sábado, 3 de julho de 2010

Cambra

Uma das zonas que parece preservar alguma beleza natural da primitiva flora lusitana é o Vale do Rio Cambra.
O nome foi mudado, no Séc. XIX passou-se a chamar Rio Caima, mas algumas das povoações ligadas ao mítico rio mantiveram a sua ligação ao nome Cambra. 
O Vale de Cambra apresenta ainda a bela cascata da Frecha da Mizarela, notando que Frecha significa Flecha.

Por outro lado, Cambra é um nome associado à região de Câmbria (Umbria) na Inglaterra, mas também de forma mais estranha, ao Rio Gâmbia, por derivação da designação primitiva - Gambra.

Mizarela, é uma estranha designação que "vai aparecendo":
1. Cascata da Frecha de Mizarela (Rio Caima, Vale de Cambra)
2. Ponte da Mizarela (Rio Rabagão, Gerês) 
3. Ponte da Mizarela (Rio Mondego, próximo da Guarda) 

Temos ainda uma curiosa descrição em 1862:


Fonte alta — Ao meio dia da cidade da Guarda e a distancia d'uma légua, está a povoação de Porcas, e ao sul d'ella e mui proximo, um pequeno monte ou serrania, que bem se pode dizer ser uma das ramificações das cordilheira da serra da Estrella. Ha n'elle uma singularidade que me não consta existir em nenhum outro monte, ou serrania da Europa, e talvez do mundo conhecido: nascem alli aguas que tomão diversas direcções: umas correm para o sul, vão encor trar-se e confundir-se com as aguas do rio Zezere, perto de Belmonte, e de lá correm para o Tejo; dirigem-se outras para o norte em busca do Mondego, que encontrão proximo á ponte da Mizarela; d'alli correm até á Figueira da Foz; outra emfim, encaminhão-se para o nascente até encontrarem o Côa e todas juntas demandão o rio Douro, a que se unem perto de Villa Nova de Foscôa, d'onde vão até á foz do Porto.

Este monte singular, e sem rival, manda suas aguas para tres dos portos principaes de Portugal, a saber: Lisboa, Figueira da Foz e Porto, ajudando primeiro a fertilizar as margens dos rios a que vão unir-se.

André da Fonseca Corsino. 11 de JANEIRO 1862
  
Com esta indicação vinda de há 150 anos... fomos procurar o tal "monte singular", com a ajuda do Google Maps. Não sinalizámos com certezas o dito monte, mas não faz mal... encontrámos algo mais surpreendente:

Na imagem, as setas vermelhas apontam para formas sinusoidais primitivas, que lembram inscrições tipo nazcas.
Num círculo rosa podemos ver outras formas que podem também ter origem humana, nomeadamente formas circulares e ângulos rectos nalgumas rochas em redor.

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Nota (25.08.2014):
O texto foi editado. O título passou a ser Cambra e não "Cambra... e desenhos no solo"...  já que esta interpretação de "desenhos no solo" é ainda demasiado especulativa.
As imagens foram reunidas numa única, pois os links perdem-se...

1 comentário:

  1. A localização do monte que é fonte de água para 3 diferentes bacias geográficas, é feita por um padrão aí colocado, conforme se pode ver directamente aqui.
    Curiosamente, numa zona onde aparecem também definidos desenhos sinusoidais, que neste caso poderiam passar por socalcos destinados à agricultura.

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