implica custos de diversos tipos. Implicaria gastos financeiros e custo de vidas na invasão, ficando com a população nativa diminuída, agressiva ou desmotivada, e em última análise teriam que ser os próprios invasores "a meter a mão na massa", a trabalhar para extrair os recursos.
Muito mais fácil é inventar um qualquer tirano interno, juntar-lhe um séquito de colaboradores, ao mesmo tempo que se lhe contrapõe um ideal libertador, e um movimento revolucionário que o tenta depor.

Esta receita foi usada tantas vezes na América Latina, na Ásia, ou em África, que mete dó.
Depois de juntar estes ingredientes é só deixar ferver em lume brando, ao gosto do chef.
Fomentada a guerra interna, os oponentes, para se financiarem ou armarem, podem apenas vender aquilo que interessa ser vendido... os recursos naturais, e normalmente a preço de saldo.
Portanto, as grandes potências, ao invés de invadirem, perdendo dinheiro e homens, assistiam na plateia a uma matança interna, que se auto-alimentava, enquanto os grupos rivais iam vendendo a preço de saldo os seus recursos, a troco de meia-dúzia de armas obsoletas, destinadas apenas a essa matança interna.

Um guião típico da "América Latina" era o seguinte.
Actores:
- Lado "fascista": Um tirano abominável, e uma corte de generais e empresários exacráveis.
- Lado "comunista": Um jovem revolucionário, uma corte de fiéis soldados e dedicados militantes.
- Lado "manipulado": A população trabalhadora explorada por uns e por outros.

Cena 1: O tirano e a elite são fomentados a explorar de forma cada vez mais abusiva a população.
Cena 2: Aparecem grupos de protesto e de fora é escolhido o gaiato que vai liderar a revolução.
Cena 3: O grupo de protesto organiza-se miraculosamente, transforma-se num exército eficaz, e começam as escaramuças. No início convém ao exterior que este grupo tenha algum sucesso.
Cena 4: A população é esmifrada pelo tirano, no sentido de aumentar a produção e financiar a luta contra os revolucionários. Isto leva a mais adeptos pelo lado revolucionário.
Cena 5: Na calma dos seus gabinetes, as potências vão financiando um e o outro lado, vendendo armas bacocas, a troco de recursos naturais, tipicamente ilustrado por... bananas, mas ouro, petróleo, diamantes, coca, etc... também servem.
Cena 6: No meio do conflito, há os dramas da população, as carnificinas, e a emigração, ou seja, mão de obra barata que vem para os países "desenvolvidos", etc...
Cena 7: Esta situação poderia eternizar-se, com benefícios para quem está de fora. Mas, a receita pode ser apimentada, e permite-se algumas vezes que o grupo revolucionário conquiste o poder.
Cena 8: Rapidamente se percebe que afinal o jovem revolucionário é afinal um novo tirano, que os seus soldados passaram a generais, e que os militantes passaram a ser empresários.
Cena 9: É a mesma que a Cena 1. Tudo se repete, agora trocando o nome da ideologia.

Neste processo, que como qualquer guerra civil, dilacera um país, colocando divisões até dentro das famílias, o mais engraçado, sem ter graça alguma, é que os países que são promotores externos da divisão sejam depois vistos como grandes aliados, grandes ajudas, e modelos a seguir.


Bom... enfim, o nome "Elísio" é grego e remete a um paraíso ocidental.
A origem do nome grego Ἠλύσιον é também considerada de origem desconhecida.
Uma transcrição apropriada seria Lusion, ou Ilusion.
Convirá lembrar que André de Resende remetia para a origem de Lusitânia, os nomes de Luso ou Lísias, filho de Baco, que constam da Monarquia Lusitana.

Heródoto dava conta da localização do Elísio nas planícies ocidentais junto ao Oceano, onde não havia neve, nem tempestades, nem grandes chuvas, e a vida era fácil aos homens. Era natural referir-se às Ilhas Afortunadas, ou Hespérides... eventualmente às paisagens das Caraíbas.
Porém, como o nome Lísio ou Lúsio remete directamente para estas paragens ocidentais, junto ao Oceano, é difícil deixar de associar o nome à Lusitania, e entre os autores antigos há quem o faça.

Portanto, deixamos aqui esta referência a Elysium, à sua associação à Lusitânia, e à Ilusion, à "ilusão", que também se afigura como variante "lusa". Como exemplo de ilusão, referimos a receita persistente que leva autores externos a promoverem guerras civis com actores internos. No caso mais corrente, e mais pacífico, ficaram-nos as guerrinhas de tachos partidários.

domingo, 4 de novembro de 2018

Novelo das 8 (3) - cruzadas de crianças

- Se isto não é organizado, é o quê?
- Falas da marcha dos migrantes, em direcção aos EUA?


- Alguma vez tinhas visto uma marcha desorganizada espontânea ser tão bem organizada?
- Não só... já reparaste como têm bons contactos na imprensa?
- Depois, é claro que temos isto:
- Escolheram mesmo o presidente certo para serem bem acolhidos nos EUA....
- Veio mesmo a propósito, não veio? Até parece que antes viviam bem.
- Creio que chegaram com 10 anos de atraso à crise financeira de 2008-09.
- Para amantes de carnificina, tendo colocado o lobo no curral, faltava conduzir carneiros à boca.
- Não te lembra nada?


- Essas crianças, que marcharam para converter os muçulmanos acabaram mal, não foi?
- Quando chegaram a Itália, foram todas vendidas para escravatura.
- Fez 800 anos em 2012. 
- Em 2012 a situação económica de El Salvador, Honduras, etc... era boa?
- Em 2012 Obama lançou o DACA para a legalização de crianças imigrantes, mas sem sorte. De quem os migrantes gostam mesmo é de Trump, que os trata mal. 

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Nebulosidades auditivas (65)

De tempos a tempos, surge Kate Bush, aqui com "Hello Earth", que de acordo com a wikipedia inclui uma parte coral da Geórgia: «The chorale in "Hello Earth" is a segment from the traditional Georgian song "Tsintskaro", performed by the Richard Hickox Singers»

Como esta canção não tem vídeo oficial, fica aqui o vídeo de "MrMarrs", uma daquelas produções caseiras que às vezes aparecem com qualidade semelhante ou superior a muitos vídeos oficiais, bastando para isso trazer segmentos apropriados, que vão do filme Contacto a um vídeo dos Black Eyed Peas.

Kate Bush - Hello Earth (1985)

Watching storms start to form over America
Can't do anything
Just watch them swing with the wind out to sea
All you sailors - get out of the waves, get out of the water

... e quando nos julgamos potentes, sofremos com a nossa impotência. O que é difícil perceber é que a cura para esse sofrimento não é aumentar a nossa potência, tentando uma impossível omnipotência, a cura é simplesmente aceitar a impotência, confome ela se manifesta. Não há diálogo com entidades patologicamente surdas. Murderer of calm... go to sleep little Earth.

Para fãs, a este trecho deve-se seguir, quase obrigatoriamente, "Morning Fog", conforme no álbum "Hounds of Love". Aliás parece-me que as duas canções são uma só.

Kate Bush - Morning Fog (1985)

I am falling like a stone, like a storm, 
Being born again into the sweet morning fog...
You know what? I love you better now.

sábado, 27 de outubro de 2018

Ora, a hora

Não é preciso procurar muito, para encontrar incompetência em tudo o que nos rodeia.

A partir de 1975, ficámos com a sina de que, chegado o inverno, para além de termos menos exposição solar, ficámos sujeitos à "hora de inverno", aquela maravilha que nos deixa de noite às cinco da tarde. Chamou-se a isso DST - Daylight Saving Time.

Durante um breve período, no deslumbre da adesão à CEE, ainda houve a peregrina ideia de ficar na mesma hora de Espanha e da maioria dos países europeus, e quem se lembra disso, lembra-se que no Verão o pôr-do-sol chegava a acontecer bem depois das dez da noite.  

No final de Agosto deste ano, fomos supreendidos com a notícia de que a UE iria propor o fim da mudança de hora, devido a um inquérito em que 80% da população inquirida (ao que consta, quase 5 milhões pessoas, especialmente alemães) tinha respondido que preferiria manter a hora de Verão.

Em Portugal o assunto está delegado no OAL - Observatório Astronómico de Lisboa, tendo uma comissão que praticamente toma esta questão da mudança da hora, como actividade única.
Dipensam-se os comentários jocosos, mas a última coisa que podemos esperar que uma comissão de gambuzinos diga é que os gambuzinos não existem.


O relatório do OAL sobre as razões de apoiar a mudança de hora é mediocre - opinião mais meiga.
Procurando escudar-se em questões técnicas, que são absolutamente triviais, dados os meios actuais, tentam esconder-se num único argumento, enumerando múltiplos cenários desnecessários.
Esse argumento é o de que a actividade humana se centra entre as 7h30 e 17h30, e num desespero que chega a doer pelo irrealismo, é pretendido que o meio-dia coincida com o meio do dia...

Ora 12h00-7h30 dá 4h30 para a manhã, e 17h30-12h00 dá 5h30 para a tarde.
Ou seja, um desequilíbrio de manhãs mais curtas que as tardes em uma hora...
Só que esse desequilíbrio é muito maior, e isso não é minimamente abordado ou admitido.

À excepção de cafés, ou similares, são raros horários anteriores às 8h00, e a maioria dos estabelecimentos comerciais, fora centros comerciais, tem o seu fim de actividade às 19h00.
Isso causa manhãs com 4h00 e tardes com 7h00, num desequilíbrio de 3 horas.

Os restaurantes percebem bem o "assunto astronómico" e têm o seu meio-dia regulado para o meio do dia de trabalho, ou seja, abrem às 12h00 e fecham às 15h00, com o meio-dia às 13h30, coincidindo exactamente com o meio do período que vai das 8h00 às 19h00.
Surpreendentemente, e como estranhamente sabem que a actividade humana termina às 19h00, abrem os restaurantes para jantar às 19h00, e não às 17h30.

É claro, pode pretender o OAL diferentemente, se conseguir que os restaurantes sirvam os almoços das 10h30 às 13h30, e comecem a servir os jantares às 17h30. Os jornais das 20h00 passarão então a ser emitidos às 18h30. Podem ainda tentar que as aulas comecem às 6h30, em vez das 8h00, e que as lojas fechem às 17h30 em vez das 19h00.

Tudo isso é perfeitamente possível, mas corresponde apenas a ignorar que a actividade humana está centrada no horário das 13h30, que durante o horário de Verão corresponde aí ao meio-dia solar.

Por isso, se houvesse alguma intenção de regulação da luz do dia com a actividade humana, não se deveria fazer qualquer alteração de hora... mas, ui, ui... isso seria assumir que o meio-dia solar ocorreria mais próximo das 13h30 do que das 12h00.

Quanto à efectiva poupança de energia eléctrica, para uma sociedade que se habituou a ser noctívaga, pois isso seria um detalhe "mínimo", que não interessaria às empresas eléctricas.

No entanto, sendo até sensível ao desagrado de rumar ao trabalho ainda de noite, não me desagradaria esta mudança de hora no final de Outubro, contando que o assunto estaria equilibrado. Ou seja, se a mudança é feita menos de 2 meses antes do solstício, a nova mudança deveria ser antes de 2 meses depois do solstício... ou seja, antes do fim de Fevereiro.
Não é isso que acontece, a próxima mudança será a 30 de Março de 2019... e o OAL reconhecendo esta desproporção, é ainda mais caricato apontando o outro sentido, o sentido EDP - ou seja, antecipar a hora logo em Setembro e não em Outubro.

Estive no Brasil numa altura em que o Sol nascia pouco depois das 5h00, e nunca vi tanto desperdício de actividade humana, porque as coisas só começavam efectivamente a funcionar no horário clássico. Portanto, o assunto não é de menor importância, mas a maneira como é abordado revela muito do que está instalado.

O que está instalado é simples... a partir do momento em que a iluminação artificial substituiu a natural, o Inverno deixou de ser um tempo de repouso de actividades campestres, para ser um tempo de trabalho nocturno. E assim, a grande graça de iluminação do génio humano, passou a receber todas as sombras de desgraça pela simples perversidão humana dirigente.

domingo, 21 de outubro de 2018

Novelo das 8 (2) - tanques e a roupa suja

- Referes-te a tanques?
- Sim, mas não a tanques militares. 
Tanque comunitário. (imagem)

- Ah... quando acumulava a roupa suja?
- Não, o que acontecia quando a roupa era roubada?
- Não percebo.
- De quem era a culpa, da lavadeira, da governanta, ou do mordomo?
- A culpa seria do ladrão, ou está-me a escapar qualquer coisa?
- Esquece lá o ladrão. Ninguém quer saber dele nem da lavadeira. Escolhe, governanta ou mordomo?
- A roupa ainda era usada?
- Não, era velha.
- Bom, se a ideia era despedir a governanta, parece-me ideia do patrão.
- Nesta casa não há patrão, nem CEO, nem nada dessas coisas.
- Ou seja, há quem mande, mas não quer que se saiba quem é...

sábado, 20 de outubro de 2018

Novelo das 8 (1) - julgamento de Sócrates

- Pois bem, mas não foi Sócrates o pior dos seus acusadores?
- A questão não é tanto essa.
- Que nome se dá a um sorteio que é repetido até que sai o resultado pretendido?
- Nomeação... afinal, a corja escolheu o nome.
- Eu diria antes... completa ausência de vergonha.


sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Nebulosidades auditivas (64)

Surgiu agora num anúncio e nunca me lembro de a ter ouvido antes. Mas há melodias que estavam no ar quando éramos crianças, e que talvez por isso colam ao ouvido como se estivessem estado sempre presentes.
Rolling Stones - She comes in colours (1967)


domingo, 14 de outubro de 2018

O Leslie e o Ciclone de 1941

Na passagem da noite de ontem para o dia de hoje, a comunicação social deu rédea solta aos ventos fortes trazidos pela tempestade "Leslie". Poderia ler-se: 
... e não vale a pena colocar mais, porque a característica típica da comunicação social dos dias de hoje é papaguearem todos o mesmo conteúdo, com uma pequena variação de palavras.

Ora, acontece que ninguém fez referência à pior ocorrência de ventos fortes do Séc. XX - um "ciclone". 
Estou a falar concretamente do Ciclone de 1941, e pego na menção feita na página do IPMA (no ano passado):
  • 2017-02-16 (IPMA) Foi há 76 anos, a 15 de Fevereiro de 1941, que o País foi varrido de forma muito violenta por uma depressão muito cavada que passou a ser conhecida como o “ciclone de 1941”. (...) Em Lisboa foi registado um valor de rajada de 129 km/h, Coimbra registou 133 km/h e no Porto, Serra do Pilar, 167 km/h, momento em que o anemómetro se avariou.
Basta ir ao site da Câmara Municipal de Lisboa para encontrarmos a notícia do Ciclone de 1941:
  • 1941 - CICLONE - No dia 15 de fevereiro de 1941 Portugal foi assolado por um ciclone que deixou um rasto de destruição por todo o país, além de um elevado número de mortos, de feridos e de desaparecidos. A extensão e a gravidade dos danos levaram mesmo a que este fosse recordado como "o dia do ciclone".
  • Segundo informações da época, o ciclone formou-se entre a Madeira e o Cabo de S. Vicente e o vento terá atingido em Lisboa a velocidade de 127 km/h. No resto do país os ventos atingiram valores ainda mais elevados, com o anemómetro da Serra do Pilar a registar rajadas de 167 km/h.
  • Os danos provocados foram consideráveis: estradas cortadas, milhares de árvores arrancadas, casas destelhadas, chaminés derrubadas, famílias sem-abrigo, ligações telegráficas e telefónicas interrompidas, naufrágio de embarcações, etc., como poderá ser constatado nas notícias publicadas no periódico O Século que aqui disponibilizamos.

Que ninguém tenha mencionado o assunto, não será estranho porque o Ciclone de 1941 não ficou registado como "furacão"... e na competência típica desta época (ou noutra opinião, vergonhosa incompetência), os peritos chamados para comentar estavam mais sintonizados em ajustar o evento à moda das "alterações climáticas". 
Todos comeram por boa a referência a 1842, porque o evento deve ter sido classificado recentemente como "furacão", ao contrário do "ciclone" que ocorreu em 1941. Assim, na sua gloriosa competência de correr bases de dados, lembraram um episódio pífio do Séc. XIX, mas esqueceram um outro, que era só 100 anos mais recente. Um hino também à competência informática que vai gerindo bases de dados, e à sua "inteligência artificial".
Foi sendo feito o discurso de agrado jornalístico, para encher o espaço morto... porque felizmente os ventos foram apenas fortes, sem consequências letais, como em 1941. A Protecção Civil pôde então mostrar a sua efectiva competência, e sair de mansinho com a fatiota de heroína da catástrofe que anunciou, primeiro mais, depois menos, depois mais ou muito mais.

Como em 1941 o anenómetro da Serra do Pilar (Porto) avariou a 167 Km/h, desta vez os registos do Leslie dispararam até 176 Km/h na Figueira da Foz, parecendo estabelecer novo recorde nacional!
É este tipo de informação parcial que é também completa desinformação - em 1941 as estações de medição contavam-se pelos dedos, actualmente essa medição é feita facilmente em qualquer lugar.

Vendaval "Zé Povinho" de 2009
Mas há mais falta de memória!
Ainda há pouco tempo, em 23 de Dezembro de 2009, a região Oeste foi devastada por um vendaval que terá atingido medições de vento entre 140 Km/h e 220 Km/h. Não teve direito a nome, mas vamos por-lhe o nome de "Zé Povinho"...

"Mau tempo deixa rasto de destruição: zona oeste é a mais afectada, 
mas as chuvas e o vento forte vão continuar a atacar."
No vendaval de 2009 falou-se em falhas de energia a 350 mil pessoas.

A princípio passou por ser um vendaval, um temporal, ou até um "tornado", depois dada a extensão afectada chamou-se-lhe mesmo "furacãozinho"... e interessou medir ventos de 220 Km/h, porque, por exemplo, a EDP não seria responsável pelos danos com essa velocidade de vento!

Qual o problema?
O problema parece ter sido simples. Ninguém no "estrangeiro" tinha classificado a alteração atmosférica com um "nome da treta" e não estando classificado como furação, como aconteceu com o Vince (2005), o Ophelia (2017) ou o Leslie (2018), também falha nas bases de dados de pacotilha, usadas pelos "peritos" nacionais, despreocupados com o Zé Povinho.
Assim, apesar da destruição ter sido muito superior à ocorrida agora pela passagem do "furacão" Leslie, o fenómeno passou por ter sido um "vendaval" ou "temporal", nomes menos pomposos, dignos da condição Zé Povinho.

Mais uma vez, ninguém se quis lembrar disto! Aqui a situação é mais engraçada, porque se em 1941 a maioria dos "doutores da mula ruça" não eram nascidos, em 2009 viveram o evento.

Temporal "Max" de 2010
Como o que falta aos encartados são nomes criativos, há talvez que colocar o nome do fadista madeirense Max aos terríveis acontecimentos que caíram sobre a Madeira em Fevereiro de 2010.
Não houve grandes ventos, mas caso o furacão Leslie tivesse trazido grandes chuvas, como é habitual, poderia desenvolver-se uma situação similar à de 2010.

Como a tempestade "Max" também não está nas bases de dados doutorais de "furacõezinhos", é natural o pessoal esquecer-se como aquele inverno de 2009/2010 foi particularmente nefasto e funesto no território nacional... sem que se associasse tanto às mudanças climáticas, como é agora moda ir fazendo.
Este "temporal" está classificado na Wikipedia como "aluvião" (... nomes não faltam):

47 mortos e 4 desaparecidos
250 feridos e 600 desalojados
É disto que estamos a falar...
Passados 8 anos já ninguém se quer lembrar.
Estamos numa sociedade sob efeito "Alzheimer".

Sim, mais uma vez, ninguém pode dizer que se esqueceu... o Leslie antes de passar por Portugal, passava pela Madeira, haveria sempre o perigo de chuvas torrenciais, e não vi vivalma ou canal televisivo relembrar o que aconteceu em 2010.

Natural e Artificial
Esses acontecimentos do inverno de 2009/2010 não os esqueço, e nem sempre os associo a fenómenos naturais. Mas isso é uma outra conversa, sobre a qual faltam dados mais objectivos para prosseguir. Porque a principal questão da alteração climática não é tanto o que se está a passar, ou o que se passou, mas sim a vontade de alterar o que se está a passar... e com a desculpa da acção global de todos, surge um pretexto ilibador para a acção particular de alguns.

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Nota adicional:  Ver também:  o blogue "Vedrografias":

sábado, 13 de outubro de 2018

Lua - proibida a menores de 80 anos

Restam 4 dos 12 apóstolos, digo homens, que "alegadamente" deixaram pegadas na Lua:

  • 1- Neil Armstrong (faleceu em 2012)
  • 2- vivo - Buzz Aldrin (tem 88 anos)
  • 3- Charles Conrad (faleceu em 1999)
  • 4- Alan Bean (faleceu em 2018)
  • 5- Alan Shepard (faleceu em 1998)
  • 6- Ed Mitchell (faleceu em 2016)
  • 7- vivo - David Scott (tem 85 anos)
  • 8- James Irwin (faleceu em 1991)
  • 9- John Young (faleceu em 2018)
  • 10- vivo - Charles Duke (tem 83 anos)
  • 11- vivo - Harrison Schmitt (tem 83 anos)
  • 12- Eugene Cernan (faleceu em 2017)

Espera-se que o último seja mantido em suporte de vida além dos 100 anos, para dar tempo para encenar a próxima ida à Lua, provavelmente feita já com protagonistas chineses ou russos.

Isto porque estreou ontem o filme "First Man", que já teve uma pequena controvérsia, ao não incluir a imagem da bandeira americana a ser "espetada" na Lua.


Ficamos à espera da produção russa ou chinesa... talvez espetem a bandeira noutro sítio, ao lado, ou tirem a bandeira americana - tudo depende do tipo de drama que estiver a ser preparado.

Parece que estou a ouvir a minha avó - "... estás a ver, eu não te dizia?"


quinta-feira, 11 de outubro de 2018

A velha e a nova Caledonia

A velha Caledonia era a designação romana para a Escócia. Tem todo aquele sabor dos galos celtas, como em Gales, Galiza, Galícia, ou Galatia, mas aqui mais ao estilo de Cale, do Porto Cale.

Nova Caledónia foi depois uma designação acomodada por Cook na sua "descoberta" austral.
Tipicamente a ilha terá sido visitada por Pedro Fernandes Queirós, e certamente muito antes disso, por outros navegadores portugueses.

Em breve a Nova Caledónia, actualmente sob jugo francês, irá a um referendo de autonomia, conforme foi aqui informado pelo José Manuel Oliveira.

O referendo irá ocorrer no dia 4 de Novembro de 2018:
e as sondagens apontam para uma vitória do "Não", o que é facilmente entendível, já que os franceses encarregaram-se da técnica de pacotilha habitual - encheram a ilha ainda com migrantes, de forma a tornar a população indígena muito minoritária.

A situação é razoavelmente bem explicada neste vídeo da PressTV - "We are Rebels".

We are Rebels - New Caledonia (Press TV, 2014)

Os habitantes originais da ilha teriam o nome de Canaques, e pode-se aqui falar de
Carnac versus Canaque

... no sentido em que Carnac fica em França (é verdade, há também Karnak no Egipto, mas se os egípcios foram ali colonizadores, pois ninguém soube), enquanto Canaque é o povo da ilha (também se escreve agora Kanak, talvez para parecerem mais egípcios!).

A sua tentativa de independência tem mais de 30 anos, e teve um desgraçado episódio em 1988, com uma intervenção militar francesa, quando alguns canaques tomaram reféns na ilha de Ouvéa, tendo culminado na execução de 19 elementos canaques, pelos franceses... numa típica manifestação de que a descolonização dos portugueses era imperativa, mas a dos franceses nem por isso.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Outubro catalão - repressão aspañolada

No assunto catalão reconhecer qualquer autoridade a Espanha, é não reconhecer a existência da Catalunha, ou não conhecer a história antiga da Catalunha, que remonta à constituição da própria Espanha na união matrimonial de Isabel de Castela e Fernando de Aragão, os chamados "reis católicos". É assumir uma inviolabilidade desse casamento de 5 séculos, e recusar um direito democrático ao divórcio das populações.

O rei de Espanha é uma figura caricata, como não o é a rainha de Inglaterra. Pouco mais representa do que o pior de um passado decadente, em que foi renascida uma nobreza pedante, amarrada a protocolos, títulos e à revista Hola. Ao invés de apoiar a vontade democrática de um dos seus reinos, preferiu manter-se no poder pela força de uma constituição que o tem como apêndice facultativo. Não terá aprendido nada com uma rainha inglesa que é também rainha do Canadá e da Austrália, sem nunca impor a vontade de Otava ou Camberra ao parlamento de Londres.
Neste momento não é rei da maioria dos catalães, mesmo sendo rei da Catalunha.

Porque o que temos neste momento em Madrid, é um governo aspañolado, repressor da vontade expressa de uma província fundamental. Passado um ano sobre o referendo catalão, regressou à Catalunha o pesadelo inquisitorial aspañolado. Quarenta anos após Franco, as prisões políticas regressaram. 
Em 4 de Julho, seis dos presos políticos, presos em Outubro de 2017, foram transferidos da prisão de Madrid para prisões na Catalunha:
  • Oriol Junqueras, Jordi Sanchez, Jordi Cuixart, Carme Forcadell, Raul Romeva, Dolors Bassa. 
Estão presos preventivamente, acusados de rebelião, sedição e peculato(!), após o referendo de independência da Catalunha.

Manifestação em Julho para a libertação dos presos políticos

Como é óbvio, nem sequer houve qualquer julgamento, houve apenas uma detenção preventiva... que em breve irá fazer um ano. O crime gravíssimo de que são acusados resume-se a organizarem eleições com o mandato popular que os elegera... em particular para isso mesmo.
Como Madrid não pode decretar a prisão de 2 milhões de catalães, prende os representantes, que cometeram o crime de representarem quem os elegeu.
A repetição das eleições, engendrada por Rajoy, repetiu o resultado. A menos que o governo aspañolado esteja a pensar numa deportação em massa de populações, a vontade catalã parece complicada de tornear, a bem.

Entretanto, Puigdemont, o presidente fugitivo, escapou-se da justiça alemã, porque os tribunais alemães tiveram pelo menos o bom senso de não ser arrastados por completo para o pântano españolito. Puigdemont, não podendo ser reeleito, decidiu formar o Governo da Catalunha no exílio. 

Neste sábado já houve manifestações complicadas e neste dia 1 de Outubro são esperadas mais:

Justiça...
Portugal não tem propriamente uma justiça recomendável, basta avaliar pelo caso de Maria de Lurdes Rodrigues, em que a liberdade de expressão do cidadã foi espezinhada por uma justiça carente de bom nome e respeitabilidade.
Maria de Lurdes vive um martírio há 22 anos, ou pelo menos há 18 anos, desde que decisões judiciais controversas e desfavoráveis a levaram a uma guerra contra justiceiros nacionais, tão bem falantes quanto arrogantes, tão libertários quanto pequenos déspotas.
Armada de uma perigosa folha de papel e de palavras, que não agradaram ao judicialismo embuçado, de capa negra, teve agora o seu pedido de liberdade condicional recusado.
Presume-se que a perigosa prevericadora, pudesse continuar a usar palavras perigosíssimas, como falar em "gangue da justiça". Avaliando pelo tempo que já perdeu no assunto, estaria já livre se em vez de papel, tivesse atingido quem acusava de forma menos pacífica.
Os gangues entendem melhor quem fala a sua língua.

Noutro caso, igualmente pouco recomendável, Julian Assange viu em 2016 a Comissão de Direitos Humanos da ONU dar-lhe razão, e recomendar à Inglaterra e à Suécia, a sua libertação, bem como o pagamento de uma devida indemnização!
Claro que a ONU não interessa nada, e passados mais de 2 anos, continua tudo na mesma... ou pior. Afinal dois advogados de Assange já faleceram em circunstâncias pouco claras, e os EUA estão a preparar uma acusação contra ele.

A liberdade de expressão nunca foi reprimida entre coscuvilheiras, ou em discussões clubísticas (mas até nisso parece estar a mudar). A liberdade de expressão sempre foi um problema quando era verdadeiramente incómoda e atingia quem detinha cargos de poder. Nesse aspecto, as democracias vêem-se cada vez reféns dos votos do "politicamente correcto", e não hesitam em cavalgar ondas censórias, porque são elas próprias que agitam essas ondas, e definem o que é ou deixa de ser "politicamente correcto", pela sua política.
O direito, que poderia ser uma disciplina objectiva, acomodou-se a uma clubite de interesses definidos em escritórios, paróquias, ou salas de avental. É o último garante de um poder sem qualquer escrutínio, que tem imunes juízes que invocam a jurisprudência bíblica ou o hedonismo económico.
Como poder imune, autoprotegido, que conta com a colaboração policial, não há dúvida que o nome "gangue da justiça" parece demasiado acertado para poder estar errado.

Balanço do 1 de Outubro de 2018:
New York Times:

The Guardian:

domingo, 30 de setembro de 2018

Ode Maia

Há duzentos anos, no 1º de Maio de 1818, John Keats escreveu o poema "Ode to Maia", que fez parte deste blogue desde o início. "Baiae" refere-se a uma cidade afundada, a cidade de Baia, que mencionámos no texto CSI Gaiola.


Passados 8 anos, pareceu-me tempo de fazer uma adaptação/tradução do escrito.

Mãe de Hermes! e ainda jovial Maia!
Poderei cantar-te,
como foste cantada nas margens de Baia?
Ou poderei cortejar-te 
num luso siciliano? Ou, aos teus sorrisos,
procurá-los como foram procurados, em gregos frisos,
por bardos falecendo agradados ao belo escrito,
deixando grandes versos a um pequeno clã?
Oh, receba eu o antigo vigor! inaudito
Salvo do silêncio da prímula, do afã
celeste e sem ouvinte.
Rodeado por ti, a minha canção se desvaneceria,
satisfeita como sua seguinte,
rica na simples adoração do dia.


MOTHER of Hermes! and still youthful Maia!
May I sing to thee
As thou wast hymned on the shores of Baiae?
Or may I woo thee
In earlier Sicilian? or thy smiles
Seek as they once were sought, in Grecian isles,
By bards who died content on pleasant sward,
Leaving great verse unto a little clan?
O give me their old vigour! and unheard
Save of the quiet primrose, and the span
Of heaven, and few ears,
Rounded by thee, my song should die away
Content as theirs,
Rich in the simple worship of a day.



quarta-feira, 19 de setembro de 2018

No olho do furacão americano

Um ciclone, furacão, ou tufão, são exactamente a mesma coisa com nomes diferentes.
Antigamente designavam-se por furacões os que atingiam a América, e por tufões os que atingiam a Ásia. Na metereologia ninguém dizia que Portugal ia ser atingido por um furacão, normalmente dizia-se que se aproximava um ciclone, e era bom tomar cuidado.
Como o nome "furacão" está associado a devastações maiores na América, serve o intuito de dar à manivela que agora também temos furacões, na ideia das "alterações climáticas". Se a moda continua, seguidamente iremos ter tufões. Para já serviu apenas para baptizar tempestades.
Entretanto, também herdámos a escala de ameaça do furacão que vai basicamente de 3 a 5, os que são de categoria 1 ou 2, enquadra-se naquilo que era chamado "ventos fortes".

Foi assim com alguma surpresa que a abrir os nossos noticiários vi o governador da Carolina do Norte lançar o pânico, e palavras como "chuvas épicas", perante o furacão Florence, de categoria 4. Afinal tinham havido no ano passado outros de categoria 5 (o Irma e o Jose), sem tanto alarme ou dramatismo no prelúdio. 
De facto, este ano não tinha havido nenhum furacão de categoria 4 ou 5, e faltando notícias climáticas, aquele era o maior. Como esperado, o furacão passou, fez os estragos previsíveis, mas sem mais do que o isso (o número de vítimas do Irma foi 5 vezes maior, isto já para não falar do Katrina que em 2005 causou 50 vezes mais vítimas ~ 1500 mortos).


O olho do furacão é uma designação usada para denominar a área circular no centro do ciclone que não é afectada pelos ventos do furacão. Esta aréa do olho pode ter entre 30 e 60 Km de diâmetro, e pode estar aí um tempo excelente - céu limpo, ameno, e sem vento. O problema é que, à sua volta, os ventos atingem os 300 Km/h... e o centro vai-se deslocando. Porém, quem aguentar os ventos e entrar no olho do furacão, "só" tem que segui-lo, para se manter com bom tempo, e seguir o rasto de destruição, que este vai deixando à passagem.

Ora, é curioso que este tipo de movimento espiral é também observado em diversas galáxias que podemos ver com maiores ou menores telescópios. Um desses muitos casos é a Galáxia M101 (Pinwheel), que faz parte do grande grupo das galáxias espirais:
Galáxia espiral M101

Não se vê aqui nenhum "olho", mas a imagem não deixa de apresentar notáveis semelhanças. A questão de não se ver nenhum olho, não significa que não exista, porque ao contrário dos ciclones que se desenrolam sobre a superfície atmosférica da Terra, as galáxias não estão sobre nenhuma superfície. É mais natural que o olho não seja um disco, seja uma esfera, e por isso nunca seria visível por nós. Ou seja, este tipo de formações sugere um tipo de movimento típico de fluidos, e eventuais suspeitas de buracos negros... caso fossem fotografados, poderiam revelar esse olho, sem que isso correspondesse a nada de especial - talvez apenas a uma zona de ausência de gravidade.

Vem esta pequena divagação decorativa a propósito da tempestade em copo de água que começou por ser o caso Trump-Rússia. Essa tempestade tropical foi formada a propósito da campanha eleitoral americana, visando levantar ventos que abanassem a eleição republicana. Depois passou à fase de furacão, em que o presidente americano se viu alvo de um embaraçoso processo judicial. Agora, parece ter subido de categoria, já que Trump decidiu fazer algo novo - solicitou a divulgação dos documentos secretos relativos ao processo:


Claro que isto de revelar documentação secreta é complicado, e um representante dos democratas diz:
 "With respect to some of these materials, I have been previously informed by the FBI and Justice Department that they would consider their release a red line that must not be crossed as they may compromise sources and methods."
... portanto Trump, dando-lhe jeito aqui o mote da transparência, está a cruzar linhas vermelhas do FBI, ou seja, está a elevar o grau da tempestade. Resta saber se está no olho do furacão ou não...

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Incêndio e desabamento em S. Paulo

Em 1 de Maio de 2018, num edifício abandonado, degradado, e ocupado ilegalmente, ocorreu um incêndio de grandes proporções, que levou a um desabamento rápido, lembrando um pouco os desabamentos da duas torres gémeas do World Trade Center, em Nova Iorque, no 11 de Setembro.

Reportagem vídeo sobre o incêndio e desabamento do edifício.
Imagem do colapso do prédio em S. Paulo (1 de Maio de 2018)

Tratava-se do edifício Wilton Paes de Almeida, inaugurado em 1968 em São Paulo, e que durante anos serviu de sede a uma companhia vidreira, tendo depois servido como sede da polícia federal, até ter sido abandonado.
Não há qualquer comparação com o estado em que o prédio foi deixado, relativamente a outros prédios, a que aqui fizémos referência há dois anos:
Por exemplo, a já inexistência de elevadores tornou esses poços como fáceis correntes de convecção proporcionando uma situação extrema.
As pessoas que ocupavam ilegalmente o prédio foram rapidamente evacuadas antes do desmoronar, e o número de vítimas foi reduzido.

No entanto, acreditando que mais nada esteve envolvido, temos aqui um exemplo de desmoronamento que tem algumas semelhanças com o das duas torres gémeas, acrescido por a data de construção ser idêntica, e também pela semelhança de algumas ideias arquitectónicas aí presentes.
Neste caso a situação era agravada pela aparente existência de apenas 4 pilares principais.

Não querendo expor apenas uma versão, e tendo aparecido este exemplo, fica para confrontação.
Na minha opinião, este não é um caso semelhante. É preciso notar que a degradação de estruturas leva à sua queda, como foi agora o caso da ponte Morandi em Génova, ou tinha sido antes o caso da ponte Hintze Ribeiro em Entre-os-Rios.
De qualquer forma, retira o argumento de que não se conheciam casos semelhantes...

Ainda relativamente à tragédia das torres gémeas, em 11 de Setembro de 2001, convém notar que não foram apenas estas as torres afectadas, desabou ainda o edifício WTC 7, e uma pequena igreja ortodoxa (St Nichols Greek Orthodox Church) também despareceu nos escombros.

No entanto, o caso mais estranho terá sido o da Torre Millenium, muito próxima de uma das torres, e que sofreu pesadamente o efeito do desabamento. A figura seguinte compara a forma rectangular da Torre Millenium com o monólito do filme "2001 Odisseia no Espaço".

Não deixa de ser curioso que os atentados, tendo sido realizados em 2001, no primeiro ano do 3º milénio, isso coincidisse com o nome da torre (Millenium), e com o aspecto semelhante ao monólito do filme de Kubrick "2001".
(continuação)



Trata-se de um vídeo num artigo que apareceu o ano passado no Daily Star.
Engineers Steven Jones, Robert Korol, Anthony Szamboti and Ted Walter are part of the growing community of experts who say evidence indicates the towers were brought down in a controlled demolition.
They wrote a paper for Europhysics News – released last year – highlighting four important pieces of evidence pointing to this conclusion.
These were:
– Fires are not normally hot enough to heat a massive steel structure enough for it to collapse
– The majority of high rise buildings have sprinkler systems that prevent a fire from getting hot enough to heat steel to a critical level
– Skyscrapers are protected using flame-proof materials
– And they are designed so that if compromised, they do not collapse.
O caso do desabamento do edifício de São Paulo acabaria por questionar todas estas assumpções, pois lê-se ainda no artigo:
  • Its conclusion was that the “WTC Towers and WTC 7 [were] the only known cases of total structural collapse in high-rise buildings where fires played a significant role.”
Ou seja, para além dos 3 edifícios do WTC que desmoronaram melhor do que muitas implosões programadas e controladas (vejam-se alguns falhanços), veio juntar-se à lista um edifício que mesmo estando abandonado e degradado, usava uma arquitectura semelhante, e portanto deveria ter resistido ao incêndio...

Argumentar que os únicos casos conhecidos de desabamento de arranha-céus pelo fogo eram os 3 exemplos do WTC era um argumento demasiado simples e forte, para ser rebatido com ligeireza.
A queda do edifício de S. Paulo apareceu assim como providencial, para terminar com esse argumento - assumindo que a única causa do colapso foi o fogo, é claro.

A doença do 11 de Setembro
O número de vítimas dos atentados às torres gémeas vai crescendo por via dos problemas respiratórios que trouxeram um grande número de cancros pulmonares.
Contavam-se já mais 1000 vítimas há dois anos:
e este número foi aí estimado como podendo ultrapassar o próprio número de vítimas directas dos atentados no dia 11 de Setembro de 2001, no espaço dos próximos cinco anos, atendendo a que se poderiam contabilizar até 35 mil pessoas afectadas pelo problema.
O facto dos responsáveis terem garantido então aos nova-iorquinos que não haveria problema nenhum em respirar próximo do "Ground Zero", já teve um reconhecimento de erro pela responsável à época. Este reconhecimento de erro nem sequer poderá ser considerado homicídio por negligência, porque foi uma decisão de topo, retirada do "consenso científico" dos responsáveis.