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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Comadres

Faz um mês que a China anunciou a chegada à Lua...
Um escandinavo reagiria de sangue quente, mas um bom portuga, com o conhecido carácter gélido, dá tempo ao tempo, e portanto, um mês depois, vejamos então as imagens (ainda que não haja muito para mostrar).
Começamos pela emissão distribuída pela chinesa CCTV

[vídeo alternativo - original suprimido]

Para além de fotos dúbias, parecia ter animação de má qualidade?
Tinha mesmo.
A coisa estava tão mal feita desde a animação, às fotos do solo não terem nenhuma periodicidade (nem se ver nada de especial), que houve um reconhecimento da simulação. Não se deixam de ouvir as palmas, ao vivo, e de ter sido isto que passou nas televisões internacionais.

É claro, as comadres têm boas relações - o que é positivo para a paz - e assim vemos que até o rover chinês deixa as já habituais pegadas no solo "lunar":
(as rochas e o solo não se parecem muito com os da NASA)

Portanto, há alguma coordenação e o problema é do observador e não do observado.
Quem não aceita, só tem que aceitar, e mais nada, que a harmonia é muito bonita.

Porém, as comadres nem sempre controlam os filhotes, que devem ser consistentes, e aparece quem questione as coisas:

Aliás, já há algum tempo que se colocava em causa o programa espacial chinês, até porque se viam bolhinhas de ar sair dos capacetes dos astronautas, sugerindo que estavam num meio aquoso:

O vídeo seguinte, original, fala por si (estamos habituados a outra qualidade vinda de Hollywood), mas destacamos, por exemplo, a bolinha de ar que sai do capacete da direita, ao minuto 3:05 do vídeo:


E, pronto, não há muito mais a dizer... the show must go on.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Ver estrelas

"Ver estrelas ao meio-dia" era uma expressão antiga, que encontramos em textos do Séc. XIX, e que hoje abreviamos para "ver estrelas", mantendo o sentido associado a uma pancada ou dor forte. Era especialmente popular nos desenhos animados dos anos 60 e 70.

Não há estrelas no céu a dourar o caminho da NASA.
O filme "Gravity" que agora estreou, lembra as "caminhadas espaciais", mas vem também lembrar as muitas imagens de astronautas perdidos num "espaço negro":
Bruce McCandless na sua "grande caminhada" fora da nave, em 1984.

A história da carochinha é sempre a mesma... o brilho da Terra/Sol ofuscaria o brilho das estrelas, para fotografia de exposição curta. As únicas estrelas no espaço são os astronautas, esses bem visíveis, pois visa-se um estrelato hollywoodesco. À caminhada só faltava a pegada, essa "deixaram-na na Lua".

Porém, noutras paragens, na URSS de 1965, a conversa era outra...
Vemos nas duas imagens seguintes, o primeiro cosmonauta, A. Leonov, rodeado de estrelas a dourar o espaço negro:
A. Leonov (primeiro cosmonauta no espaço, 1965)
As estrelas são perfeitamente visíveis, como seria de prever.
(imagens: em Claude Lafleur e na Time)

Portanto, o filme fotográfico que a URSS usava não era à prova de estrelas.

Quer isto dizer que os EUA não chegaram a enviar ninguém ao espaço, e que tudo não passam de encenações feitas em estúdios de cinema e fotografia? Uma coisa não implica a outra... podem perfeitamente ter ido, mas temos todas as razões para suspeitar dos seus filmes e encenações.

Um problema está abordado justamente no filme Gravity... mas num contexto de erro russo!
Não será à toa que nas imagens que vemos dos russos os cosmonautas não se desprendem muito da nave.
A Terra é bombardeada por milhões de pequenas partículas. Algumas, maiores, podemos vê-las no céu à noite - são as chamadas estrelas cadentes
Ao irromperem pela atmosfera a enormes velocidades os meteoros incendeiam-se provocando aquele espectáculo clássico. Há épocas em que atravessamos órbitas de destroços, e nos meses de Julho e Agosto são características as chuvas de meteoros, chamadas Perseidas.

No espaço, não havendo atmosfera protectora, mesmo as mais pequenas partículas actuam como autênticas balas... e, ou se arrisca a sorte, ou um cosmonauta poderia ser alvo de "um tiro". Isto não afectará os astronautas, porque presume-se que estejam em filmagens, e o maior medo será se a foto não o favorece muito.
Já os cosmonautas, esses não é muito crivel que se aventurassem para além do escudo protector que seria a própria nave espacial. Os próprios satélites artificiais incluem uma apólice de risco de serem albarroados por um pequeno meteoro, e não é demasiado grave o impacto de micro-meteoros porque o seu material será suficientemente resistente a esse impacto menor.

Há poucos dias, para promoção dos Jogos Olímpicos de Inverno, Sochi 2014, os russos levaram uma tocha olímpica para o espaço... e lá está a NASA associou-se, com imagens mais nítidas sem estrelas, ao passo que os russos davam as suas tímidas e mal definidas imagens:
Kotov exibe a tocha olímpica... num tímido passeio espacial

Não vemos aqui nada de especial, face a outras imagens... muito pelo contrário, Kotov nem sai da estação espacial, e a novidade de ter uma "tocha olímpica", seria proeza pequena quando vemos a primeira imagem de McCandless, ousadamente soltando-se pelo espaço negro.

Porém, é natural que os russos tenham um património de ver estrelas e não queiram abdicar completamente dele para o apagão americano.

domingo, 3 de novembro de 2013

Eclipse now... hoje 03-11-2013

Por volta do meio-dia de hoje, 3 de Novembro de 2013, está previsto um eclipse do sol híbrido

Curiosamente, conforme refere a wikipedia, irá ser visível em todos os países de língua oficial portuguesa (menos Timor)... É um eclipse que se inicia sobre o Atlântico, da costa leste da América do Norte à costa norte da América do Sul, e que depois cobre praticamente toda a África. Na Europa estará restrito praticamente a Portugal, Espanha, Itália e Grécia.

Eclíptica
Aproveito para uma daquelas observações simples, mas que podem ser instrutivas.
Se o céu estivesse "fixo"... a cada ponto da Terra corresponde exactamente um ponto do Céu.
Ou seja, fixado esse céu, pelo zénite, cada estrela teria uma posição exacta sobre a Terra, e vice-versa.


Uma indicação de que algo desse género poderá ter estado na demarcação das constelações tem a ver com alguns nomes e mitos. 
Por exemplo, Perseus, que pode ser ligado à Pérsia está acima de Touro, e Taurus era a cadeia montanhosa que definia a Turquia, com clara proximidade à Pérsia. Além disso, abaixo de Touro encontramos Oríon, que tem sido identificado ao Egipto. Há quem veja nas 3 pirâmides de Gizé uma associação às 3 estrelas do cinto de Orion (se bem que estas estrelas estão demasiado abaixo, cruzando a linha do Equador). Outras associações são mais difíceis, até porque não é claro se havia ou não redução ao espaço conhecido. 
Porém, Hércules poderia ser remetido facilmente às Colunas de Hércules, pois esse era um nome de referência na geografia antiga.

Bom, e praticamente ficamos por aqui, ainda que possamos estabelecer outro tipo de relações. 
Por exemplo, seguindo Hércules temos Lira e Cisne. São dois símbolos conhecidos. A lira está ligada a Apolo, mas também ao filho Orfeu - poeta e um dos Argonautas, ligados à viagem de Jasão. Por outro lado, o Cisne esteve ligado a mitos de passagem do Atlântico, por Lohengrin.
Seguindo por esta ordem, surgiria imediatamente Pégaso, Cefeu, Cassiopeia, o que se liga directamente a toda a história de Andrómeda e Perseu. 
Para se manter algum nexo, deveríamos considerar a visão antiga, de Colombo, que ligaria directamente o Atlântico à Índia e Etiópia. De facto, Cefeu surge como rei da Etiópia, e assim Andrómeda surgiria como associada a uma Índia presa. Andrómeda sofria punição de Neptuno, o que poderia referir-se à proibição de navegações, mas seria salva por Perseu. O corte da cabeça da Medusa, poderia ser um corte da liderança dos Medos, que colocou os Persas no comando.
Por outro lado, Cappela, a cabra, e Auriga, pela quadriga, ligariam à Grécia e/ou à Itália, ainda que esta relação seja menos clara, tal como a Ursa Maior poderia ligar à parte continental europeia, onde o urso era um símbolo (por exemplo, o "Ber" em Berna ou Berlim estão-lhe associados). Isto implicaria uma associação geográfica algo grosseira, mas que tem sentido nas representações antigas do mundo.

É claro que tudo isto são meras especulações, mas um maior estudo poderá permitir outras conexões. De qualquer forma, este tipo de ligação sempre me parece fazer mais sentido do que a simples ideia difundida de que a associação de constelações corresponderia a ver figuras desenhadas pelas estrelas... algo que só em raros casos tem algum sentido, mesmo com grande esforço de imaginação.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Senhores dos Passos na Lua

Desde há 44 anos...
(foto wikipedia)

... que foram feitos os passos para nos convencer desta pegada, na Lua.
Há quem diga que tal pegada só seria possível com humidade, uma humidade que não pode existir na Lua.
Ao andar na praia, sabemos que pegadas destas... só mesmo na areia molhada.
Mas, o que é que isso interessa, se a verdade difundida é propriedade de senhores dos passos lunares?

Seriam "grandes passos da humanidade" ou "grandes passos sem humidade"?...
Foi assim, durante os 4 anos da missão Apollo... depois faltou humidade e humildade para outros passos de humanidade... já lá vão 40 anos.

É claro, seguiu-se Marte, onde tivemos vários Rover a mandar imagens.
O que se notava é que faltava azul nas imagens... porque se o azul fosse corrigido nas fotos, começava a parecer-se muito com paisagens terrestres:


Imagem da NASA, Rover Oportunity, 2004, em Marte... Burns Cliff 

Primeiro, a imagem original. 
Depois os três canais habituais: vermelho, verde e azul.
Nota-se claramente uma falha de intensidade no azul, ao contrário dos outros!
Corrigindo isso (por exemplo: R-64, G-32, B+32) obtém-se a imagem de baixo 
(veja-se ao lado que o azul só foi aumentado um pouco).
Passa a haver um maior equilíbrio na nova imagem, repondo algum azul... 
... e a imagem parece agora muito terrestre!

Bom, mas já falámos extensamente deste assunto... e remeto para o texto anterior:
Hoje foi só para saudar os senhores da Lua, que comemoraram hoje os 44 anos dos passos.

sábado, 20 de abril de 2013

Man on the Moon

Há já quase dois anos coloquei aqui um vídeo polémico e interessante, um documentário da ARTE sobre a encenação da viagem à Lua em 1969, ligado à encenação que Kubrick usou no seu filme notável "2001, Odisseia no Espaço". Conforme disse à época, ainda que se tenha pretendido que o documentário fosse uma piada, nada o indicava explicitamente, e se o fosse teria o mau gosto de brincar com a morte de Vernon Walters.
A propósito do texto sobre os Macavencos, lembrei-me doutro filme de Kubrick, "Eyes Wide Shut", de 1999.  
(vídeo que faz uma análise interessante sobre o significado de cenas do filme)

Este foi o último filme de Kubrick, que morreu de ataque cardíaco, quando se preparava para entregar a versão final. O filme estreou, alguns meses depois, sendo póstumo a Kubrick, tal como o documentário da ARTE foi póstumo relativamente a Vernon Walters. Uma trágica coincidência num documentário que relatava o medo que Kubrick tinha de vir a ser assassinado.

O título do post é "Man on the Moon", o que nos levaria para outro filme de Milos Forman, sobre Andy Kaufmann, mas antes de voarmos sobre o ninho de cucos, consideramos a célebre canção dos REM, que terá dado título ao filme.

... e a canção continua:
                 If you believed they put a man on the moon, man on the moon
                 If you believe there's nothing up his sleeve, nothing is cool

Sim, se acreditámos, eles puseram um homem na Lua, se acreditamos que não há nada na manga, nada é divertido. Divertido é ver um excerto de 007 - Diamonds are Forever.
Sim, neste James Bond de 1971, o personagem aparece num cenário onde se filma uma missão lunar... algo ousado num ano em que se filmavam também as Apollo 14 e 15, supostamente em solo lunar, e não num cenário de cinema.
Com as Apollo 16 e 17, as missões lunares terminam em 1972. Sentida a falta, passados 5 anos aparece no cinema um outro filme - Capricorn One (1977), cujo enredo é exactamente uma conspiração que leva à encenação de uma viagem a Marte, numa altura em que já tinham acabado as outras lunares...
Estas duas observações encontrei-as nalguns vídeos dos "teóricos da conspiração" que acham que as imagens de homens na Lua são falsas... como por exemplo, este documentário, já bem velhinho, que passou na Fox, em 2001 (creio que antes da tragédia das torres gémeas):

Devo dizer que a minha avó também achava que o Homem não tinha ido à Lua. É claro, eu achava que era coisa cheché, própria de uma geração que tinha dificuldade em aceitar o progresso. Ela não dava justificação, e eu talvez tivesse negligenciado ela ter passado por duas guerras mundiais, ter vivido a transição em que conviveram burros e zeppelins, e ter passado pelos quarenta anos de Salazar. A minha outra avó, que nascera ainda no Séc. XIX, deixara a previsão de que o Séc. XXI seria um século em que se iria assistir a uma insanidade mental. Acho que compreendo agora o porquê.

"Man on the Moon"... é uma canção do álbum "Automatic for the People", dos REM.
Se procurarmos, vemos que REM significa também Roentgen Equivalent Man, que é uma unidade de radiação, que mede o envenenamento radioactivo. Por exemplo, 100 REM é suposto ser uma dose letal.

Acontece que a Cintura de Van Allen é um cinto, uma zona de grande radiação cósmica. Pela versão oficial, só os astronautas que viajaram até à Lua passaram essa cintura, ou seja, desde 1972 que ninguém passa!
Diz-se que os satélites que a cruzam podem medir até 2500 REM por ano, mas que os astronautas não sofreram mais que 5 REM, portanto uma dose não letal. É claro que os "teóricos da conspiração" estão convencidos que não é bem assim... que a Cintura de Van Allen é intransponível pela radiação letal, que provocaria a morte dos astronautas.

Depois, argumenta-se, quando Lindbergh fez a viagem do Atlântico, passados poucos anos havia já carreiras comerciais fazendo a ligação... o que impediria repetir as idas à Lua, feitas entre 1969 e 1972?
Por que razão ninguém lá voltou passados 40 anos?
Pois, provavelmente ninguém passou mesmo a Cintura de Van Allen, ninguém deu o "salto" (Van Halen).

De entre os planetas, só aqueles com forte campo magnético, como o caso da Terra, têm uma Cintura de Van Allen significativa. Só tem essa cintura a Terra, e depois Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno.

Ainda não tenho como completamente claro que essa cintura de partículas é o problema, ou poderá até ser o que impede que a forte radiação do Sol nos "frite"... porque, enfim, temos uma forte radiação do Sol, sim, mas é no espectro do visível. Ora, o Sol, pelas explosões nucleares, deveria emitir todo o tipo de radiação, e se a nossa atmosfera nos protege dos ultravioleta, o que é que nos protege das radiações superiores, como sejam os Raios X ou gama? Creio que poderá ser mesmo a Cintura de Van Allen.
Aliás, quando se diz que a temperatura na parte iluminada da Lua será mais de 200ºC, dará para perceber a quantidade de radiação que se medirá fora dessa cintura.

Traduzindo, isto significaria... estamos presos na Terra!
- Alguém interessado em dar notícia?
- Que tipo de reacção isto iria causar?
Ou seja, seria melhor produzir a ilusão de que não haveria limitação, permitindo ir à Lua. A ilusão de que podemos continuar a exploração espacial, ainda que esta não se faça... explicando-se por "razões económicas". Ou haverá uma notícia em falta - "a humanidade está presa na Terra"? E não sabendo bem porquê, parece que fomos presenteados ou com um escudo que nos protege, ou com um cinto que nos prende!

Se os EUA não foram à Lua, os russos não quiseram nunca denunciá-los. A filha de Van Allen relatava numa entrevista que, quando o pai comunicara a existência da cintura, em 1958, poucos meses depois foram à URSS, num clima muito amistoso, e ela sentira que havia assuntos que faziam cair aquele frio muro que dividia países pela ideologia. Houve um entendimento científico na exploração espacial, que terminou até no acoplamento Apollo-Soyuz de 1975.

Depois do fim das idas à Lua, também os russos não investiram muito mais nas explorações, e nem sequer anunciaram um enviar de sondas a outros planetas distantes, como fez a Voyager, que depois caracterizou o programa da NASA. Agora também temos a exploração espacial europeia, japonesa e chinesa (e norte-coreana?), nenhuma ousando colocar um homem na rota da Lua, nem sequer apresentando fotos inquestionáveis da presença de objectos deixados pela tripulação que saiu da Apollo.

Conclusão, passados 40 anos, americanos e russos mantiveram o mistério sobre as idas à Lua, e é espantoso que não se tenha produzido nenhuma prova inquestionável da presença humana na Lua, apesar de tantas viagens supostamente efectuadas.

24 Abril 2013

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Efemérides 2012

Conforme já referido no postal sobre o Trânsito de Vénus, nestas duas últimas semanas ocorreram três efemérides astronómicas interessantes... nenhuma das quais visíveis em Portugal. 
Primeiro, ocorreu a 21 de Maio de 2012 um eclipse anelar do Sol
Eclipse Anelar do Sol visto no Japão (wiki)

... a que se seguiu um eclipse parcial da Lua anteontem, 4 de Junho de 2012
Eclipse Parcial da Lua(i.space.com/)

... e neste momento que escrevo decorre o singular trânsito de Vénus de 6 de Junho de 2012
Entrada de Vénus... o ponto negro... no disco solar (wiki)

Os eclipses Lua-Sol ocorrem dentro do ciclo de Saros, de aproximadamente 18 anos, e são por isso razoavelmente frequentes. É sabido ser este ciclo conhecido já pelos magos Caldeus, e estavam mesmo incorporados há dois mil anos na Máquina de Anticítera (informação da wikipedia).
Já o Trânsito de Vénus é bem mais raro, e só voltará a ocorrer em 2117... mas, excluindo o seu interesse astronómico, e a sua singularidade na ocorrência, é um fenómeno que passaria completamente despercebido ao público, não fora a publicidade.
Para além das imagens do pontinho no disco solar, e atendendo à espessa atmosfera venusiana, seria esperado ver boas imagens telescópicas que indiciassem essa refracção... mas apesar deste interesse, continuam a faltar imagens menos negras de Vénus.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Trânsito de Vénus

Tem sido habitualmente especulado sobre alinhamentos em 2012, em particular em 21 de Dezembro de 2012... porém convém notar que nada de notável está previsto para essa data.
Acontecem alguns alinhamentos interessantes em 2012, sim, mas antes de Dezembro...
A mais notável efeméride será o trânsito de Vénus (pelo Sol), que ocorrerá em 6/6/12... já que só se voltará a repetir no próximo século, em 2117 e 2125.

Independentemente de se acreditar ou não que os alinhamentos planetários têm alguma influência física, eles tiveram e têm uma influência humana, no sentido em que houve e há quem altere o seu comportamento devido a eles. A astronomia teve sempre uma componente astrológica desde o momento em que alguém associou uma efeméride planetária a um acontecimento humano. 

Na pseudo-mitologia para o ano 2012 está um propalado início do calendário Maia. 
Só se começou a falar disso depois de passar a previsão apocalíptica de 2000... ainda que uma eventual Odisseia espacial de 2001, pode ter ocorrido como pseudo-Ilíada de 2001 sobre as Torraltas. 
As Torres Altas de Tróia, as duas Torraltas de Tróia, ou que duas torres altas?
lol ... havendo desde 2001 quem veja neste símbolo lots-of-laughs.

Calendário Chinês
Um outro calendário antigo é o chinês, cuja origem tem sido fonte de especulação e dúvida. Supõe-se que teria tido início num antigo alinhamento notável dos 5 planetas visíveis, juntamente com Sol e Lua. 
Em 1993 dois astrónomos do JPL-NASA, K. Pang e J. Bangert sugeriram que isso pode ter acontecido em 1953 a.C., o que dá um 3965 anos passados, ainda assim diferente do valor actual 4709 anos lunares, se atendermos a que isso corresponderia a ~ 4564 anos solares, ou seja uma diferença superior a 500 anos para essa hipótese. No entanto, K. Pang encontrou uma passagem num texto antigo de Hong Fan Zhuan (Séc. I a. C), que dizia:  
"The Ancient Zhuanxu calendar (invented in about 2000 B.C.) began at dawn, in the beginning of spring, when the sun, new moon and five planets gathered in the constellation Yingshi (Pegasus.)"  
Por isso, há alguma sustentação nessa hipótese de início do calendário por alinhamento na constelação de Pegasus ou Peixes, numa madrugada equinocial por volta de 2000 a.C. De qualquer forma, os cálculos usados hoje são sempre especulativos, até pela falta de informação sobre a inclinação do eixo da Terra, ou pela simples admissão de que nada teria mudado em 4000 anos.

É importante notar ainda que os chineses chamariam ao velho calendário lunar Yin, enquanto o calendário solar seria o Yang, na célebre dualidade oriental Yin/Yang (aqui Lua/Sol) expressa no símbolo


Trânsito de Vénus
Os trânsitos de Vénus pelo Sol foram importantes para definir as distâncias planetárias, mas também tiveram o seu papel de astrologia política... para isso basta notar que em 1769 é justamente Cook que irá ao Taiti fazer as medições astronómicas.
Independentemente do significado astronómico, há aqui um significado político, sendo Cook a regressar ao Pacífico "nunca antes navegado" para marcar o evento à escala planetária.

A última vez que o trânsito ocorreu foi em 8/6/2004... antes disto tinha sido em 1769 e no Séc. XIX (9/12/1874 e 6/12/1882), e depois de 2012 só voltará a ocorrer no Séc. XXII (11/12/2117 e 8/12/2125). Não ocorreu nenhuma vez durante o Séc. XX. [Consultar a lista com os trânsitos de Vénus previstos pela NASA]

Em 2012 de novo Vénus irá aparecer como um pequeno ponto negro à frente do Sol, visível ao nascer do Sol nesse dia, na zona do Pacífico. Esta passagem demora 6 horas, sendo visível onde ocorrer o pôr/nascer do Sol, entre as 22h da noite e 4h da manhã - no caso de Portugal não será visível!
Agora, em Abril, ainda é possível ver Vénus bem alto no céu, ao pôr do Sol, mas rapidamente irá descer e aproximar-se do Sol poente, nesse dia 6/6/12 passará de estrela da tarde (Hesper) a estrela da manhã (Lucifer, Phosphorus), como acontece periodicamente, com a única diferença que desta vez passa mesmo em frente do Sol nesse percurso - o chamado trânsito.

Segunda Lua - Cruithne
É dito que os "antigos" teriam visto Vénus como uma segunda Lua, pela intensidade do seu brilho, que resulta de ser o corpo celeste de grandes dimensões que mais se aproxima da Terra, excluindo a Lua.
Já Julio Verne (no livro "Da Terra à Lua") conjecturava sobre a existência de uma "pequena segunda Lua":

"Is it possible!" exclaimed Michel Ardan; "the Earth then has two moons like Neptune?"
"Yes, my friends, two moons, though it passes generally for having only one; but this second moon is so small, and its speed so great, that the inhabitants of the Earth cannot see it."

Recentemente foram descobertos pequenos corpos que podem ser vistos como "segundas Luas" da Terra, sendo muito pequenos. Um deles é o Asteróide 3753-Cruithne (de 5 km de diâmetro)

que apesar de não orbitar à volta da Terra, acaba por fazê-lo de forma aparente. Por outro lado, em 2010 descobriu-se um asteróide ainda mais pequeno (300 metros) 2010-TK7 que partilha a mesma órbita terrestre, numa posição que lhe permite não ser atraído nem pela Terra nem pelo Sol. É chamado asteróide-troiano, já que se encontra dissimuladamente na mesma zona orbital, num ponto lagrangiano. Estas zonas orbitais - pontos lagrangianos - podem ser usadas como entradas em "auto-estradas planetárias".

Julio Verne pensava noutro tipo de segunda Lua, mas estes objectos servem para analogia da sua "antecipação". Convém notar que não seria completamente impossível haver uma segunda Lua escondida à visão da Terra... bastaria que estivesse ocultada atrás da primeira, seguindo a mesma órbita a distância quase fixa - e para efeitos de ocultação visual, até poderia ser uma segunda Terra! Mecanicamente não seria impossível ter um conjunto de três corpos sincronizados... até no sentido em que a Lua seria o seu centro de massa! Essa hipótese só seria afastada pelas medições exactas da distância da Terra ao Sol, mas daria certamente para interessantes obras de ficção científica... não exactamente no sentido de universos paralelos, como está actualmente na moda (ver p. ex. o filme Another Earth), mas mais no sentido de universos colonizados...

Venus Express e Hubble
Já aqui tinha feito referência à inexplicável ausência de imagens espaciais de Vénus... afinal o planeta mais próximo é aquele de que temos menos imagens (pelo menos dos 5 visíveis a olho nú)!
A Venus Express, sonda da ESA (Agência Espacial Europeia), acabou por revelar algumas imagens melhores, mas ainda assim pouco diferentes das obtidas pelo telescópio Hubble:
 

Vénus: Imagem da ESA (esq.) e Imagem do Hubble (dir.)
... as cores são "falsas" pois são na zona ultravioleta...
... parece ser complicado tirar fotos normais....

São ainda curiosas as imagens de Marte vindas do Hubble, por exemplo:

diz-se que a imagem pode ir do infra-vermelho ao ultra-violeta... ou seja pode ser, ou é, uma imagem obtida com cores reais. Sobre o significado dessas cores azuladas e das nuvens, é interessante ler esta descrição. e ver a imagem da Viking. Na linha menos colorida surgiram outras imagens, com mais definição, mas talvez mais confusão... que vão desviando o olhar dos nossos telescópios.


Outras efemérides em 2012
A configuração aqui mencionada de conjunção entre Vénus, Júpiter e a Lua, irá ser semelhante, mas pela manhã, neste Verão. Vénus irá aproximar-se de novo de Júpiter, que se antecipará... de estrela à tarde, passará a estrela da manhã na transição do dia 13 de Maio de 2012. Ambas serão estrelas da manhã depois do dia 6 de Junho, e em 18 de Junho teremos pela manhã uma lua minguante, seguida de Vénus e Júpiter, um pouco mais acima do horizonte. De forma igualmente interessante será o aspecto da manhã, um mês depois, por volta de 15 de Julho, ou mesmo depois, por volta de 13 de Agosto.

(Não serão visíveis em Portugal: o eclipse anular do Sol a 20 de Maio, o eclipse total do Sol a 13 de Novembro, e o eclipse parcial da Lua a 4 de Junho).

Mais notável será a conjunção (de 1 grau apenas) entre Saturno e Vénus, que ocorre a 27 Novembro, ao mesmo tempo que um eclipse lunar de penumbra será visível no dia seguinte (mesmo na Europa).
A conjunção próxima de dois planetas já foi usada como explicação para a Estrela de Belém, associando a uma conjunção de Júpiter e Saturno no ano 7 a.C. que esteve a 1 grau de distância.
Nesse aspecto, como Vénus é mais brilhante que Jupiter, a prevista para 27 de Novembro de 2012 será mais notável, até porque a Lua também participa ficando sob a penumbra terrestre no dia seguinte.

Estes são os últimos registos de efemérides previstas para 2012 e nenhuma tem o aspecto de "conjunção extraordinária". Curiosamente a data de 21 de Dezembro, mas de 2020... essa sim aparece com uma conjunção notável de Jupiter e Saturno, que ficarão quase como estrela-dupla, separados por apenas um décimo de grau.

Tudo o resto sobre 2012, mais do que astrologia, faz muito parte do folclore financeiro, que vende produtos, vende sonhos, oculta o que importa, e divulga as necessárias distracções para desviar atenções.
Apocalipse significará "revelação"... e isso sim contribuiria para uma mudança de mentalidades - a única revolução que interessaria... recolocar o homem no seu devido lugar, no seu papel único de inteligência, em relação de honestidade e verdade com os seus semelhantes.
Porém, ao contrário, o que vamos vendo é uma reposição do homem nos seus instintos mais primários de índole animal, na linha da selecção natural... sobreviver ou usar a inteligência para se tornar num animal superior (o melhor da vizinhança) ou numa espécie superior (pertence a uma elite)!
Esse é um caminho sem destino e sem fim... conforme já referi, para além da inteligência, há apenas inteligência. Só a farsa alimenta uma ilusão evolutiva, com níveis, classes ou castas... e mesmo os mais crentes parecem esquecer o detalhe da criação - fomos feitos à imagem de Deus - e certamente isso não se referia ao aspecto físico!... Tudo o resto é uma questão de tempo, e equilíbrio... só teme a morte quem não pensou nos detalhes pouco simpáticos da eternidade. Por isso, Saturno pode ter cedido de bom grado o papel divinal ao filho Júpiter, e ter decidido viver com os humanos no Lácio... mas é ele enquanto Cronos que define a linha temporal - um simples corte de Úrano.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Lua, Jupiter, Venus e Pleiades

Só talvez os mais distraídos não terão reparado na singular conjunção dos astros nocturnos mais brilhantes, que tem sido visível nestes últimos dias (final de Fevereiro), logo após o pôr-do-sol.
Deixo aqui uma imagem tirada às 19h20m em Sintra, no dia 26 de Fevereiro:
O Palácio da Pena, Vénus, a Lua crescente, e mais acima Júpiter. (26/02/2012)

Fala-se muito de conjunções, alinhamentos, etc... mas raramente são tão visíveis e singulares como acontece nesta altura. A órbita de Júpiter demora mais de 11 anos, enquanto que a de Vénus é inferior a 8 meses, e Vénus pelo facto de ser um planeta interno, está sempre próximo do Sol, quer como "estrela da manhã" - Lucifer, ou como "estrela da tarde" - Hespero. Assim, no decurso da sua órbita Júpiter ao fim de uma década aproxima-se visualmente de Vénus... seja pela manhã, seja pela tarde. Acontece que agora isto coincide ainda com uma Lua próxima em fase de quarto crescente, e voltará a repetir-se em Março...

Aquilo que vimos neste sábado (25/02) e domingo (26/02) foi praticamente isto:
 
25 e 26 de Fevereiro de 2012

... depois a Lua afasta-se, e Jupiter e Venus aproximam-se bastante sendo que nesta altura as Pleiades estão perto do Sol, dado estarmos próximo de entrar no signo de Touro. 
A 12 de Março de 2012 vai dar-se essa maior aproximação que será curiosa pois parecerá Júpiter e Vénus como estrela dupla bem brilhante. 

 
12 de Março de 2012

Mais interessante, é que daqui a um mês a Lua regressa... e por volta de 25 de Março, devemos ver isto:
25 de Março de 2012

Um pequeno alinhamento notável com Vénus (e Pleiades) posicionado na direcção do crescente lunar, e com Júpiter a seu lado. 

Pegamos agora no símbolo de Sintra:
para encontrar uma imagem tipicamente associada a origens mouras... um crescente com uma estrela acima!
Bom, serão mais dois crescentes com duas estrelas... mas se podemos ter duas estrelas vistas como sendo Júpiter e Vénus, já é mais complicado ter duas luas em crescente! 
É claro que estas representações lunares são mais frequentes em bandeiras de países islâmicos (ver Mauritânia e Turquemenistão, por exemplo), mas encontram-se ainda em tradições de brasões de vilas portuguesas, como no caso de Sintra.

Não deixa de ser curioso, se pensarmos que há algum propósito em guardar religiosamente estes símbolos que apontam para um crescente lunar e uma estrela, e ainda a persistência em usar calendários lunares, nos países islâmicos, ou mesmo orientais - entrámos no ano do Dragão em 23 de Janeiro de 2012.

A data de 25 de Março é ainda curiosa, já que marcaria a criação de Adão, de acordo com o venerável Beda, sendo que o início do universo era apontado por este para 18 de Março. Aliás o dia 1 de Abril é considerado "dia de mentira", porque houve uma transformação do calendário que passou o início do ano para 1 de Janeiro, e dessa forma o correspondente a 25 de Dezembro seria exactamente 25 de Março!

Durante este mês de Março aparecerá ainda Mercúrio... este ainda mais próximo do Sol do que Vénus, e os outros planetas visíveis - Marte e Saturno, são ainda visíveis - Marte em simultâneo com os restantes (mas em lado oposto), enquanto que Saturno, aparece mais tarde, estando há muito colado à estrela Spica:
Tra la spica e la man, qual muro è messo!  (ver aqui)

Há obviamente quem não ligue nenhuma a esta questão estelar, e quem ligue em demasia...
Em certa objectividade científica é suposto não haver qualquer influência planetária nos homens, e porém há alguns detalhes que mostram não ser bem assim. O período lunar de 28 dias está demasiado próximo de um ciclo menstrual para ser desconsiderado como mera casualidade lunar... e se a influência da Lua é demasiado óbvia para que não deva ser ignorada, no caso dos planetas pareceria que nada os distinguiria de outras estrelas para merecerem distinção não astronómica.

Porém, todos sabemos, desde muito cedo que as estrelas cintilam e os planetas não...
Ora, isso nada tem a ver com as estrelas ou com os planetas... tem a ver directamente connosco.
Fossem os nossos globos oculares maiores e as estrelas não cintilariam - seriam pontos de luz semelhantes a qualquer planeta. É a reduzida dimensão dos nossos olhos que impede visualizar correctamente as estrelas mais distantes... é essa limitação que nos permite identificar facilmente os planetas, pela particularidade das restantes estrelas cintilarem na nossa visão. 
Pode ser obviamente casual esta relação entre a nossa capacidade visual e a distinção estrela/planeta... mas se fosse um pouco melhor ambos não cintilariam, e fosse um pouco pior todos cintilariam. 
Casualmente, ou não, acabámos por ficar num meio termo que sempre nos permitiu identificar os 5 planetas (Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno) das restantes estrelas, sem que se percebesse nenhum interesse prático para tal dom...





quarta-feira, 11 de maio de 2011

Moon Spots

Num texto da Phil. Trans. Royal Soc. London do final do Séc. XVIII, referem-se observações lunares que reportavam o avistamento, mesmo à vista desarmada, de luzes na zona da sombra da Lua.

Pontos onde foram vistas luzes na sombra da Lua, em 1794.

Se o ponto na primeira imagem já dificilmente poderia ser entendido como o reflexo de uma montanha ou cratera mais alta - que naturalmente faria surgir um ponto de luz na zona obscura, é praticamente impossível que o ponto de luz na segunda imagem possa ser explicado dessa forma... está demasiado no interior!

Estas observações de 1794 parecem ter sido corroboradas por observadores distintos, e mereceram a inclusão na famosa revista científica britânica... iniciada em 1665 (três anos depois do casamento de Carlos II e Catarina de Bragança).
É claro que sendo observações casuais, de um episódio que no primeiro caso durou pouco mais de 5 minutos, segundo o relato, podem-se levantar todo o tipo de dúvidas... 

No entanto, como se afirma na mesma revista, já anteriormente Cassini e Herschel, em observações com telescópios, tinham avistado luzes na sombra lunar. Estas luzes tinham uma magnitude reduzida comparadas com estas que tinham sido observadas a olho nu. 

Qualquer explicação luminosa, numa altura em que os primeiros balões de Montgolfier acabavam de levantar voo, seria na altura levada para eventuais erupções vulcânicas... já que na altura se poderiam associar as crateras a vulcões, hipótese que foi sendo afastada, até que o assunto deixou de ter referência.

Só passados mais de 150 anos é que as explorações espaciais deram os primeiros passos, e levaram às primeiras explorações astronáuticas da Lua.
A esse propósito é imperdível o fantástico documentário da ARTE France:
"Dark side of the moon" - documentário (jocoso) de William Karel

... um "documentário" que relacionaria Kubrick com as imagens da chegada à Lua!
O documentário explora a ideia de que as imagens da ida à Lua seriam falsas... apesar da ida à Lua ter sido real. Não se teriam obtido imagens, e foram usados os estúdios onde Kubrick teria acabado de fazer o "2001, Odisseia no Espaço". 

Os entrevistados são bem conhecidos: Rumsfeld, Haig, Kissinger, e Walters... e apesar de haver um suposto tom jocoso, nem há nenhuma revelação no final, e é dificilmente entendivel o mau gosto de fazer Vernon Walters morrer entre estas entrevistas da Arte, de ataque cardíaco.
Porquê?
Porque Vernon Walters morre mesmo em 2002, antes da estreia do filme, que deveria comemorar o 2001...

A decisão sobre a credulidade, cabe ao crédulo... e pode optar-se sempre pelos vídeos  Mythbusters  (Discovery Channel), que num tom jocoso infantil mostram como as "teorias da conspiração" não fazem nenhum sentido, e que tudo o que nos dado a acreditar é verdadeiro.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

... e Vénus aqui tão perto!

Desde 1975... já lá vão mais de 35 anos que a nave russa Venera 9 enviou imagens da superfície venusiana, depois em 1982 tivémos as últimas das Venera 13 e 14:
Por grande azar das aterragens, as imagens foram sempre parecidas...
Desde há praticamente 30 anos que Vénus não teve mais visitas.
Os americanos nunca enviaram nenhuma sonda com o objectivo de tirar fotografias da superfície... ao passo que enviaram múltiplas sondas a planetas muito mais distantes.
O último interesse parece ter sido europeu, através da Venus Express que terá detectado actividade geológica, mas tal como a americana Magellan, não foi enviada nenhuma sonda à superfície.

Os argumentos são vários, desde há muito... o efeito de estufa CO2, colocará a temperatura da atmosfera acima de 400ºC. Coisa que parece não ter afectado muito as sondas russas, há 30 anos... A NASA, sempre gostou de nos presentear com a sua galeria artística, misturando imagens fabricadas com fotos.
Para além de ciência, a NASA preza muito a pintura, produzindo quadros de qualidade discutível, para ser apreciada pelo grande público:
Os artistas da NASA... uma "visão" de Vénus para o público recordar.

Afinal, para quê mostrar uma imagem correcta, se podemos desenhar um quadro bonito?
Não é bem desenhar a Lua com uma expressão facial, mas não anda longe!

A sonda Magellan em 1994 terá calado alguma suspeita de desinteresse por Vénus, mas de facto apenas produziu imagens por interpretação de dados. As imagens artificiais obtidas com o sistema SAR, mostraram-nos coisas semelhantes à Lua, Marte ou Mercúrio:


Afinal, apesar de ter uma densa atmosfera, pior que a da Terra, Vénus parece também sujeito ao grande impacto de meteoros... esse é aliás o problema de Mercúrio, que é uma lua com imensas crateras:

Em contraponto, colocamos aqui as notáveis imagens de Saturno e dos seus anéis, enviadas pela sonda Cassini. Uma das luas de Saturno, Dafne, tem a particularidade de orbitar no meio dos anéis...

imagens dos anéis de Saturno, e do satélite Janos

Quanto a Vénus, é certo que as nuvens mantêm o desinteresse e o melhor que se pode arranjar para o planeta mais perto da Terra, são imagems assim:

Vénus: imagem em cor real (Mariner 10), e em infravermelho (Galileo) 

É notável não haver uma imagem nítida, tirada pelo Hubble, ou similar, ao planeta mais perto da Terra... todas as restantes resultam de tratamento após simulações computacionais!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Eclipse now

Hoje, a partir das 6h30 da manhã (TMG) ocorrerá um eclipse total da Lua (o último total tinha sido observado em 2008).
  eclipse lunar de 21/12/2010 (wikipedia)
Entrada em plena Cauda do Dragão - nó descendente.

A maior curiosidade com o eclipse de hoje é a rara proximidade com o solstício de Inverno.
Ocorre no mesmo dia, pela primeira vez em 372 anos (ver notícia); ou seja desde 1638, altura em que Richelieu se aliava à Suécia e se desenhava a Europa de Vestfália (assinada 10 anos depois).

Num episódio pouco conhecido, os suecos chegaram mesmo a fundar a Nova Suécia, perto de Delaware, perdida para a Nova Holanda, em 1655, ambas estas colónias seriam rapidamente incorporadas no crescente império britânico (Tratado de Westminster, 1674).

Refere ainda esta notícia que se avizinha um 2011 como ano pródigo em eclipses...  

fotos da efeméride astronómica

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Gliese 581-g

A descoberta de um planeta Gliese 581-g, com características semelhantes à da Terra, dificilmente pode ser considerado como um sinal de grande probabilidade de vida inteligente. Digamos que já a hipótese de ter vida seria tão provável quanto a da sua existência em Vénus ou Marte... sendo que pouco se saberia acerca destes planetas que são normalmente detectados por perturbações orbitais das estrelas (neste caso da estrela Gliese_581 da constelação de Balança(Libra)), e não propriamente por observação directa...
Arte representando o sistema solar de Gliese 581 e seus planetas.

A recente notícia surpreendente é porém outra:
- R. Bhathal disse que detectou em 2008 uma emissão de luz invulgar vinda desse planeta (ver notícia aqui ou aqui), o que adensou as suspeitas de se tratar de uma emissão não natural, e a presença de uma civilização avançada.
A estrela Gliese 581 na constelação de Libra

domingo, 19 de setembro de 2010

Via Láctea

Na concepção actual da Via Láctea, que é muito consistente com o registo de muitas observações, temos o seguinte modelo espiral:

O sistema solar está no braço de Orion, um braço disjunto, rodeado pelos braços de Sagitário e Perseu. É nestes três braços (juntamente com Cruz do Sul) que se encontram a maior parte das estrelas visíveis, que são também normalmente as mais próximas. Por efeito do núcleo da galáxia há uma significativa zona de sombra, onde não são visíveis quaisquer estrelas.

Das estrelas mais conhecidas da antiguidade, as que estão mais próximas são Rigil (Alfa-Centauro), Sirius (Alfa-Canis Majoris), e Procyon (Alfa-Canis Minoris), todas elas estrelas duplas, a distâncias entre 4.36, 8.58 e 11.4 anos-luz.

Outra das estrelas próximas, com especial importância, é Vega (Alfa-Lira), a 25 anos-luz... esta estrela foi o pólo norte por volta de 12 000 a.C., e o mais curioso será o termo "Navega" = "na-Vega", uma etimologia difícil de ignorar em português... já que "na Vega" seria uma expressão natural para marinheiros navegarem de acordo com uma orientação polar! 

Como diria Camões (Lusíadas, Canto X. 88)
Vê de Cassiopeia a fermosura
E do Orionte o gesto turbulento;
Olha o Cisne morrendo que suspira,
A Lebre e os Cães, a Nau e a doce Lira.
Afinal, teria sido a doce Lira essa Vega, definindo o caminho por onde a Nau navega?

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Asteróides RX30 e RF12

Os asteróides RX30-2010 e RF12-2010 passaram ontem próximo da Terra, a uma distância inferior à da Lua. A surpresa maior talvez seja o facto de o evento ter sido simultâneo, e noticiado no próprio dia, 8 de Setembro de 2010...
Na imagem o asteróide Eros (Cintura de Asteróides)
Em 2007 foi lançada uma missão da NASA que enviou a sonda DAWN de encontro à Cintura de Asteróides, começando pelo terceiro maior asteróide - Vesta (deusa do fogo sagrado, das vestais), em 2011, e que prosseguirá até ao maior asteróide Ceres (deusa da agricultura, de onde vem a palavra cereal), que também é considerado um planeta anão.

O facto mais interessante sobre estas denominações é a antiga curiosa sequência:
- Urano, Saturno, Júpiter
relacionada com a ordem mitológica da Teogonia greco-romana.
O Úrano primordial foi destituído pelo filho,o titã Saturno/Cronos, ceifando-o da genitália que gerou Vénus/Afrodite.
(G. Vasari - mutilação de Urano por Saturno)

Por sua vez, Saturno foi destituído pelo filho Júpiter/Zeus, e a ordem planetária foi assim respeitada... de forma interessante, pois na possível sequência seguinte não aparece nenhum grande planeta - aparece sim a Cintura de Asteróides, que precede Marte. Ao invés de um corpo singular, uma multitude democrática de pequenos corpos celestiais, segue-se ao imponente e quase-estelar Júpiter. 
Apesar do domínio de Júpiter, que escapou de ser devorado pelo pai Saturno, o culto romano de Saturno é notável. Saturno é tanto de sinistro, quanto associado a um reinado numa era de ouro terrena, pré-idade-do-ferro, onde os homens eram livres, iguais, e felizes. 
As Saturnálias, festas em honra de Saturno, precederam a noção de Carnaval... ao invocar essa Idade de Ouro, verifica-se um ponto comum em diversos mitos referentes a esse Paraíso Perdido.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Pleiades (1)

As Pleiades são ninfas da água da mitologia grega, filhas de Atlas e Pleione, mas também constituem um notável grupo estelar, na constelação de Touro, denominado M45:
Maia é uma estrela azul gigante, denominada estrela de Mercúrio-Manganésio pelo destaque espectral da sua luz no elemento Mercúrio (e outros).

Maia é ainda a mais velha das 7 irmãs, e é algumas vezes confundida com Gaia, e o nome grego pode ser associado a mãe. Ela é conjuntamente com Jupiter (Zeus) mãe de Mercúrio (Hermes) na mitologia greco-romana. 
 Apolo visita Zeus e Maia, com o filho Hermes

É interessante a relação entre Mercúrio e Maia, que ocorre na mitologia, e só por grande coincidência volta a ocorrer num acaso do espectro da estrela Maia com tendência para o elemento químico Mercúrio!

(Parte 1 de 7)