Há um fenómeno muito interessante na redescoberta.
As descobertas não se dão em simultâneo, porque as pessoas são diferentes, e aquilo que apreendem de uma informação não é o mesmo, e é até diferente em tempos diferentes, porque o próprio já é diferente.
Internet
O aparecimento da internet foi sintomático para vermos o efeito das redescobertas.
O meio científico foi o primeiro a desenvolver a internet, mas esta teria interesse limitado se tivesse ficado por ali, ou pelas empresas de tecnologia. Foi a expansão a outros quadrantes da sociedade que lhe deu maior ânimo.
Uns sectores mantiveram-se mais afastados do que outros. Sempre houve quem considerasse ser coisas doutros, que não era para si, que poderia obter o mesmo doutra forma, etc...
No entanto, a cada vez que um novo sector redescobria a internet, novas coisas eram acrescentadas.
Para quem já conhecia o assunto, era quase uma tortura apanhar com essas redescobertas, até porque muitas vezes eram apresentadas de forma diferente.
Cada um julgava que tinha descoberto a roda, e até os sectores do Estado iam experimentando as novidades, julgando que tinham descoberto a panaceia... torturando os pacientes com burocracias.
No entanto, no meio do processo, acabaram mesmo por surgir novidades, por fenómeno social.
Assim, quem tinha visto a internet no início, e se colocasse nesse âmbito, passava ao lado do crescente fenómeno popular das redes sociais. Simplesmente não lhes dava importância.
Quem julga que já sabe, pura e simplesmente ignora o resto.
Lembro perfeitamente um amigo achar que a mulher era "maluca" porque lhe disse para procurar uma coisa na internet sem lhe dar o endereço exacto.
Ora, antes do Altavista, Google, etc... não havia motores de procura.
Nessa altura só se seguia a informação por cliques... ou sabendo o endereço exacto.
Sim, foi há muito tempo, na pré-história, isto é, há quase vinte anos!
Quando lhe disse que ela tinha razão, ele ficou muito atrapalhado, porque usava a internet habitualmente... mas seguia a velha receita, que funcionava, mas era limitada.
Por outro lado, quem se habituou ao Google, poderia questionar para que servia o endereço em cima, e já raramente sabe o que é um URL e que esse URL era associado a uma sequência de números, o IP.
Por exemplo, www.google.com ou 173.194.34.5 leva à página principal da Google (ver outros).
História de nomes perdidos
Quando se redescobrem coisas, é habitual cada comunidade colocar o seu nome, ignorando outros já existentes. Assim, apareceram expressões que caíram em desuso, mas tiveram o seu tempo... uma delas o "portal", outra "autoestrada da informação", etc.
Este tipo de informação - nomes alternativos - tende a perder-se com o tempo, e a prestar-se à confusão. A certa altura não se sabe se é referida a mesma coisa ou não.
Isso foi particularmente notório na época dos descobrimentos.
Como já percebemos, houve múltiplos redescobrimentos, porque as coisas eram ocultadas. Ficava um nome de uma ilha, que depois já não se sabia a que ilha correspondia. Podem ter havido dezenas de nomes diferentes para a Austrália... tantas vezes foi redescoberta entre os Séc. XVI e XVIII. Nova Holanda, Nuca Antara, Austrália do Espírito Santo, Java Maior, Terra Magalhanica, Taprobana, Nova Guiné... são alguns exemplos conhecidos e outros candidatos que junto.
Da mesma forma, a América foi entendida como sendo a Atlântida no Séc. XV, e isso ainda se manteve presente nos séculos seguintes, até se propagandear de novo que seria ilha diferente.
Outros nomes que me parece terem sido usados para América foram Etiópia e Guiné.
Etiópia quando se pretendeu, como Colombo, ignorar a América... assim o Brasil apareceria em latitudes etíopes.
Guiné quando se percebeu que isso não era assim... depois, por via do Tratado de Tordesilhas, os domínios americanos correspondentes a essa Guiné oculta reclamada por D. João II, saíram da parte portuguesa, e a Guiné portuguesa ficou apenas em África. Quando se volta a usar o termo Nova Guiné, é para a outra grande extensão que ficaria oculta e que deverá ter incluído a parte australiana.
Claro, perante o significado directo actual de uma paragem ao seu nome, parece algo ridículo pensar que o Golfo da Guiné pudesse ser o Golfo do México... Por isso, quando se lêem textos antigos é melhor não fazer a associação ao que ficou depois. É preciso questionar por que razão a viagem de Colombo à América colocava em causa os "domínios da Guiné" de D. João II... se essa Guiné estivesse em África.
Por isso as palavras, apesar de iguais, nem sempre eram referidas com o sentido que lhes damos hoje, e se isso já é complicado dentro da mesma língua, mais complicado é nas traduções de línguas perdidas.
Há uma grande quantidade de ilhas referidas nos documentos dos Séc. XVI e seguintes, de que se perdeu a correspondência, e pensar que o nome igual é suficiente é hipótese ligeira. Houve muitos nomes iguais em paragens distintas. Houve várias ilhas de Santiago, de São Vicente, do Maio, etc...
No meio deste processo, há quem remeta estas considerações para teorias "malucas", e outros que sabendo mais, ficam apenas a pensar - olha mais um que julga que descobriu a roda! O problema é que seguindo por caminhos diferentes, o resultado pode ser parecido, mas nem sempre é o mesmo.
Quem descobre tende a dar pouco valor de novidade à redescoberta, prefere ficar preso ao que sabe, e vai tentando desvalorizar o que não sabia.
Filosofia
Filosofia é aquela disciplina que aparece no ensino secundário e para a maior parte das pessoas serviu para saber que Platão e Sócrates foram gregos importantes.
As coisas são como são, e quando as repostas são dadas antes das perguntas, a sensibilidade é outra.
A filosofia só faz sentido depois de surgirem naturalmente as perguntas.
Podemos ensinar uma criança a decorar o nome de milhares de símbolos chineses, mas apesar de estar familiarizada com esses símbolos, isso não significa que entenda sequer uma palavra de chinês.
Nos dias que correm, por via da tecnologia, do cinema, da realidade virtual, etc. é mais natural que as antigas perguntas surjam como coisas novas, a quem nunca as percebeu antes.
Vamos entrar num processo de redescoberta da roda... mas devemos ter em atenção se são apenas redescobertas, ou se pode surgir algo novo entretanto, por razão do caminho ter sido diferente.
Um filme muito interessante que apareceu em 2009 é Surrogates
How do you save humanity, when the only thing that's real is you?
Por acaso também vi publicidade a um livro que se vende:
... e antes de pensar que é mais uma treta de auto-ajuda, fui lá ver o âmbito do bicharoco.
Ora, o que se passa é que numa sociedade educada cientifica e tecnologicamente, os cientistas começam tarde a perceber os problemas que a filosofia abordava há milhares de anos.
Porém, vêm como uma visão diferente, não chegam à filosofia pela leitura dos filósofos... chegam à filosofia pelos paradigmas científicos. A alegoria da caverna de Plarão só é entendida quando pode ser simulada num laboratório qualquer... enfim!
Quem escreveu o livro não viu o filme, ou não percebeu uma grande parte dos filmes de ficção científica, não interessa.
O que interessa é que a realidade virtual que para um filósofo antigo poderia ser observada num simples sonho ou alienação, para a maioria das pessoas educadas cientificamente só aparece mesmo quando há máquinas capazes de fazer o quê? - De simular sonhos ou alienações...
Mas o contexto é diferente... é diferente, porque o sonho é suposto não ter ligação com a realidade, enquanto que os desenvolvimentos científicos vão permitir ligar as simulações à realidade.
Esse é o contexto do filme Surrogates.
As pessoas deixam de interagir na realidade.
Passam a controlar robots, androides, e é através desses androides que vivem a nova realidade.
Muito semelhante ao que se pode passar na internet, onde podemos não saber com quem falamos, onde muitos serem apenas um, ou vice-versa, mas passando de um mundo virtual ao real.
Desejo... esse desconhecido
A interacção com as novas tecnologias parece permitir grandes novidades, mas a maioria dessas novidades são uma questão de simples relação entre fé e desejo.
O que vemos nesses desenvolvimentos científicos é a vontade se ser mais do que se é, como se o segredo de maior felicidade fosse um ajustar da realidade aos nossos desejos.
Os nossos desejos foram evoluindo por uma multiplicidade de factores, e há alguns que fazem sentido, e outros que não fazem sentido nenhum.
Entre os desejos que fazem sentido é uma vontade de melhorar a saúde, o conforto, ou contactar com entes queridos que desapareceram.
Entre os desejos que não fazem sentido é a vontade de ganhar protagonismo face aos restantes, de obter imediatamente o que se quer, etc... São desejos infantis, próprios de uma herança animal.
São desejos possíveis, mas as pessoas não vêm até onde eles podem ir.
O desejo de protagonismo face aos outros implica uma menorização dos outros, e isso leva a uma contradição. Primeiro porque se todos têm o mesmo desejo, ele não pode ser concretizado na mesma realidade. Segundo, porque isso criaria realidades diferentes, onde cada um estaria afinal isolado. Terceiro, porque nessa realidade isolada onde era o "maior do bairro", era apenas um deus dos bichos - os outros não podiam ser iguais a si, porque ele tinha que ser superior.
Obter imediatamente, ou a muito curto prazo, o que se quer, leva também a uma previsibilidade.
A pessoa passaria a saber que os seus desejos seriam atendidos.
Se evitar o que se não quer, ou tolera, me parece algo desejável, no acordo com os outros, já ser realizado o que se quer implicaria uma previsibilidade. Alguma previsibilidade é necessária, mas um excesso de previsibilidade mataria-nos o interesse por novas coisas.
Implantes robotizados e outras tretas
Assim, a ciência caminha para a descoberta árdua da filosofia.
Haverá uns tantos idiotas que vão arranjar cobaias para acrescentos cerebrais, desde chips para aumento de memória, com interacção com máquinas, etc...
Podemos ter um indivíduo ao nosso lado que joga xadrez como o Deep Blue, que faz um milhão de contas num segundo, que tem todos os livros do mundo na cabeça, algo por exemplo, como é sugerido no filme Transcendence (que ainda não vi):
Transcendence - trailer 2014
Porém, a ideia de que isto se trata de "transcendência" é o mesmo do que pensar que um adulto transcende uma criança. Podemos ter mais faculdades, mas se os conceitos são os mesmos, nada de diferente foi alcançado. Certamente que não é tendo mais memória ou mais capacidade de cálculo que se atinge algo de novo.
Atinge-se o mesmo, apenas em quantidade superior.
Depois, o óbvio.
Se jogamos xadrez melhor que o Deep Blue, qual o interesse de jogar com um humano?
Pior, como a capacidade das máquinas irá em breve permitir determinar qualquer jogo de xadrez, qual o interesse do jogo? Nenhum! Perde interesse, simplesmente.
Aumenta-se a complexidade do xadrez? Mais peças, maior tabuleiro? Para quê? Não era um simples jogo? Fica mais interessante depois? Não! Apenas aumenta a complexidade.
O que interessa é que o número de parceiros diminui...
Quem joga xadrez percebe a beleza de algumas jogadas, mesmo a um nível médio. Onde está essa beleza, colocada nuns quadradinhos idiotas com poucas peças? Essa beleza está na nossa cabeça, no facto de podermos desfrutar com o nosso conhecimento - ser surpreendidos e surpreender.
Quando a surpresa desaparecer, desaparece a beleza.
Quando o conhecimento aniquilar o desconhecimento desaparece o propósito de vida.
Não somos definidos pelo que temos. Somos definidos pelo que nos falta. É isso que nos move.
À noção de Deus nada falta, e assim nada o moveria.
Um Deus estático é o Universo intemporal, como Espinosa notou.
Quem não sabe o que lhe falta, move-se como uma barata tonta, perdida em múltiplas direcções.
Pode acrescentar o lixo todo que quiser ao seu conhecimento, mas só aumenta o seu lastro.
Só precisamos do conhecimento necessário para ser surpreendidos com novo desconhecimento.
Quanto mais depressa se procurar o conhecimento completo, com menos nos surpreenderemos.
Se me falta alguma coisa, é mais que os outros percebam isto... mas isso, como é óbvio, pouco depende de mim.
Atinge-se o mesmo, apenas em quantidade superior.
Depois, o óbvio.
Se jogamos xadrez melhor que o Deep Blue, qual o interesse de jogar com um humano?
Pior, como a capacidade das máquinas irá em breve permitir determinar qualquer jogo de xadrez, qual o interesse do jogo? Nenhum! Perde interesse, simplesmente.
Aumenta-se a complexidade do xadrez? Mais peças, maior tabuleiro? Para quê? Não era um simples jogo? Fica mais interessante depois? Não! Apenas aumenta a complexidade.
O que interessa é que o número de parceiros diminui...
Quem joga xadrez percebe a beleza de algumas jogadas, mesmo a um nível médio. Onde está essa beleza, colocada nuns quadradinhos idiotas com poucas peças? Essa beleza está na nossa cabeça, no facto de podermos desfrutar com o nosso conhecimento - ser surpreendidos e surpreender.
Quando a surpresa desaparecer, desaparece a beleza.
Quando o conhecimento aniquilar o desconhecimento desaparece o propósito de vida.
Não somos definidos pelo que temos. Somos definidos pelo que nos falta. É isso que nos move.
À noção de Deus nada falta, e assim nada o moveria.
Um Deus estático é o Universo intemporal, como Espinosa notou.
Quem não sabe o que lhe falta, move-se como uma barata tonta, perdida em múltiplas direcções.
Pode acrescentar o lixo todo que quiser ao seu conhecimento, mas só aumenta o seu lastro.
Só precisamos do conhecimento necessário para ser surpreendidos com novo desconhecimento.
Quanto mais depressa se procurar o conhecimento completo, com menos nos surpreenderemos.
Se me falta alguma coisa, é mais que os outros percebam isto... mas isso, como é óbvio, pouco depende de mim.
Muito interessante.... Contudo, creio que estamos a viver uma época deveras impressionante (talvez sem paralelo com outras anteriores), onde somos bombardeados sistematicamente por informação que se crê ser conhecimento... Hoje em dia temos acesso imediato (qualquer um tem - é a democratização da informação/conhecimento) a uma quantidade infindável de informação... Agora será que mais acesso significa necessariamente aquisição de mais conhecimento?! Ou será, como bem diz, acesso (ou mera ilusão) a mais desejos?! No mundo virtual eu posso ser o que bem me apetecer... posso assumir várias identidades e assim conseguir concretizar os meus mais profundos desejos.. o que de mal dai pode vir?... Talvez a dependência.. como qualquer outra droga, fico dependente do mundo virtual... sem ele, não consigo viver, ao ponto de não conseguir distinguir o mundo "real" do mundo "virtual"... Mas qual o mal em conseguir concretizar todos os meus desejos?! Será possível conseguir tal? Duvido... e terei mesmo o absoluto controlo nesse mundo virtual?
ResponderEliminarOutra coisa que percebi é que este mundo (virtual) é proeminentemente visual - é a imagem que domina o mundo ON-LINE... o som apenas acompanha... há uma OVER-DOSE de estímulos visuais que entram directamente pelos nossos olhos e atingem em grande velocidade os nossos cérebros... os universos paralelos estão à distância de um clique! E com um simples clique SOU aquilo que desejar ser ou ter... demasiado previsível quando todos desejamos o mesmo... quero ser ÙNICO e não apenas mais um... pode ser até infantil, mas nesse caso, lá no fundo, isso quer dizer que afinal somos todos "crianças"... Ser adulto, não tem piada...
Amélia, ainda bem que coloca uma boa quantidade de questões interessantes.
EliminarOs desejos só existem enquanto faltas.
Uma vez alcançados, o que falta?
Será que não faltaria nada?
Pois bem, isso é que parece estranho, mas falta a "falta", faltaria o desejo.
Por isso, para continuar o desejo, precisa de continuar a ter faltas.
Percebe a contradição onde estamos?
Quer encher o copo, mas é o vazio que justifica esse encher. Mas quando o enche, perceberá que lhe falta o vazio no copo.
Isso parece um drama, de eterna incompletude, como um cão a perseguir a sua cauda.
No entanto, o grande problema é a ideia de morte e consequente a impaciência de ter os desejos rapidamente satisfeitos. Mas, se abdicar desse medo de incompletude, se pensar que tem todo o tempo do mundo, e que os limites são só limitados pela lógica, verá que ganha uma grande dose de paciência. Agora somos assim, aproveitemos ser assim.
Há aspectos negativos, mas também haverá positivos. Se não virmos poucos ou nenhuns positivos, aí é que estamos mal... e ou mudamos nós, ou mudamos de mundo.
Se acharmos que nada há para mudar em nós, mudamos para que mundo?
Se a situação for assim tão má, qualquer um serve... e cada pessoa que toma a decisão de abandonar este mundo é um ponto a desfavor dele.
Dou um exemplo. Suponhamos que há vários mundos virtuais. Por exemplo, fui uma vez ao Second Life, só para ver o que era aquilo. Era horrível. Quem acha que vivemos num mundo mau, era experimentar ir lá sem saber nada. Depois, é claro, o que funciona lá é o que funciona cá... pouco mais que cópia, para pior, a menos que seja iludido com a capacidade de voar e fazer construções quase como mágica, e não se importar de estar num regime ditatorial.
Bom, mas o que interessa é que os mundos virtuais dependem do interesse em atrair pessoas, espíritos, para lá.
A pessoa pode ser ditador, ter muitos subditos, escravos, etc... mas quem é que quer ser escravo ou subdito dum ditador? Por isso, ao fim de algum tempo o pessoal farta-se.
É tipo o esquema da pirâmide, todos são aliciados a pensar que vão ganhar, mas alguém vai ter que perder para que os outros ganhem. Creio que o Second Life definhou para a falência, mas ainda se aguenta... quando as coisas adquirem alguma dimensão demoram mais tempo a desaparecer.
A maioria das pessoas vai à procura do quê? De processos robotizados, ou de outras pessoas? Essa crença torna tudo diferente. Pode dar escravos e subditos robotizados a cada um dos participantes, mas e se os jogadores descobrem e percebem que estão sozinhos, falando com discursos maquinizados? Vão ficar? Não.
Porquê?
Poderiam ficar ali na ilusão de que eram os imperadores do vazio, mas se do outro lado não tiverem um semelhante, aborrecem-se. Tal como se aborreceriam logo num jogo com uma máquina.
O que se conclui? Conclui-se que as pessoas querem interagir com outros semelhantes.
Querem que esses semelhantes os acarinhem, mas também querem ser surpreendidos.
Caso contrário, não havendo surpresa, não há ninguém do outro lado.
Querem ser os únicos, sim. Mas querem que alguém "real" lhes diga que são únicos.
Quando perceberem isso, estão aptos a amar o próximo.
Não só pelas semelhanças consigo, mas justamente pela diferença que lhe traz.
Boas.... "Querem ser os únicos, sim. Mas querem que alguém "real" lhes diga que são únicos."... Até pode ter razão, mas olhe que com muito empenho e dedicação alguns homens japoneses não têm dificuldades (pois assim parece) em prescindir do contacto com seres humanos reais... já viu aquele documentário em que aborda a questão de homens adultos preferirem a companhia de bonecas insufláveis (muito bem feitas por sinal)?... esses pelos vistos não querem ser surpreendidos e nem se aborrecem muito com isso... Enfim... há de tudo!
EliminarOk, mas há vários problemas aí.
Eliminar1) Se uma sociedade valoriza o comportamento mecânico, está a querer criar robots.
2) Mesmo assim, haverá sempre uma réstea não robotizável num humano.
3) Porque se alguém fica completo com bonecos, máquinas, então o reflexo completo de um boneco é um boneco, e de uma máquina é uma máquina.
Convém não esquecer que há circunstâncias em que nenhum espírito mora já num corpo. Restam só as funções mecânicas... e isto pode ocorrer não só quando aparenta acontecer.
4) Algo completamente diferente é a função animal.
Actualmente comemos já comida sintética. Satisfazemos essa necessidade animal com produtos artificiais... ninguém censura. O sexo, enquanto necessidade animal pode ter tratamento similar. Imagino que esses homens não amem as bonecas... isso aí já seria um distúrbio mental face à realidade. Parece-me ser só uma forma moderna de masturbação.
A questão principal é que esta sociedade afasta as pessoas, e torna complicado o assumir de certas funções naturais, por puritanismos bacocos. Nem é boa ideia a libertinagem total, porque mata o desejo, nem é boa ideia este puritanismo falso, porque o acende sem o consumir.
A sociedade está a ficar muito efemeninada, o que normalmente significa menos violência física e mais violência psicológica.
Hoje temos que tolerar as bizarrias dos sujeitos amaricados e todos criticam comportamentos mais burgessos, típicos dos homens rudes antigos.
Ainda há poucos dias vi um filme do mundial de 1978 em que o guarda-redes cuspia para as mãos. Parecia nojento... e depois pensei:
- Ora, eu lembro-me que quando se jogava a guarda-redes todos os putos faziam isso!
As mulheres alinharam com o lobby gay, para se verem livres dos homens...
Eh eh eh.
Hummmm... Será saudável "manipular" tanto instinto animal? Esta coisa de querer fazer os outros à nossa imagem já é antiga... Não houve época onde o "desejo" (animal ou racional) de querer impor hábitos, costumes e comportamentos nos outros não fosse regra ou lei corrente... No entanto, creio que actualmente estamos a ultrapassar algumas fronteiras... Isto da manipulação (de caracter mais científico, onde se destaca o ramo da genética – que parece ser uma espécie de portal mágico que promete a entrada ao tão desejado paraíso terrestre) já está a interferir na nossa própria identidade sexual como nunca antes foi possível... Mas a ver até onde nos vai levar esta constante (re)pressão!
ResponderEliminarE quanto a um certo alinhamento das mulheres, como dizia o outro, olhe que não, olhe que não!!! ;-) Caso contrário, como é que explicaria o sucesso tremendo de um livro como as “50 sombras de Grey”? Ainda não li, nem faço intenção… Mas dá para perceber que as coisas não são sempre como pretendem fazer crer…
O que realmente me assusta no meio de toda esta saga e busca pelo Novo Homem e por uma Nova Sociedade (qual terra prometida) é constatar, através da estatística (exemplo do Banco Mundial) que existem actualmente países onde a % de mulheres na população não chega sequer aos 40%. E mesmo nos países ditos ocidentais a % de mulheres na população está a decrescer… deve ser isso que talvez explique esta feminização da sociedade… pois tem que se compensar o menor nº de mulheres... Enfim… é ver até onde isto vai dar!
Seja como for, eu ainda tenho esperança que a natureza, de tanto ser reprimida, acabará sempre por vir ao de cima... tal como o azeite! ;-)
Re: “Hummmm... Será saudável "manipular" tanto instinto animal?”
ResponderEliminarAo ler este *saudável hummmm” tive um instinto racional a contrapor a esse animal que questiona, o meu me diz de lhe dizer que se estamos aqui a discutir é graças a termos conseguido manipular o instinto animal, se seguirmos a tendência actual de viver numa sociedade de prazer assexuada, pois é-se homófobo se se quiser ser somente homem ou mulher, seguindo a receita de não manipular os instintos animais voltamos certamente a isso mesmo, animais pouco racionais geridos pelos tais básicos instintos.
Muitas sociedades matriarcais se extinguiram, pois as mulheres não têm a visão espaço-geométrica dos homens, são incapazes de verem mais longe do que à volta do espaço limítrofe ao seu corpo, se não acreditar nas pesquisas ao cérebro é de ver uma mulher a pilotar um F16 e aí compreende.
É fácil de adivinhar o que será a sociedade matriarcal do futuro próximo, e como se extinguirá.
Hummmm... tenha cara Amélia Saavedra muitos e bons instintos na sua existência, que lhe desejo longa.
José Manuel
Caro José, grata pela achega racional ;-)... mas uma coisa é saber gerir e tirar partido dos n/instintos animais (que por mais que tentemos anular, farão sempre parte de nós, ou não fossemos também animais, mesmo que racionais, não é assim?) outra é tentar manipulá-los com o prepósito concreto de assim criar e desenvolver uma nova sociedade, qual paraíso terrestre ou terra prometida feito à imagem de uma certa elite! Percebe onde quero chegar?!
ResponderEliminarE quanto aos meus bons instintos... espero contar com eles para conseguir sobreviver nesta selva (i)racional! ;-)
Não subestime os seus instintos caro José ;-)
Re: Não subestime os seus instintos caro José ;-)
EliminarNão subestimo os instintos pois fez parte do meu estudo sobre o budismo que pratiquei em casa, e sei donde vem as emoções e os instintos, do SNE, se quiser pode ver por cerca de 3€ na Arte TV:
Le ventre, notre deuxième cerveau
http://boutique.arte.tv/f9476-ventre_notre_deuxieme_cerveau
ou ir ler o meu post sobre um tema que poucas pessoas querem ver;
O terceiro cérebro
http://portugalliae.blogspot.ch/2011/02/o-terceiro-cerebro.html
terceiro se considerar que o SNC tem dois, mas o abdominal SNE escondido é o mais complexo de todos, o ente misterioso escondido de cada humano.
Quem compreender isto pode melhor viver a sua existência, e quiçá relembrar momentos.
Bons relembra momentos, cumprimentos, José Manuel CH-GE
Muito interessante caro José... obrigada pelos links.
EliminarRe: “ para conseguir sobreviver nesta selva (i)racional! ;-) “
ResponderEliminarA sociedade do futuro?
http://portugalliae.blogspot.ch/2010/12/sociedade-do-futuro.html?q=um+mundo
Cumprimentos
José Manuel
Esse postal é imperdível.
EliminarLi o comentário que fiz na altura, e deixe dizer-lhe as diferenças face ao mais que posso dizer hoje.
Por que razão houve interesse na informação à população?
Sobre os progressos tecnológicos, não há dúvida - beneficiavam essa elite.
Mas que interesse havia em divulgar o livro de Huxley, o 1984, o Blade Runner, etc?
Interessava saber as reacções, para se precaverem. Interessava saber as objecções a essa filosofia de vida.
Argumentei na altura pela questão reflexiva... mas como é óbvio, quem se senta num pedestal, está mais interessado em que não o tirem de lá, do que em colocar-se na posição de quem não está.
Acha-se agraciado pelo Acaso divinal.
Recorre à ciência, porque acha que poderá controlar o Acaso. Foi ali colocado pelo Acaso, e não quer que o Acaso continue a ter controlo sobre o seu destino. A ciência pode até tentar retardar o processo, mas o Acaso que dá é o Acaso que tira.
Aquilo que não terão percebido é que esse Acaso tem um propósito de equilíbrio, e não é nenhum dado que possam viciar no casino. Aliás, por uma questão de equilíbrio, as sortes que jogaram favoravelmente serão as mesmas que vão jogar contra. O vício de um lado, será compensado com um vício do outro... todo o jogo válido é de soma zero.
Por isso, quanto mais se viciar o jogo, mais vítima se será desse vício.
Há aqui também o vício de julgar que uma elite se entretém com humanos robotizados.
Não é assim. A elite precisa de ter quem a desafie, senão fica num enfado moribundo.
Eles vêm o nosso corpo, nós podemos ver a sua alma. Transparente como a água.
Não é preciso falar com ninguém, para saber o que podem pensar, e esse é o ponto que me passou a preocupar. Se já não me surpreender intelectualmente com esta gente, isto fica um enfado. Bom, felizmente que posso-me surpreender com a beleza da estrutura superior que pariu esta gentalha, e é essa que me tem interessado.
Quando falo em gentalha, não é para todos, há certamente uma parte da elite que pensa menos mal, e não tem intenções perversas... simplesmente não sabe bem o que fazer, ou acha que faz o melhor possível. Certamente que faz, porque poderia ser sempre pior do que é, tal como poderia ser melhor do que é... mas não pode ser diferente do que é, porque a ideia de melhor/pior é limitada ao que sabemos, e não sabemos tudo.
Dito isto, meu caro José Manuel, se a elite se quiser enfiar no Mundo Novo de Huxley, pode vir a descobrir que controla muitos corpos humanos, mas nenhum espírito... porque um espírito robotizado não é humano, é uma máquina; um espírito estupidificado não é humano, é animal. E assim, se satisfizer com isso, descobrem por reflexão a sua essência - são máquinas ou animais. Nesse mundo já não habita nenhum espírito humano... paz à sua alma, que foi para paragens mais interessantes.
Abraços.