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quarta-feira, 6 de abril de 2016

Lava islandesa (ou carapuça do Panamá)

Praticamente 6 anos depois da erupção do vulcão islandês, ou da ocultação do relatório sobre os problemas financeiros na Islândia: 
... eis que surge nova carapuça, agora sob a forma de barrete do Panamá.

Ver artigos jornalísticos sobre "offshores" e "paraísos fiscais", como se fossem uma novidade acabada de descobrir com o pseudo-caso dos Panama Papers, não é ridículo, nem constrangedor, chega mesmo a meter dó. Os media mostram a sua face de exército eficaz para servir para uma agenda específica, por figura mais estúpida e idiota que façam.

Basta olhar para o mapa dos países afectados pelo "escândalo":


... para se notar que Canada, EUA, Australia, e Nova Zelândia, escapam à "espantosa" revelação. 
Algo especialmente notável, porque 99% dos offshores estão em ilhas da Commonwealth, ligada ao antigo Império Britânico. E se o Reino Unido está ligado, digamos que serve muito mais para denunciar que isto foi uma campanha lançada directamente pela City de Londres, visando essencialmente derrubar o incómodo governo islandês... e procurando apanhar inimigos de serviço, como Putin ou Assad... com a relação notável da ligação não ser feita directamente, mas sim através de contas de supostos "amigos". 
Em poucas palavras, uma peça jornalística montada como farsa, como um servicinho dos media ao "Império".

Acerca deste barrete do panamá, parido por alfaiates do Panamá de segunda categoria, que envergonhariam John Le Carré, é sempre interessante notar que o chapéu-panamá nem sequer era do Panamá, era produzido no Equador.... e é claro, era originalmente de palha.
Harry Truman e Th. Roosevelt eram aficcionados de chapéus-panamá.
Assim, o mais notável das notícias empacotadas e servidas acefalamente, como palha, é pretenderem induzir uma conotação imoral sobre o uso de offshores, quando o principal foco de imoralidade é a sua existência ser patrocinada pela City de Londres e por Wall Street... ou seja, é como se Al Capone denunciasse alguém pela posse de bebida, no período da lei seca de Chicago, sendo ele o principal traficante.

É claro que isto serve o propósito inquisitório de enfiar a carapuça nalgumas vítimas seleccionadas, destacando-se os que foram verdadeiramente afectados - ou seja, o primeiro-ministro islandês e o seu governo. Os restantes, por mais ou menos corruptos que sejam, dificilmente os afectará de qualquer forma.
Assim, esta carapuça do Panamá, parece querer servir o efeito da humilhação das carapuças que o Santo Ofício usava para punir as suas vítimas:

Carapuças - vítimas da Inquisição eram expostos com carapuças 
e com um sambenito com a Cruz de Santo André.

Neste caso o Santo Ofício declarado é a comunicação social, completamente manipulada, de forma consciente nuns casos, e de forma inconsciente noutros... mas seja por corrupção ou incompetência, os jornalistas são manipulados de forma igualmente acéfala, revelando uma completa incapacidade de enquadrarem a selectividade conveniente da informação recebida. 
A carapuça são agora os barretes panamianos, onde se pinta o que bem se entender, normalmente uma meia-verdade, que serve essencialmente a descarada mentira.

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