Irei retomar o Tratado dos Descobrimentos, de António Galvão... do qual disse Manuel Faria e Sousa:
Sua fama durará enquanto houver mundo, pois nela não têm jurisdição reis fracos, ministros maus, fortuna cega, idades caducas...
Galvanize - The Chemical Brothers (2005)
galvanize (v.)1801, "stimulate by galvanic electricity," from French galvaniser, from galvanisme (electricity produced by chemical action," 1797, from French galvanisme or Italian galvanismo, from Luigi Galvani (1737-1798), professor of anatomy at Bologna, who discovered it c. 1792 while running currents through the legs of dead frogs).Figurative sense of "excite, stimulate (as if by electricity)" first recorded 1853 (galvanic was in figurative use in 1807). Meaning "to coat with metal by means of galvanic electricity" (especially to plate iron with tin, but now typically to plate it with zinc) is from 1839.
«Dos néscios leais, se enchem os Hospitais», disse João de Barros, a propósito da máquina política lisboeta que condenava os heróis da Ásia, ao descrédito ou à miséria, no seu regresso à capital cortesã. A passagem é mesmo colocada sobre este herói das ilhas Malucas, que foi tratado de forma maluca, tendo a sua obra sido apenas posteriormente reconhecida como crucial pelos ingleses.
A passagem proibida na Antiguidade, da qual o Cabo Bojador foi símbolo, era o limite do Trópico de Cancer, que está hoje 3 graus mais a sul desse cabo. Nem o Reino do Egipto se desenvolveu mais para Sul, ficando os seus limites acima do Trópico de Cancer. Havia grande preocupação com os "climas do Mundo", e as zonas tórridas chegaram a ser consideradas "não habitáveis". Claro que esta "preocupação" era apenas ocidental, enquanto na Ásia, da Índia ao Sião, uma boa parte da terra mais habitada, estava justamente abaixo dessa latitude.
Porém, devemos considerar que, para populações da Idade do Gelo, que assistiram à subida do nível dos mares, submergindo muitas ilhas e linhas costeiras, o clima ideal não era "quente". As populações no enquadramento europeu que quiseram viver no mesmo tipo de clima não poderiam ficar no mesmo lugar... teriam que acompanhar a subida dos gelos, para Norte.
Um argumento que Galvão expõe, para contrariar os que pretendiam que nunca se tivesse perdido o contacto entre as populações no globo terrestre, é que se assim fosse, se houvesse conhecimento de todo o globo, a malícia humana teria confrontado os homens com o seu fim.
Um dos perigos trazidos com os descobrimentos, abaixo do Trópico de Cancer, era já sancionado pelos cartagineses. Para evitar a constituição de reinos formados por desertores das embarcações, o Senado de Cartago instituíra a pena de morte, para os que tentassem "não regressar".
Ou seja, o medo da cabeça do reino era a possibilidade dos governadores ganharem protagonismo, e tal protagonismo seria visto como semente de um cancro, de uma nova cabeça, contra a organização regente. Assim, os heróis da Ásia foram vistos como perigosos cancros para a cabeça cortesã, especialmente nos casos em que os chefes locais os consideravam, ou os queriam tomar, como efectivos reis de seus povos - e esse foi o caso de Albuquerque ou de Galvão.
Pouco importou que Galvão não tivessem aceite, que tivesse cumprido as ordens da corte, regressando vassalo e pobre perante o seu rei (tendo aliás gasto a sua fortuna familiar em proveito do reino). Apenas ficou com a sopa dos pobres do Hospital de Lisboa.
Aos jovens que nascem numa sociedade são-lhes mostradas estrelas, pontos individuais brilhantes, que servem a muitos como guias para um caminho de sucesso. Vêem-nas como independentes, com luz própria, e julgam que o seu caminho também poderá traçado nessa independência, reconhecida naturalmente pelos outros. Desconhecem que se tratam apenas lâmpadas, holofotes, luzes alimentadas por uma fonte de energia oculta, luzes que se extinguem ao simples premir de um botão. Assim, quando se procuram mostrar, evidenciar o seu talento, esperam reconhecimento, mas são simplesmente remetidos ao funcionamento mecânico da sociedade (... no caso do vídeo, entregues ao cuidado da polícia).
Agora, é claro que um corpo social estabelecido despreza a individualidade. Só tem interesse em enaltecê-la, porque ao longo dos tempos os corpos sociais que mais reprimiram a individualidade foram também aqueles que rapidamente definharam, por falta de criatividade. Assim, o corpo social vê-se forçado a ter que conviver com os excessos da individualidade, e a reprimi-la para que o corpo social se mantenha coeso acima de qualquer individualidade. Os casos de revoluções podem ser vistos como infecções temporárias, das quais o corpo irá recuperar... ou mesmo perecendo, pela substituição de ideias ou estrutura, será caso temporário. Afinal as células da sociedade anterior estão programadas para funcionar na lógica de um corpo social, e aceitarão outra cabeça, desde que haja lugar no corpo.
No entanto, convém notar que a evolução não privilegiou os seres multicelulares... e ainda hoje temos como recordista de comprimento de ADN uma simples ameba, um ser microscópico unicelular. Aliás, a quantidade de seres unicelulares excede brutalmente aqueles que abdicaram da sua individualidade e optaram por formar corpos multicelulares. No desenvolvimento desse organismo multicelular uma sua célula desconhece por completo a consciência do corpo, que se desenvolveu numa diferente dimensão.
E o erro será pensar que essa consciência é resultado da estrutura... a contrario, devemos pensar que a estrutura apenas serviu para albergar de maneira satisfatória uma consciência externa. Ora, não há nenhuma razão particular para essa estrutura biológica ser um organismo derivado do macaco... se esquecermos o tamanho do cérebro que cresceu nos seus derivados humanos. Ou seja, podemos vir a ser confrontados com manifestações de consciência externa noutros animais... e isso tanto mais quanto mais os humanos reduzirem as manifestações individuais, fechando ao caos os limites da sua expressão, ou quanto mais os humanos não quiserem abrir os olhos e ouvidos ao que a Natureza tem para dizer. A evolução dos corpos sociais, no sentido do seu mero aumento, não leva a nenhuma abertura de possibilidades, apenas segue o caminho dos dinossauros - grandes bestas dirigidas no seu único propósito digestivo.
Ora boas... não tido muito tempo para vir aqui... tenho que arranjar, pois reparo que já tem aqui muito material...
ResponderEliminarUm pouco fora do tema... aprecio muito as suas escolhas musicais... sim senhor.. muito bom gosto - para quem deve ser de uma geração diferente da minha (parte desse principio pelo teor de alguns verbetes) está muito bem actualizado... ;-)
Ah e continuando fora do tema... a história realmente repete-se.... em termos musicais (de certeza que já deve ter reparado nisso) os anos 80 regressaram e em força, pela geração que agora está entre os 20 e 30 anos - engraçado, não é?
Um grande abraço...
Obrigado pela visita, Amélia.
EliminarOra, ora, para os standards da longevidade dos velhos patriarcas, que chegavam até aos 900 anos, quando comparados com os nossos de 90 anos, sou uma criancinha - não devo andar muito longe dos 5 anos de idade.
Abraço e bom ano!
Passada uma semana, e reparei que este vídeo "deixou de estar disponível no nosso país".
ResponderEliminarOk, mas encontram-se endereços alternativos... ora vejam lá este (que mistura a 5ª sinfonia de Beethoven com "Galvanize"):
https://www.youtube.com/watch?v=6b9ci_z4v7M
ou então, deixamos link apenas para a versão "clássica":
Beethoven Vs Chemical Brothers - Symphony No. 5 Vs Galvanize (Djs From Mars Bootleg)