Entre os anos 1953-73 esteve em curso uma operação secreta conduzida pela CIA, sob o nome MK-Ultra. Tratava-se de induzir estados de consciência alterada por efeitos de drogas, LSD, mescalina, etc.
O uso foi aplicado indiscriminadamente, não apenas em militares, prisioneiros ou espiões, sujeitos a tortura, mas foi também alargado à população civil, umas vezes voluntários, outras vezes nem tanto.
Nos dois vídeos seguintes vemos experiências sobre o efeito do LSD:
Rare footage of 1950s housewife in LSD experiment
LSD Research in the 1950s - A trip down memory lane
Dr. Sidney Cohen interviews a research subject and administers LSD to her (LA Vet Adm Hospital)
1950's LSD Experiment - Artist
Schizophrenic model psychosis induced by LSD 25
Dr. Nicholas A. Bercel - Univ. South. California - Dept. Physiology
Não interessa assim tanto o comportamento dos "pacientes", e aqui os sujeitos da experiência são também os próprios médicos, exibindo um certo comportamento pedante e altivo. Quando as avaliações são questionáveis, quem é também avaliado são os avaliadores. Pior... quando o sistema não faz isso, é o próprio sistema que carece de uma avaliação. Pior ainda, quando a história não faz a crítica em retrospectiva, é própria história que não está encerrada no passado e condiciona o presente... ou seja, ficamos reféns de processos históricos mal resolvidos.
No caso da segunda experiência, os médicos aproveitaram a capacidade artística, e pediram dois retratos - um antes da LSD tomar efeito, e outro depois:
Aqui o curioso foi a resposta do "paciente" - não via especial diferença entre os dois desenhos, considerando que ambos focavam nos pontos principais - olhos semelhantes, nariz e boca.
"The eyes for example, are the same to me. The line of the nose is the same. The mouth is still a sweet mouth."
O outro ponto digno de relevo é uma certa relação mística, mais próxima aos objectos, que passam quase ao estatuto de entidades vivas e presentes, no que é chamado uma experiência messiânica, bem como o contexto de fluidez e cores psicadélicas, que se originou nos anos 60 vindo dessas trips.
A influência de drogas psicóticas nos trabalhos artísticos, filosóficos, e até científicos, não deve ser negligenciada, sendo por exemplo Nietzsche, Huxley, Sartre, exemplos recentes e Platão um possível consumidor de LSD na forma primitiva de ergotismo.
Duas realidades
O ponto principal é sempre a existência de duas realidades. Uma comum, a que se chama mesmo realidade, e outra própria, a que se chama sonho.
Como cada um carrega uma realidade própria, que são os seus sonhos, essas realidades ficcionadas acabam por se manifestar em número similar ao número de habitantes que balbuciam qualquer coisa.
O que a LSD, e outros alucinogénios, fazem, é convidar o recipiente a visitar o maravilhoso paraíso, o universo alternativo onde, por instantes, tudo parece poder-se conjugar de forma alternativa. Ou seja, por instantes, a química baralha os processos cognitivos, permitindo a coexistência das realidades... e nesse sentido como o participante passa a sentir um maior controlo sobre a realidade misturada, pela parte que lhe diz respeito - o sonho - sentirá que o universo passa a ter um sentido diferente, que lhe escapara antes. Tudo se processa de forma algo harmoniosa, até que toca o alarme e é hora de acordar.
Acordar para onde?
Acordar para o único acordo, onde os universos individuais têm viabilidade de existência.
É claro que cada um, poderá migrar para um universo próprio... e poderá tentar convencer os outros de que esse universo próprio é melhor do que o existente, etc, etc. E sim, isso até poderia ser verdade durante umas horas... só que sendo sonho que exclui os restantes, foi porque esse universo finou, em coisa nenhuma. Na prática, aquilo que verificamos é que nenhum universo alternativo, plasmado em sonho foi alguma vez habitado por outra pessoa que não fosse o próprio.
Por isso, o chamamento para a realidade, que poderá ser o fim de um sonho agradável, é quase sempre visto como um incómodo desnecessário... simplesmente porque nem sempre se dá a vislumbrar ao próprio, os pesadelos em que se iria meter, se insistisse seguir por essa via.
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