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terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

O anti-herói de Vila do Conde

A notícia pode encontrar-se no CM jornal, mas vamos aqui citar a notícia de "O Minho"

Cidadão recusa usar máscara e desafia polícias na marginal de Vila do Conde

Numa altura em que a palavra herói foi trucidada por esbirros publicitários do sistema para perder todo o significado, e passou a designar qualquer cobarde que se encolha de medo em casa; é bom trazer este exemplo que se passou em Vila do Conde na quinta-feira passada.

Não haja aqui grandes dúvidas, quer o "cidadão", quer a PSP, estiveram ambos bem, dado o regime ditatorial implantado e as  suas circunstâncias.

O homem, cujo nome é sempre omitido, farto de estar preso em casa, decidiu ir até à praia, e não parece que nada disto fosse planeado, pelo que se trata inicialmente de um anti-herói, que não procurou protagonismo para si, nessa incursão audaz até praia. Para quem esteja a ler isto, quando esta paranóia passar... sim é mesmo verdade que as pessoas eram impedidas de passear, até sozinhas!

Dois agentes que patrulhavam a zona, devem-no ter avisado que estava sem máscara, para se recolher, etc, e daí começa a gravação que vemos.

Conforme o homem reclama, a lei não o obrigaria a usar máscara, porque não estava a menos de dois metros de ninguém, mas também será verdade que os agentes devem receber ordens de dispersar qualquer um... para evitar ajuntamentos no passeio que ocorreram antes.
Como há polícias que preferem a pedagogia do cacete, obviamente acabariam ali os 2 metros de distância, e situações dessas já ocorreram. A PSP de Vila do Conde estava mais bem instruída, e nesse aspecto também estava o cidadão, ao recorrer do telemóvel e pedir aos agentes para se afastarem.

Virão defensores do indefensável, dizer que o homem não poderia filmar os agentes... mas não é assim (por enquanto), pois tratava-se de um acto público que estava a ser exercido contra si. Aliás, todos os agentes e figuras públicas não têm direito a reserva de imagem quando exercem funções públicas.

Virão defensores do indefensável, dizer que é por causa de chico-espertos como este que o vírus se propaga. Ora, isso contradiz-se igualmente, quando é por causa de carneirinhos obedientes que leis absurdas como esta são implementadas e respeitadas. O acesso à orla costeira não pode ser impedido indefinidamente. 

Estados Novos de Emergência... é uma figura retórica que se auto-contradiz, porque quando a Emergência passa a ser doença crónica, deixa de ser Emergência. Estamos sim, em Estado de Sítio. Mas sobre isso, estamos calados...

Seriam esses meninos também espanholados, quando em 1640 os portugueses se rebelaram contra a lei espanhola que regia o país? Como se chamariam a esses meninos em 1641, um mês depois? Qual foi o destino do exemplar cumpridor da lei, Miguel de Vasconcelos?
Foi defenestrado... e alguém pediu depois o julgamento desse homicídio?
Pelo contrário, os homicidas são heróis nacionais, chamados Conjurados.

A reacção típica do prisioneiro domiciliário é repudiar o acto desbocado do cidadão que reclama a sua liberdade em praça pública. Porque também o prisioneiro poderia fazer o mesmo, e não faz, porque é um cidadão cumpridor...
Cidadãos cumpridores também foram todos os colaboracionistas com regimes ditatoriais. E não há aqui tretas de eleições e regimes democráticos, porque se Marcelo teve agora 60% dos votos, em 1938 Hitler teria ganho com 80% ou mais, altura em que a revista Time o nomeou como homem do ano.

A questão democrática principal é permitir a contestação, e remetê-la para onde pode ser disputada de forma civilizada - em último caso, nos tribunais... se estes ainda estiverem funcionais, obedecendo ao mínimo dos mínimos, que é apresentarem uma lógica racional nas suas decisões.

Nesse sentido, a actuação da PSP, talvez algo condicionada pela câmara, acabou por ser quase exemplar, quando ofereceu uma máscara ao homem, ao mesmo tempo que este clamava que os agentes também não percebiam ou explicavam a lei que queriam aplicar. Queixando-se ainda de um problema de saúde grave - a pressão psicológica - exercida pelo confinamento e pela propaganda estatal.

Os detractores de serviço dirão ainda que o homem apenas quis "5 minutos de fama", o que pode ter acontecido na forma como abordou a situação... mas dificilmente esses detractores se colocariam na mesma posição desafiante perante uma brigada de intervenção armada.

Os defensores da lei e ordem, esquecem ainda que a lei e a ordem só devem ser defendidas quando há nelas um sentido racional. Se estão por leis arbitrárias definidas por uma nomenklatura de serviço, sob capa "científica", pois estão por regimes ditatoriais de esquerda, que definiam a prevalência do bem da comunidade (definido pela nomenklatura) acima do bem individual. Se estão pela liberdade individual, acima de leis avulsas sem qualquer nexo racional, pois acho que este anti-herói de Vila do Conde é um bom exemplo.

Cada cidadão não terá a solidariedade dos media internacionais, que esquecem manifestações nos países ocidentais, mas depois são muito tolerantes com outras, como aquelas que se passaram agora na Birmânia (Myanmar):

.... quando os generais birmaneses apenas mostram que aprenderam bem a lição dos Estados de Emergência, e decidiram aplicar o mesmo. Não, ali não estão cidadãos isolados, lutando sozinhos contra um poder instituído, mas alguns também não têm máscara (o horror dos horrores, no politicamente correcto ocidental). Quanto à Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, depois do massacre dos Rohingya, já teve melhor dias no estatuto de santa eleita pela religião ocidental, mas mesmo assim continua a beneficiar daquilo que só os "eleitos pelo status quo" têm, e que é uma tolerância infindável, apesar das asneiras em que se metam.
Ou seja, o oposto do que é dado à restante população...

2 comentários:

  1. Aqui por casa reina a propaganda dumas quatro telenovelas brasileiras consumidas diariamente depois da missa do telejornal da SIC, onde até à pouco tempo tinha uma voz off a dizer "estamos juntos" a voz do Deus dos carneiros portugueses, divergem entre funcionários públicos e insiders do privado mas estão juntos na TV… que lhes dá o ópio perdido da missa católica.

    Aqui por casa reina um ódio profundo a quem se insurja contra confinamentos de coviides, e seja contra Costa & Mortáguas, quando abro a boca a dizer mal deles e o do historiador Rosas do Bloco , só não sou posto na rua porque ainda sou o dono da casa, e isto leva-me a pensar na época do surgimento do nacional-socialismo alemão onde ninguém podia estar contra,
    resta saber quando será a próxima noite de cristal na internet, parece que em Portugal agora a caça é ao "fascista", quem não for PS-bloquista-multiculturalista-LGT é fascista.

    Robert F. Kennedy Jr. is barred from Instagram over false coronavirus claims.
    https://www.nytimes.com/2021/02/11/us/robert-f-kennedy-jr-instagram-covid-vaccine.html

    Cumprimentos
    José Manuel

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    1. Pois, é uma questão da moda dos tempos, ou do tempo das modas...

      Ao que se percebe até a realidade tem dificuldade em mudar a moda, pelo que nesses casos, a realidade tende a usar de soluções mais drásticas!
      Esperemos que não, e que seja uma questão de reajustar as modas à realidade, o que de vez em quando dá jeito, porque a realidade é mesmo muito teimosa e não gosta muito de Czares da Realidade:

      Will we end up with a Reality Czar?
      https://www.nationalreview.com/corner/will-we-end-up-with-a-reality-czar/

      Antigamente usava-se o Rei, mas não sei se esta malta chega ao ponto de estar suficientemente educada para saber isso...

      Abraço.

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