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domingo, 20 de julho de 2014

Duplo Corte

Parece normal que, na intimidade, nos comportemos de forma diferente, se soubermos que estamos sob mira duma câmara paparazzi...

Certo. Porém, ninguém vai acreditar que uma bola de futebol altere a sua trajectória, pelo simples facto de ser ou não fotografada. Também ninguém acredita que uma máquina funcione mal, mas se começarmos a gravar para mostrar, ela passe a funcionar bem.
Já ocorreu uma máquina não funcionar, mas quando levada para reparação, funciona bem?
Pois bem, acontece isso com electrões!

Uma experiência de difracção com duas fendas foi realizada com electrões... e surpresa:
- o resultado será diferente consoante a intenção do observador!

Uma boa explicação da Experiência da Dupla Fenda (T. Campbell)
Outras alternativas:

Não é brincadeira, é talvez a experiência mais intrigante da história da Física... 
As mais pequenas partículas, os electrões, comportam-se diferentemente consoante o registo feito.


Dupla Fenda
Se não houver registo, os electrões comportam-se como ondas.
Se houver registo, os electrões comportam-se como partículas.

Entretanto, isto tem levado a especulações filosóficas:



Bom, o problema está aí para ser visto.
Se é ignorado, é porque a "Ciência" gosta de esconder gatos, mesmo o de Schrödinger
Porém, deixou aqui o rabo de fora, para ser visto.
O que se passa, afinal?

Aceitar que as partículas se comportam de forma diferente se estivermos a registar o seu percurso, é quase como entender que as pessoas se comportam de forma diferente se souberem que estão a ser seguidas ou não. 
Porém, como não se associa nenhuma consciência aos electrões, que são as mais pequenas partículas, a Física ficou com um problema que não tem explicação fora de alguma interpretação filosófica/mística.
Surgem assim variadas interpretações.
Ao que é dito, não é apenas o acto de observar que influencia a experiência... é o registo que vai ser feito.
Pior, como as partículas chegam à tela mesmo antes do registo, os electrões já sabem qual é a intenção do observador.

A analogia é a seguinte. Suponhamos que as partículas são pessoas a passar por duas portas.
Uma coisa é dizer que as pessoas/partículas perante controladores nas portas seguem em frente, e se eles não estiverem lá interagem e dispersam-se. Pior, é dizer que as pessoas/partículas topam o esquema e só seguem em frente se o controlador tirar fotografias a sério. Mas algo ainda mais surpreendente, será as pessoas/partículas dispersarem prevendo que as fotografias não vão ser vistas. E isto é feito uma a uma.
Como pode cada partícula saber do futuro registo, sem visitar o futuro?

Pois, estas constatações da Mecânica Quântica abalaram a Física, a Ciência e o senso comum.
Uma das explicações que vemos nos vídeos é a ideia de que há uma consciência universal das partículas, e umas "sabem" o que as outras irão fazer... ou seja, "as pessoas conhecem os controladores". Nessa perspectiva, todo o sistema interage nessa consciência universal, que pode até ser vista como sendo manifestação divina.

Há uma outra explicação simples, enquadrada exactamente no que tenho vindo a expor nos últimos anos. 
Ou seja, que o futuro já se cumpriu... (o que não significa que já aconteceu!)
O que significa é que as coisas que ocorrem hoje têm a ver com a viabilidade universal no futuro.
Outras hipóteses, sem viabilidade consistente no futuro, não ocorrem no presente.

Ou seja, se houvesse um registo das pessoas/partículas que dispersavam, isso revelaria pessoas diferentes, ou electrões diferentes... revelaria quem ia para um lado e para outro. Ora, os electrões são iguais, e por isso seria inconsistente. Os electrões querem manter-se no anonimato quando dispersam, quando "quebram a lei", não querem mostrar como quebram a lei... porque não há nenhuma lei individual. 
Há apenas uma lei estatística, quando não são controlados. 
Quando são controlados, ficam previsíveis, seguem em frente "em rebanho". Quando não são controlados há um caos individual que entra - não se sabe onde vai parar cada um, mas sabe-se no final qual vai ser a distribuição aproximada. 

Como nas estatísticas de um supermercado - sabemos que 90% das pessoas escolhem o produto promocional, mas há 10% que não. Os mais controleiros querem saber quem são os 10% que fogem ao padrão. Porém, o que os electrões nos ensinam é que, havendo controlo, todos escolhem o mesmo, e acaba-se ali o controlo.
Como podemos saber que há controlo?
Aquilo que os electrões "nos dizem" é que podemos ficar descansados - nós não sabemos, mas eles sabem!
O universo em que os controleiros venceram, não é o nosso universo.
Aquilo que os electrões nos dizem é que temos "liberdade individual"... mas esse caos de escolhas não é completamente caótico - só podemos fazer as escolhas que não destroem o equilíbrio do universo. O caos local que entra tem alguma ordem global.

Como tem isto sentido científico?
Tem, não tirando o observador da observação, conforme a Ciência gosta de fazer.
Se o electrão é controlado individualmente, deve comportar-se na lei como uma partícula.
Se o electrão é apenas controlado estatisticamente, pode comportar-se como uma onda de probabilidades. 
O caos é convidado a entrar, entra o imprevisível, entram na observação os universos em que o electrão não seguia a direito, com a lei previsível. Porém o imprevisível não entra para destruir todo o nexo, segue um comportamento probabilístico, para uma boa repartição estatística, na forma de "onda".
Esta dualidade partícula-onda permite a lei da partícula, e a lei global de onda, mas com um elemento local caótico.

A teoria dos vários universos é probabilisticamente correcta.
A partícula/electrão só tem que seguir a direito se todos os universos obrigassem a que ela seguisse a direito.
Ora, pensar nessa limitação, é limitar as possibilidades à lei.
Assim, no universo em que estamos, há essa ordem de seguir a direito... mas essa ordem pode ser quebrada pela interacção. Neste caso, na interacção resultante de duas fendas... mas manifesta-se em toda a interacção de partículas. Portanto, os universos que "quebram as regras" vêm do Caos visitar-nos, mas com o compromisso de se "portarem globalmente com ordem" - para que se não instale globalmente o caos.

A concepção de tempo é que está normalmente incorrecta.
Ou seja, é difícil aceitar que o futuro já se cumpriu, e que estamos no comboio que não saiu dos carris.
Todos os outros universos, mais tarde ou mais cedo, acabaram por sair dos carris.
O que significa "sair dos carris"?...
Bom, significa "sair do cá ris", do caminho do rio... do corte do Tajo.
Podemos colorir o desenho como quisermos, mas a história será a mesma.

O observado não existe sem o observador, por muito que Einstein dê voltas na tumba.
Sem nenhuma consciência que o registe, tudo o resto é vazio até ser descoberto.
Dizer que não é, é apenas uma crença inverificável até ser registada.
O universo sem observadores seria vazio de existência.
Por isso, o universo em que estamos não se desliga de quem o vê. Foi feito para ser visto.

Agora, há muitas maneiras de ser visto... mas só uma que nos inclui.
Por isso, cada decisão que tomamos é a decisão certa neste universo, ainda que a nossa compreensão para tal seja sempre insuficiente... porque a compreensão de tal só se faz pelo futuro inacessível.

Não poderíamos ficar num universo bem ordenado, onde o Caos não tivesse lugar... o caos tem que aparecer, todos os filhos de Gaia têm que ser vistos, a seu tempo.
Esse era o problema de Gaia - a ordem que Úrano trazia apenas iluminaria uma parte do Caos, deixaria nas trevas todos os filhos que fugiam a essa ordem.
O corte temporal de Cronos castrou a reprodução de universos. Cada universo é uno na sua sequência temporal... e o problema de Raia é que tal cisão engoliria o passado. Com Zeus, a imprevisibilidade temporal, o caos do tempo atmosférico, permitiria vislumbrar que o caos reemergiria pela ordem. Ou seja, a imprevisibilidade permite considerar que não é nula a possibilidade de revisitarmos um contexto passado.

E é esse o ponto principal... nada é fisicamente impossível, desde que o Caos possa entrar.
Porém, não pode entrar de qualquer forma - se não há regras locais, há regras globais de equilíbrio.

Nicky Romero - Toulouse.

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