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domingo, 2 de fevereiro de 2014

Popper, the failure man

Uma das grandes influências filosóficas do Séc. XX, para o bem e para o mal, está expressa nalgumas ideias de Karl Popper. No que diz respeito à ciência, instituiu uma ideia de necessidade de possível falsificação da teoria, para poder ser considerada científica. Se a ideia do caminho era a verdade, isto abriu portas escancaradas à mentira.
(imagem daqui)

O início do Séc. XX foi um tempo complicado, em que a ciência abria à população uma catadupa de nova informação. E creio que muita era mesmo nova, não era uma simples repiscagem de coisas conhecidas há muito e escondidas nos armários.
Como objectivo de utilitarismo, importava acabar com teorias místicas, e distinguir o que era do domínio da crendice, do que poderia ser usado em benefício de uma sociedade produtiva. Interessava dar relevo à ciência e acabar de vez com teorias criacionistas, religiosas, que procuravam igual credibilidade, entretanto perdida.
As ideias de Popper assentaram que nem uma luva na instrumentalização utilitária da sociedade.

À partida, o raciocínio invocado parece ter o sentido matemático da "prova por contradição" - se chegamos a uma contradição é porque uma das hipóteses está errada.
Só que não é isso que Popper quis dizer:

... o que Popper exigiu à ciência foi uma rasteira a si própria. 
Não havia cá lugar a afirmações categóricas, quem fazia uma teoria tinha que abrir porta à possibilidade de falsificação da sua teoria. Portanto o réu tinha que apresentar defesa mostrando ao acusador uma porta para rebater o que dizia. Isto era, ou não era, o paraíso dos inquisidores instituídos? 
Ou seja, por definição nunca haveria nada certo... o paraíso do niilismo, do caos, do conhecimento vazio. Muita gente ficou muito contente, porque a "realidade aceite", volátil, essa sabiam manobrá-la bem.

No entanto, estas ideias de Popper acabaram por esmorecer, pela evidência. Tudo o que seria evidente, não era falsificável, deixando de o ser. Por exemplo, a própria ideia darwinista de "sobrevivência dos mais aptos" estaria em causa, sendo uma tautologia... se sobrevivessem os menos aptos, é porque a aptidão tinha sido mal definida.
Mas havia um maior problema... a matemática não encaixava, e ainda hoje não é bem vista como ciência, por ser impossível falsificá-la. Ficou de fora, tal como já tinha ficado fora dos prémios Nobel. 
Os magos nunca gostaram de ter esse pilar de certezas, e usaram de múltiplos estratagemas para lidar com essa componente indispensável, alicerce total da ciência, que era ao mesmo tempo incómoda, por não admitir truques de magia. Foram assim instituídos os habituais faróis de navegação, que prenderiam a atenção dos navegantes, não querendo que os batéis isolados saíssem da rota dos complicados problemas inúteis, que eram úteis ao utilitarismo social de manter o rebanho produtivo.

Portanto, a ciência enquanto jogo aberto contra o casino que esconde o fiel da roleta, esse tinha um destino de lucro infindável. A roleta seriam os burros que andariam às voltas, sem perceberem que não havia nenhum caminho - o objectivo era apenas tirar água do poço.
Les jeux sont faits... game over!

6 comentários:

  1. O final do séc. XIX e o início do séc. XX (até à II Guerra Mundial) foi sem dúvida um período extremamente rico a todos os níveis - foi como que uma 4ª “explosão” (ou de abertura) da era moderna (a 1ª terá sido o período Renascentista - a revelação de novos mundos -, seguida pela explosão iluminista - há que iluminar e preparar as mentes - e depois a Revolução Industrial – estando as mentes já libertas para o trabalho). Nesta “explosão” surgiram novas (ou nem tanto) ideias, ideais, descobertas, engenhos que marcaram fortemente o restante século XX.

    “Como objectivo de utilitarismo, importava acabar com teorias místicas, e distinguir o que era do domínio da crendice, do que poderia ser usado em benefício de uma sociedade produtiva.”

    Ora aqui é que muito misticismo (sendo a maior parte já bem velho ou melhor renovado por uma certa cartilha cientifica) misturou-se com a dita ciência. Exemplo disso são o aparecimento de certas teorias (que deram origem a diversas escolas – doutrinárias – como a Escola de Frankfurt) juntamente com o surgimento de sociedades (umas mais secretas que outras) que foram bem aproveitadas por certas ideologias políticas para a criação de um novo homem e por conseguinte de uma nova sociedade.

    E realmente temos um homem “novo” ou assim parece… mas que para ser “parido” custou a vida de milhões de homens “velhos”… e que nos entretantos aproveitou para apagar certas memórias (ou melhor deturpar) como muito bem tem exposto quer aqui neste blog como no outro (Alvor-Silves).

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    1. Uma das coisas que me surpreendeu nesta pesquisa foi ter dado conta que a ocultação global teria sido necessária, e até a própria morte. Do ponto de vista cognitivo, não se poderia pensar na aniquilação sem a sua ameaça real, nem se poderia inquirir sobre o último bastião da verdade, sem haver mentira generalizada. Desde que a noção existe, o resto são superlativos de possibilidade extrema, por razão lógica.

      O que eu quero dizer é algo tipo Lei de Murphy. Se concebemos que algo é possível, pelo nosso lado não há nenhuma razão para que não aconteça. Por isso há interpretações diferentes da mesma coisa. Pessoas mais místicas estão dispostas a inserir essa componente, pessoas mais analíticas não estão.
      O primeiro texto que escrevi no blog Alvor-Silves foi exactamente sobre isso, usando a lenda de D. Fuas Roupinho. Quem acha que pode ter direito a um Pégaso, tem que se preparar imediatamente para que lhe surja um dragão a opor-se.
      Muitas coisas acontecem... pura e simplesmente acontecem. Se deixamos que elas aconteçam sem questionar o seu fundamento, estamos a aceitar que tudo aconteça. Não servimos de critério para coisa nenhuma.

      A ideia de Habermas de uma acção comunicativa é boa, mas pressupõe que haja comunicação eficaz. Sempre houve esforços diplomáticos antes de soluções mais letais, o problema é que o problema de comunicação só é resolvido muitas vezes com métodos físicos.
      Mais uma vez, verá que isso aconteceu com a natureza... para ter seres pensantes, não foi porque uma ameba decidiu reflectir sobre a sua natureza. Os animais precisaram de cérebros cada vez mais aptos para modelarem melhor, primeiro a realidade circundante, depois os outros animais. Isso foi assim, até que teve uma espécie inimiga de si própria - a espécie humana. Portanto tem o último grau de desafio inteligente - o confronto com um semelhante. Se tivesse sido pacífico desde o início, seríamos Bonobos... mas não, porque o objectivo cognitivo não é a felicidade do indivíduo - isso é só um presente de contexto. O objectivo cognitivo é o entendimento maior. E quem ficar para trás, arrisca a sobrevivência pela ameaça do outro.
      Quando acaba essa ameaça do outro?
      Quando acreditarmos que ela acabou. Para isso é preciso criar condições, de forma a que só excepcionalmente haveria ameaça externa. Tinha isso entre os aldeões, a casa não se fechava, os vizinhos confiavam uns nos outros. Não acreditavam na ameaça, e ela de alguma forma instituía-se como natural.
      Porém, não é por exercício de fé que se combatem ameaças, é por efectiva razão lógica.
      Ou seja, tem que ficar claro que ninguém tirará vantagem da ameaça que fizer.
      A sociedade que temos, tem mostrado o contrário - que há vantagem em aumentar o grau da ameaça, em ter mais poder. Isso leva a um crescendo de ameaças e desconforto.
      Só há um poder que se sobrepõe a todos os outros - é o reflexo.
      Nesse confronto com o semelhante, o Homem deveria ter aprendido que a inversão de papéis é arbitrária. Se por acidente de contexto, um tem a arma e outro não, também por acidente equivalente, poderia ser ao contrário.
      É claro que não se pode esperar que de um momento para o outro todos percebam isso, e pelos vistos, desde há 2000 anos que ainda não perceberam, mas a mensagem cristã era o último objectivo cognitivo a ser adquirido para paz social. Pode é ter um problema complicado de dizer, mas que tem que ser assumido - haverá cognições que nunca o podem entender, por prevalecer ao seu raciocínio a competição animal que alimenta o ego. Aí há que tratar da ameaça... podemos conviver com gatos, mas arriscamos virar repasto com leões, e sai muito caro manter um leão de barriga cheia.
      A ideia capitalista é que havendo muitos leões, eles entretêm-se na competição entre si, e parecem gatinhos a ronronar só para que lhes demos carne... Ora, essa ideia do bom mercado selvagem nem ao Rousseau lembraria. Por isso, em vez de querer passar gatos a leões, deveríamos estar a colocar leões em reservas, e a evitar que os gatos crescessem demasiado.

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  2. "A ideia capitalista é que havendo muitos leões, eles entretêm-se na competição entre si, e parecem gatinhos a ronronar só para que lhes demos carne... Ora, essa ideia do bom mercado selvagem nem ao Rousseau lembraria. Por isso, em vez de querer passar gatos a leões, deveríamos estar a colocar leões em reservas, e a evitar que os gatos crescessem demasiado."...
    Creio perceber onde quer chegar... No entanto, como se pode evitar que os gatos cresçam demasiado? E como conseguir separar os leões dos gatos e pô-los numa reserva controlada? Ameaças, haverá sempre... a sobrevivência ou até mesmo a existência humana neste planeta encontra-se constantemente ameaçada... nós habituámo-nos há muito a andar por cá e lá temos conseguido sobreviver (como espécie) entre várias ameaças de extinção por via de guerras fratricidas e não só... Todavia, ainda não conseguimos controlar tudo (para isso teríamos que controlar o próprio universo).. a começar pela nossa própria mente. Se bem que já existem muitas técnicas de controlo até com bastante eficácia.. mas... mesmo assim... a natureza (ou a nossa natureza) lá segue o seu caminho, independentemente deste não ser o esperado ou do nosso agrado... São contas difíceis de se fazer...

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    1. Basta que nasçam com genes educacionais de gato, e não com mutações comportamentais de leões, onde o crescimento nunca seria suficiente... porque ainda que sejam maiores que todos os outros, nunca são maiores do que uma reflexão na água onde bebem.
      Quanto à separação é uma questão de pesar o custo da alimentação...

      É claro que haverá sempre ameaças, porque há uma transferência de prioridades.
      Haverá quem veja partir uma unha como futura ameaça... mas interessa reduzir ameaças à vida, foi esse o caminho que fizemos, o de preservar a vida - e torná-la saudável tanto quanto possível, no aspecto físico e mental. A partir daí são jogos... e ainda que os jogos assumam hoje tiques de batalhas, houve uma verdadeira evolução civilizacional.
      O mais importante é controlar-mo-nos a nós próprios - depois, percebe-se facilmente que tudo o resto vem por acréscimo.

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  3. Boa noite!

    Isto é uma teia que controla tudo...Depois de estarem podres de ricos ficam a pertencerem ao clube e depois vem a pirâmide da manipulação(controla absoluto sobre todos)vem vindos a realidade MATRIX... a minha realidade. Mundo controlado com doses de prazer e muito atrito a mistura....tudo distraído é e será essa a intenção... Malditos sejam todos eles e também os Deuses,malditos e ignóbeis.Se houvesse o dito inferno era eu que os colocaria a todos.MALDITOS.

    pyramid of manipulation.

    http://i.imgur.com/ugOfRpg.jpg
    http://i.imgur.com/PNIYn7W.jpg

    Raios para isto!

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    1. Caro Paulo,
      dependendo da circunstância, a Terra é o sítio onde se encontram e "lutam" os dois pólos - céus e infernos. O grande problema é que o céu de uns foi construído tendo como base o inferno dos outros...
      Quando os reis, faraós, imperadores, etc... construíam túmulos para o "além", procuravam levar a vidinha que aqui tinham (ou pelo menos assim parece).
      Isso denota uma visão aparentemente distorcida - havia uns que tinham nascido com o "cú virado para a Lua", e situação desequilibrada iria manter-se indefinidamente.

      Agora é preciso perceber bem o que isto significa... e não me refiro à expressão idiomática, que me abstenho de interpretar - nem sempre consigo ver outro sentido, ou o sentido que vejo nem sempre se liga a algo digno de nota.

      Isto significa que tem duas interpretações possíveis, e já aqui dissertei sobre isso...
      Quando há ordem, há uns que estão primeiro que outros.
      O número 1 antecede o número 2, e não há volta a dar-lhe, é mesmo assim, acabou.
      A ordem existe no universo, e portanto não pode evitar isso. Não podia surgir tudo ao mesmo tempo e por igual... se assim fosse só havia uma única coisa, porque nada se distinguia. Esse é o problema da igualdade... só queremos igualdade nalgumas coisas, mas o universo à partida não teria que saber quais, e nos fazer esse "jeito"!

      Repare, não pode ter pensamento antes de se estabelecer o processo que leva a esse pensamento - seja ele qual for. Portanto antes das coisas fazerem sentido, apareceram caoticamente... e foi do meio desse caos que surgiu a ordem.
      Por outro lado, não pode ter a ordem a imperar, sob pena de nos transformar em máquinas, em que tudo tem nexo face ao que sabemos. Onde ficaria aí a novidade, o imprevisto? Já imaginou ir a caminhar sabendo que cada passo seu, a cada formiga que pisa, pode influenciar um universo daqui a uns milhares ou milhões de anos? Não quer ter esse peso de previsibilidade sobre a sua cabeça, pois não?

      Portanto, aquilo que tem é uma mistura das duas coisas - ordem e caos. E tem que ser assim, não há volta a dar-lhe. Isso tem que ser compreendido.

      Agora, é claro, por simples razão lógica, há quem perceba e quem não perceba.
      Quem não perceber, vai actuar sempre no sentido do desequilíbrio, que perceber vai tentar actuar no sentido do equilíbrio. Mais uma vez, por muito que isso nos irrite, não há volta a dar-lhe, é mesmo assim.
      Quem mais actua no sentido do desequilíbrio, mais arrisca ficar na posição inversa do desequilíbrio que causou. Esse é o ponto da filosofia budista, e que tem a ver com as reencarnações... é como a onda que sobe mais alto, mas também cava mais fundo.

      Dou-lhe um exemplo simples, imagine que tem A a prejudicar B... imagine a surpresa que seria se depois A viesse a ter as memórias de B. Já há algo que simula isso, é a consciência - que eu me apresso a traduzir:
      - Consciente : "com si ente", ou ainda - consciencioso: "com si em si ou só".

      O que custa ao universo colocar as memórias de A em B e vice-versa?
      - Não custa nada... à partida todos os sonhos, todas as memórias, são processos que não se materializam em "nada" deste universo físico. O resto são histórias de ficção científica.

      Agora, como disse haverá sempre os que acham que "se fizeram a si próprios", que "nada lhes toca", "que decidem tudo", etc... isso é natural, mas nada lhes vale pensar isso. No máximo vale-lhes uma tripe numa droga qualquer.

      Têm direito ao génio que lhes dá três desejos, e depois voltam à realidade:
      - é azar, mas de A a Z, o ar é mais "azoto" 70% do que "ao que si génio" 30%.
      ... e a piada desta mistura azoto-oxigénio é a do óxido nitroso (ou gás hilariante):
      http://en.wikipedia.org/wiki/Nitrous_oxide


      Nitrous oxide can cause analgesia, depersonalisation, derealisation, dizziness, euphoria, and some sound distortion. (...) phenomenon for the British upper class in 1799, known as "laughing gas parties".


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