Gorillaz - um projecto musical onde os protagonistas seriam apenas bonecos animados, deixaram uma sucessão de vídeos notável, onde contaram até com a participação de Bruce Willis. A influência hip hop dos De La Soul começara a tomar efeito, e ganhar múltiplas variantes.
Broken - Gorillaz (Plastic Beach)
Distant stars come in black or red
I've seen their worlds inside my head
They connect with the fall of man
They breathe you in, and dive as deep as they can
There's nothing you can do for them
They are the force between, when the sunlight is arising
There's nothing you can say to him
He is an outer heart, and the space has been broken now
It's broken, our love, is broken
Is it far away in the glitter freeze or in our eyes
Every time they meet
It's by the light of the plasma screens
We keep switched on all through the night while we sleep
There's nothing you can do for them
They are the force between, when the sunlight is arising
There's nothing you can say to her
I am without a heart, and the space has been broken now
It's broken, our love, is broken
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A tomada de consciência nunca foi imediata.
A inteligência apareceu antes da sua tomada de consciência.
Não podia ser doutra forma, afinal só podemos conhecer o que já existe.
Assim, é completamente diferente pensar em seres inteligentes e em seres que tenham consciência da sua inteligência. A inteligência de uns pode superar a dos outros, mas há uma imensa diferença... uns são máquinas, os outros não.
Os processos mecânicos podem desenvolver-se autonomamente a ponto de exibirem prodígios de inteligência literal. Vemos exemplos de como essas soluções foram encontradas biologicamente, como se houvesse ali um desenho inteligente. E esse desenho inteligente não pode ser negado, porque está ali para ser contemplado. A grande diferença é que essa tomada de consciência de inteligência não é inerente ao processo observado, é inerente ao observador.
Na encruzilhada temporal haveria o caminho puramente genético, onde a inteligência apareceria codificada numa sequência de DNA, mostrando a capacidade de inteligência da ordem, mas seria uma inteligência que nunca seria vista... porque ao finito falta a capacidade de reconhecer o infinito, ao limitado faltaria a capacidade de ver a sua limitação. Para alguém reconhecer as suas limitações tem que ir acima delas, para as poder contemplar. Só os limitados ignoram as limitações...
Nesse caminho genético, nada impediria a programação de capacidades computacionais imensas, em cérebros programados de forma similar.
Esse seria o caminho de grandes gorilas divinos, capazes de proezas notáveis, mas inconscientes da sua capacidade. Capazes do bem e do mal, sem distinguir a diferença entre ambos.
Porque a diferença entre o mal e bem é uma diferença de percepção ecológica, é uma noção ausente da ordem local, é uma noção imposta pelo caos global.
Esta ecologia não tem apenas raiz etimológica no oikos grego, que remete à casa ou família global, é também uma "ciência do eco". Este "eco" é o retorno que teremos a cada som que emitimos, a cada acção que produzirmos.
A cegueira da ordem local foi o pensar que haveria uma solução local que se imporia globalmente, com um centro bem identificado. Cresceria anulando o restante, cega pelo seu umbigo gerador.
Veria o que queria ver... ver-se-ia a si, esquecendo a casa onde crescia.
Começava por ser a bactéria reprodutora, capaz de inundar em pouco tempo o planeta com uma reprodução exponencial, até que seria confrontada com o eco da sua acção - a falta de alimento para acompanhar tal crescimento. A sua acção local era um sucesso, o problema era a falta de visão do eco global da multiplicação dessas acções.
A inteligência humana não terá surgido até que os homens foram forçados a reconhecer a influência global das suas acções. Os hominídeos podem até ter exibido sinais de inteligência mecânica, quase sem limites, com criatividade para fazer prevalecer a sua visão local... só que isso não traz nenhuma consciência do que faziam.
A maior inteligência de gorilas, só favorecia a competição entre gorilas, não permitia ao gorila ver que ao anular os diferentes, estaria só a deixar iguais, mas não estaria a acabar com a competição entre iguais. Por muito iguais que fossem, a competição estimularia sempre qualquer diferença, até que no limite, o gorila estaria a ser a levado a uma competição consigo mesmo.
Por isso, a ecologia em confronto é sempre o eco das acções em si próprio.
O homem só se tornou homem quando aprendeu a ver nos outros semelhantes, quando passou a sofrer com a dor dos outros, projectando-a em si. Essa capacidade de empatia com o semelhante, que ao longo da história se tem procurado retirar, em nome duma competição incessante, é a diferença fundamental entre o homem e a besta. É a diferença fundamental entre uma consciência para um equilíbrio num contexto global, e uma inconsciência para um sucesso local aprazado.
Da natureza vem essa ordem programada, finita, cega ao eco de si própria. Daquilo a que se pretende chamar caos, chamar coincidência, negligenciar, por falta de melhor entendimento, surge o inexplicável, a semente das ideias do único futuro para este presente.
Por muito que se veja o império duma ordem construída, só o olho cego não quer ver que essa ordem só pode ser vista numa dimensão muito superior, onde os impérios de cabeças de formigas são esmagados com um pé, um pé no futuro.