A publicação desta imagem no Portugalliae:
e a inspecção mais atenta da batimetria disponível no Google Maps, permite no entanto concluir sobre a raridade de formações como o Canhão da Nazaré (ou outras próximas da Serra da Arrábida, ou do Cabo de Sagres). Pode eventualmente encontrar-se algo semelhante em grandes rios, como o Congo, o Indu, ou o Ganges, mas em pouco mais sítios.
O mais interessante é que uma formação submarina com aquele aspecto denota uma erosão própria de um rio que corre à superfície, sendo claro que quando os rios atingem o mar, a sua corrente ao espalhar-se no leito oceânico, dilui por completo a erosão que é típica em terreno ao ar livre.
Surge assim a hipótese de tal formação ter origem num poderoso rio (agora desaparecido... o Rio Alcobaça é demasiado modesto para uma tal erosão), que outrora desgastou aquele vale, tal como o Colorado que atravessa desertos em direcção ao Golfo da Califórnia, dando origem a tal Canyon.
Conforme é dito em Portugalliae poderá ter havido um aumento do nível do mar, muito superior ao que se supõe, devido ao degelo após a glaciação. Nesse caso, e atendendo a que o Canhão da Nazaré corta significativamente o leito submarino, até mais de 1000 metros, podemos estar a falar de tempos, em que o Mediterrâneo pouco mais fosse do que um lago.