segunda-feira, 2 de julho de 2012

Cão Grande e monólitos

Quem visitou o Rio de Janeiro não pode deixar de se impressionar com a imponência dos morros, enormes monólitos que se erguem quase do nada, entre os quais o Pão de Açucar será o mais famoso mundialmente. De entre os monólitos temos ainda a famosa Torre do Diabo (Devils Tower, Wyoming),    associada ao filme "Encontros do 3º Grau", que serviu o imaginário da ficção científica, levando a ligação de monólito de "2001, Odisseia no Espaço" a uma formação geológica particular. 
Igualmente famoso e místico temos o Uluru (Ayers Rock) ou o Monte Augustus (Austrália).

Podemos continuar com o famoso Rochedo de Gibraltar, com o El Capitan (Yosemite Park), ou ainda com as Torres del Paine (Patagónia, Chile).
Encontrei um link que fez uma classificação dos 10 maiores monólitos do mundo... 
Claro que estas "classificações" têm alguma subjectividade, mas encontram-se formações menos conhecidas internacionalmente... sendo claro que não são desconhecidas dos habitantes locais, e dos turistas acidentais. Não me lembro de ter ouvido falar de: 

Estes exemplos mostram como se sabe pouco da maioria dos países "não importantes", apesar da importância que os locais atribuem aos seus monumentos.
Ainda que não constem da lista Top10, mesmo na Europa, também há formações notáveis que não têm propriamente uma grande divulgação (por exemplo, o Mont Aiguille, ou o Ben Bulben), ao contrário de outras (por exemplo, o Monte Cervino).

Porém, há uma (aliás várias...) formação rochosa em S. Tomé e Príncipe que surpreende por completo!
Falamos do enorme monólito vertical (663 m) que é o Pico do Cão Grande (o maior, mas há outros). 


Pico do Cão Grande e formações fálicas semelhantes (Ilha de S. Tomé).

A propósito do "alinhamento piramidal" já tínhamos aqui falado de S. Tomé e Príncipe, do Ilhéu das Rolas, e ninguém duvidaria do esplendor das suas praias tropicais... porém, estes incríveis monólitos surpreendem pela sua elevação abrupta, batendo os restantes da lista do Top10... só se lhes assemelha o o Morro do Pico (Fernando de Noronha), que também se ergue mais de 300 metros na vertical:
Morro do Pico (Fernando de Noronha, Brasil)

Mesmo assim, a forma como se ergue o Cão Grande, ou os outros monólitos de S. Tomé, é bem mais notável, desafiando não apenas a geologia, mas também a gravidade.
Sendo o turismo uma indústria importante nos tempos modernos, seria de perguntar por que razão S. Tomé não se apresenta como destino mostrando aquelas fotos... porém, há até alguma dificuldade em encontrá-las! Parece que se trata de mais um segredo... de Polichinelo, é claro!

As navegações portuguesas parece que estiveram na rota destes monólitos... e os franceses insistiram bastante na vontade de tomar como sua a zona do Rio de Janeiro, a que chamaram curiosamente "França Antártica".  Primeiro entre 1555-60, depois durante a Guerra de Sucessão Espanhola entre 1710-11. Se havia algum "destino monolítico", compreende-se que não se quisesse divulgar os monólitos de S. Tomé, autênticos arranha-céus rochosos no meio da selva (maiores que o Empire State Building...). Acrescente-se a isso esta imagem do Pico Mesa, numa ilha do Príncipe, igualmente notável 
Ilha do Príncipe: Pico Mesa (imagem daqui)

Terminamos com uma imagem do estudo geográfico de F. Tenreiro (1961), sobre a diagonal dos Camarões:

onde se evidencia a ligação entre o Monte Camarões (conhecido com Carro dos Deuses na Antiguidade) e as diversas ilhas: Fernando Pó, Príncipe, São Tomé, e Ano Bom (Annobon). 
Não é de excluir que havendo um "Cão Menor" e um "Cão Grande" estes nomes possam estar algo relacionados com as constelações, sendo Sirius a principal estrela de Canis Major. 




Nota: encontrei acidentalmente estas imagens, tendo encontrado um Ilhéu das Cabras em S. Tomé, quando procurava informação sobre o Ilhéu das Cabras dos Açores, devido a este post (Delito de Opinião).