Começamos com um interessante gráfico com a árvore de evolução filogenética :
Árvore evolucionária ou filogenética - com datações por registo fóssil (L. Eisenberg, 2008, daqui)
Há uma grande diferença entre evolução e a teoria darwinista (de selecção natural) que se desenvolveu.
Para efeitos da evolução animal humana nem precisamos de registos fósseis, ela torna-se praticamente evidente no traço comum do desenvolvimento embrionário, começando pelo ovo, pela mórula, blástula e gástrula, comuns a todos os animais, e que depois mantém algumas semelhanças visíveis mesmo em fases posteriores:
A evolução está presente desde a junção do ovo no útero materno, na sequência de divisões celulares que formam o embrião. A recuperação de fósseis, e as árvores evolucionárias, ou o mais recente projecto de sequenciação do genoma, apenas confirmam um aparente percurso semelhante entre o homem e restantes espécies animais. A parte genética vai mais longe, colocando ancestralidade numa mesma célula eucariota, ou ligando até todos os organismos vivos a uma bactéria primeva (LUA - last universal ancestor).
"Evo" prefixo de "evolução" remete-nos a uma primordial "Eva"... uma vez ateado o fogo da vida, num primevo organismo, a chama não mais parou a propagação, recordando no ovo a sua forma ancestral.
O Ovo reflecte uma ancestral célula Eva, foco da chama propagada por Evo... isto é, pela evolução.
Comparação do desenvolvimento embrionário
(peixe, salamandra, tartaruga, pinto, coelho, homem) [daqui]
A evolução está presente desde a junção do ovo no útero materno, na sequência de divisões celulares que formam o embrião. A recuperação de fósseis, e as árvores evolucionárias, ou o mais recente projecto de sequenciação do genoma, apenas confirmam um aparente percurso semelhante entre o homem e restantes espécies animais. A parte genética vai mais longe, colocando ancestralidade numa mesma célula eucariota, ou ligando até todos os organismos vivos a uma bactéria primeva (LUA - last universal ancestor).
"Evo" prefixo de "evolução" remete-nos a uma primordial "Eva"... uma vez ateado o fogo da vida, num primevo organismo, a chama não mais parou a propagação, recordando no ovo a sua forma ancestral.
O Ovo reflecte uma ancestral célula Eva, foco da chama propagada por Evo... isto é, pela evolução.
O texto poderia agora complicar-se em múltiplas direcções.
Primeira... em que célula está o organismo?
Podemos tentar seguir a célula que se irá dividir para formar o cérebro, mas a questão é que o próprio cérebro não será mais que um aglomerado de células individualizadas, por exemplo neurónios. Para além disso, sabemos que muitos neurónios, e restantes células podem desaparecer por completo e isso não afectará a individualidade do organismo superior.
Analise-se o que acabamos de dizer... "organismo superior". Há um paradigma complicado aqui.
Individualmente cada célula não faz a mais pálida ideia do que é esse organismo superior.
O organismo superior define-se pela comunicação e interacção das células individuais, mas cada uma delas "não saberá" como contribui para a estrutura superior.
Já usei aqui uma comparação com a estrutura de um corpo social. Uma sociedade pode ser vista como uma estrutura em que cada indivíduo é uma célula. Os nomes acabam por revelar essa influência... fala-se em corpos sociais, órgãos de gestão, como se fosse uma réplica de funcionamento de um organismo vivo. Porém, se isso poderia fazer algum sentido, não é o habitual, pois a individualidade sobrepõe-se à ideia de corpo. Assim, o funcionamento do corpo social tende a ser uma ramificação de poderes individuais.
Curiosamente, se há uma leitura do conjunto, mais uma vez ela parece escapar aos indivíduos, entretidos nas suas interacções com objectivos particulares...
Passarei a algo mais genérico, e de consequências muito mais profundas:
- Numa estrutura não estão no mesmo nível os nodos e as suas ligações.
Ou mais intuitivamente, uma coisa são os pilares, outra coisa é a ponte que se forma entre eles.
Pode argumentar-se que as ligações não existem sem os nodos, ou que a ponte não tem sustentação sem os pilares... mas é um profundo erro "materialista"!
Os organismos complexos resultam da interacção de muitos biliões de células, e algumas das formas de vida nem se considera que pertencem ao próprio - caso das bactérias na flora intestinal.
Grande parte da análise científica reduz todos os animais a potenciais montes-de-esterco, pois nada mais restaria do que uma massa fertilizante, alimento para nova vida.
Porém, o organismo complexo é muito mais do que a soma da acção das células, resulta das pontes que se estabelecem entre elas... o que está num nível diferente do individualismo celular.
Por outro lado, os indivíduos têm as suas ambições isoladas, mas ao longo dos tempos emerge a tal evolução que negligencia os indivíduos privilegiando a informação genética propagada pela espécie. Tal como as células se ligam para formar corpos, pela morte programada dos próprios corpos pouco parece mais interessar do que a simples informação genética, transportada pelas "sementes". O grande mastodonte, o belo pavão, ou o esperto macaco, não passariam afinais de variações de DNA, ou ainda, guardar-se-iam apenas em grandes números codificados em base 4 (A, C, G, T).
O indivíduo não está em nenhuma célula isolada... apesar de resultar de divisões sucessivas, perdeu-se a ideia de "célula original"... não há nenhuma "célula rainha"! As células têm diferenças, funções diferentes, mas trabalham na lógica do mesmo organismo. No final da formação do embrião, as divisões levam umas para os pés, outras para a cabeça, mas carregam o mesmo material genético.
Por isso, ao contrário da comparação que se pretendeu fazer com os corpos sociais, não se sente nenhuma individualização, para uma célula ser rainha, ou para umas tantas serem mais nobres que outras.
Naturalmente cada uma assume o seu papel dentro do organismo, e se há rebelião celular, trata-se de uma manifestação cancerígena... curiosamente de células que, parecendo ser individualmente imortais, vão replicar-se sem limites invadindo a estrutura original. Acabam por morrer por colapso da estrutura que invadiram na lógica do interesse da célula individual, que é cega relativamente ao organismo conjunto. A sua aparente imortalidade é afinal uma morte precipitada pela ausência de cognição da célula individual para além de si mesma. Quando se dá a vitória dessa lógica individual no organismo, dá-se imediatamente a sua derrota, pela falência da própria estrutura.
Como disse, este tema poderia seguir múltiplas direcções... se escrevesse sem restrições, acho que tão depressa não pararia, tantos seriam os pontos importantes. Para já, invoco apenas mais uma direcção.
Segunda... que ligações há entre as células?
Conforme vemos os organismos, as células ligam-se fisicamente umas às outras, por proximidade espacial... mas não só! As células de diferentes organismos nem sempre são benvindas, como ocorre em problemas imunitários resultantes dos transplantes. Aliás, as células mais selectas em termos de recusa de "colagens externas" serão as células da pele (os transplantes de pele usam-se até que a outra seja rejeitada).
Porém, esse é apenas um mecanismo de ligação.
Nesta lógica de corpo, as células têm um sucesso individual limitado, o que interessa será o conjunto.
Esta ideia passou para animais que usam estruturas sociais, como o caso das abelhas.
Ao que parece há vários elementos do DNA das abelhas que mostram mais semelhanças com vertebrados (mamíferos, humanos) do que com insectos... talvez reflectindo o aspecto socializante da espécie.
A lógica das obreiras trabalharem para a preservação do DNA da rainha foi uma filosofia aristocrata humana, tipicamente medieval. Do ponto de vista puramente animal é algo que faz sentido... se a ideia é preservar o código genético, e o povo se revê geneticamente no líder, então trata-se de uma forma de eugenia.
Porém, é preciso ser objectivo no que está em questão... o sucesso das espécies acabou por reflectir uma adequação entre a acção-cognição dos indivíduos num certo contexto. Se havia um jogo, quem ditava uma boa parte das regras era a própria Terra, pelas circunstâncias particulares do planeta. Uma outra grande parte seria ditada pela imensidão de pequenos organismos capazes de afectar o planeta a nível global... as bactérias (incluindo as arquéias) e até os vírus.
Estarão estes micro-organismos descoordenados? Afinal, se houve bactérias que passaram a células e se organizaram em corpos enormes, outras houve que mantiveram a velha tradição unicelular. Apesar dos muitos antibióticos, as bactérias são metade da massa de vida terrestre, e 25 vezes superior à massa dos animais... sendo usadas pelos próprios animais na sua flora intestinal.
Não se pode falar em descoordenação, porque até o seu ritmo de reprodução tem alguma auto-regulação... sob pena de invadirem em pouco tempo todo o espaço terrestre, sendo diversificadas na forma de obter energia, usando directamente a luz nalguns casos (halobactérias). Ou seja, se houver uma coordenação menos previsível de bactérias, estas podem alterar as condições de vida no planeta em pouco tempo, até pelo papel que desempenham em ciclos do oxigénio, nitrogénio ou carbono. Aliás, as próprias mitocôndrias, fonte de energia em todas as células animais, podem ser vistas como "bactérias domesticadas" que controlam a própria longevidade celular.
Por isso, não será de negligenciar uma massa de vida que é metade da existente... e que mantém o ciclo da vida nalgum equilíbrio programado, que vai para além do interesse individual do próprio organismo.
No processo evolutivo que levou à constituição de organismos complexos cuja cognição se ajustou a diversas condicionantes, inclusivamente à competição entre si. Portanto a cognição evoluiu não apenas para a adequação aos processos físicos básicos... Nessa primeira fase a sobrevivência não envolveria a ameaça de outros organismos. Os animais serão os primeiros a desenvolver a capacidade de aniquilar os competidores, numa segunda fase, desenvolvendo um sistema cognitivo neuronal. Mesmo assim os animais reduziriam essa competição contra os diferentes, de outra espécie. A terceira fase, mais letal, ocorrerá com os humanos, elevando a fasquia, ao ponto se aniquilarem uns aos outros, dentro da mesma espécie.
Bom, e do ponto de vista cognitivo, o que exigiria isto?
- Nada mais, nada menos, do que se verem a si próprios como inimigos.
A cognição passava para a fasquia seguinte - exigia uma reflexão, um ver no semelhante o próprio inimigo, e ao mesmo tempo exigiria o compreender-se a si próprio.
Portanto há um claro nexo nestas três fases:
(i) Seres vivos que se alimentam de nutrientes - a cognição será mais uma programação genética, visando interagir e entender os processos físicos. Não exigia entenderem outros seres vivos.
(ii) Animais - alimentam-se de seres vivos de outras espécies - a cognição evolui contra outras cognições+acções de outras espécies. Precisam de entender outros seres vivos, matando-os para sobrevivência, mas foi evitada a aniquilação dentro da própria espécie.
(iii) Humanos - a cognição teve que evoluir ainda mais, já que o mais bem sucedido entre os animais passaria a ter inimigos letais agora dentro da sua própria espécie... o humano era inimigo de si próprio, o humano tinha que se conhecer a si próprio, para conhecer os seus semelhantes.
Isto tem o aspecto dramático de ser a própria violência humana contra os semelhantes que vai despoletar a sua inteligência, porque a necessidade de modelar o comportamento de outros humanos implicaria pensar naquilo que o outro iria fazer na sua situação. Obrigaria a olhar-se a si mesmo, para poder prever a acção dos outros que o ameaçavam.
Bom, dir-se-ia que falta uma quarta fase, uma vez completado o olhar em si mesmo... ou seja, o olhar acima de si, olhar o desconhecido - ver para além dos seus olhos, ver um universo para além do que lhe é literalmente apresentado. Isso corresponde a desenvolver nova percepção... porque se há novo teste, ele será claro - o desconhecido. A imprevisibilidade apresenta-se sem se apresentar, e tem que ser detectada nas entrelinhas, e resolvida, antes que comprometa a sobrevivência dos próprios... isto é claro, se resistirem a não se auto-aniquilarem.
Primeira... em que célula está o organismo?
Podemos tentar seguir a célula que se irá dividir para formar o cérebro, mas a questão é que o próprio cérebro não será mais que um aglomerado de células individualizadas, por exemplo neurónios. Para além disso, sabemos que muitos neurónios, e restantes células podem desaparecer por completo e isso não afectará a individualidade do organismo superior.
Analise-se o que acabamos de dizer... "organismo superior". Há um paradigma complicado aqui.
Individualmente cada célula não faz a mais pálida ideia do que é esse organismo superior.
O organismo superior define-se pela comunicação e interacção das células individuais, mas cada uma delas "não saberá" como contribui para a estrutura superior.
Já usei aqui uma comparação com a estrutura de um corpo social. Uma sociedade pode ser vista como uma estrutura em que cada indivíduo é uma célula. Os nomes acabam por revelar essa influência... fala-se em corpos sociais, órgãos de gestão, como se fosse uma réplica de funcionamento de um organismo vivo. Porém, se isso poderia fazer algum sentido, não é o habitual, pois a individualidade sobrepõe-se à ideia de corpo. Assim, o funcionamento do corpo social tende a ser uma ramificação de poderes individuais.
Curiosamente, se há uma leitura do conjunto, mais uma vez ela parece escapar aos indivíduos, entretidos nas suas interacções com objectivos particulares...
Passarei a algo mais genérico, e de consequências muito mais profundas:
- Numa estrutura não estão no mesmo nível os nodos e as suas ligações.
Ou mais intuitivamente, uma coisa são os pilares, outra coisa é a ponte que se forma entre eles.
Pode argumentar-se que as ligações não existem sem os nodos, ou que a ponte não tem sustentação sem os pilares... mas é um profundo erro "materialista"!
Os organismos complexos resultam da interacção de muitos biliões de células, e algumas das formas de vida nem se considera que pertencem ao próprio - caso das bactérias na flora intestinal.
Grande parte da análise científica reduz todos os animais a potenciais montes-de-esterco, pois nada mais restaria do que uma massa fertilizante, alimento para nova vida.
Porém, o organismo complexo é muito mais do que a soma da acção das células, resulta das pontes que se estabelecem entre elas... o que está num nível diferente do individualismo celular.
Por outro lado, os indivíduos têm as suas ambições isoladas, mas ao longo dos tempos emerge a tal evolução que negligencia os indivíduos privilegiando a informação genética propagada pela espécie. Tal como as células se ligam para formar corpos, pela morte programada dos próprios corpos pouco parece mais interessar do que a simples informação genética, transportada pelas "sementes". O grande mastodonte, o belo pavão, ou o esperto macaco, não passariam afinais de variações de DNA, ou ainda, guardar-se-iam apenas em grandes números codificados em base 4 (A, C, G, T).
O indivíduo não está em nenhuma célula isolada... apesar de resultar de divisões sucessivas, perdeu-se a ideia de "célula original"... não há nenhuma "célula rainha"! As células têm diferenças, funções diferentes, mas trabalham na lógica do mesmo organismo. No final da formação do embrião, as divisões levam umas para os pés, outras para a cabeça, mas carregam o mesmo material genético.
Por isso, ao contrário da comparação que se pretendeu fazer com os corpos sociais, não se sente nenhuma individualização, para uma célula ser rainha, ou para umas tantas serem mais nobres que outras.
Naturalmente cada uma assume o seu papel dentro do organismo, e se há rebelião celular, trata-se de uma manifestação cancerígena... curiosamente de células que, parecendo ser individualmente imortais, vão replicar-se sem limites invadindo a estrutura original. Acabam por morrer por colapso da estrutura que invadiram na lógica do interesse da célula individual, que é cega relativamente ao organismo conjunto. A sua aparente imortalidade é afinal uma morte precipitada pela ausência de cognição da célula individual para além de si mesma. Quando se dá a vitória dessa lógica individual no organismo, dá-se imediatamente a sua derrota, pela falência da própria estrutura.
Como disse, este tema poderia seguir múltiplas direcções... se escrevesse sem restrições, acho que tão depressa não pararia, tantos seriam os pontos importantes. Para já, invoco apenas mais uma direcção.
Segunda... que ligações há entre as células?
Conforme vemos os organismos, as células ligam-se fisicamente umas às outras, por proximidade espacial... mas não só! As células de diferentes organismos nem sempre são benvindas, como ocorre em problemas imunitários resultantes dos transplantes. Aliás, as células mais selectas em termos de recusa de "colagens externas" serão as células da pele (os transplantes de pele usam-se até que a outra seja rejeitada).
Porém, esse é apenas um mecanismo de ligação.
Nesta lógica de corpo, as células têm um sucesso individual limitado, o que interessa será o conjunto.
Esta ideia passou para animais que usam estruturas sociais, como o caso das abelhas.
Ao que parece há vários elementos do DNA das abelhas que mostram mais semelhanças com vertebrados (mamíferos, humanos) do que com insectos... talvez reflectindo o aspecto socializante da espécie.
A lógica das obreiras trabalharem para a preservação do DNA da rainha foi uma filosofia aristocrata humana, tipicamente medieval. Do ponto de vista puramente animal é algo que faz sentido... se a ideia é preservar o código genético, e o povo se revê geneticamente no líder, então trata-se de uma forma de eugenia.
Porém, é preciso ser objectivo no que está em questão... o sucesso das espécies acabou por reflectir uma adequação entre a acção-cognição dos indivíduos num certo contexto. Se havia um jogo, quem ditava uma boa parte das regras era a própria Terra, pelas circunstâncias particulares do planeta. Uma outra grande parte seria ditada pela imensidão de pequenos organismos capazes de afectar o planeta a nível global... as bactérias (incluindo as arquéias) e até os vírus.
Estarão estes micro-organismos descoordenados? Afinal, se houve bactérias que passaram a células e se organizaram em corpos enormes, outras houve que mantiveram a velha tradição unicelular. Apesar dos muitos antibióticos, as bactérias são metade da massa de vida terrestre, e 25 vezes superior à massa dos animais... sendo usadas pelos próprios animais na sua flora intestinal.
Não se pode falar em descoordenação, porque até o seu ritmo de reprodução tem alguma auto-regulação... sob pena de invadirem em pouco tempo todo o espaço terrestre, sendo diversificadas na forma de obter energia, usando directamente a luz nalguns casos (halobactérias). Ou seja, se houver uma coordenação menos previsível de bactérias, estas podem alterar as condições de vida no planeta em pouco tempo, até pelo papel que desempenham em ciclos do oxigénio, nitrogénio ou carbono. Aliás, as próprias mitocôndrias, fonte de energia em todas as células animais, podem ser vistas como "bactérias domesticadas" que controlam a própria longevidade celular.
Por isso, não será de negligenciar uma massa de vida que é metade da existente... e que mantém o ciclo da vida nalgum equilíbrio programado, que vai para além do interesse individual do próprio organismo.
No processo evolutivo que levou à constituição de organismos complexos cuja cognição se ajustou a diversas condicionantes, inclusivamente à competição entre si. Portanto a cognição evoluiu não apenas para a adequação aos processos físicos básicos... Nessa primeira fase a sobrevivência não envolveria a ameaça de outros organismos. Os animais serão os primeiros a desenvolver a capacidade de aniquilar os competidores, numa segunda fase, desenvolvendo um sistema cognitivo neuronal. Mesmo assim os animais reduziriam essa competição contra os diferentes, de outra espécie. A terceira fase, mais letal, ocorrerá com os humanos, elevando a fasquia, ao ponto se aniquilarem uns aos outros, dentro da mesma espécie.
Bom, e do ponto de vista cognitivo, o que exigiria isto?
- Nada mais, nada menos, do que se verem a si próprios como inimigos.
A cognição passava para a fasquia seguinte - exigia uma reflexão, um ver no semelhante o próprio inimigo, e ao mesmo tempo exigiria o compreender-se a si próprio.
Portanto há um claro nexo nestas três fases:
(i) Seres vivos que se alimentam de nutrientes - a cognição será mais uma programação genética, visando interagir e entender os processos físicos. Não exigia entenderem outros seres vivos.
(ii) Animais - alimentam-se de seres vivos de outras espécies - a cognição evolui contra outras cognições+acções de outras espécies. Precisam de entender outros seres vivos, matando-os para sobrevivência, mas foi evitada a aniquilação dentro da própria espécie.
(iii) Humanos - a cognição teve que evoluir ainda mais, já que o mais bem sucedido entre os animais passaria a ter inimigos letais agora dentro da sua própria espécie... o humano era inimigo de si próprio, o humano tinha que se conhecer a si próprio, para conhecer os seus semelhantes.
Isto tem o aspecto dramático de ser a própria violência humana contra os semelhantes que vai despoletar a sua inteligência, porque a necessidade de modelar o comportamento de outros humanos implicaria pensar naquilo que o outro iria fazer na sua situação. Obrigaria a olhar-se a si mesmo, para poder prever a acção dos outros que o ameaçavam.
Bom, dir-se-ia que falta uma quarta fase, uma vez completado o olhar em si mesmo... ou seja, o olhar acima de si, olhar o desconhecido - ver para além dos seus olhos, ver um universo para além do que lhe é literalmente apresentado. Isso corresponde a desenvolver nova percepção... porque se há novo teste, ele será claro - o desconhecido. A imprevisibilidade apresenta-se sem se apresentar, e tem que ser detectada nas entrelinhas, e resolvida, antes que comprometa a sobrevivência dos próprios... isto é claro, se resistirem a não se auto-aniquilarem.
Sem comentários:
Enviar um comentário