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segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Irão ou não irão

Numa altura em que o conflito entre os EUA e Irão se acentuou após a execução do general Soleimani, em 3 de Janeiro, as 56 mortes por esmagamento no seu funeral no dia 7, e o abate do avião ucraniano no voo PS-752, no dia 8, com 176 vítimas (82 das quais iraniana) mostraram como, em situação de conflito, é fácil disparar sobre o próprio pé. 

Os gritos de vingança iraniana, com a êxtase fúnebre e o lançamento de rockets sobre as bases americanas no Iraque, tiveram um custo de 138 vidas iranianas, e zero vidas americanas. Todos os erros são imputáveis directamente aos próprios iranianos, que agora assim o admitem. 
Além disso, este erro deixou Teerão numa posição internacional muito frágil, com um medo latente de voos civis sobre o território.

Acresce que está a ser alimentada uma onda de protestos interna contra o próprio governo, devido ao encobrimento governamental, que durou alguns dias, até reconhecessem o próprio erro.

Parecerá até um golpe de judo, em que a força do adversário é usada contra si mesmo.
Terá sido assim? 
Haverá alguém na CIA a fechar a operação "tiro no pé"? 
- Poderá ser que sim, poderá ser que não, mas Trump ainda assim não se livra de algumas críticas canadianas (Canadian CEO says the United States shares blame for Iran plane crash). 
Não que Trump tenha propriamente um registo de bombardeamento de cidades, ao contrário dos seus antecessores (Clinton, Bush ou Obama), mas simplesmente porque esse modus operandi é assumido na política americana, e a execução ou assassinato de Soleimani, não difere do modelo de justiça dos velhos westerns.

Finalmente este abate de avião civil no Irão, segue um velho caso, ocorrido em 1988, quando um porta-aviões americano abateu um avião civil iraniano, o voo IR-655, com a morte dos 290 ocupantes. 
Curiosamente, esse caso tornou evidente como a imprensa ocidental era enviesada a reportar os erros:
- A capa da Newsweek clamava "murder in the air" no caso do voo KAL-007, abatido em 1983 pelos russos, enquanto no caso do IR-655, apenas se perguntava "why it happened".

Mas, a questão é que mesmo que os EUA tivessem condicionado os iranianos a cometer o erro de abaterem um avião civil, seria algo tão vil, que admiti-lo, mesmo nos corredores de Langley, seria um outro tiro no pé.

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