tag:blogger.com,1999:blog-7539526810574599167.post6905307971395029489..comments2023-11-30T08:25:30.146+00:00Comments on ode maia: As teias ateiasda Maiahttp://www.blogger.com/profile/02897266886068497576noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-7539526810574599167.post-54468395470316072592013-06-18T03:17:50.776+00:002013-06-18T03:17:50.776+00:00Caro ARA,
escrevi bastante sobre o assunto, mas p...<br />Caro ARA,<br /><br />escrevi bastante sobre o assunto, mas para evitar leres coisas espalhadas, vou tentar resumir. Um primeiro ponto é a divinização da Fortuna, do acaso.<br />A ciência não baniu Deus, chamou-lhe Acaso/Fortuna, e usou isso para preencher as falhas. Onde tinhas o toque divino, passaste a ter o toque do acaso, do rolar de dados. Até na língua o "graças a Deus" passou a "tive sorte". A inexplicabilidade ficou, mas passou de uma divindade consciente racional, a uma divindade trapalhona irracional.<br /><br />Ao fazer isso, a ciência varreu para debaixo do tapete a epistemologia. Ou seja, em que universo coloca o acaso? Em nenhum... a "sorte", que vive no éter lógico, decide fazer nascer a vida e o homem num jogo de casino evolucionista.<br />Pior, diz-se que não há nenhuma inteligência nisto... o que equivale ao sujeito recusar - ou a sua inteligência - ou que pertence ao universo. Ora, assim que o universo produziu inteligência passou a ser inteligente - os humanos não se podem colocar fora do universo que os criou. A ciência modernaça chama universo às galáxias e semelhantes, vê tudo pelo canudo, e esquece de incluir na noção de universo os seus próprios olhos, os dados da sorte, etc... Tem dado jeito vender o ídolo, escondendo os pés de barro.<br /><br />Os "sentidos" são uma noção científica difusa. Os "sentidos" não intervêm nos sonhos, e não fazes a mais pálida ideia de onde veio aquela informação "nocturna". Não te podes apropriar da sua criação, porque até é natural apareceres como simples interveniente. Depois vem a tanga psicológica... que chama a isso subconsciente, tal como poderia chamar "gelado de limão". O que interessa é que não estás em controlo - seja nesta realidade, seja na dos sonhos. <br />Se estivesses ias ser masoquista e usar a noite para fazer pesadelos, para te auto-atormentar? - Será o deus trapalhão do Acaso? - ou é "castigo" do Outro?<br /><br /><br />É uma constatação que cada homem é a medida das suas coisas. Mas, por experiência da linguagem, sabe que outros homens são também medida dessas coisas. Ora, na velha introspecção asceta indiana, budista, apenas vais parar ao remoinho de Caribdis. Vais para lá com o objectivo de ser feliz sozinho. Isso corresponde à ilusão de que a mão direita auto-satisfaz o homem. Não... isso nada tem de paraíso, o mundo moldado pelos nossos desejos começa com anjinhos e sereias, mas depois revela-se um inferno. Porque a natureza infinita do homem não suporta a previsibilidade, e os anjinhos passam a ser vistos como demónios e as sereias como monstros.<br />Será sempre pobre o sujeito que, não sabendo o que é e o que quer, nunca se satisfará com o que tem.<br /><br />Do outro lado tens a rocha de Scila, é a montanha dos outros, que te ameaça, que te contradiz, que te surpreende, que te lixa. No entanto, se mergulhares no inferno da previsibilidade (do mundo à tua medida), abraçarás o primeiro que te surpreenda. É por isso que tens que os trazer às costas, porque precisas da imprevisibilidade que trazem. Isto não é questão de cada um, é questão de todos, mas a bem da imprevisibilidade, não há sincronização.<br />A sincronização faz-se através das linguagens, que é a única ponte entre homens que está para além da "realidade física".<br />Cada um poderia ter o seu universo perfeito, mas seria um inferno solitário, o paraíso terá que ser um compromisso numa realidade comum, definida por todos, mas onde há verdades absolutas, que a racionalidade e realidade partilhadas não permitem negar. É um compromisso entre caos e ordem - a inteligência não teria lugar no caos completo, e seria robótica numa ordem simplificada.<br /><br />Agora, isto está aqui colocado em linguagem semi-filosófica, mas é pura matemática... não há nada de romântico aqui. As noções românticas são perfeitamente racionais. Só que a felicidade não é uma noção individual, é comunitária.<br /><br />Deixo mais um link no nome, onde poderemos continuar a conversa, com todo o gosto, para não abusarmos do Sérgio Lavos.<br /><br />Grande abraço,<br />da Maiada Maiahttp://odemaia.blogspot.pt/noreply@blogger.com