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domingo, 22 de dezembro de 2019

Apanhados do Clima (3)

Um dos tópicos mais frequentes da nossa desinformação é a tanga climática.
Tanga climática, porque nas antigas previsões dos especialistas para 2020, deveríamos estar com primavera no inverno, sendo neve e chuva uma coisa rara.

Mesmo não ligando à Pirralha de serviço (ou Pipi ralha), para quem as tempestades do Atlântico são brincadeiras dos mares do sul, tendo o bom augúrio de não se cruzar com a depressão da Elsa, vieram os ventos lembrar às ventas que deveríamos estar em período decretado de seca extrema, ou coisa do género. Senão, recordemos as notícias de Outubro e Novembro: 

7 Out 2019


5 Nov 2019 


As notícias de Novembro surgiam já depois das chuvas do final de Outubro, que se prolongaram praticamente por todo o mês de Novembro e continuaram em Dezembro.
Mesmo assim ainda se leriam títulos como "Os efeitos devastadores da seca no Algarve"  já que não conseguiam arranjar outra seca para alimentar a seca de notícias. Enfim, era como se o Algarve e o Alentejo fossem afinal regiões conhecidas pela abundante chuva.

Não se pense que a Elsa trouxe água suficiente para afogar as mágoas. 
Nada disso, a infindável ladaínha da seca está aí para ficar: "Últimas chuvas que foram parar às barragens dão para menos de um mês de consumo de água no Algarve".

Mesmo que a quase totalidade do país esteja a braços com barragens a rebentar pelas costuras, obrigadas a fazer constantes descargas (caso de Crestuma, que fez transbordar o Douro, ou o caso de Ribeiradio que provocou inundações em Águeda), o problema é que afinal a Elsa ainda não encheu por completo o Alqueva, ou outras barragens algarvias.

Correio da Manhã - em consequência da tempestade Elsa:
"Inundações na Maia deixam EN14 alagada e intransitável"

Assim, sem surpresa, tal como no ano passado, depois da vinda do Leslie em Outubro, chegou a Primavera e os artistas falaram de novo em "seca extrema", mantendo a mesma desavergonhada postura, mesmo que lhes caia um nevão, logo de seguida, como aconteceu em Abril.

Nada disto é de estranhar, porque não há qualquer vergonha, e uma característica de estado de sítio ditatorial é ordenar que a mentira passe por verdade. Não faltará um esperto que venha dizer, na lógica da cebola das "alterações climáticas", que afinal a inundação apenas confirma a seca.