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domingo, 15 de abril de 2018

Nebulosidades auditivas (59)

Antes de os anos 80 serem confundidos com a década de 80, sabia-se que o período mais significativo de afirmação da música popular, e das discotecas, ia aproximadamente da segunda metade da década de 1970 à primeira metade da década de 1980.
Um filme marcante do disco-sound foi Saturday Night Fever, de 1977, que contou integralmente com música dos Bee Gees. 
Talvez porque se queira esquecer um tempo em que os bigodes eram populares, os pêlos no peito eram requisito de qualquer macho, tempos em que se usavam calças com boca de sino, e camisas com desproporcionadas golas pontiagudas, talvez por isso, sejam menos considerados.

Mas, o estilo de vida que veio a tornar-se corrente nas décadas seguintes, foi formado ainda nos anos 70, tendo como ponto alto da juventude as saídas ao sábado noite em direcção à discoteca da moda... discotecas que basicamente foram inventadas nessa altura, seguindo mais ou menos o modelo da discoteca que se via em Saturday Night Fever, e distinguindo-se das anteriores "boites". A principal diferença é que a música aumentava para níveis ensurdecedores, o número de mesas e cadeiras era reduzido praticamente a zero, e a decoração era focada na pista de dança. Segundo as mães, os filhos iriam todos ficar surdos cedo... mas a maior conquista da discoteca foi tirar a má conotação das boites - sítio pouco recomendável para boas meninas.

Em Portugal, a transição dos anos 70 para os anos 80 foi enorme... nas mesmas aldeias em que nos anos 70 praticamente só víamos burros e mulas, no final dos anos 80, com os subsídios vindos da CEE (... para desmantelar a agricultura), abundavam os Mitsubishis Pajero e os Toyotas Land Cruiser. Se Portugal mudou pouco na última década, teve uma transformação enorme entre os anos 70 e os anos 80, que se viu especialmente em pequenas vilas e aldeias. O estilo de vida citadino, que era um modelo dos olhares campestres, foi invadindo o país. Os emigrantes, que faziam vista nos verões com os seus carrões, foram regressando, percebendo que os conterrâneos já viviam melhor que eles, e os putos que aos 15 anos já trabalhavam, passaram a frequentar universidades - coisa que antes era só para "ricos".

A discoteca, enquanto espaço agregador de centenas de pessoas, e a música enquanto ponto alto da criação e recriação humana, tornou-se ainda mais popular, porque ninguém sabia dançar... simplesmente mexia-se! Os que se armavam em John Travolta, eram tão raros, que passavam por ridículos. 

A música ganhou um papel tão grande na vida das pessoas, que um ponto central na casa era a "aparelhagem"... algo que foi desaparecendo com o aparecimento do Youtube. 
Se há 30 anos investi numa boa aparelhagem, e assim pensava quase toda a malta, especialmente aqueles que distinguiam o som do vinil do som dos CDs (havia muita gente com excepcional orelha)... agora ouço apenas música no computador, e deixei de a comprar.
Sim, o computador pode ter som Bang & Olufsen, mas não é a mesma coisa, ainda que não sinta a falta das 8 colunas distribuídas pela sala.

Bee Gees (1976) - You should be dancing (Saturday Night Fever, 1977)

Recupero aqui a voz de falsete de Barry Gibb, um pouco a propósito da voz de falsete que os media internacionais estão a fazer a propósito da Síria... 
Finalmente, vi na RTP3, o Major-General Carlos Branco fazer uma análise sensata da situação, colocando o assunto dentro dos novos objectivos prioritários da defesa norte-americana, que passou a ter Rússia e China como principais preocupações, relegando o terrorismo para segundo plano. E as coisas são de tal forma, que estranhamente apenas um investigador do ISCTE estava no registo de falsete dos media internacionais, acusando sistematicamente os restantes de estarem a fazer voz da propaganda do regime sírio (... talvez por avença da Fundação Luso-Síria). 

Um registo a não perder, mostrando que há pessoas com cabeça nas nossas forças armadas:

Tendo ficado esclarecido quanto aos novos planos de fazer a Rússia novo inimigo global, do "mundo livre", nada melhor que regressar aos anos 70, com o mesmo mote de entretenimento... you should be dancing, yeah!

3 comentários:

  1. Cumprimentos
    http://www.20min.ch/ro/news/monde/story/La-Russie-affirme-que-l-enqu-te-a-ete-trafiquee-11068020

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  2. Boa noite,

    falta de tempo de o ler convenientemente, tenho andado a cruzar ferro com o meu condomínio à distancia, sem advogados consegui por fora uma firma de administração que representa bem o que é Portugal na sua maioria, a mesma triste sina de sempre… bom então essa do cientologista do Night Fever apareceu depois dos Procol Harum deixámos o de A Whiter Shade Of Pale para entrar na época dos hip-hop com o Breakdance… continuo a preferir o imortal https://www.youtube.com/watch?v=St6jyEFe5WM o resto são tentativas de africanização da cultura ocidental que não resultarão, o vinil está a renascer como as nações que os tais que me querem africanizar bem tentaram com os hip-hop’s, bom mas a quadrifonia que poucos se podiam dar ao luxo na época que se democratizou-se com os Walkman da Sony, e as cassetes ainda eram luxo para a maioria do Lisboetas, o lecteur mp3 agora acessível à todas as algibeiras mas perdeu a sonoridade das caixas acústicas em madeira dos bons cinemas equipados para o som magnético a seis pista do 70mm, a musica agora é outra, a do DOLBY ATMOS, comprei para PC por uns 20€ e nem preciso duns Fones Schneider para reencontrar essa antiga sonoridade, espacialização… basta uns bons Logitech H800 Bluetooth Wireless Headset, vi à pouco num cinema aqui equipado do ATMOS o Blade Runner 2049, só em grandes salas se pode apreciar bem, grande mágoa de estar afastado do cinema donde vim parar a este mundo, compre o ATMOS bom som…

    Mas quem nos está a dar musica nisto da Síria são outra vez os franceses e a história repete-se, como quando de Napoleão III a inventar as intervenções humanitárias, o inimigo a afastar não são os soviéticos, mas sim o Irão.

    Abraço

    JM CH-GE

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    1. Obrigado pela visita, José Manuel.
      Whiter Shade of Pale é muito bom, um slow... parte principal, que qualquer discoteca geria cuidadosamente para os romances de ocasião.
      Obrigado pelas dicas sobre o ATMOS, vou indagar isso!
      Abraço.

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