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domingo, 13 de outubro de 2019

Nebulosidades auditivas (75)

Este ano (2019) os Chemical Brothers lançaram o álbum "No Geography" com uma série de canções bastante interessantes:

Eve of Destruction, Bango, No Geography, Got to keep on, Gravity Drops, 
The Universe sent me, We've got to try, Free yourself, MAH, Catch me I'm falling


Eve of Destruction...
A perspectiva de destruição é um tema que não tende a desaparecer tão depressa.
Quando falha à sociedade um objectivo comum, a perspectiva de cada um é encontrar o seu objectivo pessoal. Isso pode ser suficiente para a grande maioria da população, mas é um pouco mais complicado. 
A sociedade adopta os objectivos mínimos animalescos - satisfação alimentar, algum sucesso social e sexual, e ponto final. 
Nos últimos séculos, a maçonaria tratou de implementar um esquema ainda mais simplificado, onde o sucesso social seria suficiente para obter tudo o resto, através de uma moeda de troca - a própria moeda, o dinheiro. 
Para esse efeito teria que quebrar a maioria das restrições morais desenvolvidas antes. Ou seja, não se consegue comprar alguém com fortes restrições morais, mas se não as houver, o capitalismo traz quase um paraíso na terra para quem for rico... e como é óbvio, o capitalismo não funciona se todos tiverem o mesmo. Como Aristófanes gozava com os seus conterrâneos, os ideais sociais equalitários só funcionavam havendo escravos. 
Chegando a um ponto de automação em que as máquinas podem funcionar como os escravos de serviço, percebe-se facilmente que isso não interessa a quem tem poder, porque o sucesso social fica por cumprir. O sucesso social de uns significa necessariamente o insucesso dos outros. Se todos tiverem sucesso por igual, não há sucesso nenhum. A economia desenvolveu-se para que o tipo asqueroso com massa possa ser atractivo para as parceiras jovens, caso contrário a atracção seria apenas regulada pelos dotes naturais e não pela posição social.

Isto diz respeito ao objectivo individual, que para 99.99% das pessoas consiste num sucesso social, seja ele maior ou menor. Depois, há toda a falha do objectivo da sociedade, um objectivo global.
Ainda há não muito tempo os sucessos sociais eram medidos por confrontação bélica de países, de religiões ou de políticas. Um objectivo disfarçado é assim manter o poder de uns contra outros, como se isso não passasse de uma forma de competição animal, para domínio de um território de caça.  
Quando no final do Séc. XX, a paz se começou a instalar, disfarçou-se isso com outros objectivos globais, como os sucessos médicos, ou outros sucessos científicos. Na prática não passavam de outra forma de sucessos sociais, porque o que os cientistas visavam seria o reconhecimento social, normalmente na forma de prémios, promoções ou distinções.

Na falha do objectivo espacial, que era um bom motivador de aspirações comuns, e fez sucesso até aos anos 70-80 (para depois cair no ridículo actual); aparece a ecologia como novo velho objectivo, agora reciclado e vendido sob argumentos falaciosos e mentirosos. 
Quem não se revê nesta sociedade baseada na ficção, mentira e corrupção, procura ainda uma alternativa que passa mais por um refazer da sociedade, e que envolve inevitavelmente algum cataclismo. Sucessor da parte mais activa dos movimentos revolucionários, que visavam uma regeneração por aniquilação ordenada, os antevisores das destruições, depois de passadas as datas de 1999 e 2012, estão sempre à busca de uma nova destruição que destrua o mundo que não lhes deu valor, e coloque um novo mundo onde sejam protagonistas... ou seja, na prática é uma outra forma do objectivo de sucesso social. 

1 comentário:

  1. sim, sim, subscrevo a totalidade do seu bilhete, a alternativa é Gattaca
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Gattaca
    um dos pais da genética dizia ser possível curar a burrice humana, mas libertá-la do seu lado animal penso ser impossível.

    cumprimentos

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