segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Ponde os olhos no povo francês...

 ... dizia Almeida Garrett, numa tendência francófona que lhe facilitaria a vida, e continuava:

Ponde os olhos no povo francês, no grande povo, no povo modelo dos outros povos: e vereis quanto pode a só, desajudada e desarmada força de uma nação que ousa querer, e fortemente sabe querer ser livre. Imitai-a nessa deliberada e resoluta vontade; imitai-a em seu valor na peleja, em sua constância quando vencida, na sua moderação quando vencedora.

Estávamos em 1830, o livro "Portugal na balança da Europa" é publicado em Inglaterra, onde se tinha refugiado durante o domínio Miguelista. Faltavam dois anos para o desembarque do Mindelo, onde vai participar ao lado de D. Pedro IV.
Um célebre processo que o leva de cão a barão, ou melhor a visconde.

É neste contexto que é interessante ver a notícia:

Assembleia nacional de França aprova estado de emergência até Fevereiro

A Assembleia Nacional de França votou este sábado a prorrogação, até 16 de fevereiro, do estado de emergência sanitária, um regime de exceção que permite ao governo impor restrições para enfrentar a pandemia da covid-19.

Pondo os olhos no povo francês, vemos o que sempre vimos... um povo igual ao outros, e cuja maior diferença será mesmo o convencimento de que têm algo de especial. Neste caso, vemos um povo que vai ficar confinado durante quatro meses, por causa de uma gripe! Para além do inquérito que revela 62% dos franceses favoráveis ao recolher obrigatório, temos 73% que são pelo uso da máscara no seu próprio domicílio (poderemos ainda ter o conhecido fenómeno dos filhos que denunciavam os pais).

- Imaginas? Os coreanos não podem circular, excepto se forem geolocalizados. 
- Eu nunca aceitaria uma coisa semelhante!!
Cartoon de KAK (L'Opinion, 18 de Outubro de 2020) sobre o recolher obrigatório.

Não houve aqui maillots jaunes (para ciclismo há outro Almeida), aliás gilets jaunes, porque quando a ordem é para amansar, só meia-dúzia se conseguiram reunir contra o recolher obrigatório (couvre-feu).

Isto faz lembrar aquelas "movimentações espontâneas" que, das "redes sociais", fizeram sair meio milhão de pessoas às ruas, como foi supostamente o caso do "Que se lixe a Troika"...
Sim, deram jeito, mas depois, nem um grupo de 50 conseguiam arranjar, com as mesmas "redes sociais" e com equivalentes motivos de "indignação".

O principal objectivo das "redes sociais", num Estado despótico, é sinalizar alguns focos de confluência de opinião. Criam-se "influencers" e outras "designações com pinta", que concorrem na divulgação de notícias, num suposto meio alternativo, que na prática é o mesmo!
Mas é pior, muito pior:

  • As estatísticas e outras tretas, sinalizam o número de visualizações, mas esse número não tem qualquer verificação. Na maior parte das vezes é falso.
  • A maioria das contas são falsas, e foram usadas pelas companhias para promover os seus produtos. Um cantor da moda quando lança um tema, tem que ter logo milhões de visualizações, likes, e o catano... se não tiver, seria visto como um fiasco.
  • Há companhias que querem perceber se quando o sujeito diz "Isto está mesmo bom! Está, está!", isso é uma mensagem positiva ou negativa. Especialmente se esse sujeito tiver muitos "amigos".
  • A rede de amigos pessoais foi completamente traçada com o Facebook. Sabe-se exactamente a quem o dito cujo irá pedir ajuda, se a coisa lhe correr mal.
  • Depois o sujeito pode enviar uma mensagem a dizer "raios e coriscos", mas arrisca-se ao ghost banning que é pensar que publicou alguma coisa, mas só ele próprio é que a lê! Para evitar isso aconselho o Tor, que é das poucas coisas onde ainda permite ver se o que escreveu é visto por mais alguém (mesmo assim é limitado, e terá os dias contados).
  • Mesmo que a mensagem tenha reacções, muitas, pode ser apenas uma pessoa a fazer-se passar por muitas, e mais uma vez esse sujeito continuará adormecido, a pensar que está a fazer alguma coisa, que tem reacção, quando na realidade está só a falar com um mono, cujo trabalho é aturá-lo.
Portanto, da internet, redes sociais e tretas, pode-se esperar zero... excepto do mono!
Ou melhor, pode-se assumir uma canalização do que é suposto ser visto, pelos nossos "amigos".

Claro que há estorietas, de como a população descontente em França, se rebelou contra a nobreza, tudo sozinha, é claro, e sem nenhuma organização da maçonaria por trás... está-se mesmo a ver! Ou então de como os bolcheviques levaram à queda da monarquia russa, etc, estorietas não faltam.

Pois bem, mas agora, quando é o próprio regime maçónico, do politicamente correcto, que vem para instalar a sua Idade Média, em que do Concorde passámos aos aviões parados nos hangares, quem é que vem em auxílio? 
- Que movimento é que surge contra isso?
Pois, isso é o que pagam para ver... e a aposta é grande, e está em cima da mesa!
Sabem perfeitamente que não virá da população, porque isso é tecnicamente impossível.
- Virá de Trump, e de mais uns desmiolados, que bloquearam alguns planos concentração do poder, iludidos na dispersão pela CIA, FBI, Homeland, NSA, etc... ou há algo mais substancial por detrás?
- Ou será Trump mais um simples figurante, na peça em exibição?

Bom, e não se pense que isto é porque os judeus têm que criar uma nova Idade Média, para que o seu messias venha salvar o mundo, Estamos em 5781, e acho que isso seria questão para daqui a duzentos anos, se prezarem contas mais redondas. Bom, e Idade Média a sério teria que ter pelo menos mil anos.

Bem vindos ao mundo dos jogos psicológicos, e pelo meu relógio são oras de mascarar...
Sim, o relógio mudou, e é hora de inverno.


2 comentários:

  1. Nunca pensei viver uma situação destas, muito sinceramente. Pensava que estas convulsões e ameaças de conflito no nosso território (sim, inclusivamente aqui e não só) só iriam acontecer algures na minha velhice, mas não... E quanto penso nisso, mas assustada fico... é certo que o nosso continente, sempre muito dinâmico e dinamizado, já se tinha habituado a uma certa paz, dada como garantida... nada de mais falso.
    Quanto às redes sociais, concordo consigo, servem de termometro, espelho (vemos a nossa imagem reflectida e pensamos que é real o que vemos), adestramento e doutrinação.
    Pondo os olhos nos francius, bom.. é ver se a táctica j@cobina, tão bem sucedida com os c@tólicos, irá resultar no mesmo grau e intensidade com os isl@micos... no rumo a uma sociedade laica e aberta. Cheia de fraternidade (todos irmãos na mesma fé eucuménica e estatal transnacional), igualdade (sendo que haverá sempre uns mais iguais que outros) e claro, liberdade... só não sei ao certo para quê e para quem.
    Que Deus seja misericordioso.
    A. Saavedra

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    1. Bom, a situação parece-me complicada porque no governo ninguém faz a mais pálida ideia do que se passa, e vai seguindo ordens de topo, consoante a hierarquia que os colocou onde estão.
      Quanto ao terrorismo islâmico, creio que a morte de Samuel Paty foi só um triste incidente isolado, mas deu jeito para impor ainda novas razões de restrições.

      O principal motivo de início de uma guerra é não estar preparado para ela.
      Assim, como o principal motivo para o fim da liberdade, será o hábito de pensar nela como conquista adquirida.
      Começa nas pequenas cedências, e depois pode ser tarde demais, para ter força de reequilibrar as coisas.

      Cumprimentos.

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