Gloomy Sunday pode ser entendido como Domingo Soturno, em que Saturno se junta ao dia solar, e foi o título inglês de um antigo tema de 1933 de Rezsö Seress, compositor e pianista húngaro, com letra de Lazló Jávor - na versão original, com o título "o mundo vai acabar" (Vége a világnak).
A canção ficou mais conhecida na versão da célebre cantora Billie Holiday, mesmo que a BBC tenha proibido a difusão desta "canção húngara de suicídio" de 1941 até 2002 - alimentando um mito urbano, com alguns casos associados de suicídios:
A canção ficou mais conhecida na versão da célebre cantora Billie Holiday, mesmo que a BBC tenha proibido a difusão desta "canção húngara de suicídio" de 1941 até 2002 - alimentando um mito urbano, com alguns casos associados de suicídios:
O início dos anos 80, foi um dos períodos mais prolíficos na cena musical inglesa, e especialmente em Manchester, por via dos Joy Division e da editora Factory, criou-se um estilo depressivo que marcou uma geração a nível mundial. O suicídio de Ian Curtis foi marcante, e uma boa parte das canções de Ian Curtis (ou de Robert Smith, dos The Cure) poderiam ser consideradas bem mais depressivas que Gloomy Sunday.
Nesse período os The Associates, de Billy McKenzie, pegam na canção de Billie Holiday, com letra de Sam Lewis, numa variante do original, e lançam a primeira versão que conheci de Gloomy Sunday, e que permanece, para mim, como referência:
Porém esta está longe de ser a única versão posteriormente intrepretada... Gloomy Sunday acabou por fazer parte do reportório clássico para diversas cantoras:
Se escutarmos a versão mais antiga,
Uma sociedade perfeita vê os suicidas como imperfeitos - a sociedade está bem, o suicida é que está mal...
Nesta sociedade livre, é criminalizada a liberdade sobre a vida - o indivíduo tem que sofrer a sua sorte, e por mais nefasta que seja essa vida, é também criminalizada a eutanásia. Há argumentos são conhecidos, e receios sérios, mas o ponto principal é a religiosidade associada - a necessidade de amarrar o espectador ao filme, por mais nefasto ou macabro que seja.
A única ponderação que se deve fazer sobre o acto suicida é simples - poderemos despertar deste sonho para outro pior? Estamos dispostos a lançar esses dados ao ar e aceitar o novo resultado?
É nessa reflexão que podemos entender o risco inerente associado.
Nesta sociedade livre, é criminalizada a liberdade sobre a vida - o indivíduo tem que sofrer a sua sorte, e por mais nefasta que seja essa vida, é também criminalizada a eutanásia. Há argumentos são conhecidos, e receios sérios, mas o ponto principal é a religiosidade associada - a necessidade de amarrar o espectador ao filme, por mais nefasto ou macabro que seja.
A única ponderação que se deve fazer sobre o acto suicida é simples - poderemos despertar deste sonho para outro pior? Estamos dispostos a lançar esses dados ao ar e aceitar o novo resultado?
É nessa reflexão que podemos entender o risco inerente associado.
O importante não é aceitar sacrifícios, é compreender se há sentido na vida, apesar deles. O que é aferido é um sentimento de impotência face ao exterior. Quando o exterior esmaga, e deixamos de ter capacidade de acção, passamos a meros observadores - a relação atinge o apogeu do desequilíbrio - o sujeito é afectado, mas não afecta nada... é esse sentimento de impotência que se associa normalmente ao desespero que antecede os suicídios. Não é apenas quando a doença física esmaga, é talvez mais quando a doença social esmaga, tornando os sujeitos invisíveis, ou impotentes na resposta aos ataques que sofrem. A vida parece deixar de fazer sentido, porque só corre num sentido - no sentido em que a potência está toda no exterior. Aí é crucial o sujeito mudar a sua percepção e procurar na sociedade um nicho, um mundo, onde consiga afectar e ser afectado em maior equilíbrio. Isso normalmente só não será possível por restrições físicas.
A prepotência da sociedade acaba por tornar quase todos os cidadãos impotentes, e a conformação natural a essa realidade é alhear-se da estrutura superior, e reduzir-se a espaços onde o indivíduo conte numa proporção que seja superior à insignificância de ser um num milhão.
A prepotência da sociedade acaba por tornar quase todos os cidadãos impotentes, e a conformação natural a essa realidade é alhear-se da estrutura superior, e reduzir-se a espaços onde o indivíduo conte numa proporção que seja superior à insignificância de ser um num milhão.
É assim natural assistir a um incremento do abstencionismo, e a uma relevância dos nichos de amizades nas redes sociais. Mesmo na época medieval, a impotência do servo perante o senhor, não impedia a importância no nicho local, de iguais perante a servidão. Mas quando até essa relações sociais falham ou são insuficientes, o sujeito acaba por se confrontar com o seu isolamento fundamental. E é nesse diálogo consigo próprio, e em todo o conhecimento que está à sua disposição, para ser encontrado ou reencontrado, que poderá encontrar a fortaleza contra a sua impotência - ninguém é impotente para descobrir e para criar, independentemente do valor dado pelos outros, há que não negligenciar a satisfação pessoal, e o absoluto sem avalo alheio.
Sunday is gloomy, My hours are slumberless,
Dearest the shadows I live with are numberless
Little white flowers will never awaken you
Not where the black coach of sorrow has taken you
Angels have no thought of ever returning you
Would they be angry if I thought of joining you
Gloomy Sunday.
Gloomy is sunday with shadows I spend it all
My heart and I have decided to end it all
Soon there'll be candles and prayers that are sad,
I know, let them not weep, let then know that I'm glad to go
Death is no dream, for in death I'm caressing you
With the last breath of my soul I'll be blessing you
Gloomy Sunday
Dreaming, I was only dreaming
I wake and I find you asleep in the deep of my heart, dear
Darling I hope that my dream never haunted you
My heart is telling you how much I wanted you
Gloomy Sunday.
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