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domingo, 1 de dezembro de 2013

Nebulosidades auditivas (5)

Em português fado é destino. Destino é para onde vamos.
Sempre achei que ao fado faltava alguma melodia e ritmo, um bater, um bateria que não bate em ninguém.
Essa bateria está bem presente no tema Gaivota, dos Amália Hoje, projecto de Nuno Gonçalves, dos "the Gift". E há coincidências que parecem presentes, neste caso de Alcobaça... e não de Tróia!
Cada qual pinta o mundo com as suas cores, com as suas dores. Porém há também as dores alheias, e se conto um conto de uma forma, mais objectiva, posso contá-lo também de forma mais pessoal. Cada pessoa tem uma mensagem, e a partilha não é posse, é dar... para receber, quem quiser.
Podemos entender ofertas que façam sentido.

Gaia vota.
Chegados ao fundo de nós, até onde mais não conseguimos ir, depois de olhar para dentro, olhemos para fora, e vejamos tudo o que ficou de fora do conjunto de nós, da corda. Onde uns vêm dragões, monstros, máquinas, vejamos o coração que bate. Avancemos para o desconhecido com a confiança dos navegadores que ousaram conhecer para além de si, e assim nos ajudaram na navegação para o interior de nós. É esse o nosso fado, e confiemos o nosso coração, um bater que nunca foi nosso... e nem vale a pena rebater.
Não é ser nacionalista dizer "Por ti Gaia", pois também foi-se bastião de "por ti cale", de um calar encoberto, em nome de uma gaivota que nos guardou as memórias. Por isso, Gaia vota, e Gaia volta e revolta, mas num sentido de novas voltas, do bater do tempo que é o bater do nosso coração, é a corda do acordo, onde os nós somos nós.
E eu não me canso de ouvir a canção... cada qual tem as suas canções e os seus cansões.

Mais do que uma pátria, que se quis formada do nada, há toda uma história mátria que não é para o oculto, nem para o culto privado, porque só esconde o passado quem teme o futuro. E os medos não devem privar-nos do futuro, remetidos a um passado de ilusão... que poderia até ter o acordo de todos nós, mas não há nós sem corda... uma corda que os liga, um "acorda" que a nós liga. A corda para a vida!

Seria de dizer - à mátria, Gaia, aMai-a hoje.
Ao jeito de pronúncia japonesa em Amália, também podemos ver Amaria, tudo depende do rosto que nos for oferecido ver, sem nunca negar os nossos dois olhos. Tudo o resto são intérpretes das interpretações, que se alimentam de egos e cegos medos inibidores.
É um concordo, com coração, corda maior que o fio do confio.
Amália Hoje - A Gaivota.

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