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terça-feira, 21 de julho de 2020

Corte Real - Descobridor da América (Avenida da Liberdade)

A notícia está no jornal Diabo, de 2018, por Vasco Callixto, mas será uma surpresa para muitos, para tantos como eu que passaram por lá e nunca repararam. Aliás, nem sequer encontrei uma fotografia apropriada para ilustrar o assunto, mas segue temporariamente esta, que é ilustrativa:

João Vaz Corte Real - Descobridor da América

Em 1932, há 88 anos, a Câmara de Lisboa decidiu assumir que João Vaz Corte Real tinha descoberto a América em 1472. Transcrevo a notícia do jornal, porque é suficientemente esclarecedora:
Há quase um século que na principal avenida de Lisboa se presta uma justa homenagem a um navegador português que então se considerou o descobridor da América em 1472. O seu nome e o seu feito foram gravados no empedrado de um dos talhões da Avenida da Liberdade, situado entre as esquinas da Rua das Pretas e o antigo cinema Tivoli.
Quantos passantes já se detiveram a ler aquelas inscrições e a pensar para si no seu significado? Será de crer numa minoria; passa-se e nem se repara no chão que se pisa. Mas há 86 anos, que agora se completarão nos dias 2 e 3 de Julho de 1932, uns tantos, orgulhosos dos feitos de antanho, decidiram homenagear João Vaz Corte Real (1420-1496) no dia comemorativo do falecimento do antigo donatário da capitania de Angra do Heroísmo. E esta homenagem venceu o tempo. Talvez, precisamente, por ser uma minoria que nela tem reparado.O que se lê no empedrado da Avenida da Liberdade, em Lisboa?
As seguintes inscrições:
João Vaz Corte Real – Descobridor da América – Descoberta da América 1472 
Gaspar Corte Real 1500 – Miguel Corte Real 1502 – Canadá – Terra Nova – Groenlândia Homenagem à América Setentrional – Câmara Municipal de Lisboa MCMXXXII

Acrescento um pequeno detalhe informativo.
No Cap. VIII do 6º livro Saudades da Terra, de Gaspar Frutuoso é dito o seguinte
E como homens antigos afirmam, despois deste Jácome de Bruges, atrás dito, primeiro capitão de toda a ilha Terceira, dividiu-se a capitania em duas, sc., na de Angra, da parte do sul, e na da Praia, do norte, porque, estando sem capitão, vieram ter a ela dois homens fidalgos, por nome, um deles, João Vaz Corte-Real, e outro, Álvaro Martins Homem, os quais vinham da Terra do Bacalhau, que por mandado de el-rei foram descobrir, e, informados como a ilha estava, se foram ao reino, onde o (sic) pediram de mercê por seus serviços à infanta Dona Breatis, mulher do infante Dom Fernando e mãe do duque Dom Diogo, das treições, e sua titor, a qual lhe fez mercê dela, e ambos a partiram pelo meio e lograram, e possuíram seus descendentes, até ficar a parte da Praia sem herdeiro, que foi a que coube a Álvaro Martins Homem, por seu bisneto Antão Martins Homem não ter herdeiro.
Em 1932, estando no início o Estado Novo, ainda se poderiam ter iniciativas destas, o que é um escândalo já se sabe, porque nada tem de politicamente correcto. Esta e outras informações sobre João Vaz Corte-Real deram a certeza de ficar gravada na calçada alfacinha a descoberta 20 anos antes de Colombo.
Terá aguentado na calçada até aos dias de hoje, conforme foi dito, porque quase ninguém repara.... e levantar o chão poderia provocar outros levantamentos inconvenientes!

3 comentários:

  1. Muito bom!
    Isto devia estar no Alvor-Silves, que eu só o encontrei aqui por acaso!

    (Claro que você é que sabe...)

    Que pena, só sobreviver por estar escondida... não fazia ideia e provávelmente já passei por lá lamentando-me de não existir esta estátua... que afinal existe.

    Cumprimentos,
    IRF

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    1. Sim, IRF,
      normalmente teria ido parar ao Alvor-Silves, mas a notícia para já seria ainda só o nosso despiste educado, ou mal educado.

      A juntar a isso, só vi o 1º livro do Frutuoso:

      https://alvor-silves.blogspot.com/2010/12/saudades-da-terra.html
      https://alvor-silves.blogspot.com/2011/02/saudades-da-terra-2.html

      porque não consegui arranjar tempo para ver os 6 livros, ou porque na altura não lhes tive acesso (já não me lembro).

      Portanto iria procurar ver melhor os outros, mas ainda não tive tempo, e tendo isto em stand-by há algum tempo, achei por melhor fazer uma pré-notícia do assunto aqui.

      Em 1932 está como presidente da Câmara de Lisboa, José Vicente de Freitas, que será depois demitido em 1933 por Salazar, por discordar que a União Nacional passasse a partido único. Em 1934 é quando inauguram a estátua do Marquês, por pressão crescente do sector maçónico desde 1915.

      Tenho que perceber um bocadito mais, para contextualizar.

      Obrigado.

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  2. "Em 1934 é quando inauguram a estátua do Marquês, por pressão crescente do sector maçónico desde 1915"

    Interessante.
    Em breve comentarei no Alvor Silves!

    Cumprimentos,
    IRF

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