sábado, 28 de maio de 2011

Ararat e as cavernas do vulcão

Buffon, na sua História da Terra, no Séc. XVIII, fala das cavernas do Ararat, que seriam de origem vulcânica, suspeitando assim que o monte Ararat seria um vulcão extinto.

É especialmente curioso, porque a equipa NAMI, de Hong-Kong, iniciou há poucos anos uma exploração no monte Ararat, em colaboração com exploradores turcos, que levou a essas cavernas de que já falava Buffon. Não sabemos se já tinham sido feitas explorações prévias, mas parece certo que Buffon sabia do que falava... antes de serem comuns as escaladas e o montanhismo.

A expedição de Hong-Kong escalou, entrou em várias cavernas, e a mais de 4000m de altura, já tinham sido encontrados vestígios de construções de madeira, algo fossilizadas, pela equipa turca.

Panda Lee, da equipa chinesa, disse o seguinte:
In October 2008, I climbed the mountain with the Turkish team. At an elevation of more than 4,000 metres, I saw a structure built with plank-like timber. Each plank was about 8 inches wide. I could see tenons, proof of ancient construction predating the use of metal nails. We walked about 100 metres to another site. I could see broken wood fragments embedded in a glacier, and some 20 metres long. I surveyed the landscape and found that the wooden structure was permanently covered by ice and volcanic rocks. Prior to my expedition, the Turkish team had excavated the site to expose the structure.
É claro que imediatamente surgiu a controvérsia (ver aqui), directamente assumindo que toda a estrutura tinha sido inventada, construída num Verão para ser descoberta num Inverno...
Parece difícil assumir que há algo de tão fraudulentamente bem feito, sem uma colaboração institucional importante... tanto quanto seria do interesse institucional de outros denunciá-lo como tal!

Um ponto a priori que parece não preocupar estas investigações no Ararat, é que o facto de serem descobertas construções de madeira no topo do monte não implicam directamente qualquer relação directa com a Arca de Noé... poderia tratar-se apenas de algum retiro monástico antigo.

A esta observação junta-se o relato de Buffon, do final do Séc. XVIII, que mostra um conhecimento antigo dessas cavernas... a equipa de Hong-Kong poderá ter formalizado uma redescoberta, mas deparou com a opacidade clássica do condicionamento direccionado da informação nos mass-media ocidentais.

domingo, 22 de maio de 2011

Tiahuanaco liliputiano

Num recente documentário (sugerido no facebook de Maria da Fonte) fui surpreendido pelas dimensões especialmente reduzidas do que se vê hoje nas portas de Tiahuanaco.

nada fazia suspeitar que as dimensões do monumento sejam afinal estas:

O "great monolithic gate-way" conforme designado por Squier, será agora uma porta de dimensões reduzidas, onde um turista terá dificuldade em caber.
Na ilustração de Squier houve o cuidado de colocar pessoas para uma comparação das dimensões.
Já tinhamos referido que a porta estava separada, e que teria sido recolocada... porém não suspeitámos que a recolocação afectasse também as dimensões do monumento! Não são muito comuns as imagens com pessoas posando na porta do monumento... que parece uma grande porta para liliputianos!

Ou seja, tudo leva a suspeitar que em Tiahuanaco podemos estar em presença de uma réplica de dimensões reduzidas - o original, esse poderá estar algures nalguma colecção privada, destinada a olhos seleccionados.

terça-feira, 17 de maio de 2011

O halo de Ourém

O ano de 1917 ficou particularmente marcado por vários acontecimentos interessantes...
A nível nacional será conhecido pelas "aparições de Fátima", mas a nível internacional é marcado decisivamente pela Revolução de Outubro, ocorrida em Novembro, na Rússia. 
Nesse mesmo mês de Novembro de 1917 é assinada a declaração de Balfour, que define o contexto de Jerusalém e Palestina, após a tomada britânica que ocorrerá em Dezembro. É aqui colocada essa carta de Balfour dirigida a Lord Rotschild, da Federação Zionista, sobre o objectivo de formação do estado judeu.


Misturamos aqui coisas aparentemente diversas, mas que estavam de alguma forma previstas nos denominados Protocolos de Sião, de 1897... bem como alguns dos acontecimentos que se lhe foram sucedendo ao longo do Século XX.

As previsões de Fátima, nomeadamente a antecipação, por alguns meses, do domínio comunista na Rússia, quase poderiam ser repetidas por alguém que tivesse tido acesso a esses protocolos. Assim, o sucesso dessas previsões acabou por estar intimamente ligado ao próprio sucesso no cumprimento dos protocolos.

Algo fascinante na questão de Fátima é a adopção do nome árabe, sendo Fátima nome da filha de Maomé!
A região tinha sido denominada Ourém, pois segundo a lenda local teria havido uma Fátima, jovem árabe, que se teria casado com um cavaleiro de Cristo, circa 1170. Tendo deixado o nome Fátima, ao tornar-se cristã pelo casamento, passou a chamar-se Ouriana (ou Oriana)... de onde teria vindo o nome Ourém para a vila. Após a morte de Gonçalo Hermiges, seu esposo, cavaleiro de Cristo, recolheu-se ao Mosteiro de Alcobaça.
Fátima não existia, nem enquanto aldeia, à época dos "milagres de 1917"... as terras da zona talvez mantivessem o nome de Fátima, e Vilhena Barbosa, no Séc. XIX, refere a existência de uma igreja paroquial, nas vizinhanças de Ourém:
Nossa Senhora dos Prazeres de Fátima

Portanto, muito antes de 1860 (altura do relato de Vilhena Barbosa), já existia uma igreja a Nossa Senhora de Fátima... o nome "Prazeres" era acrescentado à época.
Não sei se há outro caso em que um nome tipicamente relacionado com Maomé é usado no culto católico, mas como já foi referido no blog Portugalliae no Canadá haveria várias referências a Fátima, nomeadamente num município das Iles-de-la-Madeleine, Québec, do Séc. XVIII...
A dimensão que este culto atingiu ultrapassou claramente fronteiras, e é bem conhecida a importância que o Papa João Paulo II atribuiu a esta questão. A formação do culto com o nome Fátima não deixa de poder estar ligada a uma presença ibérica dos Fatimidas, xiitas, na única linha que assegurou a descendência de Maomé, pelo casamento da filha com Ali (ver wiki).
A utilização deste nome meses antes da tomada de Jerusalém, e da Declaração de Balfour, que levou à formação do Estado de Israel, e à segregação palestiniana... acontecimento quase simultâneo com a Revolução Bolchevique na Rússia, contida nas previsões de Fátima, não deixa de ser um marco de intersecção de factos dispersos.

Porém, como bem sabemos, Fátima ficou ainda no imaginário popular, pelo chamado Milagre do Sol, ocorrido em 13 de Outubro de 1917, durante 10 minutos.
O artigo da Wikipedia, a que remeti é bastante detalhado e com boa base bibliográfica - desconheço se há outro fenómeno da mesma natureza presenciado por quase 100 mil testemunhas...

Devido a essa tradição de fenómenos solares, e estando a ler Plínio, pareceu apropriado colocar no dia 13 de Maio, no blog Alvor-Silves, uma descrição antiga dessas observações místicas. Tal publicação acabou por ocorrer mais tarde, devido aos problemas com o Blogger, que teve os serviços suspensos até à tarde desse dia.

Mas... é sempre surpreendente ser depois notícia do dia seguinte o aparecimento de um halo, em Fátima, nesse dia 13. Não sendo um fenómeno raro, cuja explicação científica é resultado da refracção atmosférica local, deverá ter constituído motivo de espanto, mesmo para os peregrinos! Tivesse ocorrido no ano anterior, altura da visita papal, e teria um significado completamente diferente para o pontificado do sucessor de João Paulo II. Há coincidências... mas nem sempre favorecem o papado.
O halo solar em Fátima/Ourém, em 13/05/2011,
no Jornal de Notícias, do dia seguinte (imagem)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Moon Spots

Num texto da Phil. Trans. Royal Soc. London do final do Séc. XVIII, referem-se observações lunares que reportavam o avistamento, mesmo à vista desarmada, de luzes na zona da sombra da Lua.

Pontos onde foram vistas luzes na sombra da Lua, em 1794.

Se o ponto na primeira imagem já dificilmente poderia ser entendido como o reflexo de uma montanha ou cratera mais alta - que naturalmente faria surgir um ponto de luz na zona obscura, é praticamente impossível que o ponto de luz na segunda imagem possa ser explicado dessa forma... está demasiado no interior!

Estas observações de 1794 parecem ter sido corroboradas por observadores distintos, e mereceram a inclusão na famosa revista científica britânica... iniciada em 1665 (três anos depois do casamento de Carlos II e Catarina de Bragança).
É claro que sendo observações casuais, de um episódio que no primeiro caso durou pouco mais de 5 minutos, segundo o relato, podem-se levantar todo o tipo de dúvidas... 

No entanto, como se afirma na mesma revista, já anteriormente Cassini e Herschel, em observações com telescópios, tinham avistado luzes na sombra lunar. Estas luzes tinham uma magnitude reduzida comparadas com estas que tinham sido observadas a olho nu. 

Qualquer explicação luminosa, numa altura em que os primeiros balões de Montgolfier acabavam de levantar voo, seria na altura levada para eventuais erupções vulcânicas... já que na altura se poderiam associar as crateras a vulcões, hipótese que foi sendo afastada, até que o assunto deixou de ter referência.

Só passados mais de 150 anos é que as explorações espaciais deram os primeiros passos, e levaram às primeiras explorações astronáuticas da Lua.
A esse propósito é imperdível o fantástico documentário da ARTE France:
"Dark side of the moon" - documentário (jocoso) de William Karel

... um "documentário" que relacionaria Kubrick com as imagens da chegada à Lua!
O documentário explora a ideia de que as imagens da ida à Lua seriam falsas... apesar da ida à Lua ter sido real. Não se teriam obtido imagens, e foram usados os estúdios onde Kubrick teria acabado de fazer o "2001, Odisseia no Espaço". 

Os entrevistados são bem conhecidos: Rumsfeld, Haig, Kissinger, e Walters... e apesar de haver um suposto tom jocoso, nem há nenhuma revelação no final, e é dificilmente entendivel o mau gosto de fazer Vernon Walters morrer entre estas entrevistas da Arte, de ataque cardíaco.
Porquê?
Porque Vernon Walters morre mesmo em 2002, antes da estreia do filme, que deveria comemorar o 2001...

A decisão sobre a credulidade, cabe ao crédulo... e pode optar-se sempre pelos vídeos  Mythbusters  (Discovery Channel), que num tom jocoso infantil mostram como as "teorias da conspiração" não fazem nenhum sentido, e que tudo o que nos dado a acreditar é verdadeiro.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Naumaquias

Quando pensamos nos circos romanos, há alguma tradição em associar os combates de gladiadores, invocando muitas vezes celebrações de vitórias em batalhas.
O que talvez não seja tão conhecido é que chegou a ser popular a evocação de batalhas navais... o que implicava alguma engenharia surpreendente para a criação de piscinas internas, onde se simulavam combates com embarcações. Esses espectáculos navais eram designados Naumaquias  e em Mérida ainda é possível encontrar o fosso onde se colocaria a base para a piscina artificial.
Anfiteatro de Mérida, onde eram exibidas Naumaquias.

O mais interessante é o já primitivo conceito de pavilhão multi-usos... quando vemos hoje em dia as adaptações que estes pavilhões sofrem para acomodar as diferentes representações, percebemos com as naumaquias que o conceito é afinal bem antigo. A primeira naumaquia registada é de César, mas usando o Tibre como cenário, o seu uso em cenário de anfiteatro romano é posterior, iniciado com Nero.
A alternância entre espectáculo aquático e terrestre dará uma ideia da sofisticação de engenharia presente à época romana.
Ao contrário do que é habitual educar-se, não houve uma lenta evolução do génio humano... houve sim uma poderosa restrição desse mesmo génio, destinado a ficar confinado a uma lamparina para que a lâmpada não fosse revelada. 

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Cydonia & Sidonia

Habitualmente o nome Sídon, referente à antiga cidade Fenícia, perdeu a sua ligação à designação que era comum na Hispania.
 Sídon era conhecida como Sidónia.
Aliás compreende-se que a terminação fonética própria das línguas hispânicas levasse a essa alteração.

Ao mesmo tempo, existiu uma cidade em Creta denominada Cydonia, associada à actual Chania. Teria sido fundada por um rei Cydon lendariamente filho de Hermes e de uma filha do rei Minos.
É claro que escrever Cydon ou Sidon faz toda a diferença, ainda que foneticamente sejam equivalentes.

Johannes Carion refere que os Fenícios, vindos da Síria a Espanha, em busca de ouro e metais, teriam edificado no ano de 815 a.C. a cidade de Sidonia, no interior (... entre Cadiz e Granada). Fala ainda da vinda de Nabucodonosor, e de que depois disso os Turdetanos andaluzes ter-se-iam revoltado contra os Fenícios, tendo destruído a Sidonia espanhola.

Parece agora evidente que o nome Medina-Sidonia, usado pelos duques espanhóis da Andaluzia ligava essa herança antiga de uma Sidónia desaparecida. Quanto ao nome Medina, significando cidade em árabe, denota a influência prolongada do controlo islâmico na Andaluzia.

É especialmente curioso notar que Tiro teria sido formada por colonos vindos de uma Sidonia mais antiga... teria sido viagem curta para cidades situadas a 30 quilómetros. Aliás, em Sídon são visíveis ruínas do tempo das Cruzadas, mas não anteriores.
Não será pois de excluir que a mais antiga Cydonia cretense, cujo nome é ainda usado para a deusa Atena, estivesse numa eventual origem mais antiga de Tiro, que depois migraria de regresso à Hispânia.

Sobre Tiro, há uma curiosa suspeita sobre a Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro - um impressionante morro carioca:
Pedra da Gávea (ver)

A suspeita diz respeito a uma possível presença fenícia, atestada pela interpretação de eventuais inscrições numa das faces da rocha:



possível inscrição na pedra da Gávea (ver)

A inscrição referia-se então a Bazedir, filho de Jetubal, de Tiro, na Fenícia... o que baterá certo com outros registos do séc IX a.C.

De Tiro até ao Brasil, não é nenhuma viagem impossível de fazer para marinheiros fenícios... só as concepções de limitações posteriores é que tornaram tais viagens como irrealizáveis na concepção medieval e moderna.

Para terminar, e apenas por acidente de percurso... alguém se lembrou de chamar Cydonia à zona de Marte onde foi descoberta a chamada "face":
É perfeitamente claro que as sombras podem ter levado a uma ilusão óptica, que entretanto foi esclarecida com novas imagens... imagens essas que, se retiraram o acidente facial, deixaram mais claro um acidente natural da formação parecer um escudo.
Mas as formações na Cydonia marciana não se resumem a essa face mais conhecida, toda a região aparenta ter outras formas piramidais que têm suscitado diversas suspeitas: