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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Nebuosidades auditivas (86)

Por falta congénita de marca automóvel, os portugueses estiveram sempre afastados de triunfos nas grandes competições motorizadas, excluindo participações meritórias, como as de Pedro Lamy, que conseguiu estar numa equipa vencedora de Le Mans. Recentemente num escalão de Fórmula 1, mas para carros eléctricos, António Félix da Costa sagrou-se campeão mundial em 2019/20.

No entanto, a primeira vitória num grande prémio, no escalão principal, neste caso de motas, ocorreu no passado domingo, no Moto GP da Áustria, por Miguel Oliveira. Foi também a primeira vitória de uma equipa que estava há mais de 20 anos na competição, a Tech3 equipa secundária da KTM.
Não foi apenas a vitória, foi a forma como ele a conseguiu, ultrapassando na curva antes da meta, os dois que lutavam pelo primeiro lugar. A última volta é espectacular, e está bem comentada neste vídeo:
Momento em que Miguel Oliveira ultrapassa Miller (que, no limite da pista, afastava Pol, e pensava garantir a vitória).


À falta de melhor ilustração auditiva, fica o tema Spitfire destes Prodigy...

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Sítios (2)

Na ilha de Baffin, Canadá, há duas formações rochosas que sobressaem por serem precipícios extremos. Terá sido por essas paragens que os Corte Real desapareceram em 1502-03... não que tivessem vistos as montanhas, mas provavelmente sendo vítimas de naufrágios nessas paragens setentrionais. O monte Thor e o monte Asgard dão continuação ao tema Sítios.
Monte Thor, com uma inclinação de 105º tem uma queda vertical de 1250 metros. (imagem)

A parede vertical do Monte Thor foi escalada em 1985, e em 2012 em escalada livre. A forma como se impõe sobre um vale em U, esculpido por um glaciar, é notável.

Ainda na ilha de Baffin, surge o Monte Asgard, ambos com nomes da mitologia nórdica, que tem um duplo pico cortado.
Monte Asgard, com o duplo pico cortado, onde foi filmada uma cena de 007 - The spy who loved me.

Em 1978, os produtores de 007, escolheram aí fazer um salto de esqui, que termina com a abertura de um pára-quedas com a bandeira inglesa. O duplo Rick Sylvester fez de 007 na cena do salto, que não mostra toda a espectacularidade do cenário, devido ao contexto da cena ser de perseguição.



Cena do filme de 007 - The spy who loved me, salto do topo do monte Asgard, protagonizado pelo duplo Rick Sylvester.

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Nebulosidades auditivas (85)

Após a explosão com contornos de pequena explosão nuclear, ocorrida em Beirute ontem, e atendendo ao histórico de violência e destruição que afectou aquela região no conflito israelo-árabe, será de repetir um refrão dos Human League (1984): I must be dreaming, this can't be true.

The Human League - The Lebanon (1984)

O Líbano chegou a ser um centro financeiro promissor, e era entendido como "Suiça do Médio Oriente", antes de ser dilacerado por uma prolongada guerra civil entre 1975 e 1990 que se prolongava apesar de estar presente uma força simbólica da ONU. Entre a Síria e Israel, o Líbano via-se com um palco de conflitos que decorriam em segundo plano. Os conflitos na fronteira sul do Líbano, com Israel, prolongaram-se até 2000, e em 2006 ainda foi palco do conflito entre o movimento sírio Hezbollah e o estado de Israel. Como se isso não bastasse, desde 2011, sofreu consequências da guerra civil que afectou a Síria. 

A explosão que ocorreu a 4 de Agosto, poderá não ter sido mais do que um funesto acidente, no armazenamento de fertilizantes perigosos, que explodiram abruptamente, após incêndio incontrolado, conforme mostra o vídeo seguinte:

  RAW VIDEO: Beirut blast caught on camera - (Sky News)
Beirut explosion, Lebanon 2020, video captured from different people phones (vídeo retirado)

No entanto, o aspecto da rápida propagação da onda de choque, que terá viajado perto da velocidade do som, é muito semelhante à destruição causada por bombas atómicas, sendo impressionante e surpreendente a velocidade de destruição, para quem estava a presenciar o incêndio à distância.
É claro que neste caso não houve efeitos radioactivos, mas há também bombas deste tipo (chamadas bombas limpas, por não quebrarem as convenções internacionais), que podem causar milhares de vítimas (e não apenas duas centenas mortos, como é reportado para este caso).

Não se vê nenhum interesse numa explosão deste tipo, de nenhuma parte, mesmo tendo em conta a mentalidade retorcida e disruptiva dos israelitas. Mas, essa possibilidade não irá sair do imaginário colectivo dos libaneses, dado o historial entre vizinhos do norte e do sul.
As guerras no Séc. XXI têm tendência a manifestar-se como fenómenos acidentais ou naturais, seja sob ameaça ou possibilidade de concretização efectiva, porque vivem de uma mistificação dos próprios em descartar responsabilidades, e dos opostos em acicatar medos, ao mesmo tempo que acusam uma subjacente incompetência.
Por isso, dados os processos publicitários que dominam as correntes de opinião, a maioria das guerras são quase sempre mais eficazes usando a economia e o descontentamento na população, e só mesmo nos casos mais persistentes é que envolvem a necessidade de acção física.
Neste caso, mesmo que não estejam apuradas as causas do incêndio inicial, tudo se afigura para uma simples incúria no armazenamento de nitrato de amónio, confiscado a um navio russo em 2013.