A Cidade do México é hoje das metrópoles mais populosas do mundo, e ergue-se praticamente em cima do assoreamento de um grande lago, o Texcoco. A capital Azteca era já uma grande metrópole, mesmo para os padrões europeus da época, e sua localização lacustre, com múltiplas pequenas ilhas, fariam dela uma espécie de Veneza americana.
Tenochtitlan - a cidade do México, ao tempo dos Aztecas, segundo um mural de Diego Rivera |
Esquematicamente, na wikipedia encontramos a configuração do que seria a região dos lagos que rodeavam Tenochtitlan (a maior ilha interna, actualmente centro da Cidade do Mexico), onde se distinguiam duas partes - uma parte do lago seria de água doce, e outra de água salgada.
Um mapa de 1847 (ver ainda mapa de Rasmusio, Séc. XVI) permite observar como o lago foi progressivamente perdendo terreno, começando pela parte central de Tenochtitlan, então já completamente arrasada e assoreada, tendo dado lugar ao centro da Cidade do México.
Interessa-nos aqui focar o Lago de Chalco (canto inferior direito) de que resiste uma pequena parte, e notar especialmente a referência ao nome Xico.
Lago Chalco no Mapa de 1847 de Bruff-Distrunell |
Desse corpo de água resta muito pouco, já que a cidade foi avançando, ocupando praticamente todo o espaço disponível... os lagos foram assoreados, e apenas as montanhas, de origem vulcânica foram mantidas.
Ora, surpreendente é mesmo a Cratera Xico, com uma forma circular quase perfeita, conforme se pode ver no canto inferior direito do Google Maps, e especialmente na imagem aérea seguinte.Google Maps - Cratera Xico (Parque Xicotencal) |
Cratera Xico - na Cidade do México - vista aérea (imagem) |
Portanto, pela análise do mapa de 1847, podemos concluir que esta cratera estava completamente rodeada de água, pelo Lago Chalco, lago de água doce, de que resta agora apenas uma pequena parte.
Toda a região circundante está repleta de vestígios de vulcões extintos, mas este é o mais perfeito em forma circular, parecendo muito mais uma cratera de impacto, do que uma cratera vulcânica.
Por exemplo, mesmo ao lado, na denominada Serra de Santa Catarina, há igualmente outros restos de vulcões, mas cujo aspecto exterior é razoavelmente distinto:
Cidade do México - vulcão Yuhualixqui, Serra de Santa Catarina |
Aliás, olhando esta última imagem, poderá conjecturar-se que estes vulcões extintos possam ter servido de modelo, ou inspiração, para as pirâmides que os povos mexicanos construíram.
Parece inquestionável que os Aztecas reservaram para si um pequeno paraíso lacustre, que foi depois brutalmente terraplanado por um punhado de conquistadores espanhóis liderados por Hernando Cortés. Os registos que nos chegaram dos Aztecas, e que foram notavelmente caracterizados por Mel Gibson, no filme Apocalypto, apenas indiciam que uma brutalidade foi depois terminada com outra ainda mais eficaz.
Para além da total submissão e destruição, registou-se uma quase completa perda cultural, mais acentuada recentemente. Mesmo assim, apesar de proibições no Séc. XVIII e XIX, a língua Náuatle ainda mantém cerca de um milhão de falantes, e não se terá perdido por completo.
Normalmente estas perdas não ocorrem por imposição à força, mas muito mais por imposição de vontades, através da moda, e aceitação social. O espanhol é simplesmente muito mais útil, tornando o náuatle uma excentricidade para as novas gerações.
A questão mais complicada, dado o carácter de violência extrema que caracterizou os Aztecas, seria a de saber de que forma teriam estes realizado uma transição cultural para os tempos modernos... mas afinal, se os Aztecas realizavam sacrifícios humanos, por razões religiosas, os Espanhóis iriam trazer os autos-de-fé, em que substituíam o arrancar de corações, pelo brando lume das fogueiras inquisitórias.
Se houve uma constante nas civilizações humanas foi nunca conhecer limites para trazer formas de terror para a Terra, e por muito que se invocasse que haveria um Inferno que seria pior, essa vontade de fazer na Terra um Inferno para os seus inimigos, esteve presente em praticamente todas as elites reinantes.
Esse culto do terror, agora deixado essencialmente nos écrãs de cinema, nunca foi combatido, e a sua divulgação sempre foi acarinhada, com monstruosidades que retiravam o sono às crianças. Nunca houve propriamente nenhuma figuração de terror que tivesse sido banida pela Igreja, sempre se procurou desenhar da forma mais brutal os diabretes, e se não conseguiam apresentar pior, não foi porque não o tivessem encomendado, aos mais inspirados artistas... Aliás, ainda hoje é caricato ver a perseguição que se faz a imagens de nus, quando se toleram imagens de pura violência.
Conforme era retratado no filme Apocalypto, por muita hegemonia que os Aztecas exercessem sobre as outras tribos, na forma de terror, tentando inibir a vivência pela glorificação do medo, tinham à espera uma outra civilização, os Europeus, capazes de elevar ainda o nível de terror e submissão, a novos patamares.
Dado o contexto de cidade lacustre de Tenochtitlan, não se pode dizer que os Aztecas fossem avessos à água, e quando os Espanhóis chegam, o seu domínio no México chegava já a uma boa parte da região costeira. Também o império Inca estava num certo apogeu, havendo registos de primeiras viagens marítimas feitas pelos incas. Em ambos os casos, é a chegada dos conquistadores espanhóis que terminará definitivamente essa ascensão... como se tivesse havido a coincidência de terem chegado a tempo de parar o progresso dessas civilizações. Afinal, tal como no caso chinês, poderia ter-se dado a situação inversa - os descobrimentos terem sido realizados no sentido oposto... e não seria muito agradável aos europeus ter navios Aztecas a desembarcarem nas suas costas!
Assim, pode ter sido o próprio progresso dos Aztecas e Incas (ou Chineses) que fez tocar as campainhas europeias para uma intervenção em larga escala no globo. Afinal, as grandes campanhas de descobertas europeias, poderiam ter ocorrido em qualquer altura, e será jovial pensar que na Europa não se conhecia o resto do globo, desde a Antiguidade.
Dado o contexto de cidade lacustre de Tenochtitlan, não se pode dizer que os Aztecas fossem avessos à água, e quando os Espanhóis chegam, o seu domínio no México chegava já a uma boa parte da região costeira. Também o império Inca estava num certo apogeu, havendo registos de primeiras viagens marítimas feitas pelos incas. Em ambos os casos, é a chegada dos conquistadores espanhóis que terminará definitivamente essa ascensão... como se tivesse havido a coincidência de terem chegado a tempo de parar o progresso dessas civilizações. Afinal, tal como no caso chinês, poderia ter-se dado a situação inversa - os descobrimentos terem sido realizados no sentido oposto... e não seria muito agradável aos europeus ter navios Aztecas a desembarcarem nas suas costas!
Assim, pode ter sido o próprio progresso dos Aztecas e Incas (ou Chineses) que fez tocar as campainhas europeias para uma intervenção em larga escala no globo. Afinal, as grandes campanhas de descobertas europeias, poderiam ter ocorrido em qualquer altura, e será jovial pensar que na Europa não se conhecia o resto do globo, desde a Antiguidade.
Dado o desnível tecnológico, Aztecas e Incas tiveram pouca ou nenhuma hipótese, seria o mesmo que tentarmos resistir a uma civilização alienígena com tecnologia capaz de colocar uma frota militar de naves espaciais em órbita terrestre... as hipóteses de sobrevivência seriam a sua condescendência.
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