quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Nebulosidades auditivas (66)

Na sequência do incêndio que destruiu a cidade de Paradise, CA, uma pequena cidade de 25 mil habitantes, que foi praticamente consumida pelo fogo, muitos foram aqueles que comentaram a ironia do nome. 
Afinal, biblicamente, consumir-se em chamas seria algo mais indicado para uma cidade chamada Inferno, do que de uma cidade chamada Paraíso... o que mostra bem a insensibilidade da condução do fogo perante a fé dos povos.

Enquanto o número de desaparecidos parece baixar para 700, as alterações climáticas não deixam de apoquentar a região. Tanto foram responsáveis pela seca, como são agora responsáveis por previstas chuvas que podem levar a inundações. Se há coisa que sabíamos sobre o clima, antes de aparecerem as imagens de satélite, é que dificilmente se poderia prever.

"Paradise Burning" é o nome de uma canção dos Ill Scarlet, um grupo canadiano com fortes influências californianas. Aliás a letra da canção segue assim:
Don't know what to do, don't know how we made it 
This California weather, the summer in December 
(...)
I'm just slipping away down the coast 
And I'm so far away from home 
Never returning; Paradise burning 

Os Aerosmith, uma banda de Boston, também ligada à Califórnia, no tema "What it takes", têm um refrão com referências similares:
Let go. Let go. Let go. I don't wanna burn in paradise.

Ora, isto é um tipo de coincidências expectável. Procurei, porque antevi ser bastante provável ter aparecido uma referência a "paradise burning" nalguma letra de alguma canção... já era menos expectável que houvesse alguma ligação à California. Portanto, nem sempre é difícil encontrar coincidências, e nem sempre estas revelam algo de estranho ou conspirativo.

Não sendo apreciador de nenhum desses temas, vou recuperar o tema "Birds" dos Coldplay... e a única ligação à Califórnia é aparecer no vídeo uma bizarria chamada California "Salvation Mountain".
Coldplay - "Birds" (2016)

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Focos californianos

Há fogos que destroem fogos...
É estranho usar a contabilidade das habitações com o nome de fogos, talvez porque a presença de fogo fosse a maneira mais fácil de identificar que casas eram ou não habitadas. Confundem-se as palavras fogo e foco, com um mesmo significado anterior, agora diferenciado.

As habitações, os fogos de Paradise, na Califórnia, apareceram reduzidos a cinzas devido aos fogos que inflamaram o estado americano.
Foto aérea de Paradise, onde as árvores ficaram, mas casas desapareceram...

É sempre estranho ver as árvores permanecerem, os relvados verdes, e ver as casas completamente consumidas pelas chamas. Estas imagens já deram lugar às mais variadas especulações...

Numa altura em que se contam 80 mortos, o balanço dos fogos que têm consumido a Califórnia desde 8 de Novembro é ainda especialmente assustador pelo número de desaparecidos, que chegou a ser superior a 1000 pessoas atingindo os 1300 desaparecidos.
Podendo ser um problema de organização na contabilidade, mas se há mesmo 1000 pessoas desaparecidas não se espera outro desfecho, que não seja de uma enorme tragédia. Mesmo que sejam reencontrados salvos 90% dos dados como desaparecidos, mesmo 180 vítimas seria um número demasiado grande para ignorar.

Camp Fire - um dos principais focos, onde se contabilizaram 77 vítimas até agora.

Com registo semelhante encontramos apenas fogos florestais de 1914, em Cloquet (com 1000 vítimas estimadas), ou o incêndio de Peshtigo em 1871, que vitimou entre 1500 e 2500 pessoas, e que ocorreu praticamente ao mesmo tempo do Grande Incêndio de Chicago, ao Incêndio de Port Huron, e outros, levando a várias especulações de teoria da conspiração sobre a origem de diversos fogos na mesma região e na mesma altura.

Cloquet Fire, Minnesota, 1914
A causa apontada para o incêndio de 1914 em Cloquet, Minnesota, foi uma prolongada seca, tal como essa é a causa mais apontada para estes incêndios de Novembro. 
Claro que em 1914 poderia haver uma grande seca a norte, capaz de motivar um grande incêndio, isso não era relacionado com nenhuma mudança climática, até porque era uma época de temperaturas baixas. 
100 anos depois, quando um incêndio é motivado por uma grande seca a sul, numa região fronteiriça de desertos como o "Vale da Morte", o tópico da moda impõe-se num inverno que se começa a anterver frio. É uma oportunidade de falar em "alterações climáticas".

Da mesma forma que se especula com a teoria da moda, há quem avance com experiências que o exército americano andaria a fazer no sentido de alterar o clima.

Sim, digamos que se um exército quiser usar o clima como arma destrutiva, convém que use isso a coberto de "alterações climáticas", que são culpa de toda a humanidade. Circulam bastantes vídeos na internet, com especulações mais ou menos bizarras.

No entanto, há uma coisa que ninguém parece ter vontade de explicar... a completa inoperância do exército americano perante uma ameaça interna que parece colocar em risco um maior número de vidas, muito maior do que as ameaças terroristas. 
Já se sabia que isto acontecia em Portugal, mas no caso dos EUA, estamos supostamente a falar do exército mais eficaz do mundo... e praticamente inoperante perante uma ameaça desta dimensão.

Se não é grande conspiração, parece restar a grande incompetência...  

domingo, 11 de novembro de 2018

Sós

Normalmente, uma boa maioria das TED Talks são alguns minutos desperdiçados com trivialidades, ou nos casos mais graves, com simples imbecilidades mais próprias para standup comedy
Este é o aspecto demolidor a falar, porque havendo tanta coisa que desconhecemos, é também agradável poder ter um assunto apresentado em 10 ou 15 minutos. 
Só que, convém não esquecer, trata-se de uma difusão do mainstream, ou seja, não iremos normalmente ver ali ninguém a falar de assuntos que não interessam ser difundidos.

A religião actual, do "politicamente correcto", tem necessidade de organizar uma espécie de palestras de "verdade oficializada", para instruir conveniente o pensamento da população. Como se instituiu uma sociedade cortesã de aparências e maldicências, contra o perigo das opiniões dissonantes elevam-se uma série de personalidades (pode haver quem lhes chame palhaços), ao estatuto de gurus, dão-se-lhes os mais espalhafatosos palcos (ao estilo "web summit"), para que os outros entendam aquilo que dizem como "verdades inquestionáveis", ou seja as "verdades" da moda.

Ao que interessa...
Devido a um comentário do José Manuel fui encontrar uma palestra TED sobre o Oumuamua, que é suficiente para introduzir a questão, mas não serve mais que isso. Excepto talvez para elucidar como funciona a astronomia de hoje, e que o objecto não é fonte de qualquer radiação, colocando um pouco de fora hipóteses de ser uma sonda alienígena.

Interessou-me ver outra palestra sugerida denominada 
"Where are all the aliens?" (Stephen Webb)
porque perguntar - onde estão todos os aliens? - ia no sentido oposto da versão mainstream, que praticamente considera heresia duvidar-se da existência de civilizações extraterrestres.

Com o mesmo simples argumento estatístico, que é usado para nos convencer que é provável existirem outros planetas com vida, Webb coloca uma série de outros factores, que são normalmente descartados, para argumentar que o mais natural é admitir que só existe vida inteligente na Terra.
Tal como no caso da existência, esta hipótese de não existência, é ainda pura especulação estatística.

Se tivesse que apostar num sentido ou noutro, a minha aposta iria no mesmo sentido de Webb.
No entanto, como são irrelevantes estas opiniões estatísticas, interessa-me algo mais definitivo e menos especulativo.

Ora, o que é mais definitivo e não é especulativo, é que existindo alguma outra inteligência, ela manifestar-se-ia da mesma forma que a nossa. Por isso, a interacção com extraterrestres mais, ou menos inteligentes, funcionaria da mesma forma do que a interacção entre pessoas mais inteligentes e pessoas menos inteligentes... que em muito se resume à vontade de entendimento e colaboração.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Desafinações visuais (6)

O filme "Elysium", de 2013, de Neil Blomkamp, explicita um futuro em que uma elite humana passa a viver permanentemente numa estação espacial que recria paisagens terrestres idílicas (o chamado cilindro de O'Neill). O restante da população, que ficou na Terra, é administrada de cima, ou basicamente deixada à sua sorte, no sentido de ser facilitado o uso dos recursos terrestres.


Esse futuro pode ser visto como uma mera caricatura do presente, na forma como os países mais desenvolvidos acabam por se aproveitar dos recursos de países do terceiro mundo, deixando os seus governos em constantes tribulações, instabilidade, e corrupção.

Poderia pensar-se que seria mais fácil invadir e explorar esses recursos.
Puro erro.
Invadir implica custos de diversos tipos. Implicaria gastos financeiros e custo de vidas na invasão, ficando com a população nativa diminuída, agressiva ou desmotivada, e em última análise teriam que ser os próprios invasores "a meter a mão na massa", a trabalhar para extrair os recursos.
Muito mais fácil é inventar um qualquer tirano interno, juntar-lhe um séquito de colaboradores, ao mesmo tempo que se lhe contrapõe um ideal libertador, e um movimento revolucionário que o tenta depor.

Esta receita foi usada tantas vezes na América Latina, na Ásia, ou em África, que mete dó.
Depois de juntar estes ingredientes é só deixar ferver em lume brando, ao gosto do chef.
Fomentada a guerra interna, os oponentes, para se financiarem ou armarem, podem apenas vender aquilo que interessa ser vendido... os recursos naturais, e normalmente a preço de saldo.
Portanto, as grandes potências, ao invés de invadirem, perdendo dinheiro e homens, assistiam na plateia a uma matança interna, que se auto-alimentava, enquanto os grupos rivais iam vendendo a preço de saldo os seus recursos, a troco de meia-dúzia de armas obsoletas, destinadas apenas a essa matança interna.

Um guião típico da "América Latina" era o seguinte.
Actores:
- Lado "fascista": Um tirano abominável, e uma corte de generais e empresários exacráveis.
- Lado "comunista": Um jovem revolucionário, uma corte de fiéis soldados e dedicados militantes.
- Lado "manipulado": A população trabalhadora explorada por uns e por outros.

Cena 1: O tirano e a elite são fomentados a explorar de forma cada vez mais abusiva a população.
Cena 2: Aparecem grupos de protesto e de fora é escolhido o gaiato que vai liderar a revolução.
Cena 3: O grupo de protesto organiza-se miraculosamente, transforma-se num exército eficaz, e começam as escaramuças. No início convém ao exterior que este grupo tenha algum sucesso.
Cena 4: A população é esmifrada pelo tirano, no sentido de aumentar a produção e financiar a luta contra os revolucionários. Isto leva a mais adeptos pelo lado revolucionário.
Cena 5: Na calma dos seus gabinetes, as potências vão financiando um e o outro lado, vendendo armas bacocas, a troco de recursos naturais, tipicamente ilustrado por... bananas, mas ouro, petróleo, diamantes, coca, etc... também servem.
Cena 6: No meio do conflito, há os dramas da população, as carnificinas, e a emigração, ou seja, mão de obra barata que vem para os países "desenvolvidos", etc...
Cena 7: Esta situação poderia eternizar-se, com benefícios para quem está de fora. Mas, a receita pode ser apimentada, e permite-se algumas vezes que o grupo revolucionário conquiste o poder.
Cena 8: Rapidamente se percebe que afinal o jovem revolucionário é afinal um novo tirano, que os seus soldados passaram a generais, e que os militantes passaram a ser empresários.
Cena 9: É a mesma que a Cena 1. Tudo se repete, agora trocando o nome da ideologia.

Neste processo, que como qualquer guerra civil, dilacera um país, colocando divisões até dentro das famílias, o mais engraçado, sem ter graça alguma, é que os países que são promotores externos da divisão sejam depois vistos como grandes aliados, grandes ajudas, e modelos a seguir.


Bom... enfim, o nome "Elísio" é grego e remete a um paraíso ocidental.
A origem do nome grego Ἠλύσιον é também considerada de origem desconhecida.
Uma transcrição apropriada seria Lusion, ou Ilusion.
Convirá lembrar que André de Resende remetia para a origem de Lusitânia, os nomes de Luso ou Lísias, filho de Baco, que constam da Monarquia Lusitana.

Heródoto dava conta da localização do Elísio nas planícies ocidentais junto ao Oceano, onde não havia neve, nem tempestades, nem grandes chuvas, e a vida era fácil aos homens. Era natural referir-se às Ilhas Afortunadas, ou Hespérides... eventualmente às paisagens das Caraíbas.
Porém, como o nome Lísio ou Lúsio remete directamente para estas paragens ocidentais, junto ao Oceano, é difícil deixar de associar o nome à Lusitania, e entre os autores antigos há quem o faça.

Portanto, deixamos aqui esta referência a Elysium, à sua associação à Lusitânia, e à Ilusion, à "ilusão", que também se afigura como variante "lusa". Como exemplo de ilusão, referimos a receita persistente que leva autores externos a promoverem guerras civis com actores internos. No caso mais corrente, e mais pacífico, ficaram-nos as guerrinhas de tachos partidários.

domingo, 4 de novembro de 2018

Novelo das 8 (3) - cruzadas de crianças

- Se isto não é organizado, é o quê?
- Falas da marcha dos migrantes, em direcção aos EUA?


- Alguma vez tinhas visto uma marcha desorganizada espontânea ser tão bem organizada?
- Não só... já reparaste como têm bons contactos na imprensa?
- Depois, é claro que temos isto:
- Escolheram mesmo o presidente certo para serem bem acolhidos nos EUA....
- Veio mesmo a propósito, não veio? Até parece que antes viviam bem.
- Creio que chegaram com 10 anos de atraso à crise financeira de 2008-09.
- Para amantes de carnificina, tendo colocado o lobo no curral, faltava conduzir carneiros à boca.
- Não te lembra nada?


- Essas crianças, que marcharam para converter os muçulmanos acabaram mal, não foi?
- Quando chegaram a Itália, foram todas vendidas para escravatura.
- Fez 800 anos em 2012. 
- Em 2012 a situação económica de El Salvador, Honduras, etc... era boa?
- Em 2012 Obama lançou o DACA para a legalização de crianças imigrantes, mas sem sorte. De quem os migrantes gostam mesmo é de Trump, que os trata mal.