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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Comadres

Faz um mês que a China anunciou a chegada à Lua...
Um escandinavo reagiria de sangue quente, mas um bom portuga, com o conhecido carácter gélido, dá tempo ao tempo, e portanto, um mês depois, vejamos então as imagens (ainda que não haja muito para mostrar).
Começamos pela emissão distribuída pela chinesa CCTV

[vídeo alternativo - original suprimido]

Para além de fotos dúbias, parecia ter animação de má qualidade?
Tinha mesmo.
A coisa estava tão mal feita desde a animação, às fotos do solo não terem nenhuma periodicidade (nem se ver nada de especial), que houve um reconhecimento da simulação. Não se deixam de ouvir as palmas, ao vivo, e de ter sido isto que passou nas televisões internacionais.

É claro, as comadres têm boas relações - o que é positivo para a paz - e assim vemos que até o rover chinês deixa as já habituais pegadas no solo "lunar":
(as rochas e o solo não se parecem muito com os da NASA)

Portanto, há alguma coordenação e o problema é do observador e não do observado.
Quem não aceita, só tem que aceitar, e mais nada, que a harmonia é muito bonita.

Porém, as comadres nem sempre controlam os filhotes, que devem ser consistentes, e aparece quem questione as coisas:

Aliás, já há algum tempo que se colocava em causa o programa espacial chinês, até porque se viam bolhinhas de ar sair dos capacetes dos astronautas, sugerindo que estavam num meio aquoso:

O vídeo seguinte, original, fala por si (estamos habituados a outra qualidade vinda de Hollywood), mas destacamos, por exemplo, a bolinha de ar que sai do capacete da direita, ao minuto 3:05 do vídeo:


E, pronto, não há muito mais a dizer... the show must go on.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Cataratas à vista

À vista dos que viam um "aquecimento global", aparecem as cataratas.
Neste caso, as Cataratas do Niágara, geladas... segundo a Euronews, pela primeira vez neste milénio, ou seja, desde 2000, altura em que começou a divulgar-se muito a ideia de "aquecimento global".
O frio extremo que se faz sentir nos Estados Unidos e Canadá gelou parte das Cataratas do Niágara. É a primeira vez este milénio que ocorre um fenómeno deste género nesta fronteira natural entre os dois países.
Entretanto já se fala em vórtice polar, designação reservada aos vórtices dos pólos norte e sul... a menos que o pólo norte tenha migrado para os EUA.
A coisa promete conversa, já que há pessoal que, nem com o nariz congelado, deixará de manter a sua tese do "aquecimento global". 
É claro que estes fenómenos são singulares, significam pouco, exactamente como significavam pouco as conclusões anteriores. 
O problema é só a casmurrice, pura casmurrice perante evidências, porque há intuitos diversos, que servem muitos serviços.


Nota (21.12.2019): Os links da Euronews mudaram, as páginas ficaram inactivas, e aqui acompanhei essa mudança.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Chorar ao "Rir a bandeiras despregadas"

"Rir a bandeiras despregadas"... é daquelas expressões algo estranhas, mas que se implantou na língua portuguesa. Se olharmos por exemplo para a explicação constante de ciberduvidas:

«É fácil compreender que as bandeiras podem estar atadas antes dos dias festivos para não se rasgarem. Chegado o dia marcado para a festa, as bandeiras são desatadas para serem agitadas pelo vento.»

Acresce noutros casos a referência de que as tropas vitoriosas regressavam de combate com as bandeiras despregadas.

Será isto?
Pois, parece bem que não. Não tem a ver com algo tão literal.
Na página 304 do Volume 8 do "Instituto", de 1860, no meio de um apontamento sobre galicismos, podemos ler:
______________________________
A BANDEIRAS DESPREGADASbonieres deployées). E phrase que não temos, e que nunca será usada por homem instruído na lingua portugueza.
Rir a bandeiras despregadas; rir muito, perdidamente, loucamente, as gargalhadas. ______________________________

Bom, o que se passa então?
Do que se entende, e li algo adicional sobre isto, mas não encontro a referência, o uso da expressão francesa no início do Séc. XIX provavelmente caiu no ridículo cortesão...

Porquê? Porque aparentemente as tropas portuguesas nunca despregavam as bandeiras (ou nunca se consideravam vencedoras), como faziam os outros, e daí ser dito que ninguém instruído deveria referir-se "a bandeiras despregadas".
A corte lisboeta deveria entreter-se e delirar com os mínimos deslizes de ignorância da plebe mais atrevida, porém ignorante dos códigos e diabruras infantis dos cortesãos. 
Assim, parece ter sido instituído o rir à expressão "a bandeiras despregadas"... e o riso pelos vistos foi tanto, que dá para ver o nível de maturidade mental subjacente.
Terá mudado alguma coisa?... Duvido!
Na literatura do Séc. XIX a expressão remeteria muitas vezes a um riso trocista sobre alguma ignorância alheia. Porém, depois, ao entrar na gíria popular ficou apenas como alusão a riso incontrolado.

Seria até natural que este texto desse para rir a bandeiras despregadas, pois sem referencial digno, tudo passa por atestado engano, e assim se engana quem quer ser enganado.  
Porém, dado o contexto, é mais natural chorar ao "rir a bandeiras despregadas", e percebe-se porque às vezes chorar de tanto rir é um claro sinal de que se ri demais, e foram dados claros sinais para chorar. 

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Ver estrelas

"Ver estrelas ao meio-dia" era uma expressão antiga, que encontramos em textos do Séc. XIX, e que hoje abreviamos para "ver estrelas", mantendo o sentido associado a uma pancada ou dor forte. Era especialmente popular nos desenhos animados dos anos 60 e 70.

Não há estrelas no céu a dourar o caminho da NASA.
O filme "Gravity" que agora estreou, lembra as "caminhadas espaciais", mas vem também lembrar as muitas imagens de astronautas perdidos num "espaço negro":
Bruce McCandless na sua "grande caminhada" fora da nave, em 1984.

A história da carochinha é sempre a mesma... o brilho da Terra/Sol ofuscaria o brilho das estrelas, para fotografia de exposição curta. As únicas estrelas no espaço são os astronautas, esses bem visíveis, pois visa-se um estrelato hollywoodesco. À caminhada só faltava a pegada, essa "deixaram-na na Lua".

Porém, noutras paragens, na URSS de 1965, a conversa era outra...
Vemos nas duas imagens seguintes, o primeiro cosmonauta, A. Leonov, rodeado de estrelas a dourar o espaço negro:
A. Leonov (primeiro cosmonauta no espaço, 1965)
As estrelas são perfeitamente visíveis, como seria de prever.
(imagens: em Claude Lafleur e na Time)

Portanto, o filme fotográfico que a URSS usava não era à prova de estrelas.

Quer isto dizer que os EUA não chegaram a enviar ninguém ao espaço, e que tudo não passam de encenações feitas em estúdios de cinema e fotografia? Uma coisa não implica a outra... podem perfeitamente ter ido, mas temos todas as razões para suspeitar dos seus filmes e encenações.

Um problema está abordado justamente no filme Gravity... mas num contexto de erro russo!
Não será à toa que nas imagens que vemos dos russos os cosmonautas não se desprendem muito da nave.
A Terra é bombardeada por milhões de pequenas partículas. Algumas, maiores, podemos vê-las no céu à noite - são as chamadas estrelas cadentes
Ao irromperem pela atmosfera a enormes velocidades os meteoros incendeiam-se provocando aquele espectáculo clássico. Há épocas em que atravessamos órbitas de destroços, e nos meses de Julho e Agosto são características as chuvas de meteoros, chamadas Perseidas.

No espaço, não havendo atmosfera protectora, mesmo as mais pequenas partículas actuam como autênticas balas... e, ou se arrisca a sorte, ou um cosmonauta poderia ser alvo de "um tiro". Isto não afectará os astronautas, porque presume-se que estejam em filmagens, e o maior medo será se a foto não o favorece muito.
Já os cosmonautas, esses não é muito crivel que se aventurassem para além do escudo protector que seria a própria nave espacial. Os próprios satélites artificiais incluem uma apólice de risco de serem albarroados por um pequeno meteoro, e não é demasiado grave o impacto de micro-meteoros porque o seu material será suficientemente resistente a esse impacto menor.

Há poucos dias, para promoção dos Jogos Olímpicos de Inverno, Sochi 2014, os russos levaram uma tocha olímpica para o espaço... e lá está a NASA associou-se, com imagens mais nítidas sem estrelas, ao passo que os russos davam as suas tímidas e mal definidas imagens:
Kotov exibe a tocha olímpica... num tímido passeio espacial

Não vemos aqui nada de especial, face a outras imagens... muito pelo contrário, Kotov nem sai da estação espacial, e a novidade de ter uma "tocha olímpica", seria proeza pequena quando vemos a primeira imagem de McCandless, ousadamente soltando-se pelo espaço negro.

Porém, é natural que os russos tenham um património de ver estrelas e não queiram abdicar completamente dele para o apagão americano.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Senhores dos Passos na Lua

Desde há 44 anos...
(foto wikipedia)

... que foram feitos os passos para nos convencer desta pegada, na Lua.
Há quem diga que tal pegada só seria possível com humidade, uma humidade que não pode existir na Lua.
Ao andar na praia, sabemos que pegadas destas... só mesmo na areia molhada.
Mas, o que é que isso interessa, se a verdade difundida é propriedade de senhores dos passos lunares?

Seriam "grandes passos da humanidade" ou "grandes passos sem humidade"?...
Foi assim, durante os 4 anos da missão Apollo... depois faltou humidade e humildade para outros passos de humanidade... já lá vão 40 anos.

É claro, seguiu-se Marte, onde tivemos vários Rover a mandar imagens.
O que se notava é que faltava azul nas imagens... porque se o azul fosse corrigido nas fotos, começava a parecer-se muito com paisagens terrestres:


Imagem da NASA, Rover Oportunity, 2004, em Marte... Burns Cliff 

Primeiro, a imagem original. 
Depois os três canais habituais: vermelho, verde e azul.
Nota-se claramente uma falha de intensidade no azul, ao contrário dos outros!
Corrigindo isso (por exemplo: R-64, G-32, B+32) obtém-se a imagem de baixo 
(veja-se ao lado que o azul só foi aumentado um pouco).
Passa a haver um maior equilíbrio na nova imagem, repondo algum azul... 
... e a imagem parece agora muito terrestre!

Bom, mas já falámos extensamente deste assunto... e remeto para o texto anterior:
Hoje foi só para saudar os senhores da Lua, que comemoraram hoje os 44 anos dos passos.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O Abade e o hábito

Imagine-se que, ao passear por uma praia da Bretanha, nos deparamos com uma escultura destas:

- Restos de monumentos de civilização antiga, perdida?
Seria uma possibilidade... por perto encontramos outras esculturas igualmente estranhas:

Acontece que estas e outras esculturas na Praia de Rothéneuf são atribuídas a um padre:
vítima de acidente que o deixaria surdo e mudo (no registo municipal de 1894 de Langouet, é registada uma "dureza de ouvido"). Recolhe-se a uma praia de Rothéneuf, onde durante 13 anos vai fazer mais de 300 esculturas nos rochedos da praia.
 
O Abade Fouéré e algumas esculturas mais "naïves" nas rochas de Rothéneuf.

Portanto, toda a história é assim consistente. Temos um abade, que se isola e vai esculpir 300 obras no seu retiro. Essas obras são ainda hoje visíveis, excepto alguns totens e outras esculturas em madeira, que desaparecem em 1940 (não sei se antes ou depois da invasão alemã da França).

No entanto...
No entanto, esta situação levanta algumas questões interessantes.
Há outros casos semelhantes?... alguns que podemos ver listados aqui, em particular o Facteur Cheval, anterior a este, iniciado em 1879, e que pode ter inspirado a ideia.

Ou seja, para aqueles que vendem livros, enchendo os programas do "Canal História", dizendo que os trabalhos de maçonaria antiga eram algo só possível de fabricar com a ajuda de "civilizações extra-terrestres", os exemplos de realização individual são elucidativos de como essa ideia é exagerada e completamente dispensável... pode servir outros propósitos de alienação, com ideias alienígenas.

Efectuar grandes monumentos reside muito mais na vontade e determinação de os realizar, do que na capacidade e recursos técnicos ao alcance. Se há algo estranho, é não haver muito mais casos destes espalhados pelo mundo...

Bom, e como distinguir se se tratam de realizações recentes, ou mesmo de realizações antigas?
Na prática, sem registo histórico fiável, ou técnica fidedigna de datação, é um exercício de fé!
Podemos pensar numa história completamente diferente... qual?
- E se... e se o Abade Fouéré tivesse apenas esculpido apenas algumas das rochas, bonecos mais naïves, que contrastam claramente com outras esculturas de traço sofisticado?
 
... uma coisa são bonecos meio infantis (veja-se o desenho da casa), 
outra coisa são esculturas com alguma sofisticação.
Trata-se de obra do mesmo artista?

(fotos: waswoutch em tejiendoelmundo.wordpress.com)

Ou seja, será que a reclusão do Abade Fouéré não seria uma missão de despiste, com o propósito de evitar a completa destruição dos monumentos existentes na praia... a que ele juntou outras esculturas mais simples?

Acresce que a segunda imagem que aqui colocámos (parecendo a "velha da Serra da Estrela"), é uma pedra diferente, que teve de ser erguida para ser colocada ali... algo difícil de ser feito numa praia de calhaus, por uma só pessoa!

As esculturas em causa poderiam ter sido feitas em qualquer época, por qualquer escultor dotado, e não propriamente por um abade amador... talvez se tenha perdido o registo. 
Antes da menção ao Abade Fouéré, parece não haver muitas menções a Rothéneuf. 
Encontrei esta citação na Revue de Paris de 1841 (pág. 172), que fala de "esculturas e degraus gigantes feitos pela natureza", que se viam na entrada do forte :
Lorsque, du haut des remparts de Saint-Malo, l'œil suit, dans sa courbe régulière et gracieuse, le large ruban de sable qui tranche d'un côté sur le cordon d'écume, éternelle bordure de l'Océan, de l'autre sur la pâle verdure des miels, le regard se trouve arrêté par une masse de roches escarpées qui forment cap et s'avancent brusquement dans la mer. Le fort de Rotheneuf est perché, comme un nid d'aigle, sur l'extrême pointe de ce cap. Sa situation est telle que, vus de profil à une certaine distance, ses ouvrages avancés paraissent dépasser le bord et pendre, soutenus par une force inconnue, sur le gouffre qui mugit et tourmente incessamment leur base. Le côté du cap qui regarde la ville surplombe et forme comme un immense perron renversé, dont chaque marche serait un accident du roc, une saillie bizarrement découpée dans la pierre. Cet escalier géant, que nul être humain ne s'est sans doute avisé de descendre, a son dernier degré sur la plage, toute hérissée en cet endroit de rescifs aux pointes abruptes et dentelées. L'autre côté, qui domine la baie de Rotheneuf, descend par une pente, praticable il est vrai, mais bien rapide encore, jusque sur la grève. 
A referência não é muito significativa, e nada esclarece sobre a existência prévia de esculturas... também é natural que se tais referências existissem, elas não sejam do conhecimento público, dada a história oficial que tudo atribui ao Abade.
Neste caso, o Abade Fouéré fez o hábito...

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Os véus e as velas

Há uma boa quantidade de invenções que são tidas como modernas, mas que não têm nenhuma razão especial para não existirem desde remotos tempos, pelo menos desde a Antiguidade.

Como um desses casos encontramos os "veículos de vela terrestres":
Simon Stevin (1649)
Hendrik Gerritsz (1637)

Um artigo da wikipedia apresenta referências que remetem a originalidade aos Chineses, a Xiao Yi, no Séc. VI d.C., constantes na representação de atlas de Ortelius, Mercator, J. Speed...
Nas grandes extensões planas, este transporte poderia ter utilidade, ainda que limitada. O veículo desenhado por Simon Stevin acabou por ser mesmo construído e usado pelo Príncipe Maurício de Oranje como veículo de entretimento... tal como hoje tais veículos são usados em desporto:

Bicicletas...
Se estas imagens correspondem a uma realidade confirmada, o mesmo já não se passa com algumas imagens fabricadas de bicicletas, que se pretenderam associar à época medieval. 
No entanto, nada seria mais plausível... a tecnologia de um monociclo, bicicleta, ou de um triciclo, esteve disponível para poder ser usada praticamente desde que há rodas... o maior problema seria a existência de estradas compatíveis com o esforço. A bicicleta acabou por se popularizar com o advento das estradas de macadame, depois de McAdam, e após a derrota de Napoleão em Waterloo.
Essa observação é feita num livro de 1867, de Velox (um pseudónimo), sob o título "Velocipedes, bicycles, and tricycles: how to make and how to use them":
Like the coach, they [chariots] were of rude workmanship; but the mind that designed and constructed them probably dreamed of some mode of dispensing with the cattle necessary to move them. Even then canoes moved on the face of the waters and ships on the sea; and it is more than probable that a similar motive power was looked for land.
É natural que um escritor do Séc.XIX se interrogasse sobre a razão do invento aparecer tardiamente, em 1819, já que seria natural o homem procurar usar a roda mesmo sem recurso a animais, como acontecia com as canoas nos rios, e os veleiros no mar. 
Simplesmente o génio humano estava preso na garrafa, e só teve autorização para sair no Séc. XIX, quando subitamente todas as invenções pareciam ser possíveis e naturais. Mesmo assim, Velox consegue encontrar um registo francês de um triciclo, de Blanchard (1779), quarenta anos anterior ao registo habitual:

Também seria natural invocar simples brincadeira de crianças, que tiveram diversas variações... ao meu tempo consistiam em fazer carrinhos de rolamentos, que perigosamente desciam a grande velocidade as colinas. Para esse tipo de coisas, bastavam rodas e colinas suaves... dois factores disponíveis desde os tempos mais primevos.

O bloqueio mental percebe-se lendo alguns textos cristãos. Uma roda dentro de outra roda era associada a uma visão do profeta Ezequiel, e como o Padre António Vieira explicava haveria votos associados a rodas. A duas rodas, o voto de pobreza e castidade, e depois às outras duas votos de obediência. Este género de associações prestavam-se a interpretações proibitivas.

Relógio fora do tempo
Terminamos este pequeno apontamento com um pequeno mistério, que apesar de pouco divulgado, parece ser fidedigno, e nada vi que o desmentisse... 

Trata-se de um relógio do início do Séc. XX, que seria tão miniaturizado que poderia ser usado como anel, mas foi encontrado numa sepultura Ming que deveria estar fechada desde o Séc. XVII. 
Portanto, tal como a máquina de Anticitera é um achado de relógio fora do tempo e lugar.

O pequeníssimo relógio terá "Suiça" escrito nas traseiras (não sei em que língua). Tanto pode revelar que o túmulo foi visitado incognitamente no início do Séc. XX, como revelar uma tecnologia suiça já capaz de produzir peças miniaturizadas por volta de 1600 d.C. Há ainda quem seja logo aliciado para teorias de viagens no tempo... neste caso seria uma viagem passada (c.1900) ao passado (c.1600)!

O mais natural é uma eventual visita "anónima" que deixou aquele vestígio incómodo. Porém, os véus que caíram sobre o progresso tecnológico também nos podem fazer supor que nada impediria que no Séc. XVII houvesse tecnologia capaz de produzir tal proeza, que um imperador Ming não resistiu em levar para o seu túmulo.

Não parecendo ser este o caso, é natural aparecerem cada vez mais registos dúbios, que se verificam serem falsos. Basta uns tantos para descredibilizar tudo o que não tenha a "chancela oficial". Por isso, é mais seguro procurar registos que nos foram chegando do passado, do que seguir novas descobertas publicitadas nas redes sociais, que podem ser resultado de simples tentativa ocasional de conduzir opiniões. Essas novas descobertas podem aparecer como promissoras e certificadas, para depois serem rapidamente descredibilizadas. Os registos do passado têm a vantagem de já terem sofrido a resistência dos tempos, mantendo o seu mistério.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

De Natura Deorum

A maioria das pessoas negligencia por completo a filosofia, esquecendo que acabam por ser vítimas da ética adoptada pela sociedade, da sua moral de índole filosófica, seja por vertente religiosa ou científica.

Desenvolve-se uma visão egocêntrica que chega a aspectos caricatos... qual será a ideia de pedir intervenção divina para sucesso competitivo? - uma tentativa de corromper regras e arbitragem?... para um jogo, para um emprego, para um concurso? - qual a divindade invocada para tal propósito iníquo?
Quando o próprio pede destaque, implicitamente pede menor importância para os restantes, mas isso não coíbe uma boa maioria da população a invocar essa forma de iniquidade moral religiosamente.
Não só... ao dar importância ao destaque, ao sucesso, significa dar importância a quem já tem esse sucesso. Afinal, quando o sucesso é um fim em si, há expedientes que o desligam por completo do trabalho que se pretende promover. Aliás, há pessoas cujo sucesso se baseia simplesmente nos expedientes assessórios, sem nenhum trabalho associado. Depois, é claro, a roda do "sucesso" traz "sucessores"...

À parte da simples sobrevivência saudável, não está definido nenhum topo pela natureza. Socialmente ilude-se um topo, que se alimenta do desejo que os outros sentem em chegar ao mesmo topo. Quantos mais houver a darem relevância a essa competição, mais essa competição ganhará relevância... para benefício de quem já está nesse topo, pois os outros partem sempre em circunstâncias desfavoráveis.
Faz sentido às tartarugas quererem ganhar uma corrida contra lebres? Pode fazer sentido às lebres estimularem a vontade de correr às tartarugas... porque sabem que ganham sem esforço essa competição.
Ah!... e depois haverá o mito de que um dia uma tartaruga ganhará à lebre (porque a lebre adormece). Esse mito interessa a quem? Só for às lebres, que querem manter o interesse das tartarugas pela corrida.
O que interessa afinal às tartarugas?... Creio ser óbvio que interessa perceber quem são, para depois encontrarem individualmente o caminho para o mar, e esquecerem inúteis corridas com lebres.

Ao longo dos tempos, as sociedades foram oscilando entre a sua capacidade destruidora e a capacidade criativa, movidas por ideias filosóficas que se confundem com simples ideias de competição pelo poder.
O poder uma vez alcançado acaba por se findar como objectivo... e a sua manutenção apenas adia a pergunta - para que serve esse poder?... para ser temido, ou bajulado artificialmente?

Nada disto merece muita escrita trivial, porém a ausência de espírito crítico, e as dissensões filosóficas/ religiosas, são marcantes na perturbação da vida quotidiana.
Lendo o rebate que o Padre José Agostinho Macedo tenta fazer à posição da maçonaria, "Refutação dos Princípios Metafísicos e Morais dos Pedreiros Livres Iluminados" (1816), torna-se claro que a posição filosófica da maçonaria usa alguns preceitos epicurianos... citando-o:
Neguem o que quiserem, eu sei que o Iluminismo não é mais que o Epicureismo mal entendido: com este se pretende dissolver o laço da Religião, alucinar os incautos, e procurar converter os erros do entendimento na corrupção do coração.
Portanto, quando somos influenciados por uma guerra surda entre posições filosóficas, convirá ir às bases do raciocínio filosófico.

Lendo uma introdução ao "De Natura Deorum", de Cícero, feita por H. Rackham (1933), encontramos uma síntese interessante das visões epicurianas e estóicas (a visão académica, platónica, é vista à parte):
From Aristotle onward Greek philosophy became systematic; it fell into three recognized departments, Logic, Physics and Ethics, answering the three fundamental questions of the human mind :
(1) How do I know the world ?
(2) What is the nature of the world ?
(3) The world being what it is, how am I to live in it so as to secure happiness ?
And in answer to these questions the Stoics and the Epicureans were agreed
(1) that the senses are the sole source of knowledge,
(2) that matter is the sole reality, and
(3) that happiness depends on peace of mind, undisturbed by passions, fears, and desires.
Rackham acrescenta que a diferença principal entre epicurianos e estóicos era ética. Os primeiros consideravam que a nossa vontade se deveria impor à natureza, enquanto que os estóicos consideravam que nos deveríamos submeter a ela. Isso era justificado porque os epicurianos consideravam que o divino se alheava do nosso mundo, enquanto que os estóicos consideravam que o universo era controlado por Deus, e que a mente divina se expressava no devir universal. Apesar de ambos os sistemas serem materialistas, diferiam assim substancialmente. Os estóicos eram deterministas, mas consideravam haver um livre-arbítrio na aceitação, e que a felicidade humana consistiria em usar o intelecto para a compreensão.

É-me mais simpática a posição estóica, apesar de diferença nos pontos (1) e (2).

(1) É claro que quem argumenta que os sentidos são a única fonte de conhecimento, começa logo por desprezar todo o conhecimento abstracto que é desenvolvido internamente, e que nenhum correspondente directo tem na natureza. Por exemplo, um sonho não pode ser fonte de conhecimento? Que sentidos estão aí envolvidos? Ao contrário, aquilo que podemos concluir é que há noções abstractas que existem para além da realidade física... a física pode mudar, mas as noções matemáticas estão para além da física particular.
É claro que na lógica do "sucesso", podemos encontrar os habituais "sinkers":
... que gostam da evolução da macacada. Sobre as contradições da visão materialista pura já falei, em particular, no texto "as teias ateias".
Não quer isto dizer que o que seja dito esteja completamente errado, tal como não é errado afirmar que só vemos o nosso nariz quando queremos, apesar dele estar sempre no nosso campo de visão. Mas, por obstinação, só para manter o nariz empinado, pode haver até quem negue vê-lo... e também há os mais distraídos, que procuram os óculos tendo-os colocados.
Assim, como complemento de absurdo, ganha asas a ideia de que o pensamento humano é mera mecânica... e se uma parte dele o é, não o é no desenvolvimento de ideias abstractas. Aliás, não consta que nenhuma máquina, e que eu saiba nenhum passarinho, tenha mostrado capacidade de desenvolver ideias abstractas autonomamente. Isto já para não falar de que é uma mera contradição matemática pretender-se que um processo finito deduza autonomamente a ideia de infinito... ideia de infinito que, por "mero acaso", nós temos. Aliás, é bem sabido que foi necessário considerar o infinito como axioma... por isso estes ateus são quem tem mais fé - na complexidade das máquinas e no empenho dos passarinhos.
Enfim, às vezes não sei se é má vontade, ingenuidade ou simples ignorância...

(2) Outra coisa diferente é dizer que a matéria é a única coisa que existe... depende do que se entende por "matéria". Podemos seguir uma versão semelhante às mónadas de Leibniz, pela conclusão que se retira do que escrevi no "Arquitecturas (5)". Esta "matéria" nada tem a ver com a noção habitual, ligada à realidade dos sentidos... como pretendia Demócrito e o epicurismo. A diferença não me parece significativa com o que preconizava Leibniz, e aliás creio que ele o formularia da mesma forma, tivesse conhecido a teoria de conjuntos, depois introduzida por Cantor.
A maior diferença é que Leibniz o propôs sem aparente razão, enquanto no texto que escrevi, toda a construção surge como inevitabilidade lógica. Na verdade, não se vislumbra nenhuma objecção possível a tal dedução cujos argumentos são simples, mas levam à noção de complexidade. Reforça-se por ter reencontrado argumentos similares em Leibniz... e, que é claro, tal como ele conclui, não inviabilizam a possível existência de um conceito divino.

(3) Do anterior se conclui, como Leibniz, ou os estóicos, que há uma pré-determinação. Isto parece não ser uma visão confortável para quem preza a liberdade... mas o problema do conceito de liberdade é que toma como certas muitas ofertas da natureza! Estamos demasiado habituados a controlar muitas coisas para percebermos como não dependem da nossa vontade. Em particular, só quando somos confrontados com algumas deficiências é que verificamos como era ilusória a nossa capacidade de controlo, até sobre o nosso corpo... pior, até mesmo sobre a nossa mente. Quanto a isso, os estóicos propunham ter a capacidade de compreensão de aceitar esse destino, e portanto tentar sempre viver o melhor possível com as faculdades disponíveis... não adiantaria de nada amargurar-se pelo fado.

Ninguém escolhe o corpo em que nasce. Nem o corpo físico, nem o corpo social.
Aceitam-se melhor as vicissitudes do corpo físico do que as desvantagens da posição no corpo social. É claro que faz todo o sentido procurar atenuar as maleitas que advêm dessas circunstâncias de nascimento e desenvolvimento... Claro que, para os epicurianos, perante a ideia de terminus mortal, juntamente com a ideia de divindades alheadas dos fados humanos, isso levaria a posições éticas mais libertinas.
Assim, na época Iluminista chegou-se com o Marquês de Sade, ou mesmo com Jeremy Bentham, às ideias hedonistas... a busca dos prazeres imediatos, sem grande respeito pelos concidadãos.

Esse era o grande alvo da crítica do Padre Macedo, a Maçonaria nem sempre negava a existência de Deus, mas colocava-O numa perspectiva não interventiva, o que na prática lhes permitia a ausência ética e moral... ainda que a filosofia epicuriana não preconizasse isso. Para efeitos de ordem social, criou-se então uma ilusão estratificada de objectivos, que permitiria iludir uma felicidade popular, induzindo educacionalmente os seus desejos. O dinheiro acabou por ser o sangue que iria irrigar o corpo social, e a sua fartura ou escassez iria condicionar vontades, alimentando um certo ideal hedonista de felicidade.

Do ponto de vista platónico, a imortalidade da alma tinha o contraponto ético que não levava a essa tomada de posição hedonista, de aproveitar a vida como única... enquanto que, do lado estóico, a ética se justificaria pelo respeito ao pré-determinismo resultante da intervenção divina.
Não se tratando de um período propriamente obscurantista, ou de forte imposição religiosa, não deixa de ser curioso que as filosofias gregas, mesmo materialistas, invocavam uma criação divina. Dada a diferença de posições, entre estóicos e epicurianos, não os motivaria tanto evidências de intervenção divina (afinal, elas eram negadas pelos epicurianos), mas concordariam pelas evidências de uma criação racional.

Não vemos que apresentassem nenhum sentido particular para a vida, sendo que o objectivo de felicidade, temporária ou não, encerrava o habitual desejo antropocêntrico. Basicamente, então, tal como hoje, as filosofias e éticas dominantes pareciam completamente perdidas nas próprias ilusões que alimentavam.
Bom, e depois está-se a ver no que isto foi/vai dar...
Porque há sempre quem insista em embater contra a lógica, até quem a negue, porque afinal o próprio será o objectivo primeiro e último da criação... e até tais ideias peregrinas têm que fazer sentido!
E, consegue-se que tudo encaixe, tudo faça sentido... sim, mas só mesmo com uma compreensão estóica! Porque, se o nosso conhecimento é limitado, temos uma notável capacidade de compreensão, que parecendo potencialmente quase ilimitada, também convém não abusar dela.
Será suficiente para entender o que é preciso entender... há atalhos e há trabalhos.

sábado, 20 de abril de 2013

Man on the Moon

Há já quase dois anos coloquei aqui um vídeo polémico e interessante, um documentário da ARTE sobre a encenação da viagem à Lua em 1969, ligado à encenação que Kubrick usou no seu filme notável "2001, Odisseia no Espaço". Conforme disse à época, ainda que se tenha pretendido que o documentário fosse uma piada, nada o indicava explicitamente, e se o fosse teria o mau gosto de brincar com a morte de Vernon Walters.
A propósito do texto sobre os Macavencos, lembrei-me doutro filme de Kubrick, "Eyes Wide Shut", de 1999.  
(vídeo que faz uma análise interessante sobre o significado de cenas do filme)

Este foi o último filme de Kubrick, que morreu de ataque cardíaco, quando se preparava para entregar a versão final. O filme estreou, alguns meses depois, sendo póstumo a Kubrick, tal como o documentário da ARTE foi póstumo relativamente a Vernon Walters. Uma trágica coincidência num documentário que relatava o medo que Kubrick tinha de vir a ser assassinado.

O título do post é "Man on the Moon", o que nos levaria para outro filme de Milos Forman, sobre Andy Kaufmann, mas antes de voarmos sobre o ninho de cucos, consideramos a célebre canção dos REM, que terá dado título ao filme.

... e a canção continua:
                 If you believed they put a man on the moon, man on the moon
                 If you believe there's nothing up his sleeve, nothing is cool

Sim, se acreditámos, eles puseram um homem na Lua, se acreditamos que não há nada na manga, nada é divertido. Divertido é ver um excerto de 007 - Diamonds are Forever.
Sim, neste James Bond de 1971, o personagem aparece num cenário onde se filma uma missão lunar... algo ousado num ano em que se filmavam também as Apollo 14 e 15, supostamente em solo lunar, e não num cenário de cinema.
Com as Apollo 16 e 17, as missões lunares terminam em 1972. Sentida a falta, passados 5 anos aparece no cinema um outro filme - Capricorn One (1977), cujo enredo é exactamente uma conspiração que leva à encenação de uma viagem a Marte, numa altura em que já tinham acabado as outras lunares...
Estas duas observações encontrei-as nalguns vídeos dos "teóricos da conspiração" que acham que as imagens de homens na Lua são falsas... como por exemplo, este documentário, já bem velhinho, que passou na Fox, em 2001 (creio que antes da tragédia das torres gémeas):

Devo dizer que a minha avó também achava que o Homem não tinha ido à Lua. É claro, eu achava que era coisa cheché, própria de uma geração que tinha dificuldade em aceitar o progresso. Ela não dava justificação, e eu talvez tivesse negligenciado ela ter passado por duas guerras mundiais, ter vivido a transição em que conviveram burros e zeppelins, e ter passado pelos quarenta anos de Salazar. A minha outra avó, que nascera ainda no Séc. XIX, deixara a previsão de que o Séc. XXI seria um século em que se iria assistir a uma insanidade mental. Acho que compreendo agora o porquê.

"Man on the Moon"... é uma canção do álbum "Automatic for the People", dos REM.
Se procurarmos, vemos que REM significa também Roentgen Equivalent Man, que é uma unidade de radiação, que mede o envenenamento radioactivo. Por exemplo, 100 REM é suposto ser uma dose letal.

Acontece que a Cintura de Van Allen é um cinto, uma zona de grande radiação cósmica. Pela versão oficial, só os astronautas que viajaram até à Lua passaram essa cintura, ou seja, desde 1972 que ninguém passa!
Diz-se que os satélites que a cruzam podem medir até 2500 REM por ano, mas que os astronautas não sofreram mais que 5 REM, portanto uma dose não letal. É claro que os "teóricos da conspiração" estão convencidos que não é bem assim... que a Cintura de Van Allen é intransponível pela radiação letal, que provocaria a morte dos astronautas.

Depois, argumenta-se, quando Lindbergh fez a viagem do Atlântico, passados poucos anos havia já carreiras comerciais fazendo a ligação... o que impediria repetir as idas à Lua, feitas entre 1969 e 1972?
Por que razão ninguém lá voltou passados 40 anos?
Pois, provavelmente ninguém passou mesmo a Cintura de Van Allen, ninguém deu o "salto" (Van Halen).

De entre os planetas, só aqueles com forte campo magnético, como o caso da Terra, têm uma Cintura de Van Allen significativa. Só tem essa cintura a Terra, e depois Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno.

Ainda não tenho como completamente claro que essa cintura de partículas é o problema, ou poderá até ser o que impede que a forte radiação do Sol nos "frite"... porque, enfim, temos uma forte radiação do Sol, sim, mas é no espectro do visível. Ora, o Sol, pelas explosões nucleares, deveria emitir todo o tipo de radiação, e se a nossa atmosfera nos protege dos ultravioleta, o que é que nos protege das radiações superiores, como sejam os Raios X ou gama? Creio que poderá ser mesmo a Cintura de Van Allen.
Aliás, quando se diz que a temperatura na parte iluminada da Lua será mais de 200ºC, dará para perceber a quantidade de radiação que se medirá fora dessa cintura.

Traduzindo, isto significaria... estamos presos na Terra!
- Alguém interessado em dar notícia?
- Que tipo de reacção isto iria causar?
Ou seja, seria melhor produzir a ilusão de que não haveria limitação, permitindo ir à Lua. A ilusão de que podemos continuar a exploração espacial, ainda que esta não se faça... explicando-se por "razões económicas". Ou haverá uma notícia em falta - "a humanidade está presa na Terra"? E não sabendo bem porquê, parece que fomos presenteados ou com um escudo que nos protege, ou com um cinto que nos prende!

Se os EUA não foram à Lua, os russos não quiseram nunca denunciá-los. A filha de Van Allen relatava numa entrevista que, quando o pai comunicara a existência da cintura, em 1958, poucos meses depois foram à URSS, num clima muito amistoso, e ela sentira que havia assuntos que faziam cair aquele frio muro que dividia países pela ideologia. Houve um entendimento científico na exploração espacial, que terminou até no acoplamento Apollo-Soyuz de 1975.

Depois do fim das idas à Lua, também os russos não investiram muito mais nas explorações, e nem sequer anunciaram um enviar de sondas a outros planetas distantes, como fez a Voyager, que depois caracterizou o programa da NASA. Agora também temos a exploração espacial europeia, japonesa e chinesa (e norte-coreana?), nenhuma ousando colocar um homem na rota da Lua, nem sequer apresentando fotos inquestionáveis da presença de objectos deixados pela tripulação que saiu da Apollo.

Conclusão, passados 40 anos, americanos e russos mantiveram o mistério sobre as idas à Lua, e é espantoso que não se tenha produzido nenhuma prova inquestionável da presença humana na Lua, apesar de tantas viagens supostamente efectuadas.

24 Abril 2013

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Homem ciclo-voador

Já mencionámos como a Passarola de Bartolomeu Gusmão, o primeiro projecto de dirigível, acabou por ser silenciada na História. 
Exemplificaremos aqui como "progressos voadores", em particular as "bicicletas voadoras" acabam hoje em dia por ser também segredos... de Polichinelo!
Não é segredo que já houve vôos de "bicicletas" capazes de atravessar o Canal da Mancha, ou ir de Creta a Santorino (duas ilhas gregas).
No entanto essa informação não é suficientemente divulgada... pior, é ridicularizada, e assim vai-se passando a ideia oposta!

Nalguns vídeos sobre o princípio da aeronáutica é habitual mostrar uma tentativa de homens que tentam voar pedalando com asas... aparece como algo ridículo, mas o não é! O mais natural é que tenha sido com uma bicicleta com asas aerodinâmicas que se efectuou mesmo o primeiro "descolar"...

Acresce que com campanhas como esta:
... o que se pretende fazer é desacreditar a efectiva possibilidade de existirem aparelhos capazes de voar com  auto-propulsão humana. A recompensa do engodo é obtida pela muita ingestão de água com açúcar, que em vez de dar asas, tem como efeito pretendido justamente o oposto!

O desenvolvimento de aviões propulsionados por homens, tem um extenso resumo na Wikipedia:
onde se pode ver:
- D. Piggott - o primeiro vôo (reconhecido) ocorre em 1961... há mais de 50 anos!
- Bryan Allen - primeiro vôo pelo canal da Mancha, em 1979
- Em 1984 houve um ciclo-avião que até levou um passageiro...

Porém, o talvez mais notável é o vôo do Daedalus-88 entre as ilhas gregas, num total de 115Km, que ocorrerá em 1988, conforme podemos ver neste documentário (o vôo começa ao minuto 18:00 do vídeo):
The Light Stuff - documentário de Mark J. Davis - partes (1)(2)(3)
mostra o sucesso da aventura grega em 1988 do ciclo-avião Daedalus-88 

O ciclo-avião merece a atenção grega, sendo acompanhado no voo entre Creta e Santorini, por cobertura jornalística e até militar. Isto foi em 1988, há quase 25 anos... o Daedalus-88 detém ainda o recorde de voo.
A equipa do MIT que fez o Daedalus-88 era semi-oficial, essencialmente de estudantes, e desde essa altura, apesar do excepcional sucesso obtido, o projecto nunca foi continuado.
O muro de Berlim caiu, no ano seguinte ao voo... mas só serviu para mostrar que existia um Muro muito maior que vai prendendo o génio humano na garrafa.
Enquanto a
umas e outras invenções interessantes... silenciadas, aguardando o desbloqueio dos Deuses do Olimpo, que permitam a Dédalo ter asas para voar.

Nota adicional (01/05/2012):
Entretanto, surgiu esta interessante notícia sobre um avião solar: Solar Impulse
... um projecto da EPFL que tentará uma viagem de 2500Km (ver outros projectos: wikipedia).
No entanto, o objecto deste postal não era apresentar os muitos projectos de desenvolvimento.
O objectivo deste texto era apenas ilustrar como se iludem proezas já alcançadas dando mérito a iniciativas tacanhas (caso da BBC), ou ridicularizando o assunto (caso da RedBull).

domingo, 15 de abril de 2012

Titan hic Titanic

O centenário do naufrágio do Titanic trouxe alguma informação interessante que desconhecia...

Há um conto de 1898 sobre um navio de nome Titan, considerado não-afundável, de dimensões idênticas às do Titanic, que haveria de colidir com um iceberg, também em Abril e pela meia-noite, à mesma velocidade, e onde também faltavam barcos salva-vidas (o Titan teria 24 para 3000 passageiros, e o Titanic levou 20 para 2235 passageiros). A maior diferença é que no conto do Titan não há praticamente sobreviventes.

Falamos do conto de 1898
O Naufrágio do Titan (Futility, The Wreck of the Titan)

de Morgan Robertson, que antecede em 13 ou 14 anos o desastre do Titanic, que ocorre em 1912.
Para não ser encarado de outra forma, tenta-se que seja visto como uma coincidência algo natural(*)... mas nunca o vemos referido nos inúmeros documentários e outro folclore que se construiu à volta desta história trágico-marítima do Titanic. 

Para quem conhece a história... algumas passagens logo no Cap. 1 soam claramente a antecipação:
She was the largest craft afloat (...) Two brass bands, two orchestras (...)
With nine compartments flooded the ship would still float, and so no known accident of the sea could possibly fill this many, the steamship Titan was considered practically unsinkable.
She was eight hundred feet long, of seventy thousand tons displacement, seventy-five thousand horse-power, and on her trial trip had steamed at a rate of twenty-five knots an hour over the bottom(...)
Unsinkable - indestructible, she carried as few boats as would satisfy the laws. These, twenty-four in number (...)
Morgan referia-se ao imaginado Titan, mas depois sabemos que o Titanic seria também o maior navio, com duas orquestras (que tocavam separadamente), acabou por afundar com 5 compartimentos (Morgan previa que o embate num iceberg afectasse apenas 3). Ambos foram considerados não-afundáveis, tinham mais 800 pés de comprimento, deslocavam perto de 70 mil toneladas, viajavam a 25 nós. Como já dissemos, sendo considerados não-afundáveis, levavam menos botes salva-vidas que o necessário.

Para uma lista de semelhanças mais detalhada, pode consultar-se a wikipedia, ou o texto do Prof. Flavio Cenni, devendo notar-se que às edições originais de 1898, seguiram-se edições posteriores... com a eventual suspeita de pequenas alterações para conjugar com o acidente. 
A notícia portuguesa (de onde parti) fala do "conto escrito em 1908" (ou seja 4 anos antes e não 14)... o que dá uma razoável diferença, e fica a dúvida...
Notícia do Titanic, que menciona o conto de antecipação de Morgan.
(retirado do blog delitodeopiniao.blogs.sapo.pt)

Houve um claro interesse posterior em vender o livro de Morgan, dadas as semelhanças com o naufrágio do Titanic... e como não parecem estar disponíveis versões de 1898, as que circulam com data posterior sofrem da suspeita de aproveitamento editorial subsequente.

De qualquer forma, é também interessante que Morgan Robertson tenha ainda feito um conto que fala de uma guerra com o Japão e um ataque a São Francisco (e não a Pearl Harbour), e que outros contos seus podem estar na origem das histórias da "Lagoa Azul" e de Tarzan. 
O nome de Morgan aparece ainda ligado à invenção dos periscópios... mas ele não terá antevisto que a entrada dos EUA na 1ª Guerra Mundial seria motivada pela acção de um submarino alemão, que levou ao afundamento de um outro navio, o Lusitania, em 1915, com um número de baixas quase semelhante ao do Titanic... na realidade Morgan morre dois meses antes disso acontecer.

Titan - hic (aqui)... quando hoje, 15 de Abril de 2012, Saturno, não o líder dos Titãs, mas sim o planeta, está em oposição ao Sol. Na efeméride, vista de Saturno, a Terra estará em conjunção com o Sol... dificilmente seria mesmo um ponto em trânsito no disco solar, pois o Sol visto dos planetas exteriores é praticamente uma estrela suprabrilhante (ver "pôr-do-sol marciano").



(*) Nota: Para efeitos de coincidência é deveras notável...
Conhecemos algum conto que tivesse encenado (antes de ocorrer) a queda de um Cessna a caminho do Porto com a morte de um primeiro-ministro? Ou um outro conto que tivesse previsto a queda de um avião presidencial polaco a caminho de uma homenagem a oficiais polacos mortos na 2ª Guerra Mundial? Ou um conto que tivesse sugerido que um presidente americano haveria de ser alvejado num desfile em Dallas?
- Eu não conheço... e se existissem, deveriam ser também vistos como naturais coincidências, como um instinto fatal?


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Lua, Jupiter, Venus e Pleiades

Só talvez os mais distraídos não terão reparado na singular conjunção dos astros nocturnos mais brilhantes, que tem sido visível nestes últimos dias (final de Fevereiro), logo após o pôr-do-sol.
Deixo aqui uma imagem tirada às 19h20m em Sintra, no dia 26 de Fevereiro:
O Palácio da Pena, Vénus, a Lua crescente, e mais acima Júpiter. (26/02/2012)

Fala-se muito de conjunções, alinhamentos, etc... mas raramente são tão visíveis e singulares como acontece nesta altura. A órbita de Júpiter demora mais de 11 anos, enquanto que a de Vénus é inferior a 8 meses, e Vénus pelo facto de ser um planeta interno, está sempre próximo do Sol, quer como "estrela da manhã" - Lucifer, ou como "estrela da tarde" - Hespero. Assim, no decurso da sua órbita Júpiter ao fim de uma década aproxima-se visualmente de Vénus... seja pela manhã, seja pela tarde. Acontece que agora isto coincide ainda com uma Lua próxima em fase de quarto crescente, e voltará a repetir-se em Março...

Aquilo que vimos neste sábado (25/02) e domingo (26/02) foi praticamente isto:
 
25 e 26 de Fevereiro de 2012

... depois a Lua afasta-se, e Jupiter e Venus aproximam-se bastante sendo que nesta altura as Pleiades estão perto do Sol, dado estarmos próximo de entrar no signo de Touro. 
A 12 de Março de 2012 vai dar-se essa maior aproximação que será curiosa pois parecerá Júpiter e Vénus como estrela dupla bem brilhante. 

 
12 de Março de 2012

Mais interessante, é que daqui a um mês a Lua regressa... e por volta de 25 de Março, devemos ver isto:
25 de Março de 2012

Um pequeno alinhamento notável com Vénus (e Pleiades) posicionado na direcção do crescente lunar, e com Júpiter a seu lado. 

Pegamos agora no símbolo de Sintra:
para encontrar uma imagem tipicamente associada a origens mouras... um crescente com uma estrela acima!
Bom, serão mais dois crescentes com duas estrelas... mas se podemos ter duas estrelas vistas como sendo Júpiter e Vénus, já é mais complicado ter duas luas em crescente! 
É claro que estas representações lunares são mais frequentes em bandeiras de países islâmicos (ver Mauritânia e Turquemenistão, por exemplo), mas encontram-se ainda em tradições de brasões de vilas portuguesas, como no caso de Sintra.

Não deixa de ser curioso, se pensarmos que há algum propósito em guardar religiosamente estes símbolos que apontam para um crescente lunar e uma estrela, e ainda a persistência em usar calendários lunares, nos países islâmicos, ou mesmo orientais - entrámos no ano do Dragão em 23 de Janeiro de 2012.

A data de 25 de Março é ainda curiosa, já que marcaria a criação de Adão, de acordo com o venerável Beda, sendo que o início do universo era apontado por este para 18 de Março. Aliás o dia 1 de Abril é considerado "dia de mentira", porque houve uma transformação do calendário que passou o início do ano para 1 de Janeiro, e dessa forma o correspondente a 25 de Dezembro seria exactamente 25 de Março!

Durante este mês de Março aparecerá ainda Mercúrio... este ainda mais próximo do Sol do que Vénus, e os outros planetas visíveis - Marte e Saturno, são ainda visíveis - Marte em simultâneo com os restantes (mas em lado oposto), enquanto que Saturno, aparece mais tarde, estando há muito colado à estrela Spica:
Tra la spica e la man, qual muro è messo!  (ver aqui)

Há obviamente quem não ligue nenhuma a esta questão estelar, e quem ligue em demasia...
Em certa objectividade científica é suposto não haver qualquer influência planetária nos homens, e porém há alguns detalhes que mostram não ser bem assim. O período lunar de 28 dias está demasiado próximo de um ciclo menstrual para ser desconsiderado como mera casualidade lunar... e se a influência da Lua é demasiado óbvia para que não deva ser ignorada, no caso dos planetas pareceria que nada os distinguiria de outras estrelas para merecerem distinção não astronómica.

Porém, todos sabemos, desde muito cedo que as estrelas cintilam e os planetas não...
Ora, isso nada tem a ver com as estrelas ou com os planetas... tem a ver directamente connosco.
Fossem os nossos globos oculares maiores e as estrelas não cintilariam - seriam pontos de luz semelhantes a qualquer planeta. É a reduzida dimensão dos nossos olhos que impede visualizar correctamente as estrelas mais distantes... é essa limitação que nos permite identificar facilmente os planetas, pela particularidade das restantes estrelas cintilarem na nossa visão. 
Pode ser obviamente casual esta relação entre a nossa capacidade visual e a distinção estrela/planeta... mas se fosse um pouco melhor ambos não cintilariam, e fosse um pouco pior todos cintilariam. 
Casualmente, ou não, acabámos por ficar num meio termo que sempre nos permitiu identificar os 5 planetas (Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno) das restantes estrelas, sem que se percebesse nenhum interesse prático para tal dom...





quarta-feira, 22 de junho de 2011

Milho a milhas

Num post antigo do Portugalliae, era apresentado um vídeo de Gunnar Thompson sobre a evidência da existência de milho entre os egípcios:


Não estão aqui em causa os argumentos de Thompson, e seria bom que houvesse imagens em vez de desenhos, mas é óbvio que ele se baseou em imagens reais e tenha decidido não usar material sujeito a direitos de autor. Apesar de estar na internet desde 2009, este vídeo revelador teve menos de 500 visitas, o que mostra bem que não basta divulgar, é preciso que a máquina de divulgação o autorize.

Se admitirmos que o milho é originário da América, isso significaria uma prova da presença egípcia nas américas... essa é uma linha de raciocínio possível, mas desconheço como se pode provar que só havia milho na América, e que daí chegou ao resto do mundo.

O nosso propósito aqui é ligeiramente diferente... numa tradução do livro "Sobre as Faculdades Naturais" de Galeno, feita em 1916 por A. J. Brock, encontramos a seguinte peça:
Or shall we also furnish our argument with the illustration afforded by corn? For those who refuse to admit that anything is attracted by anything else, will, I imagine, be here proved more ignorant regarding Nature than the very peasants. When, for my own part, I first learned of what happens, I was surprised, and felt anxious to see it with my own eyes. Afterwards, when experience also had confirmed its truth, I sought long among the various sects for an explanation, and, with the exception of that which gave the first place to attraction, I could find none which even approached plausibility, all the others being ridiculous and obviously quite untenable.
A palavra corn tem uma tradução que é milho... ou seja o tradutor aceitava que Galeno no Séc. II falava de milho, que segundo consta hoje só seria descoberto na América! Mas a descrição é mais elucidativa:
What happens, then, is the following. When our peasants are bringing corn from the country into the city in wagons, and wish to filch some away without being detected, they fill earthen jars with water and stand them among the corn; the corn then draws the moisture into itself through the jar and acquires additional bulk and weight, but the fact is never detected by the onlookers unless someone who knew about the trick before makes a more careful inspection. Yet, if you care to set down the same vessel in the very hot sun, you will find the daily loss to be very little indeed. Thus corn has a greater power than extreme solar heat of drawing to itself the moisture in its neighbourhood. Thus the theory that the water is carried towards the rarefied part of the air surrounding us (particularly when that is distinctly warm) is utter nonsense; for although it is much more rarefied there than it is amongst the corn, yet it does not take up a tenth part of the moisture which the corn does.
Ou seja, fala-se no Séc. II, concretamente no transporte de milho em vagões pelos camponeses e na propriedade do milho inchar... que é observada em várias coisas (em particular no processo das pipocas).
Não seria acidente o milho inchar, o propósito era aumentar o seu peso para que os camponeses pudessem ficar com algum para seu proveito, sem ser detectado entre pesagens, conforme Galeno explica. O objectivo de Galeno era apenas mostrar um princípio de atracção que ilustrava com a capacidade do milho inchar - "atraindo" o que o circundava.

Este não é o único texto em que vemos referências ao milho.
Por exemplo, na parte sobre a Hispania, na tradução de 1903 de Estrabo diz-se o seguinte:

Large quantities of corn and wine are exported from Turdetania, 
besides much oil, which is of the first quality;


Ou seja, é possível ler que o milho viria da Turdetania (e outras partes da Hispania e Aquitania).

Fica assim claro que no início do Séc. XX não havia a noção de que fosse algo estranho admitir que havia cultura de milho na Antiguidade... as traduções fazem-no com alguma naturalidade. Por isso, é de admitir que só no decurso do Séc. XX houve a fixação de que o milho seria exclusividade americana até aos descobrimentos!

Se o milho é originário das Américas, pois nesse caso ficam mais claras as viagens oceânicas na Antiguidade, caso ainda fosse necessária essa prova adicional... Porém, o que deve ter acontecido é que a cultura do milho na Europa durante a Idade Média, ou desapareceu pelas alterações climáticas, ou foi mesmo proibida (o que é mais natural, talvez até pelo artifício de enganar as pesagens relatado por Galeno).
O milho terá sido então reencontrado e autorizado no decurso das "descobertas", mas tanto pode ter tido a sua origem nas Américas, como pode ter sido levado para a América na Antiguidade.
Mas a questão da "prioridade dos descobrimentos" é o primeiro milho dado aos pardais, o que interessa é a questão da proibição, quem a implementou e por que razões?...

_____________________
NOTA IMPORTANTE [03/06/2013]
No século XIX era habitual usar-se a palavra "corn" para grão distinguindo "maize corn" para milho.
Actualmente a designação "corn" é usada para milho... portanto uma boa parte deste texto desfaz-se nesse equívoco de linguagem. Por isso algumas palavras aparecem agora cortadas, e o texto passou a cinzento... não está todo invalidado porque ainda tem como base a referência de Gunnar Thompson.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Moon Spots

Num texto da Phil. Trans. Royal Soc. London do final do Séc. XVIII, referem-se observações lunares que reportavam o avistamento, mesmo à vista desarmada, de luzes na zona da sombra da Lua.

Pontos onde foram vistas luzes na sombra da Lua, em 1794.

Se o ponto na primeira imagem já dificilmente poderia ser entendido como o reflexo de uma montanha ou cratera mais alta - que naturalmente faria surgir um ponto de luz na zona obscura, é praticamente impossível que o ponto de luz na segunda imagem possa ser explicado dessa forma... está demasiado no interior!

Estas observações de 1794 parecem ter sido corroboradas por observadores distintos, e mereceram a inclusão na famosa revista científica britânica... iniciada em 1665 (três anos depois do casamento de Carlos II e Catarina de Bragança).
É claro que sendo observações casuais, de um episódio que no primeiro caso durou pouco mais de 5 minutos, segundo o relato, podem-se levantar todo o tipo de dúvidas... 

No entanto, como se afirma na mesma revista, já anteriormente Cassini e Herschel, em observações com telescópios, tinham avistado luzes na sombra lunar. Estas luzes tinham uma magnitude reduzida comparadas com estas que tinham sido observadas a olho nu. 

Qualquer explicação luminosa, numa altura em que os primeiros balões de Montgolfier acabavam de levantar voo, seria na altura levada para eventuais erupções vulcânicas... já que na altura se poderiam associar as crateras a vulcões, hipótese que foi sendo afastada, até que o assunto deixou de ter referência.

Só passados mais de 150 anos é que as explorações espaciais deram os primeiros passos, e levaram às primeiras explorações astronáuticas da Lua.
A esse propósito é imperdível o fantástico documentário da ARTE France:
"Dark side of the moon" - documentário (jocoso) de William Karel

... um "documentário" que relacionaria Kubrick com as imagens da chegada à Lua!
O documentário explora a ideia de que as imagens da ida à Lua seriam falsas... apesar da ida à Lua ter sido real. Não se teriam obtido imagens, e foram usados os estúdios onde Kubrick teria acabado de fazer o "2001, Odisseia no Espaço". 

Os entrevistados são bem conhecidos: Rumsfeld, Haig, Kissinger, e Walters... e apesar de haver um suposto tom jocoso, nem há nenhuma revelação no final, e é dificilmente entendivel o mau gosto de fazer Vernon Walters morrer entre estas entrevistas da Arte, de ataque cardíaco.
Porquê?
Porque Vernon Walters morre mesmo em 2002, antes da estreia do filme, que deveria comemorar o 2001...

A decisão sobre a credulidade, cabe ao crédulo... e pode optar-se sempre pelos vídeos  Mythbusters  (Discovery Channel), que num tom jocoso infantil mostram como as "teorias da conspiração" não fazem nenhum sentido, e que tudo o que nos dado a acreditar é verdadeiro.