quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A electricidade e a luz...

É bem conhecida a afirmação de Einstein que estabeleceu como dogma na sua teoria:
- nada se propaga mais rapidamente do que à velocidade da luz (no vácuo).

Haveria pouca evidência experimental relevante da sua teoria, mas a aceitação foi quase absoluta em termos da comunidade científica, em pouco tempo. Sem razão aparente, todos aceitavam um máximo de velocidade, como se tal fosse natural, e nunca se tivesse falado em nada mais rápido...

Não é bem assim. Fomos encontrar, num artigo de 1866 do Intelectual Observer, a seguinte tabela:
O que é surpreendente, é haver uma tabela com valores praticamente correctos para todas as velocidades, e aparecer uma velocidade superior à velocidade da luz... a "velocidade da electricidade":
464 000 Km/s.
Ora tem sido bastante desacreditada a velocidade da electricidade, dizendo-se que os "electrões são lentos" , e só que por efeito dominó, o resultado da velocidade será maior. Desconheço a base destes valores apresentados, nem tão pouco que experiências foram feitas para a medição, e sob que condições (por exemplo, se seria um valor máximo, ou médio...).
A actual pesquisa na internet não deu em nada... é como se tal coisa não tivesse sido nunca considerada.

Ao longo dos anos, manteve-se esta ideia da electricidade ser muito mais lenta que a luz, apesar de ser quase uma constatação prática sermos presenteados com velocidades altíssimas. Ninguém se lembra de ter um delay na resposta quando efectuava um telefonema para a Califórnia ou para a Austrália... e falamos de cabos não ideais, em condições de passagem por vários circuitos.

Porém, estas coisas vão mudando com os tempos...
e encontramos um artigo na Scientific American (18 Junho 2010):
Faster-than-light electric currents could explain pulsars

Acho que a introdução do artigo diz tudo:
Claiming that something can move faster than light is a good conversation-stopper in physics. People edge away from you in cocktail parties; friends never return phone calls. You just don't mess with Albert Einstein.
Não se trata exactamente do mesmo assunto... mas não é de deixar ficar surpreendido.
  • Primeiro, porque houve uma pretensa medição correcta acima da velocidade da luz.
  • Segundo, porque o dogma de Einstein acabou definitivamente com essas considerações.
  • Terceiro, porque apesar de evidências que tornam difícil continuar a aceitar o dogma de Einstein, as novas experiências que se vão realizando começam a desafiar o silêncio... e o politicamente correcto pode começar a estalar o verniz académico.
[Adição em 28/01/2011, a propósito do comentário de JM-CH]
Quando se assume a propagação de uma partícula, pois o fotão é aquele que temos como partícula elementar mais veloz... No entanto aqui não se trata de supor isso!
Como no caso do pêndulo de Newton:
A velocidade de propagação do sinal entre as 3 bolas estáticas, parece instantânea, pois é muito superior à velocidade do movimento da bola que embate. Essa é uma velocidade de propagação interna, que neste caso se propaga enquanto onda de choque à velocidade do som.
Da mesma forma, é diferente assumir-se a velocidade do fotão (que se move), relativamente ao sinal electrónico transmitido pelos electrões na camada superior dos átomos metálicos... e este poderá ser mais rápido. Tal como no pêndulo, o último electrão sai, quase instantâneamente... tudo depende da propagação do sinal, do choque, a nível intra-atómico. Estas considerações não fazem parte das teorias físicas estocásticas habituais a nível intra-atómico, pois aí o conceito de partícula é meramente estatístico.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

... e Vénus aqui tão perto!

Desde 1975... já lá vão mais de 35 anos que a nave russa Venera 9 enviou imagens da superfície venusiana, depois em 1982 tivémos as últimas das Venera 13 e 14:
Por grande azar das aterragens, as imagens foram sempre parecidas...
Desde há praticamente 30 anos que Vénus não teve mais visitas.
Os americanos nunca enviaram nenhuma sonda com o objectivo de tirar fotografias da superfície... ao passo que enviaram múltiplas sondas a planetas muito mais distantes.
O último interesse parece ter sido europeu, através da Venus Express que terá detectado actividade geológica, mas tal como a americana Magellan, não foi enviada nenhuma sonda à superfície.

Os argumentos são vários, desde há muito... o efeito de estufa CO2, colocará a temperatura da atmosfera acima de 400ºC. Coisa que parece não ter afectado muito as sondas russas, há 30 anos... A NASA, sempre gostou de nos presentear com a sua galeria artística, misturando imagens fabricadas com fotos.
Para além de ciência, a NASA preza muito a pintura, produzindo quadros de qualidade discutível, para ser apreciada pelo grande público:
Os artistas da NASA... uma "visão" de Vénus para o público recordar.

Afinal, para quê mostrar uma imagem correcta, se podemos desenhar um quadro bonito?
Não é bem desenhar a Lua com uma expressão facial, mas não anda longe!

A sonda Magellan em 1994 terá calado alguma suspeita de desinteresse por Vénus, mas de facto apenas produziu imagens por interpretação de dados. As imagens artificiais obtidas com o sistema SAR, mostraram-nos coisas semelhantes à Lua, Marte ou Mercúrio:


Afinal, apesar de ter uma densa atmosfera, pior que a da Terra, Vénus parece também sujeito ao grande impacto de meteoros... esse é aliás o problema de Mercúrio, que é uma lua com imensas crateras:

Em contraponto, colocamos aqui as notáveis imagens de Saturno e dos seus anéis, enviadas pela sonda Cassini. Uma das luas de Saturno, Dafne, tem a particularidade de orbitar no meio dos anéis...

imagens dos anéis de Saturno, e do satélite Janos

Quanto a Vénus, é certo que as nuvens mantêm o desinteresse e o melhor que se pode arranjar para o planeta mais perto da Terra, são imagems assim:

Vénus: imagem em cor real (Mariner 10), e em infravermelho (Galileo) 

É notável não haver uma imagem nítida, tirada pelo Hubble, ou similar, ao planeta mais perto da Terra... todas as restantes resultam de tratamento após simulações computacionais!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A locomotiva russa

Estávamos avisados para a diferente educação russa, que colocaria russos na invenção de muitas coisas que fomos habituados a atribuir a outros, normalmente na Inglaterra, França ou Alemanha. 
Porém, acabámos por não saber quem eram esses outros inventores... a educação russa terá ficado entre-muros e dificilmente cativará o mundo ocidental para acomodar os seus numa nova versão histórica de personalidades.

Fui surpreendido ao ler a pretensão de que a lâmpada eléctrica teria sido inventada por Alexander Ladygin, conforme se encontra neste artigo descritivo da North American Review:
É óbvio que o período das invenções singulares, na transição para o Séc. XX, trouxe várias disputas sobre a autoria dos inventos. Edison está no meio delas, na sua disputa com o genial Nikola Tesla, e aparece agora ligado à própria criação anterior da lâmpada eléctrica. O nome Ladygin era-me desconhecido, e nem tão pouco consta da wikipedia (ao contrário do nome do autor do artigo Emil Draitser).
No entanto, seria uma referência vulgar na escola soviética, tal como a Locomotiva dos Cherepanovs ser anterior à de R. Stephenson, conforme se pode ler no artigo.
 A locomotiva dos Cherpanovs - 
agora tida apenas como primeira locomotiva russa...
Agora, mais importante que esses esquecidos Cherepanovs, é uma promessa do hóquei, curiosamente denominado Cherepanov, Siberian Express
Os motores de busca não têm dúvidas de quem apresentar em primeiro lugar. 
Da mesma forma que quem procurar Cândido Costa será presenteado com um jogador do FC Porto, e não encontrará o escritor português. Estas coincidências repetem-se, e uma das que mais me surpreendeu foi a de Olavo Bilac
Acontece que esta própria relevância nada tem de estranho, sendo facilmente justificada.
Independentemente disso, condiciona a informação a que temos acesso.

A história só pode ser contada por quem tem capacidade de fazer ouvir a sua voz... as outras histórias ficam guardadas pelos mudos, condenadas ao progressivo desaparecimento.
A indiscutível presença espacial americana e russa poderá não passar de uma pequena lembrança quando os dados forem jogados de novo - Alea jacta est... e o que era deixa de ser, tal como aconteceu com as navegações portuguesas, ou outras anteriores.

O registo que nos parece perene e intemporal, é tão somente acaso da conjuntura política de cada época, procurando influenciar as gerações futuras.
Aquiles não existiria sem Homero, e sem o relevo que os escritores posteriores lhe consagraram.

A maior obra pode passar completamente esquecida e ser apropriada posteriormente, na altura considerada certa, e atribuída como recompensa a alguém conveniente. Lendo os textos portugueses à altura dos descobrimentos, percebe-se perfeitamente que os nossos autores adivinhavam esse esquecimento programado. Por outro lado, sabiam perfeitamente, e escreviam-no, que muito desse conhecimento português era apenas fruto de uma reedição de conhecimento antigo, aparentemente perdido.

Jorge Couto, terá ido para além do relato de Duarte Pacheco Pereira, e cruzando dados foi aceite a prova de que em 1498 este teria atingido o Brasil. Não há dúvida que Couto foi reconhecido pelo trabalho, tendo recebido vários prémios, e sendo nomeado para director da Biblioteca Nacional. Porém, esse trabalho ficará como um registo erudito, de divulgação limitada. 
A versão oficial propaga-se no ensino, com razões para além dos factos. Resta apenas continuar o excelente trabalho de disponibilizar digitalmente as obras nacionais... coisa que se afigurará difícil, sempre que as obras sejam complicadas. Encontrámos a obra de António Galvão na BNP publicada alguns meses depois de encontrarmos outra digitalização na internet... teríamos preferido encontrá-la primeiro em Portugal.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Giroflé, Girofla

Giroflé-Girofla é uma ópera bufa (com tudo o que o cómico pode delatar) de 1874 de Charles Lecocq.
No enredo temos um Don Bolero com dificuldades financeiras, que procura contornar com a ajuda da esposa Aurora, casando por conveniência as filhas gémeas: Giroflé e Girofla. Casam-se com os credores do pai - um rico comerciante, e um chefe mouro, que o ameaçara de morte. Porém, com o rapto de uma delas, a outra vê-se numa situação cómica de ubiquidade, procurando substituir a irmã, para que o marido dela, líder mouro, não note a sua ausência.

Giroflée-Girofla é ainda uma canção de denúncia e resistência contra a subida de Hitler ao poder, composta em 1937.
Que tu as la maison douce
Giroflée Girofla
L'herbe y croît, les fleurs y poussent
Le printemps est là.
Dans la nuit qui devient rousse
Giroflée Girofla
L'avion la brûlera. (...)
Giroflé-Giroflá é finalmente mais conhecida como canção infantil. A letra francesa é razoavelmente diferente, próxima do enredo da ópera. No caso português ficou limitada ao jardim Celeste e à busca da Rosa.

Bom... e o que é afinal o Giroflé?
Cravo - especiaria (Girofle, em francês) 

Vendo as coisas a esta distância, talvez isto fosse um post mais apropriado para o 25 de Abril... no entanto há coisas que aparecem nos nossos espíritos, por santas campanhas repetitivas que soam como campaínhas.

A ópera de Lecocq poderia reflectir uma dualidade francesa na partilha colonial do mundo que ocorreria na conferência de Berlim, dez anos mais tarde (1884). Os intervenientes em dívida, e a contemplar no casamento poderiam bem incluir um rico comerciante europeu e um chefe mouro... o Giroflé, esse vem ainda hoje de Madagascar. Porém, Don Bolero, era claramente  um personagem espanhol.

Depois, para além da posição ambígua tomada aquando da ascensão de Hitler, a simples transcrição da canção infantil para o caso português terá sido simples e fortuita... é óbvio que o cravo com se quis marcar a revolução de 25 de Abril nada a tinha a ver com especiarias, nem a canção se chamava Oeillet, Oeillat...

O cravo, cujo nome vulgar é ainda Oeillet Giroflé, era cantado pelas crianças, ainda antes de 1974 (data em que a ópera fazia cem anos).
Uma pequena manifestação subtil de coordenação de vontades, para além da vontade reinante...
Não indiciando certamente nenhum prelúdio de acontecimento, que registo ficou desta admirável coincidência?
Passado pouco tempo, outra palavra "o crava" entrou rapidamente no jargão, e em espírito irónico falava-se na "revolução dos cravas". Uma simples mudança no final... Girofle, Girofla!

E em tempo de cravas, continuaremos a ouvir as crianças a cantar:
Giroflé, Giroflá... o que foste lá fazer? Fui lá buscar uma rosa...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Entre a calma e o insólito

As notícias sobre a morte insólita de centenas de pássaros, vieram acrescentar mais polémica à quantidade acumulada de mistérios. De facto, as tentativas de explicações oficiais são por vezes banais e dirigidas a indigentes, e nada mais fazem do que adensar o mistério.
Entretanto, o Pravda continua as notícias na linha especulativa:


(imagem que ilustra a primeira noticia)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

SETI e as 3 naves espaciais para 2012

O título da notícia no Pravda é este:
Normalmente isto seria um título de ficção científica, e não do conhecido jornal russo Pravda.

No entanto, nestes tempos é difícil perceber até que ponto isto é um problema nosso ou do Pravda e da sua avaliação das fontes de investigadores do projecto SETI (na página do SETI nada é dito)...
imagem que ilustra o artigo do Pravda

O texto do artigo
The spaceships were detected by HAARP search system. The system, based in Alaska, was designed to study the phenomenon of northern lights. According to SETI researchers, the objects are nothing but extraterrestrial spaceships. They will be visible in optical telescopes as soon as they reach Mars's orbit. The US government has been reportedly informed about the event. The ships will reach Earth in December 2012.
The date of the supposed space contact with extraterrestrial civilization brings up thoughts about the Mayan calendar, which ends on December 21, 2012. Is it just a coincidence? Most likely, though, SETI researchers mistake the wish for the reality: fifty years of constant monitoring of space have not yielded any results.
O Pravda faz ainda outro artigo sobre visitas UFO ao sul da Rússia... e será de ter em atenção outros artigos do Pravda sobre a controvérsia com o sistema HAARP (artigos de 2003; 2010), sendo claro que chegaram a vê-lo como uma ameaça à Rússia.

No entanto, informação semelhante (e mais antiga), sobre este avistamento pode ser encontrada aqui:
big-spaceships-fly-to-earth