Verdadeiramente, a mente mente...
Vulcano e Poseidon
Há mais de um ano, em Abril de 2010, aquando da erupção de um vulcão islandês que decidiu irromper no momento da divulgação interna do Truth Report sobre a crise financeira, entrei num interessante diálogo no blog arrastão.
A referida erupção surgia depois de um início de 2010 especialmente conturbado, marcado pelo mais devastador resultado de um terramoto sem maremoto, em Port-au-Prince. Há quem ache natural reportar-se a morte de mais de 200 mil pessoas no Haiti, por via de um sismo de amplitude 7.1 na escala de Richter. Devemos lembrar que o terramoto na Indonésia, em Aceh, teve amplitude 9, ou seja foi 100 vezes superior, e o número semelhante de vítimas deveu-se ao maremoto que se estendeu por uma larga área no Índico, abrangendo vários países. Sobre o evento já falei no artigo sobre a derrota da Hispaniola, e de forma alegórica num post da altura... porque nem sempre é fácil escrever explicitamente, quando a "situação é explosiva", e o "mundo muda de 15 em 15 dias", usando as oficiais frases governamentais da época.
Os poucos que seguiram o blog alvorsilves, desde o início, perceberão melhor do que falo...
Em 12 de Abril de 2010 era lançado na Islândia o Truth Report, conforme ainda fui encontrar nesta notícia do Telegraph, e a situação ficava mais explosiva para o primeiro-ministro islandês (actualmente a ser julgado). Acumulando a essa situação explosiva, o vulcão entra em erupção e em 14 de Abril passa a ser notícia a proibição de vôos.
Protestos populares na residência do Primeiro-Ministro Islandês
e primeiras imagens do vulcão Eyjafjallajökull, de onde saía fumo branco, ou negro?
Sob o ponto vista noticioso a actividade vulcânica do Eyjafjallajökull ocultou o Truth Report islandês.
Se mal se ouvia falar da Islândia, o Truth Report poderia ter provocado uma explosiva situação espalhando cinzas sobre a Europa, porém no espaço de dois dias passou a ser o vulcão a fazê-lo. Dir-se-à que milhares de pessoas fizeram esta associação sobre o vulcão financeiro, mas não... A situação é ainda mais engraçada, pois no dia da publicação do relatório tinha terminado a erupção doutro vulcão, conforme se pode ler no Iceland Review no dia seguinte (15/04/2010):
Iceland is a strange place. When the “truth report” came out last Monday, the eruption on Fimmvörduháls stopped. To give the citizens some time and space to read it. Two days later, yesterday, another volcanic eruption started. Just a few kilometers away from the first one, at the top of Eyjafjallajökull glacier. A much more powerful eruption. Are the old gods angry?
Não seriam os velhos deuses, sobre esses temeu-se a explosão do Katla, durante dias... Mas, para a pequena intensidade do Eyjafjallajökull seriam mais os semideuses financeiros que elevavam essas cinzas até à estratosfera para depois as deixarem cair sobre a Europa. Tal como a roupa do imperador, as cinzas eram invisíveis... e as vozes de crianças a denunciá-lo estavam abafadas.
A mente mente, porque a aceitação de informação é condicionada na educação. Ninguém é educado para ler notícias de forma alegórica... e por isso, às vezes, as notícias mais estrombólicas têm informação invisível para a esmagadora maioria do povo.
Foi nesse contexto de colisão de mentes, que fiz nesse blog o papel de criança que denuncia a nudez do império... só que nesta história, a voz criança é abafada na multidão. À excepção de um comentador (cafc), a boa educação dos restantes viu a denúncia das imagens vulcânicas islandesas como uma alucinação isolada de um qualquer maluco.
Mente
O assunto seguiu para uma observação peculiar, que deveria ser notada largamente, mas sobre a qual nada é dito. Os advérbios que terminam em mente, de mentir!
Será caso único? Não é!
Nas diversas línguas (interessa a fonética):
- Português, Espanhol, Italiano: Advérbio +mente, Verbo = mentir(e), mente (3ª pessoa)
- Francês: Advérbio +ment, Verbo - mentir, ment (3ª pessoa)
- Inglês: Advérbio +ly, Verbo - lie/ly
- Alemão: Advérbio +lich, Verbo - liegen, liegt (3ª pessoa)
Isto acontece casualmente ou o casual mente?
A origem não é o Império Romano, pois a declinação "+mente" não se encontra no Latim, podendo ser até variável do caso.
Na altura em que coloquei o tema invoquei a sua aplicação nacional pela Lei Mental... a tal que D. João I tinha na sua mente, mas apenas invocando a semelhança do nome, e pela estorieta de estar na "mente" do rei, contudo convém notar que nas obras transcritas de Fernão Lopes já aparece a declinação "+mente" nesses advérbios.
Portanto, a origem desta declinação no mente de mentir parece ser anterior, medieval, mas foi aplicada de forma quase uniforme, ou uniformemente, em línguas cuja raiz era diferente. Como se tivesse havido uma ordem emitida aplicada às várias línguas... ou como se as línguas tivessem sido construídas deixando esse artifício identificador. A hipótese de línguas construídas na Idade Média não é assim tão estranha, já que houve certamente algum processo orientador a nível gramatical. O mais estranho é a declinação "+mente" já que associa duas sílabas tornando esses advérbios as nossas mais longas palavras... nota-se que houve algo propositado, que dá um significado diferente a verdadeiramente e à verdadeira mente.
Para além disso, usamos "Mente" para nos referirmos ao nosso raciocínio, e os ingleses apesar de mais cautelosos usam "Mind" que pode ter um sentido de aviso ou de importância.
A mente acidentalmente revela-nos que o acidental mente.
Roma e Pavia
O assunto deste post seria sobre Roma e Pavia, que "não se fizeram num dia"...
Como é claro, não se pretendia invocar nenhum processo construtivo feito com "paciência de chinês", mas apenas procurar a origem desta expressão, que já é mencionada (pelo menos) no início do Séc. XIX. É claro, pode invocar-se o acidente fonético de "Pavia" rimar com "dia"... mas haveria outras possibilidades fonéticas, sem que se pense que pode haver outra razão mais pertinente.
Na Storia delle Rivoluzioni d'Italia (vol. I) de Giuseppe Ferrari, relacionam-se as duas cidades com a intervenção de Belisário:
Forse a caso sarebbe il Pontefice atterrito e supplicherebbe l'imperatore di tutelare Roma, di proteggere la legge e la fede dei romani, di continuare la guerra di Belisario contro gli ariani di Pavia? Poteva forse darsi una tregua tra Roma e Pavia, tra le due Italie? La guerra doveva durare ed essere più forte, più vasta che l'Italia stessa perchè il cattolicismo interessava la metà del mondo alla causa di Roma, ed anche i Longobardi potevano trascinare nella lotta i loro federati.
Belisario, representação no Palazzo Beneventano, Siracusa
Ou seja, fala-se da invasão bizantina que Justiniano levou a Itália através do seu general Belisário, e mais concretamente fica claro que foi no sentido de resolver o problema Ariano... e insistimos que o Arianismo nada tem a ver com o conceito racial espalhado no Séc. XX, mas tão somente com a teologia monofisista de Arius de Alexandria, que tinha sido adoptada pelos godos, neste caso os Longobardos. De um lado, uma Pisa ariana e do outro lado uma Roma católica...
Este problema foi ainda mais notório na forma como Belisário, chamado a Bizâncio, resolveu o problema da Revolta de Nika, que pode ser interpretada num conflito de cores partidárias, e na própria elevação de São Nicolau. Este conflito não teve apenas episódio... e passamos a uma verdade de La Palisse!
La Palisse
A expressão verdade de La Palisse tem um significado curioso, já que não remete ao general Jacques de La Palisse, mas sim à deturpação de uma canção em sua homenagem.
A deturpação é reveladora! O verso em francês, cantado postumamente pelos seus soldados, dizia:
S'il n'était pas mort il ferait envie
Porém, quem ler textos antigos percebe rapidamente que havia uma grafia semelhante entre o S e o F... mais um foco para muitas confusões! A lenda sinaliza bem essa confusão... do verso "se não estivesse morto faria inveja" passamos para "se não estivesse morto estaria vivo":
S'il n'était pas mort il serait en vie
bastando retirar o tracinho do f e separando "envie" em "en vie", tal como verdadeiramente pode ficar verdadeira mente. A verdade de La Palisse mostra muito mais como uma minúscula alteração de textos pode mudar por completo o seu significado original!
Para além desta relação, o que tem de especial La Palisse, para ainda relacionarmos com Roma e Pavia?
Ora, justamente La Palisse, reconhecido pelas múltiplas vitórias, vai morrer em 1523 na Batalha de Pavia... que opôs o exército francês de Francisco I contra o Sacro-Império Romano dos Habsburgos de Carlos V, algo que pode ser enquadrado numa reedição nas cores do velho confronto de Belisário.
Um Terramoto em Ayiti, sem Marmoto, mata mais de 200 000 pessoas...Muito convenientemente, o Presidente estava ausente...
ResponderEliminarUm Vulção Extinto de estranho nome, entra em erupção, mesmo em cima da crise financeira, na Islândia.
Uma ruptura numa plataforma petrolífera origina o maior derrame de crude dos últimos tempos...SEM Maré Negra...
Estas e outras preciosiosidades idênticas....surgem quase simultâneamente!
Coincidências de fim de Ciclo?
NADA E COINCIDENCIA NESTE MUNDO....TUDO E POGRAMADO.
ResponderEliminarCorrecto, faltou mencionar a rotura no poço do Golfo do México, e o derrame de crude que mal se manifestou nas praias... ou ainda antes em Fevereiro o acidente do "temporal na Madeira", que à escala nacional foi bastante trágico. Digamos que o primeiro semestre de 2010 foi atribulado...
ResponderEliminarAcerca do Golfo do México, colocaram um tampão e a fonte estancou, ou melhor, calou-se! Antes de estancar, lembro que o KT foi testemunha do "não acidente" nos seus passeios de veleiro.
Fim de ciclo?
Creio que sim, o novo ciclo começou em 2010... aliás a "Odisseia no Espaço" teve uma correcção no dígito. A primeira versão foi 2001, mas fizeram um remake para 2010... já sem a colaboração de Kubrick!
Tudo é programado...
Eu diria que os macro-acontecimentos são programados, colocando várias hipóteses, já que não há um controlo indivíduo a indivíduo!
Há sim um controlo piramidal, feito por "bons educadores"... o povo comporta-se como um bando de milhares crianças perante uma dezena de adultos.
Com uma educação apropriada as hipóteses de rebelião ficam reduzidas a zero... os que alinham com os adultos são recompensados, e podem tomar conta dos mais novos, poupando essa chatice aos adultos - a esses chamamos "líderes". Os mais problemáticos são isolados - os castigos ficaram fora de moda, basta educar pela exclusão, pela auto-proibição.
O espectáculo do Séc. XX foi a capacidade de educar os indivíduos num conceito de liberdade que os torna escravos domesticados.
O escravo na antiguidade era mais caro do que hoje em dia.
Hoje os trabalhadores auto-condenam-se pelo seu fracasso pessoal, sendo claro que vão ser excedentes num mundo maquinizado... e assim estão dispostos a abdicar dos seus valores morais voluntariamente.
São escravos que se oferecem... faz-me lembrar uma frase de um imigrante subsariano que dizia aos ocidentais - em vez de terem um cão ou um gato, adoptem-nos a nós como vossos animais!
Foi este o nível de desequilíbrio conseguido... enquanto que à força nunca se teria ninguém a descer a este ponto de subserviência.