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domingo, 23 de março de 2014

HARP e HAARP, harpas e hárpias

Projecto HARP 
Uma das ideias que constava já nos livros de Júlio Verne, seria a de enviar um projéctil, disparado por um canhão, com velocidade suficiente para escapar à atracção terrestre, e pelo menos entrar em órbita.

Essa ideia pode parecer caricata, tal como foi ilustrada num filme mudo conhecido de George Méliès
Le voyage dans la Lune - George Méliès (1902)

No entanto, o canadiano Gerald Bull levou a cabo uma série de iniciativas entre as quais:
um projecto iniciado em 1961 e que visava a colocação de satélites em órbita, não através do lançamento por um foguetão, mas sim por um enorme canhão... tal como pensado por Verne e encenado por Méliès.

A certa altura houve uma desistência do projecto, mas Gerald Bull não desistiu de colocar a ideia no espaço. Teve então uma proposta de Saddam Hussein para a construção do canhão no Iraque, tendo muito sido feito para evitar isso, nomeadamente a sua prisão nos EUA, e em 1990, Gerald Bull acabou assassinado. Em 1991 começaria a primeira Guerra do Iraque.

O nome do projecto com Saddam Hussein era Projecto Babilónia, e pouco depois deu origem a um filme sobre a vida de Gerald Bull.
Filme de 1994 sobre Gerald Bull

Projecto HAARP
Hoje em dia fala-se pouco desse projecto HARP e o mais comum é haver referências ao projecto
... as siglas são curiosamente semelhantes, mas este é dedicado à investigação sobre a ionosfera, onde se produzem auroras, e tem sido mantido sob um certo sigilo. Esse sigilo e o intuito real do programa tem despertado uma série de acusações sobre eventual associação a uma série de fenómenos, nomeadamente terramotos (do Haiti, ou do Japão - "Last year I confronted the former Japanese Finance Minister over control of the Japanese Finance System to a group of American and European Oligarchs. He and his envoy told me that because Japan has been threatened by an earthquake machine." - vídeo de Benjamin Fulford). Outras associações dizem respeito a eventuais fenómenos de "ball lightning".

Como em muitos outros casos, o que não se sabe sobre o assunto leva a imensa especulação, sendo que a produção de eventuais ressonâncias na ionosfera não é facilmente relacionável com movimentos na crosta terrestre. Há fenómenos de vibração bem conhecidos, que começam por ser evidenciados na simples vibração de cordas, como numa harpa... e a escolha da sigla não será completamente ocasional, da mesma forma que o duplo "a" pode simplesmente servir para a distinção relativamente ao programa anterior.
Acresce que há ainda a referência a hárpias... as hárpias estão mitologicamente ao serviço de Zeus, por sua vez conectado às manifestações atmosféricas.
As hárpias aparecem na mitologia ligadas à viagem de Jasão pelas paragens do então grande Mar Negro, e faziam cumprir uma punição de Zeus ao Rei Phineas da Trácia, pela revelação de segredos pertencentes apenas aos deuses. Seriam os argonautas de Jasão que o livrariam dessa punição.

A questão principal sobre o HAARP ou similares é mais genérica. Diz respeito à possibilidade de criação de armas que passam por ser efeitos naturais... os governantes saberiam da ameaça, mas a sua concretização dificilmente poderia ser ligada ao executante, porque poderia ainda ser um simples fenómeno atribuível a causas naturais. O ministro não pode dizer à sua população que a inundação ou um sismo foi devido a um outro país... passaria por simples lunático. Por outro lado, a ideia de que estes fenómenos seriam controláveis passaria a responsabilizar a nação que detivesse tal tecnologia, mesmo que estivesse ilibada.
Este tipo de ameaças existe desde que há armas biológicas, que podem espalhar uma doença num determinado ponto, mas que são incontroláveis... o vírus pode sofrer mutações imprevisíveis e vir a afectar o próprio atacante. Da mesma forma quando se joga com outra simulação de fenómeno natural, as suas repercursões podem passar o alvo, e afectar todo o sistema.

O caos, que normalmente é visto como um obstáculo ao controlo humano benigno, tem também esse aspecto de evitar o controlo humano maligno... Porque num mundo completamente ordenado, quem detivesse a ordem controlaria o resto sem aparentes restrições. Digo "sem aparentes" porque a restrição maior, que surge inevitavelmente, mais tarde ou mais cedo, é o confronto com a cópia. Porque um universo que cria uma estrutura, criaria sem problemas uma réplica... se a ideia fosse o inevitável confronto só com vista a uma melhoria infindável.

Aditamentos (23/03/2014)
1. Convém notar que o veículo das notícias que mostram um embuste global é praticamente o oficial, ou seja, o mesmo. Portanto não devemos ser ingénuos e pensar que quem controla a informação por um lado, a deixa escapar pelo mesmo lado. É claro que há sempre imprevistos, mas o desenvolvimento de "teorias da conspiração" foi alimentado pelo mesmo lado que é atacado. Desta forma, sabendo que é uma fraqueza, controla o ataque informativo, definindo os pólos de atenção.
Quando se fala de mapas antigos, vai-se sempre buscar o de Piri Reis... os outros são sempre ignorados. Quando se fala de controlo antigo vão-se buscar os Anunaki, que afinal eram chamados Anedotos.
Portanto há uma mistura de denúncias que fazem sentido com outras que não fazem.

2. Neste caso do Iraque, creio que nunca foi enfatizado este projecto Babilónia, e o canhão HARP seria uma razão popular para justificar uma intervenção americana, juntando a isso as armas químicas ou biológicas. Assim, quando não foi encontrado nada no Iraque não significa que nada tenha sido encontrado. Se foi fácil convencer previamente da existência dessas armas, com o controlo absoluto sobre o Iraque, teria sido igualmente fácil fabricar provas de que havia efectivamente essas armas. No entanto, houve uma clara opção de tornar aquela intervenção como completamente injustificada nesse aspecto. Se pensamos que as notícias foram manipuladas num sentido, não é de estranhar que tenham sido no outro.

3. Tem-se notado uma sucessiva tentativa de despertar uma consciência internacional de que há uma manipulação global. Desde a ocasião do 11 de Setembro de 2001, ele próprio cheio de contradições, que se notou uma inconsistência noticiosa sem precedentes. Isso tem alimentado a questão conspirativa muito para além dos mistérios habituais que eram divulgados anteriormente - Atlântida, Bermudas, Ovnis, etc...
Essa tentativa de despertar consciências tem dois aspectos:
- procura motivar e avaliar a capacidade de percepção e resposta da população ao embuste;
- torna clara a impotência da população para se opor a isso, pelos meios convencionais.
O último aspecto disso é a impotência das democracias alterarem a forma de governação, já que não se nota qualquer diferença no governo pela mudança de governantes. Esta última forma de explicitação é especialmente desmoralizante, porque como é óbvio também não será pelo efeito de manifestações que nada será mudado.

4. Num dos links que o Paulo Cruz acabou de colocar:
http://www.bibliotecapleyades.net/haarp/esp_HAARP_51.htm
acrescenta-se a informação de que o projecto HAARP chegou mesmo a envolver experiências ao nível da Cintura de Van Allen, e conforme ali é informado num relatório de 1998 da União Europeia, os buracos feitos a nível da ionosfera, ou ainda mais alto, podem abrir o escudo defensivo natural que a Terra tem contra a perigosa radiação cósmica. O caso do ozono era só um aspecto muito particular e levou a grandes preocupações à época. Aqui o perigo poderia ser ainda maior... quando se deixa actuar livremente aprendizes de feiticeiro. Daí haver também esta necessidade de tornar público os maiores perigos, por parte de alguns elementos mais conscientes.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Os pequenos vagabundos e os velhos moribundos

A pequenada gostou sempre de aventuras com clubes, códigos, mistérios, etc... nesse sentido eram imprescindíveis os livros dos Cinco, dos Sete, e nas suas versões portuguesas mais recentes apareceram o Clube das Chaves, etc. Depois, num estilo que mistura a magia trivial com a típica snobeira inglesa dos colégios, fez grande sucesso o Harry Potter.
Porém, uma das séries de aventuras, que deixou marcas numa geração foram

Era algo natural surgirem espontaneamente estes clubes de jovens, prontos a definirem os seus códigos, as suas regras, e prontos a aventuras para além do conhecimento dos pais... 
Havia também outro tipo de clubes, de alguma forma institucionalizados, hierarquizados, destacando-se os Escuteiros, criados pelo barão Baden Powell
A flor-de-lis - símbolo dos escuteiros

A adopção da flor-de-lis por Baden Powell tem razões conhecidas, mas não deixa de ser algo estranho um inglês ir adoptar o velho símbolo da monarquia francesa, remontando ao tempo dos Capetos
A própria simbologia da flor-de-lis acabou por ser extensamente usada pela Ordem de Avis, e incorporada na bandeira nacional ao tempo de D. João I, mestre de Avis.

Se o símbolo foi uso dos Capetos, ou dos capetas, o que é sabido é que este tipo de códigos são um prolongamento das brincadeiras juvenis para a idade adulta. Com um problema, estes clubes passam a ter um âmbito mais global, e não são tão inofensivos e inocentes nas suas acções. As driaburas de um clube infantil não causam o mesmo tipo de consequências que as infantilidades de clubes de adultos.

Entre esses clubes de adultos, e esquecendo os derivados, como o Lions ou o Rotary, ou as simples fraternidades universitárias americanas, o clube que se impôs mais a nível mundial, e que mantém segredos, códigos, cumprimentos e sinais secretos, bem como outras tantas coisas típicas de clubes de garotos, é sem dúvida a Maçonaria.

A Maçonaria tem mais ou menos uma face visível, mas o negócio está no segredo.
De entre o que é conhecido, podemos ver uma folclórica hierarquia cheia de vestes carnavalescas e muitas medalhas, símbolos, e nomes pomposos.

Como somos afectados pelo samba deste desfile carnavalesco, interessará conhecer alguns nomes.
Podemos vê-los na figura acima, onde se divide o rito escocês do rito de York, havendo equivalências entre as ambas.

O olho do G (GAU ou GADU)  está a ver, e vê então a seguinte hierarquia:

33. Sovereign Grand Inspector General (Order of Knights Templar)
32. Sublime Prince of the Royal Secret
31. Grand Inspector Inquisitor Commander
30. Grand Elect Knight K+H 
29. Knight of St. Andrew (Order of Knights of Malta)
28. Knight of the Sun
27. Commander of the Temple
26. Prince of Mercy
25. Knight of the Brazen Serpent (Order of the Red Cross)
24. Prince of the Tabernacle (... super excellent master)
23. Chief of the Tabernacle (... select master)
22. Prince of Libanus (... royal master)
21. Patriarch Noachite
20. Master Ad Vitam
19. Grand Pontiff
18. Knight of the Rose Croix
17. Knight of the East and the West
16. Prince of Jerusalem
......... [Shrine], [W.S.of Jerusalem] [AAONMS]
15. Knight of the East or Sword
......... [Daughters of the Nile] [Amaranth]
14. Grand Elect Mason
13. Master of the Ninth Arch
12. Grand Master Architect
11. Sublime Master Elected
10. Elect of Fifteen (Paxt Master)
09. Master Elect of Nine
08. Intendent of the Building
07. Provent and Judge
......... [Tall Ceddars of Lebanon] [Order of the Eastern Star]
......... [Grotto (MOVPER)] [Job's Daughters] [Rainbow Girls] [Order de Molay]
06. Intimate Secretary
05. Perfect Master (Mark Master)
04. Secret Master
03. Master Mason
02. Fellowcraft
01. Entered Apprentice

Os links remetem para a obra Morals and Dogma (1871) de Albert Pike
As designações podem variar um pouco, mas não muito, porque há normalmente um conservadorismo em quem se dedica a continuar o legado passado.
Portanto, a situação passa dos pequenos vagabundos em volta de um castelo sem nome, para velhos moribundos cujo recreio para brincadeiras é basicamente toda a sociedade humana.

Coloco agora os links sobre as organizações ali listadas e que dependem da maçonaria explicitamente:
Depois, é claro há toda uma panóplia de organizações derivadas, ou associadas, e é praticamente claro que toda a organização criada, seja de que âmbito for, de pacifistas a clubes de futebol, acaba por ter membros ligados à organização das organizações. Se não tem no início, assim que ganha dimensão e importância passará a ter... pelo simples facto de ter membros, e esses membros reservarem mais uma obediência do que outra.

Bom, mas este post não era sobre a maçãos, nem maçãs, nem sobre a dualidade entre ter massa e levar com a maça. Há organizações que podem fazer sentido, ainda que os métodos, o folclore, e as suas acções possam ser muito discutíveis. 

Basicamente, foi um pequeno pretexto para relembrar os Pequenos Vagabundos, e também para terminar com uma alusão, não aos Altos Cedros do Líbano, mas sim aos Human League... simplesmente porque há frequências que me tocam mais que outras:
Human League - Lebanon

segunda-feira, 10 de março de 2014

Questão do QU

Há um problema de longa data com o C.
CE não é QUE, CI não é QUI.
Pode ser da lua crescente, ou minguante... se mente, mas está presente.
Por herança latina, o Q não aparece isolado, associa-se inevitavelmente ao U.
É esta a Questão do QU.
QU ... ME    (on/off)   CG ... 3W

A razão parece ter-se perdido no tempo... os romanos não usaram o K grego, que afinal não resistiria também ao uso como som "s" em derivados de "kine", como seja cinema ou cinemática (ainda que os ingleses usem o som "k" em kinematics).

Os romanos usavam sempre o Q associado ao U, e assim se manteve em toda a tradição ocidental.
Curiosamente, uma pequena rotação mostra uma ligação a outro par C-G, que deu para muitas variações linguísticas (... por exemplo, entre o Porto Galo e o Porto Calo).

É habitual usar hoje um símbolo "on/off" juntando "OI" denotando a opção:

  • O - zero - desligado (off)
  •  I  - um - ligado (on)

O símbolo "on/off" ficou um "Q" invertido... creio que a opção de não usar o Q normal pode ter sido puritanismo sexual, já que poderia parecer um fálico Ï inserido numa cavidade O
Com os restantes, M e E, ou 3 e W, digamos que a inserção vai mais longe, não deixando nada de fora.

Com ou sem puritanismo, a questão do QU, foi herdada de tempos romanos para a época medieval, e o "Q" é uma letra tipicamente reservada para questões... Quê? Qual? Quem? Quanto? Quando?

Podemos ver que o Q remonta a uma letra fenícia:
Qoph (fenício), Qoppa (grego). 

o Qoph aparece com grafia semelhante a um "phi" grego, e o Qoppa grego acabou abandonado em favor do kappa.

A ligação do Q ao G aparece como notória quando escrevemos caligraficamente em minúsculas as letras "q" e "g", algo que já foi claramente uma herança vinda de tempos medievais. É dito que por vezes se escreveria "eqo" para "ego", mas a regra do "qu" impediria tal tentação redutora:
In the earliest Latin inscriptions, the letters C, K and Q were all used to represent the two sounds /k/ and /ɡ/, which were not differentiated in writing. Of these, Q was used before a rounded vowel (e.g. 〈EQO〉 'ego'), K before /a/, and C elsewhere. Later, the use of C (and its variant G) replaced most usages of K and Q: Q survived only to represent /k/ when immediately followed by a /w/ sound.  
Q" Oxford English Dictionary, 2nd edition (1989) 
Qual o interesse de reportar aqui a questão do QU?
É claro que o assunto por si tem piada, como há muitas coisas que têm piada, e servem para curiosidades jocosas em redes sociais. No entanto, como (quase) tudo o que aqui coloco, o interesse vai muito para além da simples aparência imediata.
Ficou claro que "falo" não apenas na "fala".
Já tinha reportado a questão do "OU", agora reporto a questão do "QU", havendo apenas uma "perninha" I inserida no fecho O, passando a Q.

Poderia resultar tudo de invenção humana, e haveria muito tempo para elaborar perniciosamente tais malabarismos encriptados. Porém, parece-me que não... é muito mais que isso. É muito mais um problema alfaborboleto... O símbolo "on/off" só recentemente apareceu estilisticamente como um "Q" invertido, e se houvesse razões antigas seria natural que tivesse sido assim popularizado antes.

Por outro lado, há efectivamente ligações a palavras e a imagem do Qoppa lembra-nos a taça (copa) e as próprias copas das árvores... tal como o símbolo Qoph pode lembrar a chave de "cofre". Afinal o próprio processo de fecho envolve uma entrada na fechadura, onde se insere a chave, tal como o Q pode ser visto na forma "IO".

Só que, ainda que haja intenção humana na representação consciente, há um arrasto inconsciente que surge das ligações abstractas. Porque o simbolismo de chave e fechadura transcende a mera posse casual. De forma semelhante, há interpretações para além da imagem literal num tronco que ramifica em copa, ou num pé que sustenta o conteúdo da taça. Essas interpretações são, por exemplo, biológicas e estruturais.

Se liguei a questão OU a uma dualidade universo fechado/aberto com solução É, o acento passou aqui para uma entrada no fecho O... e é essa a questão QU. Biologicamente, a evolução foi feita com chaves de DNA, transportadas por cabecinhas espermatozóides, na forma de Q com rabinho nadador. De entre todas as possibilidades, apenas um levava a chave que abria o duro fecho da fechadura, formando o OVO. Até aqui a palavra "ovo" remete à simbologia de junção de dois "o" (poderia ser também "OUO"), um de cada progenitor.

Por outro lado, na imagem do tronco que deriva em copa, encontramos ainda a imagem estrutural de uma árvore que ramifica na sua descendência. Ora, se é do tronco comum da árvore que surgem nos ramos os frutos, semente para nova descendência, também é do tronco fálico que é emitida a semente para a nova descendência.
Com uma diferença considerável... cada árvore é apenas elemento masculino.
Onde está o elemento feminino na reprodução (assexuada) das plantas?
Podemos vê-lo como sendo toda a Terra.
Nesse sentido a Terra é o candidato a enorme útero por onde vagueia o sémen das plantas na Primavera. Ainda neste sentido, a Terra seria ao mesmo tempo mãe e mulher.
Quando a evolução se tornou sexuada definiu o género feminino como útero substituto, e a Terra envolveu-se na reprodução na forma das suas filhas. Primeiro, com os répteis, as filhas mantinham um papel distante, e a grande autonomia do ovo gerado deixava ainda a Terra como grande útero onde os ovos cresciam até à eclosão. A ligação de parantesco nos répteis é praticamente inexistente.
Depois, especialmente com os mamíferos, a Terra simulou um útero interno, deu a cada filha um estatuto de "pequena Terra", criando um laço único de parentesco - a forte ligação mãe-filhos. Nalguns mamíferos e nas aves essa ligação definiu um conceito familiar, extensivo ao elemento masculino.

Essa foi uma diferença brutal... os filhos não nasciam sem passado, passaram a viver com uma ligação ao passado, que cada vez se foi cimentando mais, especialmente com os hominídeos. O conceito familiar terminou com a individualidade, e começou a definir um conceito de grupo.
Esse grupo ligava ao passado, e começando apenas com a família, foi remetendo a uma estrutura mais complicada, que cada vez detinha maior herança do passado, para benefício dos jovens. Esta herança social era substancialmente diferente de outras manifestações - por exemplo, entre abelhas ou formigas, onde cada indivíduo poderia ser visto como uma parte desconexa de um ser maior - todos partilhando o mesmo material biológico.

Porém, ao definir-se esse grupo social, definiu-se uma nova estrutura animal, com aspectos monstruosos.
Quando antes um indivíduo nascia dentro da mesma espécie, estava praticamente dentro de condições semelhantes face aos outros. Porém, quando os grupos se definiram dentro da espécie humana, as condições passaram a poder ser dramaticamente diferentes... como se tratassem de espécies diferentes.
Uma criança escrava nascia como presa, enquanto o filho de um patrício nasceria como predador.

E, no entanto, apesar de tudo isto... a Terra continua a ser mãe das filhas e dos filhos. O útero materno não deixa de ser apenas parte de um útero terrestre muito maior, que define as entidades que aí sobrevivem.
É claro que há a herança reptiliana... a ideia que saímos formados de um ovo que ninguém cuidou, que somos autossuficientes. E por momentos esquecemos que o ar que respiramos é pouco mais que um líquido amniótico que nos mantém vivos dentro do útero terreno.

Por isso, convém não esquecer o significado da taça... e não há aqui nenhuma taça para os reptilianos armados em T-Rex. A taça que existe é formada por uma base sólida onde se sustém a nossa fluidez. O pé dessa taça está preso às raízes terrenas, e convirá não deixar que a fluidez de sonhos pouco consistentes arraste todo o conteúdo para fora dessa base sustentada.

terça-feira, 4 de março de 2014

Pontes de Alma

1) Rio Alma. Alma é um pequeno rio da Crimeia.

2) Batalha de Alma
Se o rio parece pequeno de corpo, ficou grande de Alma pela batalha de 20 de Setembro de 1854, que opôs uma aliança de Ingleses, Franceses e Turcos contra os Russos, na célebre Guerra da Crimeia.
Jacques de St Arnaud morrerá alguns dias depois de ter conseguido esta vitória afrancesada sobre os russos.

3) Ponte de l'Alma
Em comemoração da vitória na Crimeia, Napoleão III inaugurou dois anos depois a Ponte de Alma sobre o Sena, em Paris. 
(foto da antiga ponte, circa 1900)

4) Túnel de l'Alma, 31 de Agosto de 1997... (Death of Diana, Princess of Wales conspiracy theories)
 
Harrods de Londres - Monumentos a Diana Spencer e Dodi Al Fayed. 
Praça de l'Alma 
(tocha da liberdade serve de homenagem a Diana)


5) Almas Mortas 
Lembro-me bem do título deste livro de Gogol, que estava na estante, como tantos outros, que ali ficariam sem ser abertos, e ainda hoje não despertarem a menor das curiosidades. 

6) Dead Souls 
A contrario, foi com alguma facilidade que a voz de Ian Curtis fabricou um mito que ainda resiste
Joy Division - Dead Souls

Someone take these dreams away, 
That point me to another day, 
A duel of personalities, 
That stretch all true realities. 

That keep calling me, 
They keep calling me, 
Keep on calling me, 
They keep calling me. 

Where figures from the past stand tall, 
And mocking voices ring the halls. 
Imperialistic house of prayer, 
Conquistadors who took their share. 

7) Napoleon & Rio Alma
A junção dos nomes Napoleão e Rio Alma, não ocorreu apenas numa batalha com milhares de mortos na Crimeia... fortuitamente aparece ligada a uma estátua nas Filipinas.
Magdangal : poema de Rio Alma e escultura de Napoleon Abueva 

8) Alma e Maçã
Pode ler-se na página da wikipedia:
Alma is the Crimean Tatar word for an "apple". 

Tartária, já se sabe, foi um nome que chegou a servir para toda a região siberiana... identificando os territórios desde a Crimeia (chamada "Pequena Tartária") até às paragens mongóis da mítica Cataio, confundida ou não com a China. Tudo isso seria a Grande Tartária, chamado mesmo Império. 
De alguma forma, perdeu-se muito do registo de uma cultura que se equivaleria ao Império Russo, e que foi depois substituído na sua extensão por este mesmo. Quase que ficaram apenas expressões como "molho tártaro", "bife tártaro", etc...

9) Crimeia e Big Apple 
Foi na Crimeia que se realizou a conferência que decidiu o modelo de governação global após a Segunda Guerra, através do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Cada uma das potências vencedoras teria o seu direito de veto na Big Apple, Nova Iorque, sede da ONU. 
O próprio destino dos tártaros da Crimeia ficaria ali decidido, forçado a uma migração para o Uzbequistão, acusados por Estaline de terem apoiado a invasão alemã.
Conferência de Yalta na Crimeia

10) Caronte, Aqueronte, Almas e Tártaros
Aqueronte era um afluente do rio Estige em que o barqueiro Caronte levava as Almas para o Tártaro - o inferno na mitologia grega.
Caronte leva as Almas para o Tártaro.