Após a explosão com contornos de pequena explosão nuclear, ocorrida em Beirute ontem, e atendendo ao histórico de violência e destruição que afectou aquela região no conflito israelo-árabe, será de repetir um refrão dos Human League (1984): I must be dreaming, this can't be true.
The Human League - The Lebanon (1984)
O Líbano chegou a ser um centro financeiro promissor, e era entendido como "Suiça do Médio Oriente", antes de ser dilacerado por uma prolongada guerra civil entre 1975 e 1990 que se prolongava apesar de estar presente uma força simbólica da ONU. Entre a Síria e Israel, o Líbano via-se com um palco de conflitos que decorriam em segundo plano. Os conflitos na fronteira sul do Líbano, com Israel, prolongaram-se até 2000, e em 2006 ainda foi palco do conflito entre o movimento sírio Hezbollah e o estado de Israel. Como se isso não bastasse, desde 2011, sofreu consequências da guerra civil que afectou a Síria.
A explosão que ocorreu a 4 de Agosto, poderá não ter sido mais do que um funesto acidente, no armazenamento de fertilizantes perigosos, que explodiram abruptamente, após incêndio incontrolado, conforme mostra o vídeo seguinte:
RAW VIDEO: Beirut blast caught on camera - (Sky News)
Beirut explosion, Lebanon 2020, video captured from different people phones (vídeo retirado)
Beirut explosion, Lebanon 2020, video captured from different people phones (vídeo retirado)
No entanto, o aspecto da rápida propagação da onda de choque, que terá viajado perto da velocidade do som, é muito semelhante à destruição causada por bombas atómicas, sendo impressionante e surpreendente a velocidade de destruição, para quem estava a presenciar o incêndio à distância.
É claro que neste caso não houve efeitos radioactivos, mas há também bombas deste tipo (chamadas bombas limpas, por não quebrarem as convenções internacionais), que podem causar milhares de vítimas (e não apenas duas centenas mortos, como é reportado para este caso).
Não se vê nenhum interesse numa explosão deste tipo, de nenhuma parte, mesmo tendo em conta a mentalidade retorcida e disruptiva dos israelitas. Mas, essa possibilidade não irá sair do imaginário colectivo dos libaneses, dado o historial entre vizinhos do norte e do sul.
As guerras no Séc. XXI têm tendência a manifestar-se como fenómenos acidentais ou naturais, seja sob ameaça ou possibilidade de concretização efectiva, porque vivem de uma mistificação dos próprios em descartar responsabilidades, e dos opostos em acicatar medos, ao mesmo tempo que acusam uma subjacente incompetência.
Por isso, dados os processos publicitários que dominam as correntes de opinião, a maioria das guerras são quase sempre mais eficazes usando a economia e o descontentamento na população, e só mesmo nos casos mais persistentes é que envolvem a necessidade de acção física.
Neste caso, mesmo que não estejam apuradas as causas do incêndio inicial, tudo se afigura para uma simples incúria no armazenamento de nitrato de amónio, confiscado a um navio russo em 2013.
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