Parece que foi há muito tempo, mas foi apenas há uma semana que o despiste de um autocarro na Madeira tirou a vida a 29 turistas alemães.
Este terá sido o acidente rodoviário com o maior número de vítimas, depois da queda da Ponte Hintze Ribeiro, em 4 de Março de 2001 (acidente onde morreram 59 pessoas), e parece-me que será mesmo o acidente com maior número de vítimas em Portugal, que não se deveu à falha de uma estrutura.
17 de Abril de 2019 - Autocarro cai numa ravina madeirense - 29 mortos.
Sintoma da nossa comunicação social, foram 3 dias de luto, e 2 dias de notícias.
Passados poucos dias, era como se aquele episódio tão dramático nem tivesse acontecido.
A situação foi tão ridícula que, no próprio dia, a SIC e a TVI abriram o noticiário das 20h com a crise no abastecimento de combustíveis. Creio que só a RTP1 colocou o assunto na abertura do seu noticiário principal.
Afinal, o que estava em causa?
- O turismo na Madeira!
Esta situação ridícula já tinha ocorrido em 20 de Fevereiro de 2010, quando o Governo Regional da Madeira, com medo do impacto negativo no turismo, quis esconder a calamidade do chamado "Aluvião da Madeira", que provocou 47 mortos.
Poderia dizer-se que não há muito mais a noticiar, mas não é bem assim, quando até as causas do acidente estão por apurar (falou-se em falha de travões, ou acelerador preso), e é bem certo que as estradas da Madeira convidam a perigos deste genéro, ou talvez ainda piores. Começa logo por ser complicado aterrar na Madeira...
Não é que não haja interesse, e agora que se comemoram 45 anos de "liberdade", certamente que há toda a liberdade jornalística de investigar e indagar, claro que sim... mas desde que seja em silêncio!
Como se não fosse caricato, a Wikipedia portuguesa fez um pequeno artigo, mas houve logo quem se propusesse a eliminá-lo (para ficar, teve que passar por votação).
É um delírio ouvir a malta jovem (ou nem tanto), que nasceu após o 25 de Abril, dizendo que não souberam como era viver num país com censura!
Novidade, para quem pensa o contrário - nunca deixaram de viver num país sob censura!
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