"Now you see me"... foi um interessante filme sobre magia e mágicos lançado em 2013.
"Now you see me" (2013) e a cena com o truque inicial.
Começando por notar que a cena do truque inicial, que é um velho clássico, resulta também na maioria dos espectadores do filme que vão escolher a mesma carta que a menina (... and now you don't).
Há sempre quem simpatize com ideias de "magia" ou "milagres", que levados ao extremo, remetem para universos de ilusão, de total fracasso.
Não é difícil saber de casos de pessoas que foram dadas como mortas e recuperaram na morgue (ou no caixão, como acontecia por vezes no Séc. XIX). Esses casos de "Lázaros" modernos não são associados a um nenhum curador, ou a nenhum milagre sobrenatural. Acontecem!
Também não é difícil saber de ilusionistas que caminham sobre a água, como foi o caso de Dynamo, que em 2011 apareceu a caminhar sobre o rio Tamisa, em Londres. Transformar água em vinho, pode até ser visto como mera curiosidade científica, para além da sua execução mais credível por mágicos profissionais.
Truques de levitação eram apresentados na Índia aos caminhantes, e são exibidos hoje nas ruas diversos truques de levitação, ou outros, sem que isso impressione muito os transeuntes, ou sem que as pessoas vejam ali magos com um poder sobrenatural. Simplesmente sabem que se trata de algum truque, mesmo que não percebam imediatamente qual é.
Um caso típico de levitação na rua ...
Na imagem que aqui apresentamos podemos ver a fotografia de um homem que está em levitação, ou pelo menos essa é a sensação que podemos ter, até que com um simples dedo se tape a sombra que está no chão. Será que teríamos a mesma sensação se desde o início do texto estivessemos a falar de solos com manchas de água? O contexto que circunda qualquer acontecimento é de sobremaneira importante para a conclusão que retiramos de um mesmo facto. Como normalmente o contexto de cada pessoa é diferente, grande parte dos ilusionismos, artimanhas, ou enganos, passam por conduzir a pessoa para o contexto desejado, de onde depois a conclusão será natural, ou naturalmente errada.
À excepção de charlatões, os mágicos identificam os seus truques como meras ilusões, o que lhes afastou um fascínio perigoso que poderiam explorar perversamente, como tantos outros fazem.
Pior, nalguns casos explicam mesmo em que consistem os truques, e aí todo o fascínio desaparece. Dou um exemplo - quando vi que o truque de atirar facas contra uma pessoa presa, a rodar num disco, consistia em fazer saltar facas que estavam espetadas atrás do disco, acabou por ser uma certa desilusão, destruindo a ilusão de infância...
Pior, nalguns casos explicam mesmo em que consistem os truques, e aí todo o fascínio desaparece. Dou um exemplo - quando vi que o truque de atirar facas contra uma pessoa presa, a rodar num disco, consistia em fazer saltar facas que estavam espetadas atrás do disco, acabou por ser uma certa desilusão, destruindo a ilusão de infância...
Tal como crianças, a maioria das pessoas não se importa de ser enganada por mágicos, porque o espaço de diversão está bem definido, e os mágicos têm normalmente o bom tom de não ofender ou gozar com alguém no palco.
Com as crianças deve também definir-se bem o tempo de brincadeira, sob pena de não entenderem quando o adulto está ou não pronto para brincar, ou o que é e o que não é brincadeira.
É razoavelmente frequente não ver essas fronteira entre a "seriedade" e o "faz de conta" bem estabelecidas, o que leva a uma confusão entre a ilusão e realidade. Não só, faz com que não se distinga a diferença entre brincar e gozar.
O gozar ocorre quando a brincadeira se coloca apenas de um lado.
Hoje mistura-se "bullying" com "gozo", sendo que o "gozo" é tolerado, porque mesmo que as vítimas não achem piada à brincadeira de que são alvo, acha-se que tudo não passam de brincadeiras.
A leviandade com que é tratada esta matéria resulta de uma tradição de infantilidade que passa para os adultos, que também acham normal exercerem uma superioridade assente em esquemas sobre a ignorância ou boa fé alheia.
É responsabilidade dos adultos, que vem do seu maior conhecimento, informar as crianças da diferença entre ilusão e realidade. Quando mantêm uma ilusão fora disso, como o caso do mito das prendas do "Pai Natal", não se deve prolongar excessivamente no tempo; esclarecendo o assunto como uma praxe tradicional, única e irrepetível. Caso contrário, perdida a confiança numa mentira, dificilmente será restabelecida.
Isto para referir que a Igreja Católica há muito que deveria ter uma atitude responsável para com o seu rebanho, que chega a tratar com uma infantilidade que mete dó.
Que foi praticante de um bullying atroz durante a sua adolescência (séc. XII a XVIII), pois para isso basta lembrar uma outra palavra - inquisição.
Mas cresceu, e deveria ter uma teologia suficientemente adulta para banir o uso de infantilidades, o que parece algo difícil de reconhecer. Talvez creia na infantilidade como forma fácil de congregar fiéis, mas esse facilitismo tem competidores que não se importam de usar magia charlatã, publicidade, e outros meios mercantis, como forma de angariar vontades.
Para um observador externo, o que mais impressiona é todo o tempo perdido em estudos teológicos que deram em nada, ou ficaram fechados numa douta gaveta, enquanto se vai mantendo um enrolo de dois mil anos, que nem sequer impressiona pelos números de magia, cuja única diferença face aos actuais é a sua veracidade ser uma questão de fé.
No embate entre "mundo material" e "mundo espiritual", a Igreja Católica aparece como uma fraca força de outros tempos, procurando manter elos frágeis a uma tradição que a arrastou até ao Séc. XXI. Os seus padres, que vão se refugiando nos velhos textos como leitura de alegorias, vão ficando perdidos nas antigas contradições próprias, como se o tempo tivesse parado na Idade Média, sem dar respostas que façam sentido aos seus fiéis. Vai restando a fé... como se tudo o resto não fosse também uma outra fé.
Com as crianças deve também definir-se bem o tempo de brincadeira, sob pena de não entenderem quando o adulto está ou não pronto para brincar, ou o que é e o que não é brincadeira.
É razoavelmente frequente não ver essas fronteira entre a "seriedade" e o "faz de conta" bem estabelecidas, o que leva a uma confusão entre a ilusão e realidade. Não só, faz com que não se distinga a diferença entre brincar e gozar.
O gozar ocorre quando a brincadeira se coloca apenas de um lado.
Hoje mistura-se "bullying" com "gozo", sendo que o "gozo" é tolerado, porque mesmo que as vítimas não achem piada à brincadeira de que são alvo, acha-se que tudo não passam de brincadeiras.
A leviandade com que é tratada esta matéria resulta de uma tradição de infantilidade que passa para os adultos, que também acham normal exercerem uma superioridade assente em esquemas sobre a ignorância ou boa fé alheia.
É responsabilidade dos adultos, que vem do seu maior conhecimento, informar as crianças da diferença entre ilusão e realidade. Quando mantêm uma ilusão fora disso, como o caso do mito das prendas do "Pai Natal", não se deve prolongar excessivamente no tempo; esclarecendo o assunto como uma praxe tradicional, única e irrepetível. Caso contrário, perdida a confiança numa mentira, dificilmente será restabelecida.
Isto para referir que a Igreja Católica há muito que deveria ter uma atitude responsável para com o seu rebanho, que chega a tratar com uma infantilidade que mete dó.
Que foi praticante de um bullying atroz durante a sua adolescência (séc. XII a XVIII), pois para isso basta lembrar uma outra palavra - inquisição.
Mas cresceu, e deveria ter uma teologia suficientemente adulta para banir o uso de infantilidades, o que parece algo difícil de reconhecer. Talvez creia na infantilidade como forma fácil de congregar fiéis, mas esse facilitismo tem competidores que não se importam de usar magia charlatã, publicidade, e outros meios mercantis, como forma de angariar vontades.
Para um observador externo, o que mais impressiona é todo o tempo perdido em estudos teológicos que deram em nada, ou ficaram fechados numa douta gaveta, enquanto se vai mantendo um enrolo de dois mil anos, que nem sequer impressiona pelos números de magia, cuja única diferença face aos actuais é a sua veracidade ser uma questão de fé.
No embate entre "mundo material" e "mundo espiritual", a Igreja Católica aparece como uma fraca força de outros tempos, procurando manter elos frágeis a uma tradição que a arrastou até ao Séc. XXI. Os seus padres, que vão se refugiando nos velhos textos como leitura de alegorias, vão ficando perdidos nas antigas contradições próprias, como se o tempo tivesse parado na Idade Média, sem dar respostas que façam sentido aos seus fiéis. Vai restando a fé... como se tudo o resto não fosse também uma outra fé.
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