quarta-feira, 3 de julho de 2013

Bear the Bill

"Bear the Bill" aparece aqui no sentido "aguenta a conta".
"Bill the Bear" podia significar "cobra ao urso", em que cobra serpenteia por vários significados, poderia ser um urso de nome Bill, ou simplesmente para invocar um som semelhante a Bilderberg.

Raramente dou destaque de importância aos personagens das estorietas actuais. Confundem-se e parecem-se demasiado com pessoas, para serem apenas tratados como personagens. 
Acho que nunca aqui falei dos chamados encontros do Bilderberg Group, nem de outras coisas parecidas. 
Parece que também se chama Bilderberg Conference, mas afinal há também o 

Build-a-bear Workshop, e ao estilo farmville há até uma cidade Bearville:

Depois, as crianças brincam, fazem cidades, controlam populações, habitantes, etc... mas não há que ter problemas de consciência, porque tratam-se apenas de ursos, ainda por cima virtuais. 
Ou será que não? 
Será que as crianças que no jogo controlam aquelas populações mudariam de atitude sabendo que se tratavam de pessoas? O que prevaleceria - a vontade de vencer o jogo, ou o sentido moral? 
Haverá sentido moral, quando as crianças apenas já vêem ursos virtuais, que se comportam como previsto nas regras, e quando foram educadas para ganhar jogos?

Grande parte da nossa atenção é dirigida a outras pessoas, directa ou indirectamente. Distinguimos naturalmente a atenção consoante a importância que essa pessoa tem para nós. O processo de definir a importância é curioso. No trabalho as pessoas são muitas vezes colegas ou clientes/fornecedores, que não são o foco da nossa atenção, a importância é focada em amigos e família. Desde cedo formamos esse conceito de "clube", e consoante a disposição do próprio admitimos, com maior ou menor facilidade, "novos membros" para o nosso clube restrito de pessoas a que damos importância.
As "redes sociais" vieram contaminar a noção de "amigo" de forma curiosa. Por um lado houve quem tomasse a sério a questão da popularidade, como uma medida de ser importante para os outros, por outro lado esquece a reciprocidade... ou seja, que a dispersão de atenção por muitos, equivale praticamente a pouca ou nenhuma atenção em particular.
Há uma espécie de sedução de fama que, em números que passam vários milhares, tem apenas um sentido - pede a atenção de muitos, e em troca oferece apenas uma resposta comum. Essa resposta comum é normalmente a associação de uma pessoa ao seu trabalho. Não é o trabalho da caixa do supermercado que, apesar de lidar com milhares de pessoas, não tem um trabalho a que seja dada relevância.
A fama da pessoa pode ser perfeitamente dissociada da fama do trabalho, sendo vários os casos em que os autores originais tiveram um papel secundário face aos intérpretes que ficaram famosos.
Como é óbvio, a fama não altera significativamente a importância que o próprio dá aos outros... essa continua a residir num número razoavelmente reduzido de pessoas que lhe interessam. Porém, cria um pequeno monstro dentro de si... a imagem de uma massa indistinta de pessoas que lhe dão importância. No caso de artistas, será o conjunto de fãs, em políticos será o conjunto de eleitores, etc...
Como na prática se torna impossível conhecer pessoalmente o grande número de indivíduos, há uma imagem manipulável do que os outros esperam de si, um "boneco". Por isso, sempre que o trabalho não é dissociado do autor, torna-se manipulável por ideias induzidas, que pretendem uma ligação indissociável entre autor e trabalho, transformando-o num actor. O actor pensa "isto não é o que esperam de mim", o fã pensa "isto não é o que esperava dele"... estão criados "bonecos" que são projecções de expectativas, e que tomam vida própria.

Cedo, através da escola e família, as crianças acabam por definir o seu grupo de importância. A escola é mais imprevisível e presente, acabando por merecer mais a sua atenção. Se as acções familiares se reduzirem ao trivial (seja o apoio incondicional, ou o alheamento total), a criança acabará por se focar cada vez mais na componente escolar. Na componente escolar pode assumir maior importância a relação entre os colegas do que a matéria leccionada. Mais uma vez tendem-se a formar clubes de amizades, onde a popularidade pode ser determinante. No grupo de amigos a sua importância é reconhecida no presente, enquanto que a matéria escolar remete para um futuro algo distante, para relações profissionais que mal antevê. A situação só tende a mudar mais quando o futuro profissional se aproxima, quando se definirá como adulto autónomo, ou quando cedo a criança inicia um processo de independência.
Ora, esse processo de independência, a antevisão de adulto, assume um entendimento próprio do mundo, um traçar de caminho, que será mais ou menos flutuante com as imprevisibilidades. Haverá uns que se definem para um percurso específico, outros que se preparam para qualquer percurso. Os primeiros confiam na antevisão, e sentem-se a ruir quando essa antevisão falha, os outros solidificam-se internamente, mas muitas vezes limitam-se a formar uma bóia que flutua sem destino traçado.
A limitação da vida cobra as opções. A incerteza perante a morte levará na velhice a questionar a importância do que considerou antes como importante. Nessa fase final, é normal adoptar a mesma postura da criança. Cercar-se do efémero presente para esquecer a perspectiva incógnita do seu futuro, ou adoptar um percurso específico fazendo fé num determinado fim em que decidiu acreditar. Mais raros são aqueles que se tentam solidificar internamente, procurando formar uma bóia para quaisquer novos mares desconhecidos, e se possível levando no seu raciocínio alguns instrumentos de navegação.

A pergunta sobre o significado da existência é uma pergunta transversal. Não diz respeito a ninguém em particular, e por extensão é uma pergunta que se coloca ao próprio universo. Para a resposta universal, cada um de nós é uma própria simulação de um universo em si. Tal como o próprio universo poderia questionar o seu término, a redução do universo a nada. Essas questões são colocadas em nós, como reflexo de questões que nos transcendem... e porém, temos todos os elementos que permitem chegar às conclusões. Umas respostas mais simples que outras, umas são conclusões individuais transversais, outras serão conclusões que requerem uma colaboração colectiva, indefinida, intemporal... mas é preciso crescer!


Tiny Children (Teardrop Explodes, 1982)

Half the time 
As I sit in disarray
I am thinking of a dream I never had
Then I awake and for a while
I call your name in Callings house
But tiny children have a way of falling down

Oh I could make a meal
Of that wonderful dispair I feel
But waking up I turn and face the wall

The car arrives
And takes me back again
Drifting through imaginary blaze
And fighting men, a border raft
A sailing ship has run aground
And confidence is valued in these days

But each character 
Is plundering my home
And taking everything that is my own

Oh no, I'm not sure about
Those things that I cared about
Oh no, I'm not sure
Not anymore


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