terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sumo

Sendo a Soma uma bebida na tradição hindú, algo comparável à Ambrosia grega, na sua versão mais superlativa remeteria ao Sumo. 
A palavra sumo passou a designar indistintamente uma bebida, mas também o topo de uma hierarquia.
O caso religioso mais conhecido é o do Sumo Pontífice, fazendo hoje um ano que Bento XVI abdicou dessa função. Há um ano, o tema neste blog acabara de ser outro... o Abraçadabra, e se alguma relação se estabelecia com bebidas, era com o leite de cabra, Almateia, ou com pequenas cabras, que como diminuitivo de capri, passavam a capelas. Já se sabe que o "ch" desviou-se do "c" qual chapelada, e no francês e inglês temos "chapelles" e "chapels".

Já aqui vimos que o prefixo "su" indicara o superlativo, como o monte Sumero se sobreporia ao anterior monte Mero, central na cosmologia budista e antes na hindú.
Também no Xintoísmo o Sumo tornou-se uma palavra importante, ligada a evocações de lutas de deuses transportadas para o círculo terrestre, ou seja o ringue, chamado dohyo, onde há quatro direcções associadas a cores e espíritos (norte-negro-tartaruga, oeste-branco-tigre, sul-pássaro-vermelho, este-dragão-azul). 
Como vemos, dragões azuis e águias vermelhas, não serão novidade... ainda que o pássaro possa ser fénix, e o tigre ser o unicórnio Qilin.

Vem isto a propósito de um texto sobre a bebida "Soma", referida num comentário de Maria da Fonte, e que transcrevemos mais abaixo (xamanismoancestral.com.br).
A ligação ao transcendente tanto se poderia manifestar directamente com os alucinogénios, como a bebida Soma, como doutra forma mais indirecta... através da casualidade no resultado de um jogo. Os lutadores, e espectadores de Sumo, batem palmas, de forma a atrair a atenção dos deuses no combate e assim poderem prescrutar alguma intenção pelo resultado. Quando um lutador menos favorito saísse vitorioso de um combate, era provável que se pudesse inferir daí uma intervenção superior.
Havia assim um convite a que os deuses, ou espíritos, se pudessem manifestar no círculo da realidade terrestre... da única forma possível efectivamente - ou seja, através da interpretação da improbabilidade como não sendo algo casual, sendo sim causal.
Esta é assim uma visão mitológica muito próxima da que era usada também pelos gregos, atribuindo personificações e consciência a acontecimentos que vemos como casuais, e que já referimos nalguns textos anteriores. É completamente distinta da visão alternativa, sugerida por visões... que ora transporta para a profundidade da ligação da consciência ao universo, ora transporta para visões inspiradas, que libertariam um génio criador, de temas com mais ou menos futuro! 
Essa última faceta está muito bem descrita nas linhas que se seguem, e que passamos a citar:


_________________________ Excertos do Texto de Akaiê Sramana

SOMA ou AYAHUASCA?
Desde o período Paleolítico Superior (entre 75.000 a 15.000 anos a.C) que nossos ancestrais já utilizavam certas plantas para fins medicinais e como meio de acesso ao reino dos espíritos, através do feitio das chamadas Bebidas Sagradas. O impacto do seu uso na estruturação da psique e da cultura humana é muito maior do que se pode imaginar. Hoje em dia essas plantas são chamadas enteógenas, que significa: capaz de suscitar a experiência de Deus em si mesmo. Seus compostos psico-ativos produzem um estado de expansão de consciência. Num contexto espiritual apropriado geram experiências de êxtase místico. Nesses estados de consciência é que os santos, os avatares e os profetas lançaram o alicerce para muitas das grandes religiões de massa dos nossos dias.
Dizem que, periodicamente, a força espiritual que assiste e modela este planeta muda de lugar, o que explicaria os súbitos ciclos de decadência e de florescimento de culturas e tradições religiosas. Foi assim que se sucederam os cultos do Soma (uma bebida sagrada que possui efeito similar à Ayahuasca) no período pré-védico, através da Civilização do Vale do Indo ou Dravida (por volta de 7.000 a.C) da Índia antiga, onde o Xamanismo Ancestral já estava em evidência e que através do Soma, passou a fazer uso dessa Bebida Sagrada para conectar-se com o Grande Espírito. Da Índia, por volta de 4.500 a.C, quando o subcontinente indiano passou a sofrer diversas mudanças climáticas causadas em parte pelo movimento de placas tectônicas no decorrer de vários séculos, fazendo com que grande parte dessa civilização migrasse para outras regiões do planeta, levando todo o conhecimento deste povo, foi que a primeira bebida sacramental, o Soma, tomou novos rumos e disparou para o mundo, alimentando assim os Mistérios de Eleusis na Grécia Antiga, as tradições cristãs gnósticas e esotéricas, os yogues da Índia e do Tibet, a Cabala da Espanha Islâmica, os Incas e Astecas até chegar aos povos e culturas remanescentes do Éden original. Situadas na selva sul-americana, foi lá onde o Grande Espírito parece ter semeado grande parte da sua farmacopéia enteógena.
A intensidade da experiência mística desencadeada a partir destas bebidas, usadas desde milênios, tem sido relatada e estudada com cada vez maior frequência. O seu uso desperta na consciência a sensação inefável de fazer parte da Totalidade. Esta não é uma abstração e sim uma verdade que se encontra nas camadas mais profundas do nosso ser. Vista através desse tipo de experiência, a Natureza não é apenas um conjunto de solo, paisagens, flora e fauna e sim a forma visível da Mãe-Terra, o ser biológico espiritual planetário.
A forma pela qual essa compreensão ficou mais preservada chama-se Xamanismo. Ele é, segundo a já clássica definição de Eliade, aquelas técnicas arcaicas do êxtase, a primeira forma sistematizada pelo homem para acessar o desconhecido mundo dos espíritos. É profundamente excitante que este mesmo Xamanismo esteja novamente em destaque em nossos dias. Desde as incursões às selvas sul-americanas de alguns botânicos e etnógrafos do século passado, que a comunidade científica vem demonstrando um crescente interesse pela contribuição que as plantas psico-ativas podem dar, tanto para estabelecer uma cartografia da consciência, quanto para a solução dos grandes enigmas da espécie humana.
Em torno dessa indagação sobre os efeitos dessas plantas no sistema nervoso central e seu papel como fator estruturador da auto-consciência do homem e na criação do próprio pensamento religioso está se criando um campo de estudos comum entre o saber científico e a experiência mística. Se estas técnicas, xamânicas, principalmente as que se servem das Plantas e Bebidas Sagradas, foram responsáveis no passado pelas visões que deram origem às grandes revelações espirituais, certamente ainda hoje, elas nos estarão transmitindo a mesma mensagem. E a nossa consciência é ao mesmo tempo o aparelho receptor e o cenário onde essa mensagem nos é revelada.
SOMA OU AMRITA 
Para o Xamanismo Ancestral o Soma, também conhecido como Amrita (o Elixir da Imortalidade) é a Bebida Sagrada que originou a Ayahuasca. O Soma também era uma bebida sacramental utilizada na Índia antiga, originada no céu, e passou a ser comparada mais tarde como a Ambrósia dos Gregos. Ela é mecionada nos Vedas, as escrituras sagradas da Índia, a qual relata uma série de contos envolvendo sua ingestão por alguns Deuses Hindus. 

O Soma védico era uma bebida ancestral que promovia a imortalidade àqueles que a tomavam. Seu feitio era realizado através da planta medicinal Asclepias acida ou Sarcostoma viminales colhida nas montanhas do Vale do Indo.
Soma também é o nome do Deus da Lua, e assim como a Lua ele possuía, para nossos ancestrais Indianos, um simbolismo ambíguo, representada o bem e o mal, muito mais o mal do que o bem. Astrologicamente, Soma é o regente invisível da Lua, que representa também o símbolo da ilusão, da Deusa Maya. Soma é o Deus misterioso que desperta a natureza mística e oculta da humanidade.
Para os xamãs ancestrais o uso sagrado do Soma fornecia visões místicas e revelações espirituais recebidas através de transes profundos. O Soma era utilizado nas iniciações xamânicas e bramínicas no período pré-védico e védico.
Os iniciados no Soma sentiam seus corpos se fortalecerem, seus corações se encherem de coragem, suas mentes se encherem de lucidez e da certeza da sua imortalidade.
Contos Hindus afirmam que o próprio Deus Indra adoecia às vezes por tê-la bebido. Os simples mortais poderiam até mesmo morrer se bebessem uma dosagem forte. O Soma danificava profundamente o organismo, mas para os iniciados ele gerava uma felicidade tão transcendente que este preço no fundo não era considerado exorbitante.
Nas lendas Hindus, a Lua era o copo onde os deuses bebiam o Amrita, o Elixir da Imortalidade. Os eclipses aconteciam sempre que o monstro Rahu conseguia agarrar a Lua e beber essa bebida mágica. Mas como o Rahu não tinha ventre, a Lua podia escapar sempre e "seguir o seu caminho."
O mesmo Elixir da Imortalidade recebia o nome de Amrita na Pérsia. Algumas vezes era chamado o leite da Deusa Mãe, algumas vezes bebida fermentada, algumas vezes como sangue sagrado. E sempre em associação com a Lua. O orvalho e chuva se tornava seiva vegetal, seiva se tornava o leite da vaca, e o leite então era convertido em sangue: Amrita, água, seiva, leite e sangue representavam estados diferentes de um mesmo elixir. O vaso ou cálice deste fluído imortal é a Lua.
O Soma podia ser bebido também entre os Deuses Hindu, e o Deus que bebia chegava à posição de Indra, o Rei dos Deuses.
Entre os humanos, ele possibilitava o renascimento em forma de Deus, deixando assim sua forma física, pois o Soma fornecia o divino poder de inspiração e desenvolvia no ser humano a faculdade de clarividência.
Para o Xamanismo Ancestral o Soma possibilitava a mesma conexão que a Ayahuasca promove. O efeito era similar, apenas com uma diferença, mantras eram entoadas para intensificar ainda mais seu efeito. 
Por fim, o segredo do Soma védico chega à Grégia antiga, e assemelha-se a Ambrósia ou néctar, a bebida dos Deuses do Olimpo. E passa então a ser utilizado nas iniciações Eleusianas. E para os Gregos aquele que bebia o Soma chegava facilmente à posição de Brahma, o Deus Criador da Trindade Hindu. 
O Soma grego passou a ficar conhecido em toda a Europa, entre as tribos Teutônicas, os Germânicos e os Anglo-Saxões como a Bebida dos Deuses. Porém, para os Hindus a destilação da bebida era empregada da mesma forma como a da Ayahuasca, através das fases da Lua. Para os Gregos da época de Homero o Soma passou a ser extraído do néctar da Ambrósia.
Infelizmente, nessa época, o Soma do admirável Velho Continente passou a não possuir mais os efeitos místico-espirituais promovidos pela Ayahuasca . Em pequenas doses proporcionava apenas uma sensação de felicidade. Doses mais altas geravam visões, e com três doses de Soma se caía, depois de alguns minutos, num sono relaxante. Isto sem qualquer desgaste sério para o organismo ou para a mente. Os habitantes do Velho Continente libertavam-se assim de seu mau humor, conflitos cotidianos ou criatividade reprimida pelo sistema.
O Soma grego passou a ser visto como um direito dos cidadãos. Aprendia-se sobre as dosagens nas sessões de hipnopedia, e para o Estado era uma garantia contra a desadaptação pessoal e a divulgação de idéias subversivas. O Soma passou então a ser o ópio do Velho Continente, possuindo uma visão completamente contrária do Soma védico. "A religião, segundo Karl Marx, é o ópio do povo. No admirável Velho Continente, a situação invertera-se. O Ópio, ou antes o Soma, era a religião do povo." 
O DEUS SHIVA BEBE O VENENO DO MUNDO 
É surpreendente a força da religião na Índia. Qualquer visitante pode verificar que lá, os Deuses estão vivos! Shiva, que significa "O Benéfico", é uma das várias formas divinas que reúne aspectos contraditórios. As numerosas e diferentes formas de Shiva representam a dialética da própria natureza. Suas manifestações são complexas e contraditórias: Shankara é o Pai do Xamanismo Ancestral, Mahakala é o Senhor do Tempo, Mrituñjaya é o Vencedor da Morte, Pashupati é o yogi que medita nas florestas, Senhor das Feras, Sarva é o Arqueiro, Mahadeva é o Grande Deus, o deus da vida e da morte, Nataraja é o Rei dos Dançarinos, Ardhanarishvara é o andrógino, que unifica e transcende as dualidades.
Diferentemente da idéia da cultura judaico-cristã, Shiva é a síntese, a integração das forças da vida e da morte. Seus mitos são símbolos que expressam de maneira poética e alegórica a percepção que o povo Hindu teve e tem das verdades universais, bem como da reconciliação entre a poesia e a religião por um lado, e a ciência, pelo outro.
Dentre essas inúmeras formas, destacam-se duas que são pólos opostos: Nilakantha e Mahakala. Por um lado, Shiva é o preservador da criação, sob a forma de Nilakantha, "Aquele da Garganta Azul". Nessa forma, Shiva absorve em si próprio o veneno do mundo (halahala, ou kalakata). Esse veneno é a antítese do néctar celestial da imortalidade, chamado Amrita.
Para que a imortalidade exista, a morte também deve existir. Apenas Shiva, o grande yogi que está além das dualidaes, pode absorver o veneno da morte e salvar o mundo.
Shiva é ao mesmo tempo, então, o Senhor da Vida e da Morte, do nascimento e da destruição.
Por outro lado, Shiva é igualmente Mahakala, o devorador do tempo, que dissolve o universo (mahapralaya) no final dos ciclos cósmicos (mahakalpas). Nesta forma, ele revela um aspecto de grande profundidade filosófica: o tempo é rítmico. É por isso que Shiva é o senhor da dança, Nataraja. Ele dança o tandava, a dança da dissolução, marcando o ritmo com o damaru, um tambor em forma de ampulheta.
O mito de Nilakantha, conhecido como O Bater do Oceano de Leite (samudra mantham) exemplifica o quanto o Deus Shiva integra em si próprio as forças de criação e dissolução, bem como todas as ambigüidades, dualidades e pares de opostos.
A história é assim: muito, mas muito tempo atrás, deuses e demônios estavam engajados numa luta sem quartel pela supremacia e pela conquista da imortalidade. Nessa guerra, a arma definitiva seria o Amrita, o Elixir da Imortalidade, que jazia no fundo do Oceano das Águas Causais.
No entanto, todo o poder dos deuses, inimaginável para nós, mortais, era insuficiente para extrair o Amrita das profundezas. Ainda mais, quando os demônios estavam concentrados na mesma tarefa, e boicotavam o esforço dos deuses.
Brahma, o Deus Criador, conclamou então um encontro para resolver a questão. Acordou-se que deuses e demônios cooperariam entre si, ao invés de lutar. Vishnu assumiria a forma de Kurma, uma tartaruga gigante. O ciclo do deus Vishnu inclui dez encarnações, das quais a tartaruga é a segunda. Essas encarnações são chamadas Avatara, que significa "Aquele que Desce [para salvar o mundo]". 
Sobre as costas de Kurma, os demais deuses colocariam o monte Mandara, e ele desceria carregando essa montanha até o fundo do Oceano das Águas Causais (Samudra). O deus-serpente Vasuki, enroscado ao redor da montanha, serviria como corda, puxada alternadamente por deuses e demônios, cada grupo ficando numa das beiras do Oceano. Desta maneira, Kurma, girando alucinadamente com os braços e as pernas abertos, trabalhou como uma espécie de liquidificador gigante, que espalhou as águas do Oceano em todas as direções, fazendo com que os tesouros submersos nele desde o início dos tempos, viessem à superfície. A tarefa estava dando muito certo, até a aparição do Veneno.
A maneira em que o Veneno Mortal surgiu é aberta a interpretações. Por um lado, algumas versões do mito de Nilakantha afirmam que ele jorrou das profundezas do mar quando deuses e demônios começaram a bater as águas. Por outro, algumas versões sustentam que ele foi segregado por um imenso peixe que morava nas profundezas do Oceano, e que foi incomodado por Kurma quando este começou a bater as águas.
A aparição do veneno kalakata marca o fim da Primeira Era das quatro do presente ciclo cósmico. Essa Era Cósmica chama-se Satya Yuga em Sânskrito, que significa Era da Verdade, ou Era do Dharma.
Shiva estava meditando no alto do Himalaya. Deuses e demônios foram lhe rogar para serem salvos daqueles vapores letais. Ele aquiesceu, e bebeu o veneno, ficando com a garganta colorida de azul. É por isso que ele é chamado Nikalantha, o da Garganta Azul. O nome Garganta Azul aponta para o fato de que não existe nenhum conflito entre o coração e a mente de Shiva. Mente e coração estão em sintonia, alinhados e, entre eles, só existe espaço vazio, representado pela cor azul. Nikalantha é aquele que vê todo o mundo em si mesmo, e a si próprio em todo o mundo.
O desapego de Shiva perante a vida e a morte é absolutamente aterrador. Ao beber o veneno kalakata, ele salva o Universo. Ao absorver em seu próprio organismo o veneno do mundo, ele redime a Humanidade.
Desta maneira, deuses e demônios puderam retomar a tarefa de desenterrar não apenas o Elixir da Imortalidade, mas igualmente a Deusa Lakshmi, que surge das águas numa cena idéntica à do nascimento de Afrodite na mitologia grega, e que acaba casando com Vishnu, bem como alguns valiosos tesouros, dentre os quais destaca-se o kausthubha, uma jóia que o Deus carrega até hoje no peito.
Uma vez resgatados esses tesouros, os deuses deram uma rasteira nos demônios para ficarem com o Elixir da Imortalidade, o Amrita. 

3 comentários:

  1. Caro Alvor

    Desculpe o cepticismo!
    Mas se os mortais só ascendem ao "Reino dos Espíritos", mediante a ingestão de drogas alucinogéneas, talvez seja melhor, descerem à Terra, e reformularem todos os conceitos.

    Nenhum é válido, por mais elaborados que sejam os pressupostos "Filosóficos", já que resultam de uma percepção distorcida da realidade, induzida por drogas.
    E a reformulação deve começar pelo próprio conceito de "Deuses", já que, com a descoberta de muitos factos ocultados, do Passado dito Pré-Histórico, o Olimpo e seus congéneres, Indús ou outros, já se desmoronaram há muito!

    Lamento se me falta sensibilidade para apreciar devidamente a patética "ascenção Woodstockiana", de uma multidão de drogados, ao chamado patamar "espiritual", ou "superior" do Universo... mas ando com pouco sentido de humor.

    Maria da Fonte

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    1. Cara Maria da Fonte,
      a questão de sempre é a distinção entre corpo e alma.
      Tenho por certeza que qualquer inteligência só pode emergir após a constituição de uma plataforma não inteligente. O primeiro ser vivo resultou de matéria não viva, o primeiro cérebro emergiu de estruturas acéfalas, a primeira inteligência saiu de um ventre não-inteligente.
      Não há como negar isto. Não pode fazer um muro de tijolos sem antes ter os tijolos.

      Isto significa que tenho (praticamente) a certeza que todas as realidades se processaram no "plano corporal", e aquilo que vemos agora é já no "plano espiritual".
      O espiritual é o que resta invariante de toda a mudança.
      Conta vinte pedras... cada pedra pode desaparecer, o número vinte não!
      O que se mantém invariante de tudo o vemos? O eu.
      Cada eu é um olho gerado internamente pelo universo para se ver a si próprio.

      O que o universo mostra ultrapassa a decisão do que o próprio quer ver.
      O próprio não tem nenhuma potência para decidir, tem essa ilusão e uma compreensão para ela, nada mais.

      Para atalhar caminho, os psicotrópicos fizeram ligações entre universos separados... Ou seja, pelo caminho A mantinha a ideia A, por outro caminho B obtinha B. Ainda que seguisse o caminho A, por que razão perder a ideia B?
      Começam assim a aparecer as visões, as ideias de génio.
      Um clique ou um psicotrópico pode mostrar B, sem ir pelo caminho B.
      Só que os cliques têm que ser mais naturais do que os psicotrópicos, porque há uma lógica que se estabelece.
      Essa lógica é a lógica de sustentação - é a de não aceitar presentes gregos, sob pena de aceitando o "cavalo" (palavra apropriada), trazer também um perigo para dentro das muralhas do seu universo... o perigo que fez colapsar o outro.

      Ou seja, por exemplo, no período medieval, creio que houve uma tentativa de "purificação", evitando o aparecimento de ideias "perigosas", para conter a ameaça de alienação. Isso levou o medo ao ponto da estagnação.

      Se a ideia for natural, é indiferente o processo que a gerou, mas é óbvio que parecem "presentes gregos" ideias que surgem do nada! Se o processo de geração for justificado, e compreendermos o nexo da origem, aí não há propriamente nada que não possa ser justificado dentro deste universo.
      O processo de geração de ideias, isso é algo que nos escapa, devemos vê-lo como algo meio caótico... sob pena de nos fecharmos à imprevisibilidade.
      Essa imprevisibilidade é precisa, para sanidade mental. Por isso, desde que não larguemos os pés da Terra, não há perigo de que a cabeça passeie pela Lua.
      Seria um erro negar a luz da Lua, tal como seria pretender que essa alguma vez substituiria a luz do Sol.

      Abraço,
      da Maia

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  2. Ver ao minuto 7 ... como havia tecnologia e Deuses.

    http://www.youtube.com/watch?v=CGCswr6qwC0

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