quinta-feira, 25 de abril de 2019

Liberdade do silêncio

Parece que foi há muito tempo, mas foi apenas há uma semana que o despiste de um autocarro na Madeira tirou a vida a 29 turistas alemães.

Este terá sido o acidente rodoviário com o maior número de vítimas, depois da queda da Ponte Hintze Ribeiro, em 4 de Março de 2001 (acidente onde morreram 59 pessoas), e parece-me que será mesmo o acidente com maior número de vítimas em Portugal, que não se deveu à falha de uma estrutura.

17 de Abril de 2019 - Autocarro cai numa ravina madeirense - 29 mortos.

Sintoma da nossa comunicação social, foram 3 dias de luto, e 2 dias de notícias. 
Passados poucos dias, era como se aquele episódio tão dramático nem tivesse acontecido. 
A situação foi tão ridícula que, no próprio dia, a SIC e a TVI abriram o noticiário das 20h com a crise no abastecimento de combustíveis. Creio que só a RTP1 colocou o assunto na abertura do seu noticiário principal. 

Afinal, o que estava em causa? 
- O turismo na Madeira!
Esta situação ridícula já tinha ocorrido em 20 de Fevereiro de 2010, quando o Governo Regional da Madeira, com medo do impacto negativo no turismo, quis esconder a calamidade do chamado "Aluvião da Madeira", que provocou 47 mortos.

Poderia dizer-se que não há muito mais a noticiar, mas não é bem assim, quando até as causas do acidente estão por apurar (falou-se em falha de travões, ou acelerador preso), e é bem certo que as estradas da Madeira convidam a perigos deste genéro, ou talvez ainda piores. Começa logo por ser complicado aterrar na Madeira...

Não é que não haja interesse, e agora que se comemoram 45 anos de "liberdade", certamente que há toda a liberdade jornalística de investigar e indagar, claro que sim... mas desde que seja em silêncio!

Como se não fosse caricato, a Wikipedia portuguesa fez um pequeno artigo, mas houve logo quem se propusesse a eliminá-lo (para ficar, teve que passar por votação).

É um delírio ouvir a malta jovem (ou nem tanto), que nasceu após o 25 de Abril, dizendo que não souberam como era viver num país com censura! 
Novidade, para quem pensa o contrário - nunca deixaram de viver num país sob censura!

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Nebulosidades auditivas (69)

PPK foi um grupo russo, formado pelas iniciais dos membros (Pimenov, Polyakov, Korzhov), que acabou por ficar famoso (atingindo o nº3 em Inglaterra) graças ao tema ResuRection (ou Resurrection), uma reformulação musical no estilo trance de um tema do filme Siberiade, de Eduard Artemyev. 

 ResuRection - PPK (2001)

Por razões desconhecidas, o tema acaba por ser associado ao produtor inglês Paul Oakenfold, com quem os PPK estabeleceram um contrato.
Este grupo russo, tal como as congéneres t.A.T.u., foram dos primeiros grupos russos a entrar na cena pop internacional (ou o que é o mesmo... na cena pop britânica e americana).
Na parte final do tema ouvem-se gravações do primeiro astronauta, o russo Yuri Gagarine. Para esse efeito, a historiografia internacional ainda não conseguiu alterar o registo pioneiro dos russos na exploração espacial. Aguardemos... sabendo o que já aconteceu, não seria a primeira vez que a história seria reescrita.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

O negro do buraco negro (2)

No ano passado falei da inexistência de uma fotografia de um buraco negro.
A esse propósito escrevi:
É claro que da forma que o processo é feito, poderiam até tirar dali a cara do rato Mickey se quisessem, mas como alardearam demasiado a coisa, será menos fácil, mesmo com os ilustradores da NASA a ajudar.
Continuamos na mesma... mas há uns dias surgiu espalhafatosa, conforme previsto, o anúncio de uma tal imagem. A maior novidade é que não apareceu a cara do Rato Mickey, para se juntar a Pluto (que apareceu a sorrir em Plutão).
(Visão, 10 de Abril de 2019)

É uma imagem desfocada que, digamos, nem difere de imagens simuladas, apresentadas em 2018:

(Universe Today, 16 de Outubro de 2019)

Aquilo que os jornalistas mal explicam, porque provavelmente não entendem os detalhes, é que não se trata de fotografia nenhuma.
Continua a ser uma simulação computacional...
Simplesmente é suposto que as simulações lançadas pelo "Event Horizon Telescope" (que não é nenhum telescópio - começa logo aí o engano), que essas simulações correspondam mesmo a uma imagem fotográfica, baseada em informações parciais de diversos radiotelescópios.
  • A imagem está desfocada porque não passa de um juntar de imagens. 
  • A imagem do espaço não tem quaisquer estrelas, porque... deixo isso para os mais perspicazes!
A técnica em si tem algum suporte científico, mas os detalhes concretos e a sua implementação, estão longe de ser minimamente claros. Porquê? Porque nesse caso, e primeiro que tudo, já deveríamos ter outras imagens de grande ampliação de objectos conhecidos...
Pois, não tivémos! Esqueceram-se? Agora, é tarde demais.

Todo o assunto é um grande barrete, como tantos outros, que as Agências Espaciais estão dedicadas a nos mostrar para nos convencer de qualquer idiotice.
Neste caso, seria para convencer de que "buracos negros" existem mesmo... o que não deixa de ser curioso, porque essa existência nem era questionada antes, de tal forma a ideia tinha sido impigida com sucesso. Trata-se apenas de mais uma de imensas manobras publicitárias

Pessoalmente, e no que diz respeito à realidade, prefiro as velhas fotografias da nebulosa anelar M57:
Nebulosa M57 (na constelação de Lira), descoberta por Messier em 1779

É verdade, não tem o interior negro como o bréu... mas também não tem o redor negro como o bréu.
Há uma coisa que não deveria ser esquecida em imagens espaciais... ah, pois é - pequenos pontinhos de luz, a que se chamam - estrelas!

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Apanhados do Clima (2)

Esquecida a chuva e o frio do inverno, com a chegada da Primavera, veio a seca de notícias, ou notícias de uma pretensa seca que o país atravessava.
Assim, não era piada de 1 de Abril, mas podiamos ler no Público:
Situação de seca agravou-se em Março em Portugal - “Já começa a aparecer seca extrema no Algarve, entre Faro e Vila Real de Santo António”, avisa Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
Depois, continuava-se dizendo que o mês de Abril deveria continuar com tempo seco e se houvesse chuva não seria significativa.

Azar na previsão do IPMA. No dia seguinte começou o tempo a piorar, e confirmando o velho ditado popular "Abril, águas mil", praticamente desde aí não houve dia em que não chovesse, chegando ao ponto de haver autoestradas encerradas devido ao granizo. Além disso, logo a seguir a situação chegou ao ponto de haver neve generalizada nos pontos mais altos, e as estradas da Serra da Estrela estarem encerradas devido à queda de neve:

Não é inédito, mas não é habitual termos esta situação de nevões em Abril.
Não é inédito, as previsões pseudo-científicas erraram estrondosamente.
Não será inédito, os bruxos climáticos continuarão a fazer o seu vaticínio, e a manter credibilidade apesar de errarem sistematicamente as previsões.

Simplesmente nesta última semana a situação atingiu uma viragem tão ridícula e tão notória, que parecia que Zeus estava com vontade de castigar os bruxos, bruxinhas e bruxelas do clima.

Não se trata de vangloriar, é apenas constatar. Daqui a alguns dias, como é tradição, o tempo irá melhorar em Maio, e lá vão sair os bruxos debaixo das pedras, queixando-se do aumento de temperatura sazonal, e esperando que todos se tenham esquecido dos seus sucessivos erros.

Em conclusão... o clima continua a ser mais ou menos previsível até uma semana, mas às vezes nem isso. Dada esta simples constatação de prazo de validade, quem depois quiser acreditar em previsões climáticas para décadas ou séculos, pode também acreditar no cadomblé, orixás, tarólogos, cartomantes, ou nos promotores das alterações climáticas.

Quando houver razão para outra preocupação, as pessoas sérias irão preocupar-se... mas essas não são as que alardeiam a opinião da moda nos órgãos de comunicação, para benefício do seu visual na passerelle mediática.