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sexta-feira, 11 de abril de 2014

Nebulosidades auditivas (9)

Da confusão dos mitos americanos afundados entre o sonho e a realidade, entre o caos e a ordem, entre a degradação e o puritanismo, entre as armas e a paz, entre a liberdade e as restrições, surge uma aguda voz angélica num tom grave, capaz de provocar ou pacificar o mais severo ouvido - Elizabeth Grant, mais conhecida como Lana del Rey.
É ela que dá voz à mais recente repiscagem da Disney: Malefica.

Quando uma frequência me apanha, sou capaz de analisá-la ao mais pequeno detalhe, vezes sem conta. Todos os pormenores contam, e potencialmente podem revelar algo, para além da intenção do artista.
Um vídeo corre em poucos minutos, mas a sua produção é pensada em muitos dias... que aspectos são ocasionais ou propositados?
Lana Del Rey - Ride

No vídeo de Ride, não se conta a história de Elizabeth Grant, estudante de filosofia que enveredou por uma carreira musical... conta-se talvez a estória da entretanto nascida "Lana Del Rey".
O vídeo mereceu comentários de detalhe:

e vou focar mais outros tantos, por exemplo:
00:00 - as letras de RIDE desaparecem, pela ordem IERD, ao contrário, D REI.
00:05 - a suspensão da grua (ou do céu...), Miley Cyrus usou o modelo?
00:37 ... sobre os bikers, o deserto do Nevada, perto de Las Vegas, podemos aqui ver um dos móteis, onde decorreram as filmagens.
01:12 - o anúncio DAD'S, na loja 1102.
01:16 - "Prosecuted" numa porta, Freedom na outra, e é claro Money Transfer, Money Order.
01:52 - "Money Orders", graffiti na parede, ironizando o anúncio do banco.
02:29 - o mesmo graffiti quando entra no carro.
03:37 - abertura das hostilidades, anúncio no NeptunE (Seattle, onde Lana estreou) e o tridente no E.
03:40 - mãos com enormes unhas...
04:10 - o que resta dos guerreiros após Iwo Jima?
04:13 e 04:27 (brinco com cruz) - uma frase atribuída a Sinclair Lewis
           When fascism comes to America, it will be wrapped in the flag and carrying a cross. 
           A T-shirt usa uma ironia "Buttwiser - King of Rears" e não "Budweiser - King of Beers"...
04:33 - Bonus ONU
04:41 - "Fatal Charm (fo)Replay Lana Del Rey... Fiasco Shots Finger Tigh"
04:47 - Dad's?
04:48 - a mencionada foto do motel
04:52 - Dad's?
05:24 - "Heat(re) Resents A Del Rey"
05:49 - The Wall e 05:57 temos 13
06:22 - "Please Pay First" ... e o sinal "do not smoke..."
07:40 - a dona das grandes unhas

Nesta lista há alguns efeitos casuais ou são todos propositados?
Quer Anthony Mandler, realizador, quer Lana del Rey, autora, aparentam saber perfeitamente o que estavam a fazer.
Nada a dizer. Este é um vídeo invulgar, muito bem feito, mas normal... não parece trazer nada de estranho, que não fosse intenção de quem o fez. Nem sempre se vêem (ouvem) ilações acima da linha do visível (audível), e este é um bom exemplo para referência de controlo da percepção. Tudo normal.

É claro que todo este paleio estranho é mera desculpa para invocar a cantora excepcional. 
Young and Beautiful exibe esses dotes, e veja-se o vídeo aos 00:54 na pirâmide invertida da orquestra, por relação a um vídeo anterior Video Games, ao momento 00:16, aí conduzida por um cartoon.

2 comentários:

  1. Ahahahahha... tudo isto só para dizer que gosta da Lana Del Rey! ;-) ... Pessoalmente até acho graça à miúda... principalmente à voz... é uma sonoridade diferente... não tenta atingir com a voz nem 7ªs nem 8ªs ... (como outras fazem e até muito bem)...
    Boa escolha... mas prefiro Video Games... foi com essa que ela "atingiu" por assim dizer... o meu coração... Isto para dizer que gosto imenso de música... seja que estilo for... (desde que seja "boa" música... para os meus ouvidos, claro!)

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    1. Eh eh eh... é quase isso, por um lado, e o problema é que pelo outro não é.

      Como me interessa mais o outro lado, explico.
      Veja a foto que ilustra este blog.
      É-me muito cara pessoalmente, por razões que estão tão claras quanto possível aqui:
      http://odemaia.blogspot.pt/2010/11/simbologia-perdida.html
      Já nem me lembro qual era a foto que estava antes... mas esta foto relaciona-se com o último postal no alvor-silves.

      É uma pura ilusão de óptica... só naquela perspectiva me pareceu uma águia pousada, olhando o mar. Subi uma arriba para tirar a outra fotografia, e quando descia, vi isto, achei interessante, e coloquei no blog.

      Só uns anos depois reparei que a foto trazia água no bico. Literalmente, a linha de água de umas ondas está pelo bico da águia. Não só, a linha das ondas mais pequenas também calhou a bater certo com a parte final da asa.
      Poderia tentar mais umas cem vezes e não conseguiria acertar com uma só tentativa.

      Isto para dizer que fiquei atento aos detalhes e às coincidências.
      Mas é preciso uma grande auto-crítica para saber se são mera percepção nossa ou se têm algo partilhável. Para ser partilhável os outros têm que estar na mesma sintonia, senão arriscamos a fazer figuras esquisitas. Em última análise, qualquer pessoa pode dizer que não acha a rocha parecida com nada, e ser-me-ia difícil provar que é.

      Há um balanço para todas as coisas, e o que importa é ter assente rocha onde os pés ficam firmes, porque é fácil brincar quando se está fora da tempestade, mas quando ela chega qualquer ventinho leva os mais leves pelos ares, e rapidamente perdem os seus ares.

      Por isso, é verdade que gosto da Lana del Rey, e também gosto de música muito variada, e nem coloco aqui as minhas preferidas, porque o objectivo é outro.
      É mais um registo de marinharia.
      Quando uma coisa nos toca podemos procurar saber porquê. Há alguma coisa que deva ser vista ou não? É partilhável, ou não?
      Se não é partilhável objectivamente, é melhor guardá-la para si, porque a sociedade é demolidora com o subjectivo.
      Uma pessoa pode dizer ter sido raptada por aliens, ver fantasmas, ouvir vozes, etc... mas se não houver o mínimo registo objectivo, é um mero maluquinho. Não adianta pensar doutra forma, porque é assim. Só os registos comuns são partilháveis, tudo o resto pode passar por alucinação individual.

      O caso do vídeo é um exemplo simples, onde se pode ver que há detalhes que são propositados e outros menos que isso. É preciso treinar primeiro a distinguir informação.
      Um vídeo que gosto é o "Bittersweet Symphony".
      https://www.youtube.com/watch?v=1lyu1KKwC74
      Tudo parece casual, mas houve uma coisa que escapou. Pare aos 2:28, verá uma rapariga que está parada, a aguardar a entrada, que se dará aos 2:37.
      Há muitas coisas propositadas nesse vídeo, muito bem pensado, mas tenho dúvidas se são todas.

      Resumindo, e isto tem a ver com uma velha pergunta que me colocou, eu não analiso tudo ao detalhe. No entanto, posso ir muito mais longe no detalhe do que é habitual, numa situação específica. Isso permite-me ver a complexidade que posso retirar no detalhe, mas não em todos os detalhes.
      Porém, se começar a prestar atenção aos detalhes, e não ao que habitualmente olho, vou entender um mundo completamente diferente... e isso tem tanto de fascinante, quanto de imensamente perigoso, pois arriscamos a ficar fora da realidade dos outros.
      O cérebro é muito complicado e egocêntrico, e começa a ver tudo como informação que lhe é dirigida a si especificamente... e isso deve estar na origem de muitos casos de psiquiatria, começando no autismo. No entanto, essa percepção não está errada, simplesmente remete para um universo diferente... e muitas dessas pessoas começaram a viver nessa outra realidade, porque perderam os outros como referencial de sanidade.

      Abraços.

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