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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Alguns Filmes de 2014

Coloco aqui um registo de alguns filmes que saíram e vi em 2014... porque sempre serve para não me esquecer de que os já vi!
Apesar da maioria deles não correr pela passadeira vermelha, destinada a outros compromissos, vemos que o Pau Santo (Hollywood) não deixa de investir em argumentos interessantes e em apresentá-los de forma apelativa. 

1. Edge of Tomorrow (No limite do amanhã)

Sob a sigla "Live, die, repeat", parte do argumento pode ser encontrado, em múltiplos aspectos, na comédia "Groundhog day", de que já aqui falei. No entanto, a simples ideia de que à morte segue um acordar na mesma realidade, mas numa versão paralela, é suficientemente interessante para poder ser novamente explorada e sobretudo ensinada.
A maior novidade será atribuir a uma entidade alienígena a responsabilidade dessa repetição temporal... mas é aí que as coisas começam a patinar, e as falhas lógicas no argumento sucedem-se.
Nesse aspecto, o filme será um simples aguardar do desenvolvimento habitual da história para um final de sucesso.
Uma pequena dica para melhor argumento - a entidade que controla um tempo está sujeita a outro, e por isso nunca haveria um verdadeiro retrocesso.

2. Noah (Noé)

Pegar num tema bíblico normalmente não levaria a grandes surpresas, mas este filme tem algumas surpresas. A que se destaca seria a vontade divina de levar Noé a salvar a Arca com os animais, mas não com o propósito de salvar o Homem. O objectivo explorado no filme, é a vontade de aniquilar a espécie humana, e a obstinação de Noé em cumprir esse desígnio.
Afinal os humanos teriam trazido consigo um caos cuja única reparação para a potência divina era a sua aniquilação. Mas quando a ordem tenta aniquilar o caos, mais tarde ou mais cedo, é a ordem que soçobra na sua trivialidade e inconsequência. O filho de uma lógica nunca pode questionar o que o pariu, ou o que lhe dá consistência. - A sua maior potência será compreender.

3. Lucy
Sobre Lucy já aqui falei, ainda antes de ver o filme... e é claro que quando se pretende subir na potência do super-herói, tudo se resumiria à execução da sua vontade. Ou seja, tudo terminaria no caos do seu pensamento, já que nada mais se lhe oporia. E se o seu pensamento nada tivesse de caótico, seria simples maquinaria natural, e nem pensamento seria.
Independentemente disso, o filme está bem feito, e é interessante. A sintonia, a maior compreensão dos sinais externos, que negligenciamos ou entendemos como coincidências, é bem notado como passo seguinte no entendimento.

4. Transcendence (Transcendência)
Também falei deste filme antes de o ver... e do que me lembro, não tenho muito a acrescentar! Não é mau, mas também não me lembro de nada de especial. Partilha com Lucy a ideia de que o maior poder computacional se associa a maior inteligência... Passar a consciência humana para um suporte electrónico computacional, finito, isso é um mero detalhe (impossível) que faz parte da história e do folclore científico desta época.

5. I Origins 

Um filme que não vi divulgado no circuito comercial. O reconhecimento pela íris ocular é uma alternativa à impressão digital. Um fotógrafo que colecciona fotos de íris acaba por encontrar uma criança com a mesma íris que a namorada falecida, e numa alusão a uma reincarnação a criança indica o temor pelo evento que motivou à morte da amiga. Uma certa obsessão do fotógrafo pelo número 11 remete em certa medida para o filme "Número 23", mas aqui numa forma distinta, numa certa sintonia entre o exterior e o indivíduo.

6. Maze Runner (Correr ou morrer)

Um grupo de adolescentes é aprisionado num jardim rodeado por um enorme labirinto, desenvolvendo uma sociedade própria, onde a hierarquia óbvia coloca os novos elementos, chegados com amnésia, no degrau mais baixo. Fora do jardim, o labirinto é povoado por organismos cibernéticos letais. A interrogação dos jovens sobre o contexto é o ponto principal do argumento. 
A razão que acaba por levar uns a desconfiar dos outros, prende-se com um argumento semelhante ao do Cubo. No final revela-se um enredo de experiência psicológica em larga escala.

Poderíamos ver neste filme analogias com uma situação em que a Terra serviria de prisão de uma jovem humanidade, se ao querer escapar do seu jardim terreno, no espaço, deparasse com ameaças letais, de origem desconhecida.

7. Divergent (Divergente)

Um filme que nos leva a visões distópicas de sociedades futuras, pós-apocalípticas. A ideia de separação social determinada por uma avaliação de carácter, e não tanto pela família, será a novidade. Divergente é a protagonista, por não se enquadrar em nenhum grupo, e por essa quebra da ordem ser vista como ameaça pelos amantes da ordem estabelecida. 
O ponto mais interessante será a indução de um cenário ilusório, para determinar a reacção do avaliado. A capacidade da protagonista perceber a ilusão, questionando a sua consistência, é talvez o ponto mais relevante.
Ninguém pode ser preso a um universo inconsistente... à protagonista bastou o toque de uma unha para quebrar toda a ilusão. 

8. Maleficent (Maléfica)

Maléfica é uma interessante reviravolta na história da Bela Adormecida, que torna a conhecida má-da-fita na boa-da-fita. Um bom exercício educacional, para evitar as simplificações narrativas, em que há maus-porque-sim. A virtude principal é conseguir manter ainda assim a consistência com a história conhecida, e não é demasiado simplista em remeter para o rei o papel de novo vilão.

9. Mr. Peabody & Sherman

Por vezes é preciso ver filmes de crianças, ainda mais pequenas, e há uns que surpreendem por serem bastante agradáveis - foi o caso deste Mr. Peabody, com a sua revisitação de momentos históricos.


10. «47 Ronin»
Há um registo histórico sobre os samurais em 47 Ronin, que já fez três versões em filme. Saiu ainda no Natal de 2013, não é um mau filme, mas nada tem de muito especial (pelo menos distingue-se muito de coisas mesmo muito mázinhas - Hercules, 300- Rise of an Empire).


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