Há uma história que me foi contada, há quase um ano, sem que se possa dizer que alguém ma contou... é mais correcto dizer que soube, ou vou sabendo dela. Quando abrimos a tradução para outras linguagens, há situações em que o ruído se ouve como música.
O lago universal era um aquário onde cada cada peixe parecia ser um aquário, igual ao aquário maior. E à medida que os peixes cresciam, em formas e feitios, de entre eles surgiu uma grande lontra. A grande lontra era mais parecida com o aquário, porque podia engolir em si os peixes.
Assim, a grande lontra passou a alimentar-se de peixes, e fartamente, porque peixes era coisa que não faltava. Até que se viu num reflexo de um, um que lhe escapou.
Esse acontecimento foi uma epifania universal. Ficou-lhe a ideia de que não havia apenas peixes, ficou a ideia de que entre os peixes haveria outra lontra. Por momentos, a lontra hesitou em comer peixes, e os peixes cresceram. Cresceram até a ameaçar, pelo que ela voltou a comer indiscriminadamente. Mas apenas comia os que não fossem parecidos com o seu reflexo... de tal forma que ao fim de algum tempo só restavam os que eram parecidos consigo.
De novo a grande lontra hesitou. Mas os peixes multiplicavam-se e sentiu-se novamente ameaçada. Voltou a comer, com o mesmo critério... e cada vez mais os peixes se pareciam consigo.
Nova epifania - viu então uma solução contra o isolamento no devorismo, a ponto dos peixes que restavam serem agora pequenas cópias da lontra. Mas afinal, nunca eram iguais, só ela se alimentava deles. O medo que tinham de si, não permitia uma igualdade de comportamento. Bastaria diminuir de tamanho, pensou ela, ser também peixe. Porém, assolou-lhe a ideia de que, nesse caso, poderia surgir entre eles uma outra grande lontra. De predadora, passaria a presa. Optaria por deixar crescer aqueles onde se revisse, cada vez mais, mas manteria sempre um ascendente.
Ao fim de muito tempo, conseguiu quase o queria. Deixou as pequenas lontras crescerem, e também variados peixes, de que se alimentavam. Aparentemente já só matavam peixes, mas a grande lontra sabia que tinha proceder de forma diferente. Afastava-se para ver o comportamento das jovens lontras. Não poderia deixar crescer muito as que hostilizassem os outras lontras, porque crescendo iriam hostilizá-la também. Por outro lado, não se identificava com as lontras que eram simplesmente lontras... que não se apercebiam do perigo duma grande lontra, do seu perigo.
No fundo, a grande lontra procurava ainda uma grande lontra, o reflexo que vira escapar-se-lhe. Mas não tão grande quanto isso... porque o que mais temia a grande lontra era uma lontra maior.
Assim, há muito, muito tempo, a grande lontra acabou finalmente por encontrar a tal alma gémea entre as outras lontras. Mas a história ainda não acaba aqui...
A grande lontra apenas queria essa companhia perdida, uma grande lontra igual - mas que fosse menor... e não isso era que incomodava a pequena grande lontra. O que incomodava a pequena grande lontra era que a maior já não via utilidade nas outras lontras. Ela só queria uma companhia, uma companhia sem ameaças do crescimento doutras lontras, e já a tinha encontrado. Porém a pequena grande lontra soubera crescera com as companheiras, e não via em todas elas a mesma ameaça. Não estava disposta a abdicar do seu mundo para satisfazer o grande desejo da grande lontra, por muito que tivesse compreendido a sua situação. Foi assim que, quando a grande lontra dizimou as restantes, a pequena grande lontra desapareceu. De nada valeu a fúria da grande lontra. Tinha que recomeçar tudo de novo, apenas com os peixes... e com o medo de que pequena grande lontra reaparecesse maior, pronta a engoli-la.
Assim, a grande lontra passou a alimentar-se de peixes, e fartamente, porque peixes era coisa que não faltava. Até que se viu num reflexo de um, um que lhe escapou.
Esse acontecimento foi uma epifania universal. Ficou-lhe a ideia de que não havia apenas peixes, ficou a ideia de que entre os peixes haveria outra lontra. Por momentos, a lontra hesitou em comer peixes, e os peixes cresceram. Cresceram até a ameaçar, pelo que ela voltou a comer indiscriminadamente. Mas apenas comia os que não fossem parecidos com o seu reflexo... de tal forma que ao fim de algum tempo só restavam os que eram parecidos consigo.
De novo a grande lontra hesitou. Mas os peixes multiplicavam-se e sentiu-se novamente ameaçada. Voltou a comer, com o mesmo critério... e cada vez mais os peixes se pareciam consigo.
Nova epifania - viu então uma solução contra o isolamento no devorismo, a ponto dos peixes que restavam serem agora pequenas cópias da lontra. Mas afinal, nunca eram iguais, só ela se alimentava deles. O medo que tinham de si, não permitia uma igualdade de comportamento. Bastaria diminuir de tamanho, pensou ela, ser também peixe. Porém, assolou-lhe a ideia de que, nesse caso, poderia surgir entre eles uma outra grande lontra. De predadora, passaria a presa. Optaria por deixar crescer aqueles onde se revisse, cada vez mais, mas manteria sempre um ascendente.
Ao fim de muito tempo, conseguiu quase o queria. Deixou as pequenas lontras crescerem, e também variados peixes, de que se alimentavam. Aparentemente já só matavam peixes, mas a grande lontra sabia que tinha proceder de forma diferente. Afastava-se para ver o comportamento das jovens lontras. Não poderia deixar crescer muito as que hostilizassem os outras lontras, porque crescendo iriam hostilizá-la também. Por outro lado, não se identificava com as lontras que eram simplesmente lontras... que não se apercebiam do perigo duma grande lontra, do seu perigo.
No fundo, a grande lontra procurava ainda uma grande lontra, o reflexo que vira escapar-se-lhe. Mas não tão grande quanto isso... porque o que mais temia a grande lontra era uma lontra maior.
Assim, há muito, muito tempo, a grande lontra acabou finalmente por encontrar a tal alma gémea entre as outras lontras. Mas a história ainda não acaba aqui...
A grande lontra apenas queria essa companhia perdida, uma grande lontra igual - mas que fosse menor... e não isso era que incomodava a pequena grande lontra. O que incomodava a pequena grande lontra era que a maior já não via utilidade nas outras lontras. Ela só queria uma companhia, uma companhia sem ameaças do crescimento doutras lontras, e já a tinha encontrado. Porém a pequena grande lontra soubera crescera com as companheiras, e não via em todas elas a mesma ameaça. Não estava disposta a abdicar do seu mundo para satisfazer o grande desejo da grande lontra, por muito que tivesse compreendido a sua situação. Foi assim que, quando a grande lontra dizimou as restantes, a pequena grande lontra desapareceu. De nada valeu a fúria da grande lontra. Tinha que recomeçar tudo de novo, apenas com os peixes... e com o medo de que pequena grande lontra reaparecesse maior, pronta a engoli-la.
Fool's Overture. Supertramp - Roger Hodgson (performed 2004).
History recalls how great the fall can be
History recalls how great the fall can be
While everybody's sleeping, the boat put out to sea
Borne on the wings of time, It seemed the answers were so easy to find
"Too late," the prophets cry. The island's sinking, let's take to the sky
Called the man a fool, striped him of his pride
Everyone was laughing up until the day he died
And though the wound went deep, Still he's calling us out of our sleep
My friends, we're not alone, He waits in silence to lead us all home
So tell me that you find it hard to grow. Well I know, I know, I know
And you tell me that you've many seeds to sow. Well I know, I know, I know
Can you hear what I'm saying, Can you see the parts that I'm playing
"Holy Man, Rocker Man, Come on Queenie, Joker Man, Spider Man, Blue Eyed Meanie"
So you found your solution. What will be your last contribution?
"Live it up, rip it up, why so lazy? Give it out, dish it out, let's go crazy, Yeah!"
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