Lluís Companys foi presidente da Catalunha de 1933 a 1939.
Barcelona, provisoriamente capital, caiu em Janeiro de 1939 na "Operação Catalunha" e pouco depois, em Março, caía Madrid, ficando o General Franco senhor de toda a Espanha.
Lluís Companys exilou-se em França, até que em 1940, as forças nazis ocuparam grande parte do território francês. Encontraram-no e prenderam-no.
Estando acusado de rebelião, foi rapidamente extraditado pelos alemães, e sumariamente executado em Espanha, em Outubro de 1940, por um pelotão de fuzilamento na prisão do Castelo de Montjuïc.
Monumento de homenagem a Lluís Companys, monumento vandalizado ontem (3 de Abril)
A história tem estas pequenas coincidências.
Actualmente, Puigdemont está igualmente acusado de rebelião, ou sedição, foi preso pelos alemães e presta-se a ser extraditado para Espanha... para ser preso.
As comparações foram inevitáveis, e não caíram bem...
Alguns manifestantes colocaram um bigode hitleriano a Merkel que, apesar de estar à frente da Alemanha há mais tempo do que Hitler esteve, não controla os tribunais da mesma forma. Claramente não poderá mais, do que influenciar uma decisão judicial. Também convenhamos que Rajoy e Franco sendo ambos galegos, o que têm mais em comum é a falta de bom senso.
Em Maio de 2017, há quase um ano, Puigdemont inaugurava uma estátua de memória a Companys, talvez não imaginando a semelhança que viria a ocorrer nesta particularidade.
Fossar de la Pedrera - cemitério de Montjuic - monumento a Companys.
No tempo de Franco, foram abolidos os presidentes das regiões, em particular da Catalunha, e existiram então os "presidentes da Catalunha no exílio".
Após Companys, Irla e Tarradellas estiveram nesse cargo, exilados em França, regressando finalmente Tarradellas em 1977, após a morte de Franco.
Novamente, passados quase 80 anos, a Catalunha viu o seu presidente partir para o exílio, mas nestes tempos democráticos... Puigdemont nem sequer se pôde exilar em França, e só encontrou refúgio na Bélgica.
Até que... voltam os fantasmas com 80 anos, e acaba novamente preso pelos alemães.
A Espanha "constitucionalista" continua inconstitucionalmente sem Presidente da Catalunha, após realizadas as eleições constitucionalmente previstas.
Nenhum inquisidor se preocupa a falha constitucional.
Rajoy sonha com a andaluza Inés Arrimadas, como representante máxima dos catalães.
Entretanto, as virgens internacionais não rasgam vestes, porque afinal Rajoy não se chama Putin, e acima de tudo, porque a crença na virgindade materna é um acto de fé do bom filho.
Li algures que Hitler chegou a dizer que preferia arrancar os dentes do que ter de voltar a negociar com Franco. A persuasão espanhola ainda dura pelos vistos.
ResponderEliminarNão sei porquê mas sempre que penso no Franco e no Rajoy penso no Miguel de Vasconcellos...
Estes galegos que deveriam ter algum tipo de empatia pela causa catalã ainda são os maiores subservientes de Madrid. Será algum recalcamento de inferioridade que os impele a mostrar aos seus "senhores" quão fiéis são?!
Pois... a influência da Galiza não parece pequena!
ResponderEliminarCuriosamente, o avô de Rajoy foi um autonomista galego e foi opositor de Franco:
https://gl.wikipedia.org/wiki/Enrique_Rajoy_Leloup
... a esse avô se deve o Estatuto Autonómico galego de 1936, que deu em nada, até Franco morrer. Mesmo depois, a autonomia galega não ficou conforme era desejada pelo avô de Mariano Rajoy.
Podemos pensar que - fazendo muito mal por um lado, está-se a fazer muito bem pelo lado oposto... mas duvido, e creio que o próprio Rajoy está a limitar os estragos. Porque, a própria população espanhola está contra os catalães, e com outros protagonistas, a coisa já poderia ter dado em maior pancadaria policial.
Os galegos creio que vêem a separação com Portugal na perspectiva de Teresa versus Urraca - eles tinham Urraca, que ficou com os reinos da Galiza, Leão e Castela. Por outro lado, mesmo Fernando III de Espanha, era filho do rei de Leão (e Galiza), quando se deu a consolidação. Parece que o facto da capital ficar em Toledo não os preocupava.
Se repararmos bem, uma boa parte dos portugueses também alinha com a unificação espanhola, e até gozou com o Puigdemont...
Por isso não é de estranhar que os galegos também não gostem muito dos catalães, porque especialmente não gostariam de ver uma Catalunha independente, sendo eles dependentes de Madrid.
Abç
Uhmm, quanto ao Rajoy não vejo bem a coisa assim. Para mim, Rajoy está apenas a usar a força "permitida" pela Europa, tudo o mais seria mal visto e perderia a causa. Já Franco num tempo de ditaduras, usou a força proporcional à sua época. Nem tão pouco acho que toda a Espanha está contra a Catalunha. Os movimentos independentistas fervilham debaixo de uma aparente "união espanhola". Em contraposição aos portugueses pró Madrid penso nos espanhóis pró Lisboa, e a coisa não me afecta tanto. A norte(Galiza) e na raia da extremadura espanhola existe muito aficionada de Portugal. Curiosamente, zonas que pertenciam à antiga Lusitânia... Ainda no tempo da Batalha de Touro quantos alcaides houve que deram voz por D. Afonso V.
ResponderEliminarEnfim vamos ver como a coisa corre.
Cumpts,
JR
Já correu, pelo menos na Alemanha, não correu mal!
EliminarOs meus conhecimentos de espanhóis dão sempre uma simpatia tão grande, que parece que nos queriam bem juntos deles... mas note-se, no final de contas, para melhor e pior, sempre são nuestros hermanitos. E como os irmãos bem sabem, isso tem dias...
Abç