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terça-feira, 1 de setembro de 2020

Velez de la Gomera

Espanha mantém territórios em Marrocos, sendo o caso mais conhecido o de Ceuta, mas estende-se a Melilla, e outras minúsculas possessões, entre as quais o ilhéu de Velez de la Gomera:

A situação torna-se mais estranha, porque até 1930 não havia ligação a terra, conforme se pode ver numa foto de 1920:

Em 1930 ocorreu um sismo que deslocou terras, de forma que a fronteira actual é definida na areia que une o penedo a terra. Digamos que a natureza decidiu adicionar um pedaço de terra ao problema, que levou ao incidente de 2012 em que um grupo de sete marroquinos irrompeu pelo território, tendo sido quatro deles presos. 
Coisa insignificante, comparado com o incidente de 2002, do ilhéu Perejil:
onde Marrocos enviou 6 militares para definir uma base, e a Espanha respondeu, após falhanço de negociações, com uma invasão de 28 unidades de comandos, apoiadas pela marinha e força aérea.  Os militares foram presos e substituídas pela presença da Legião Espanhola. 
Depois de mediação americana, o ilhéu voltou a ser abandonado, sendo reclamado por ambos.

O estado actual das possessões espanholas em Marrocos, ditas "plazas de soberania" é este:
... e talvez mereça também algum relevo de construção, os ilhéus de Alhucemas.

Ajuda de D. Sebastião (Velez de la Gomera)
A conquista do penedo de Velez de la Gomera, apesar de parecer insignificante, envolveu a ajuda de D. Sebastião a Filipe II, enviando o almirante Francisco Barreto, que fora antes governador da Índia, numa força expedicionária do vice-rei da Catalunha, que teria no total 93 galés e 60 barcos de apoio.
Esta informação está num interessante livro de David Gonçalves de Azevedo:
Epithome Historico de Portugal publicado no Maranhão (Brasil, 1855).

Esse socorro foi tão bem recebido por Filipe II, que este não tardou a vir instalar-se em Portugal... 
Bom, e continua... 
Apesar desta concepção espanhola de que ilhas encostadas a Marrocos são historicamente suas, ainda hoje os presidentes da república portugueses têm que ir visitar as Ilhas Selvagens, descobertas por Diogo Gomes em 1438, para evitar pretensões como as que foram entregues na ONU em 2014, para aumento da área marítima espanhola, argumentando que se tratavam apenas de rochas desabitadas, mais perto das Canárias do que da Madeira... o que ainda levou a um posto permanente com elementos da polícia marítima.

Bom, e se Ceuta acabou por ficar em mãos espanholas, por vontade do governador em 1640, e D. Afonso VI acabou por ter de reconhecer essa posse em 1668. Poderá até admitir-se que os espanhóis usem Ceuta como termómetro do ambiente marroquino, tal como os ingleses usam Gibraltar como termómetro do ambiente hispânico. Mas, as restantes micro-possessões espanholas em território de Marrocos, são apenas um amostra do carácter espanhol, que obviamente não terá nunca intenção de devolver Olivença... nem mesmo se Gibraltar viesse a ser restituída.

4 comentários:

  1. Pois fazem os senhores Espanhóis muito bem.
    Já lhe disse que as coisas a continuarem como estão, e continuarão assim e até a piorar, mais valia entregar o país aos nuestros hermanos, que são quem o cobiça há mais tempo.

    Todo o Norte de Marrocos tem sido históricamente "Ibérico" e toda a margem Sul do Mar de Alborão é naturalmente zona de influência Castelhana.

    Não sejamos ingénuos...

    Cumprimentos,
    IRF

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  2. Fiquemos pois assim, que não falarei Castelhano enquanto puder!

    Cumprimentos,
    IRF

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    Respostas
    1. Obrigado por concordar com a minha resposta, que é exactamente a mesma que a sua. ;)
      Cumprimentos.

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