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domingo, 24 de junho de 2018

Anais de Contige - a senhora dos anéis

Numa altura em que começam os incêndios e se fala sempre da desmesurada proliferação do eucalipto em Portugal, raramente se fala do eucalipto de Contige:

O eucalipto de Contige (imagem em Ruralea.pt)

O eucalipto de Contige é famoso pela sua desproporcionada dimensão, especialmente pelos 12 metros em perímetro, junto ao solo, já que em altura terá "apenas" 43 metros.

A pergunta surge naturalmente... que idade terá uma árvore com aquela dimensão?
É aqui que as coisas se tornam engraçadas!

Segundo a historieta que li em vários lados, aqui ou em wikipedia - Contige, a árvore teria existência na altura de um casamento de famílias locais no século XIX. Diz-se ainda “aquando da construção da estrada, e da expropriação do terreno, a monumentalidade deste exemplar terá contribuído para a sua salvaguarda, não tendo por isso sido cortada”.

Porém, ao mesmo tempo, como se as duas coisas não fossem contraditórias, diz-se também:
Localizado à beira da antiga EN 229, no cruzamento da estrada municipal que liga ao centro de Contige, esta árvore, cuja plantação remonta, segundo aquela universidade [de Aveiro], “provavelmente, a 1878, quando se abriu a Estrada das Donárias, é um dos maiores eucaliptos classificados até ao momento em Portugal” sendo mesmo “recordista com 11 m de perímetro à altura do peito”.
O artigo termina referindo que a Universidade de Aveiro dá 139 anos, e o ICNF dá 126 anos.

Não se nota nada de estranho? 
Releiam-se as citações que coloquei.
Por um lado "a monumentalidade do exemplar" evitou que fosse cortada aquando da inauguração da estrada, por outro lado "a sua plantação remonta a 1878,  abertura da Estrada das Donárias".

Em que ficamos, já existia e era monumental em 1878, ou foi plantada em 1878?
Com erros deste tipo, chumbava muita gente em provas de leitura da 4ª classe... porém é perfeitamente aceitável que os peritos da Universidade de Aveiro, ou do ICNF, achem que esta datação é a única admissível.

O problema é que se a árvore já fosse grande em 1878, e tivesse digamos 100 anos, nessa altura, isso remeteria a plantação para 1778... e nessa altura a Austrália tinha acabado de ser descoberta, e ainda não havia oficialmente eucaliptos na Europa (cuja plantação começou aí após 1820).

Então que idade tem a árvore?
Bom, se estivéssemos noutra época, as coisas seriam bastante mais complicadas, eu teria que ir pedir a agrónomos que me dessem uma estimativa do crescimento dos eucaliptos, etc, etc. Iriam enredar-me numa retórica bacoca, e só serviria para me chatear - e isto acontece com amigos ou não.
Nos dias que correm, porém, não demora mais do que ser persistente.

O eucalipto de Contige terá entre 340 e 370 anos.
Pois, é um senhor problema para a historiografia nacional e mundial.

O que se terá passado?
Bom, provavelmente após a restauração da independência, em 1640, os portugueses voltaram à Austrália, numa altura em que por lá andavam também os holandeses, a fazer de conta que só exploravam o lado ocidental, e deixando o lado oriental intocável. 
No entanto, por essa altura, em 1642, Abel Tasman declarou a Tasmânia, ilha a sul da Austrália, que ficou com o seu nome. Terminaram as explorações por mais 120 anos, onde se fez de conta que a Austrália não existia, até Cook e Sandwich trazerem esses pratos para cima da mesa. 

A espécie do eucalipto de Contige parece-me ser a nativa da Tasmânia, a tal ilha descoberta há 376 anos. Assim, poderíamos pensar que algum senhor de Contige embarcou com Abel Tasman, e trouxe uma semente que plantou na sua terra natal. Porém, não me parece que tenha sido isso. Simplesmente, os portugueses iam com alguma frequência a Timor, e à Austrália, e não deixaram de trazer eucaliptos. Esses eucaliptos não eram autorizados ser plantados, mas creio que terá havido excepções, que passaram ao lado dos oficiais responsáveis, e os eucaliptos crescem bem.

O problema só terá sido detectado em 1878, quando a árvore já teria uns 7 a 8 metros de perímetro, ou seja, já era um belo colosso, e ainda que a Junta das Estradas tivesse pensado em eliminar o mal pela raiz, fazendo passar a estrada a direito contra a árvore, a resistência da população ao corte terá obrigado a fazer um "S" na estrada, evitando o seu corte.

Como saber a datação do eucalipto sem fazer uma extracção dos seus anéis?
Acontece que o crescimento dos anéis tem uma média, que não muda muito, e andei à procura de saber qual seria o quociente no caso do eucalipto, até que encontrei uma página simples, feita à medida do interessado, escrita por Teo Spangler:
onde ela refere um processo simplificado - e naturalmente sujeito a erros - que consiste em determinar o diâmetro do tronco da árvore à altura do peito (DBH- diameter at breast height). Curiosamente, usando centímetros, isso dá logo uma estimativa da idade:
For a rough estimate, use the diameter of the tree's trunk in centimeters. The number is an approximation of the years the tree has been alive. For example, a eucalyptus with a diameter of 30 centimeters at breast height is approximately 30 years old.
Se usarmos, o perímetro de 11 metros, isso dá 350 cm de diâmetro, e portanto 350 anos de idade, como estimativa grosseira. 
Claro que o céptico militante, preferirá acreditar na história do ICNF ou da Univ. Aveiro, porque não exige pensar, exige apenas acreditar nos "peritos". E na dúvida, aceita ser enrolado uma e outra vez, descansando no conforto de pertencer à opinião autorizada da maioria instituída.
Por uma questão higiénica, e por respeito ao ensino primário, deixo uma versão alternativa.
Só por curiosidade final, faço notar que de acordo com Teo Spangler (que se baseou em estudos universitários documentados), para uma idade de 130 anos, o diâmetro da árvore deveria ser 1 metro e 30 cm, e o seu perímetro 4 metros (e não 11). Mas o que interessa isso para o ICNF?

Especialmente, espero que a árvore, que está nos anais de Contige nunca precise de ver cortados os anéis. Porque alguém - propositadamente ou não, deixou essa prova da presença portuguesa na Austrália, e quem quiser ver vê, quem não quiser, basta-lhe continuar a fechar os olhos.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Costumes em brandos lumes

Muito cedo, na adolescência, cheguei à conclusão que a única forma de ser livre nesta choldra, era desenvolver capacidades individuais de completa autonomia. Em termos simplificados, se o mundo me tentasse lixar, eu teria a capacidade de lixar o mundo, de forma equivalente. 
Digamos, uma forma equilibrada de justiça... 

O que eu sabia, é que seria incomportável viver num mundo injusto, sem ter possibilidade de retaliar a injustiças. Também antevia que a sociedade me iria apanhar na sua rede confortável, e ficaria igual a todos os outros, presos na apatia da sua impotência individual. Só que antevia que essa impotência me iria destruir por dentro... bom, e não será fácil para ninguém viver com ela.

Este texto é assim dedicado a todos os vis vermes que (tal como eu) acabam por fechar os olhos às injustiças em seu redor.

Outdoor - grafitti - sobre a prisão de Maria de Lurdes

Há coisa de ano e meio escrevi este texto:
... sobre a notícia de uma investigadora - Maria de Lurdes - que tinha sido condenada a 3 anos de prisão efectiva, por difamação da justiça.

Começo por notar que a Google tem o condão de ignorar este post, mesmo na busca lateral reduzida a este blog. É admirável essa particularidade de reconhecer que o título do post está no Índice, mas não conseguir encontrar a página...

Agora que passa um ano e meio, metade da pena cumprida, os advogados de Maria de Lurdes tentaram o pedido de liberdade condicional... e foi indeferido. É assim provável que Maria de Lurdes tenha que ficar os 3 anos presa, sujeita aos mimos inerentes (consta ter sido já espancada pelas companheiras). 

A TVI foi praticamente a única televisão, e o Correio da Manhã o único jornal, a reportarem o caso.
No programa Governo Sombra, de 16/10/2016, Ricardo Araújo Pereira e Carlos Vaz Marques, ao minuto 47:30, diziam o seguinte:

CVM: Porque é que o Ricardo Araújo Pereira se declara caladinho? Está em blackout?
RAP: Não estou em blackout, mas há quem esteja... do ponto de vista da liberdade de expressão, e devo dizer que esta questão é excelente. Porque o Estado Português aqui não pode ser condenado, como já foi 3 vezes este ano pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, porque a senhora já deixou prescrever esse prazo. Portanto, o estado português não vai poder ser punido. O que acontece é o seguinte...
CM: Quer contar o caso de uma senhora condenada a 3 anos de cadeia efectiva...
RAP: Exacto... Três anos de prisão efectiva.
CM: Vai mesmo para a pildra!
RAP: Já está, já está na cadeia.
CM: ... por ter chamado nomes feios ao ex-ministro Manuel Maria Carrilho
RAP: Não, não, por ter posto Manuel Maria Carrilho em tribunal, e ter perdido esse processo, e ter injuriado representantes da justiça, e tal...
Por injúrias, esta senhora tem 3 anos de prisão efectiva.
Eu gostava de recordar que em 2013 há um jovem que violou na ciclovia da Póvoa uma senhora. Levou 3 anos e meio de prisão efectiva. Ah! E o tribunal disse que ele tinha agido com bastante intensidade dolosa. Portanto, violação, 3 anos e meio. Mandar umas bocas a umas pessoas do tribunal, 3 anos. Acho que é mesmo assim. Bravo! Sou favorável a esta sentença.

Num outro programa de Fátima Lopes, "A tarde é sua", assistimos ao diálogo com o advogado Pedro Proença, bem mais veemente, e menos jocoso:

FL: Não há nada que ainda possa fazer... nenhum recurso?
PP: Agora esta senhora, infelizmente, está nas mãos do sistema prisional, e terá que ser o sistema prisional a dizer a um juiz de execução de penas que esta senhora, cumprido que esteja, meio da pena, ou dois terços da pena...
FL: ... se se porta bem!
PP: Se se porta bem, pode sair em precárias, ou em liberdade condicional. 
Não há volta a dar a isto. 
Esta senhora não quis ser considerada louca, com toda a legitimidade. 
Resposta: foi presa! Foi presa.
Eu volto a dizer, eu como cidadão, neste país, sinto-me profundamente preocupado.
Porque infelizmente, isto é um sinal claro, Fátima... de que quem ousa neste país, tentar lutar pelos seus direitos e manifestar indignação, relativamente a coisas que estão mal neste país... 
Quem ousa enfrentar os poderes instituídos é cilindrado, é cilindrado! E isto é um convite claro a uma cidadania passiva.
Querem, desculpem a expressão, que nós todos sejamos carneirinhos?!

Na RTP ou SIC nem sequer foi dado como notícia, nem em qualquer outro jornal sem ser o Correio da Manhã. Ainda passei por um grupo do Facebook:


que é praticamente o único que mantém notícias sobre o assunto. Em tudo o resto, caiu no absoluto silêncio desde Novembro de 2016, mesmo recolhidas 10 mil assinaturas, o dobro do necessário para levar o assunto ao parlamento nacional.

Excepção feita ao inimitável José Manuel Coelho, ele próprio, mesmo sendo deputado, com acusações contra si de difamação, e que não deixou de levar o assunto para o parlamento da Madeira:

Na imagem, exibindo a figura da presidiária Maria de Lurdes.

A figura do poder judicial deve ser ridicularizada pelo povo, pois nada tem de libertário, e é o último garante do exercício do poder absoluto por uma elite organizada, um gang, que detém esse poder.
Claro que tem o aspecto de justiça vulgar, e como tal dá uma ideia de justiça... ao condenar criminosos, ao arbitrar conflitos, etc... 

No entanto, na prática, não há nenhum regulador para o exercício da justiça, que se transforma no último garante do despotismo irracional. Claro que podemos ver o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, a condenar o Estado em avultadas verbas, por erros judiciais, como aconteceu recentemente no escândalo da Casa Pia... e será ainda pior, se esse tribunal der razão a Carlos Cruz. 
Mas não é por uma instância superior funcionar melhor, que todos os prejuízos das instâncias inferiores se corrigem. 
Na realidade, toda a panóplia de recursos foi justamente inventada para que houvesse sempre possibilidade de escape para uma elite, que age como inimputável. Inimputável porque nunca lhe é imputada nenhuma pena, e inimputável porque assume a sua mentalidade infantil.

O papel do juiz, no sistema judicial, chega a ser risível, porque na maioria dos casos limita-se a decidir sobre a qual de duas partes dá razão. Não interessa se há argumentos inconstitucionais, não interessa se há direitos ou deveres ignorados - se os advogados não os colocam, não existem, não são considerados. 

Quando a maçonaria ascendeu ao poder, trazia uma judiaria consigo, o engodo judicial.
Nem sequer é de estranhar a raiz do nome ser a mesma.
Aparentemente, todos se sujeitavam à mesma lei, e todos eram iguais perante ela... exceptuando as excepções, que, é claro, passaram a ser regra.
Graças aos estratagemas de recursos sucessivos, só por muito azar uma decisão inconveniente iria chegar ao topo sem passar por um grupo muito restrito de magistrados.
O magistério sempre ficou maior que o ministério, porque o ministro era impedido de fazer o que os magistrados declarassem ilegal.

É por isso que, passado um ano sobre os primeiros incêndios de 2017, tudo está na mesma... porque o poder não mudou. Tudo está diferente, porque não tendo mudado, sabe que não poderá agir da mesma forma, sob pena de abusar do caos que traz consigo.

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Actualização posterior (7/10/2019)
No ano passado (em 3 de Novembro de 2018), Marcelo Rebelo de Sousa deslocou-se à Madeira e na recepção aos deputados madeirenses, José Manuel Coelho, alertou-o para o caso de Maria de Lurdes, então já com 2 anos de prisão efectiva (cumpridos em 29 de Setembro de 2018).

O Presidente da República disse desconhecer o caso ou os pedidos de indulto a si dirigidos, para a libertação. Dois dias depois, soube-se que Maria de Lurdes tinha sido libertada, quem o informou, disse que estaria em liberdade condicional por se terem passados 2/3 da pena.

Sobre este assunto, que aqui trouxe, não sei mais nada. Não interessou quase ninguém, excepto uns poucos, entre os quais José Manuel Coelho, que sofreu também penas de difamação, agora resultantes em penas de prisão:

Qualquer comparação entre a liberdade de expressão antes e pós 25 de Abril de 1974, resulta num efectivo exercício retórico, creditado apenas por quem não for afectado. Para protecção de orelhas, continua a ser ordenado o fecho das bocas.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Desafinações visuais (4) - Avatar, Surrogates

Surrogates (os "Substitutos") e Avatar são ambos filmes do final de 2009, abordando praticamente o mesmo assunto, mas em histórias razoavelmente distintas. O primeiro é um filme da Disney, o segundo um filme de James Cameron.

Em Portugal, sendo um lançado no final de Outubro e o outro em Dezembro (de 2009), ao contrário de uma espampanante publicidade de Avatar, o filme Surrogates teve praticamente publicidade nula, e eu só dei conta da sua existência passados alguns anos.
Para não variar, Avatar é considerado como mais um filme referência de Cameron, e o outro teve críticas normalmente severas. Felizmente, e de um modo geral, as pessoas habituaram-se a ligar pouco mais do que nada à opinião dos críticos, mas dificilmente podem ver filmes que não sabem estar em cena, já para não falar da esmagadora maioria da produção, que nem sequer chega ao circuito de distribuição.

Ambos os filmes tratam de avatares, ou substitutos...
A grande diferença é que Surrogates tem uma ideia perigosa, e Avatar tem uma ideia trivial.
Por isso, seria natural evitar falar em Surrogates.

Os substitutos em Surrogates representam uma efectiva possibilidade de evolução da sociedade, que poderá pretender-se ser acessível apenas a uma elite. Actualmente, o que temos é ainda o plano de uma vida "real", mas que já entra online para assumir vivências alternativas (por exemplo, o execrável Second Life, ou outros jogos MMPORPG).
No filme, as coisas invertiam-se... os robots passavam a interagir na realidade, e todas as pessoas que os controlavam estavam reguardadas em quartos, praticamente sem contacto entre si, a não ser através dos robots substitutos, avatares de si mesmos.
Surrogates ("Os substitutos") 2009 - trailer

Avatar é uma história cor-de-rosa, com grandes efeitos especiais, onde um soldado paraplégico tem oportunidade de se tornar num salvador de um mundo de ficção, e é pouco mais que isso.

Avatar - 2009 - trailer

Enquanto os robots existentes autonomamente pouco mais conseguem do que caminhar atabalhoadamente, é muito mais possível termos um controlo efectivo e surpreendente em máquinas de qualquer dimensão. Ou seja, tal como hoje temos drones a substituir aviões de combate, não é difícil pensar em soldados de aço, quase indestrutíveis, a serem comandados à distância, sem o perigo da presença em combate. Será como pensar num Iron Man, mas obviamente sem a necessidade de estar alguém dentro do fato, podendo estar a milhares de quilómetros na segurança de um bunker. É claro, não falamos de um ou dois, falamos de muitos milhares de combatentes destes, que tornam qualquer combate contra humanos, num simples extermínio.

É por isso que a ideia de Surrogates é perigosa...
Ninguém espera cruzar-se na rua com autómatos indestrutíveis, comandados à distância sabe-se lá por quem... Sendo praticamente indestrutíveis, tornariam ridículas quaisquer tentativas policiais de os deterem. Ninguém espera acordar para um tipo de terrorismo, que seria verdadeiramente terrorismo, caso os detentores dessa tecnologia estivessem em parte incerta, inacessíveis.
A situação já é bastante incómoda com os drones brinquedos, que têm a vantagem de terem uma bateria de longevidade reduzida, e são guiados com alcance de curta distância. No entanto, basta pensar que a bateria passava a durar horas, e que o alcance de controlo passava a ser possível a quilómetros, para podermos ter drones brincalhões a entrar sorrateiramente em cerimónias oficiais. E isto é suficientemente incómodo, sem pensar que poderiam trazer bombas, ou outro material menos inofensivo.
O futuro está aí, e não é por não se falar do assunto, que ele desaparece... resta o conforto de se pensar que quem quis ter responsabilidade de coordenar os destinos da humanidade, sabe o que está a fazer, e se contenta em bisbilhotar a nossa privacidade para evitar males maiores.

Finalmente, convém notar que esta posição de controlo à distância sobre avatares é a mesma que nós temos sobre o nosso corpo, sendo ele próprio visto como um avatar.