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sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Havia um avião - Reunião 515 dias

Na sequência de dois textos anteriores "Aviam Avião":


parece-me que podemos iniciar uma série sob o tema "Havia um Avião".

As palavras chave que foram escolhidas para as notícias de ontem (5 de Agosto), sobre a descoberta de um resto de uma asa de um Boeing, foram notoriamente duas:
- Reunião
- 515 dias
Que uma palavra seja "Reunião", parece inevitável, já que o destroço seria encontrado nas Ilhas de Reunião. Já dar eco ao número 515 dias parece-me menos vulgar, até porque ninguém se lembrou de dar foco ao número exacto de 131 dias, passados entre o primeiro e o segundo acidente dos aviões da Malaysia Airlines. 

Só refiro isto, porque para quem leu algumas coisas esotéricas e cabalísticas, o número 515 é daqueles que não passa completamente despercebido.

Num estranho "artigo científico" de 1989 (!), Lima de Freitas dá algumas pistas sobre este número. O artigo chama-se 

... e parece mais um artigo de blog do que um artigo científico (mas, enfim, à época não haviam blogs). Na introdução diz o seguinte:
After stressing the fact that the paradigm of the mirror is common to oriental as well as western traditional metaphysical and religious speculation, he comes to mention the mysterious use of the number 515 by means of which Dante Alighieri, in his Divine Comedy, prophesies the advent of God's Envoy. 
e acaba quase no mesmo estilo (sendo um verdadeiro mistério a aceitação do artigo naquela revista, ou talvez não, lendo os manos):
All this is very much in the spirit of Dante. I think for the reasons above and because of other clues, that the "Apparition of Christ to the Virgin", the masterpiece of (probably) Master Jorge Afonso now in the Janelas Verdes Museum of Lisbon, commissioned by Queen Leonor in the first quarter of the sixteenth century, exhibits the cipher 515, with the same intention and meaning that Dante gave to it two centuries before. This belief of mine grew stronger when I realised that, at the entrance of the church of Templars in Tomar - the centre of the Templar Order in Portugal and one of the most important monuments in Europe - the Master who built the porch engraved in the stone - once again! - the cipher 515.
Só por curiosidade natural fui ver o tal quadro de Jorge Afonso:
Aparição de Cristo Ressuscitado à Virgem, de Jorge Afonso
(detalhe, onde se evidencia o 1515)
Peço imensa desculpa, mas dada a curvatura dos 5, o que leio ali não é 1515, mas sim ISIS.

Eu sei, comecei este artigo apenas com a intenção de cumprir calendário com a notícia do avião desaparecido, e já chegámos à variante do Estado Islâmico... o ISIS, de 1515 para 2015, com quinhentos anos de diferença. Sem comentários!

No entanto, a oportunidade da menção que o mação Lima de Freitas faz ao 515 de Tomar (não seria apenas o ano da obra?), permite agora falar da Igreja de Santa Maria dos Olivais, que o José Manuel fez referência num comentário (... até essa altura apenas associava Stª Maria dos Olivais à freguesia lisboeta dos Olivais), e ao seu pentagrama associado:
Igreja de Santa Maria dos Olivais, igreja matriz dos templários com um pentagrama
E acrescento que no retábulo de Jorge Afonso, parece-me que o velho Adão coberto apenas com a parra, segura uma maçã e nenhum pomander... esse de 1505:

Todo este interlúdio para realçar que quando se lança um número como 515 para as notícias, as mentes cabalísticas, plenas de espírito esotérico, não serão totalmente insensíveis, e não o lerão da mesma forma que o comum dos mortais (já tivemos o 115 como número de emergência, mas passou a 112, provavelmente por causa destas confusões...).

Só um pequeno acrescento relativamente a estes delírios correntes.
O 1 é visto como a unidade divina, assim com o 3 é visto como a sua trindade, e o 5 é entendido como sendo o número do homem (o que se compreende pelos cinco dedos, e não só - ver texto Abraçadabra). Portanto, escrever 515 é como entender uma passagem de homem (5) ao divino (1) e o regresso como homem (5). O habitual uso de 3 dígitos teria a ver com o número de eras (era do Pai, do Filho, e do Espírito Santo).  Mas, passando a 4 dígitos e de forma semelhante, 1515 seria equivalente, mas começando antes pela parte divina. Na mesma pseudo-lógica, devemos entender 2 como a dualidade (por exemplo, feminino e masculino) e 0 como o vazio, a ausência. Portanto, 2015 poderia ser entendido como sequência iniciada numa dualidade, desaparecida, da qual emerge parte divina, e depois humana. 
Mas enfim, tudo isto serviria para rir, se não fosse para chorar.

Voltando ao assunto de interesse.
Passado um ano sobre o desaparecimento do MAS 17, a BBC juntou o que se tinha "apurado" neste artigo:
... e uma das coisas que se pode reparar nesta figura
Partes recuperadas do avião abatido na Ucrânia (MAS 17, em 17 de Julho de 2014)
... é que foi recuperado pouco do avião "destruído pelo míssil". Uma boa parte parece ter-se evaporado ou volatilizado. Assim, digamos que há muito por recuperar daquele avião, e não sendo normal que tenha entrado em órbita e caído na ilha da Reunião, eu não estaria assim tão seguro disso.

Uma teoria que circulou o ano passado é que o vôo MAS 370 teria sido desviado para a base americana de Diego Garcia, no Oceano Índico. Os proponentes desta teoria poderiam ter ficado mais convencidos com o aparecimento de destroços na Ilha da Reunião, pois essa base está bem mais próximo do local de recolha do destroço. Ainda assim, devido a toda a teoria de correntes que poderiam ter levado os destroços da asa, tudo é possível, ou como se diz no título da revista Wired:
e conclui com esta certeza - "Well, at least we know the plane’s not hiding in Kazakhstan."

Mas eu não estaria assim tão certo que o Cazaquistão será um local a excluir das buscas, seja pelo que falta do MAS 370, seja pelo que falta do MAS 17... insistindo que não é claro que o que falta não seja exactamente o mesmo!
Portanto, o que temos agora é apenas mais música sobre uma parte de uma asa...

Asas - GNR

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Aditamento (9/08/2015):
Por via desta notícia cheguei a uma teoria avançada também no ano passado, uns quatro dias depois de ter colocado aqui a hipótese do MH17 e MH370 serem o mesmo, e que também seguia na mesma linha:

Aliás convém salientar que isto nada tem de especial, já que a semelhança dos dois aviões deveria automaticamente disparar a pergunta - se seriam o mesmo ou não? Tão preocupados estavam os jornalistas em serem politicamente correctos, que ninguém se atreveu a comentar ou estranhar essa semelhança. O que só fez tornar tudo ainda mais suspeito.

A minha suspeita não se fundava em dados muito objectivos, mas o site em questão compilou alguns:

1. A missing window on the wreckage, which appeared in some pictures over the internet.
2. The flag does not properly align to the window, as compared to recent pictures of the original MH17 (no new information here).
3. Rebel leader describes the MH17 victims: rotten corpses, drained of blood (no new information here). 
4. ALL the videos were created before MH17 was allegedly shot down (no new information here).
5. Flight MH17 was cancelled, according to flight radar screen (no new information here).
6. Invalid and pristine passports at the crash site
...
É relevante, e foi uma informação veiculada logo nos dias seguintes, que o voo MH-17 tinha sido dado como cancelado.

domingo, 2 de agosto de 2015

Um discurso de Balfour... cem anos depois

Arthur Balfour foi primeiro-ministro inglês, mas ficou mais conhecido pela declaração de 1917 que prometeu a criação de um estado judaico na Palestina. 


aqui comentámos a Declaração de Balfour, nomeadamente a célebre carta enviada a Rothschild.

No entanto, é instrutivo ver o discurso proferido por Balfour dois anos antes, a 4 de Agosto de 1915, ou seja, há 100 anos. O discurso chama-se "Um ano depois" e enquadra-se na situação da 1ª Guerra Mundial, tendo passado um ano sobre o início das hostilidades com a Alemanha.
Não vou entregar-me a invectivas contra os nossos antagonistas, pois suponho que a maior parte deles fez o que lhes foi dito, simplesmente porque lhes foi dito.
Boa razão.
Suponho que os seus caudilhos se iludiram na crença de que a Alemanha e os alemães eram tão bons, tão excepcionais, que o ser dominado por um alemão era o maior privilégio de que uma raça inferior poderia gozar neste perverso mundo.
A transcrição do discurso aponta para risos na plateia... passados 100 anos, é de perguntar se há ainda governante da "zona euro" que se ria hoje dessa piada! 

O discurso continua apelando ao espírito britânico, enquanto "campeões imemoriais da liberdade", em continuar a luta contra a Alemanha em território francês. 

Desde a invasão normanda que a Inglaterra nunca se desligou do território francês, e sempre esteve atenta ao que se passava em território europeu, sendo-lhes conhecida a frase de preocupação jocosa aquando de nevoeiro no Canal da Mancha - "o continente está isolado".

É preciso recuar mais 100 anos, para a Batalha de Waterloo de 1815, para entendermos que a França passou definitivamente a dever obediência à Loja de Londres, ou se quisermos, à City de Londres.
Na realidade não foi a França que pagou os custos das guerras napoleónicas, esse financiamento foi cobrado em dívidas aos estados ibéricos, Portugal e Espanha, pela ajuda fornecida pela Inglaterra. A partir de 1815 não mais a França ousou espirrar contra a Inglaterra, foi protegida, e o seu arqui-rival e inimigo, passou a funcionar num entendimento mais que cordial, mesmo antes da Entente Cordiale
A Alemanha iria passar a funcionar como inimigo de serviço durante as décadas seguintes.

A excepção a essa ajuda britânica à França ocorre durante as Guerras Franco-Prussianas, já que Bismarck foi suficientemente hábil para provocar o suicídio diplomático da França.
O que fez Bismarck?
Informou os franceses de que planeava anexar a Áustria, ou o império Austro-Húngaro, e que se por seu turno, os franceses decidissem anexar a Bélgica, teriam igualmente o reconhecimento alemão. 

À França pareceu-lhe bem a ideia, de onde ambos os reinos sairiam a ganhar territórios... tal como hoje pareceu bem propor um directório da "zona euro", juntando-se à Alemanha, e cooptando o Benelux para a farsa, excluindo os restantes países!

Só que à época, a ideia de Bismarck era apenas lançar a corda onde a França se apressou a colocar o pescoço. Quando os exércitos prussianos avançaram sobre a França, e desfilaram depois vitoriosos por Paris, a Inglaterra não mexeu palha... porque a Rainha Vitória foi informada por Bismarck dessa anuência francesa à anexação belga - caso tanto mais grave quanto a Rainha Vitória tinha origem familiar na casa alemã de Hanover, e era sobrinha afectuosa do rei belga.

No entanto, a própria Alemanha ao exibir na invasão francesa uma tal supremacia europeia, apressou-se a chamar as atenções inglesas contra o seu crescimento. É nesse contexto que a 1ª Guerra Mundial poderia antever-se antes de ocorrer - a Inglaterra precisava de parar a Alemanha e a França pretendia uma certa vingança contra a invasão de Bismarck. 
As reparações de guerra que a Alemanha exigira à França, foram depois muito pioradas na vingança francesa pelo Tratado de Versalhes, o que acabou por levar a nova invasão de Paris, a nova vingança, desta vez pelos exércitos de Hitler. Só o bom senso americano do Plano Marshall permitiu parar esta escalada de vinganças, resultantes de pesadas reparações de guerra sobre o perdedor.
Porém, passadas umas décadas e parece que as manias de humilhação e subjugação económica persistem, motivadas por interesses diversos, que aqui não interessa repetir.
Afinal depois da 1ª Guerra Mundial, com o impacto da divulgação dos Protocolos de Sião, a teoria da conspiração ganhou adeptos em todos os governos nacionalistas, e não é difícil encontrar referências anti-semitas nos ideólogos do fascismo alemão, ou do fascismo italiano... ou como Julius Evola referiu:
Whether or not the controversial Protocols of the Learned Elders of Zion are false or authentic does not affect the symptomatic value of the document in question, that is, the fact, that many of the things that have occurred in modern times, having taken place after their publication, effectively agree with the plans assumed in that document, perhaps more than a superficial observer might believe.

Interessa como último ponto o financiamento do Império Alemão e Austríaco à revolução bolchevique em Moscovo, no decurso da 1ª Guerra Mundial.

A ideia alemã era simples.
A Alemanha estava com duas frentes de guerra. Uma a ocidente onde defrontava franceses e ingleses, e outra a oriente onde se batia contra os exércitos russos do Czar Nicolau. A deposição da monarquia russa, e o estabelecimento do comunismo, seriam bem vindos pelos alemães, se essa mudança de governo significasse o fim das hostilidades numa das frentes... podendo assim deslocar todos os seus exércitos para a frente ocidental.

New York Times (1918)
Lenine foi financiado directamente por alemães e austríacos, conforme parece ser atestado por inúmera documentação entretanto conhecida. Dificilmente revoluções internas têm sucesso sem mãozinha externa, ao contrário do que é supostamente propalado.

Porém, este plano alemão, cuja consequência lateral foi implantar um longo regime comunista na Rússia... acabou por sair duplamente furado. 
Primeiro, porque essa vantagem alemã foi rapidamente anulada com a automática entrada dos americanos na 1ª Guerra Mundial. Se estavam descansados pela frente oriental, passaram a ter o dobro dos problemas na frente ocidental, e em breve perderiam a guerra.
Segundo, porque foi o regime comunista que permitiu a maior ofensiva contra a Alemanha no curso da 2ª Guerra Mundial, tendo sido os russos comunistas a tomar Berlim. 

Diversas situações, em que os ventos semeados passaram à força de tempestades contra os próprios.