quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Linga falo

Por vezes deixo textos em rascunhos, e esqueço-me que me esqueci de os publicar... é o caso deste que tem mais de um ano, e que agora procurando fazer uma ligação percebi que não tinha sido publicado...

_______ 23 de Agosto de 2013 _______

O tema da língua, da fala, é complicado, muito sujeito a reparos pela sua incompletude e controvérsia.
Prosseguimos, e falo da ligação da língua.

Nos templos indianos um objecto fálico sujeito a intenso culto é chamado linga:

"Magnífico Xiva Linga" - Badavilinga Temple (Hampi, India)

 
Lingas em Karnatak (Hampi, India), e em Cat Tien (Vietname)

Poderia não haver relação entre falo e linga, mas há relação entre a língua e o falar.
Essa relação é sexual ao ligar o membro pilar da linguagem ao membro pilar da sexualidade masculina, mas a relação é também comunicacional ao reportar a uma linguagem. Se a relação sexual é uma relação ocasional estabelecida entre duas pessoas, a relação comunicacional transcende essa limitação física, podendo-se estabelecer uma empatia perene pela simples fala, na troca de ideias. A língua liga.

A fala processa-se na inclusão perene da língua numa cavidade bocal, como se tratasse de uma relação consumada e definitiva de falo em câmara. Parece ser exactamente isso o representado na primeira imagem do Xiva Linga. A câmara onde se ergue o linga, parece também imitar uma câmara bocal com uma língua central. Ora é pelo bocal que sai o vocal, onde se forma a vogal... e o vogar envolve ondas, num aparente conhecimento antigo, ligando um navegar em ondas de som e de mar.
Poderíamos especular um pouco mais... notando que a vala é o contraponto do falo, notando que o som f é expirado. Um "fale" emite o som, um "vale" guardaria o som, pela sua valia.

A etimologia pode ser informada nalguns casos, mas noutros será especulativa, ainda que existisse um longo registo de todas as influências. O registo conhecido começou a ser divulgado com as primeiras gramáticas, que tentavam reduzir a maioria das palavras a uma ascendência greco-romana, ignorando outras influências, nomeadamente a do sânscrito, como se verificou posteriormente.

Há múltiplas ambiguidades em que é difícil estabelecer uma ligação. 
Por exemplo, o verbo "fiar", tanto pode reportar a fios, como à confiança. Seguindo o habitual reportar à origem no latim, encontram-se os verbos filare (fios) e fidare (crédito), supondo-se que ambos se transformaram no nosso fiar, e que a palavra  virá do fiar de fide
É possível, mas será então apenas coincidência? 
Reparemos no verbo derivado - confiar, e no verbo concordar
Num caso aparece uma ligação a "fio", noutro caso uma ligação a "corda". Acidental?
Mais uma vez, seguindo a ligação ao latim, o concordar é suposto derivar de um "cor" de "coração", e não de uma "corda"... porém, vemos aqui como parece haver em ambos os casos uma alegoria relativamente à ligação, ou por um fio, ou por uma corda.
Esclarece-nos ainda mais a expressão "ficou por um fio", e podemos perceber que, quando todas as provas desaparecem, fica apenas o fio do confio. É diferente do concordar, porque aí aceitamos como nossos os argumentos ouvidos, e podemos ver uma ligação mais forte, simbolizada pela corda.
Neste caso, será elucidativo que a linguagem nos remeta afinal para uma fragilidade no confiar, e para uma maior força no concordar. Faz sentido, porque o concordar é mais racional que o confiar, 

A palavra "sempre" ao decompor-se em "sem pré" mantém o significado, pois num sempre não há "pré", e também valeria um "sem pós", sem pó. A palavra "também" resulta obviamente de um "tão bem", podendo ser substituída.

Por exemplo, sem razão aparente, o prefixo "in" tanto revela a ligação à preposição "em", como pode revelar uma oposição. O "in" interior surge como oposição a "ex" exterior, mas mais habitualmente como simples oposição, sem ligação aparente à preposição, revelando uma outra origem etimológica. Talvez fosse mais adequado escrever "en" como o prefixo associado a "em", ou seja, "enterior", "enclinar", "enterno", "encorrer", etc.

Conforme referi no texto anterior, há uma natural oposição entre o antigo e o novo, digamos que o antigo surge como anti-novo. Há um velar pelo velho, pelos véus que são velas, de luzes velhas, que não deveriam ser substituídas pelas novas luzes.... para que se mantenha a tradição, outra dicção.

10 comentários:

  1. Conhecia a expressão "shiva linga" do filme Indiana Jones and the Temple of Doom, mas fiquei sem saber o que era a linga, não me lembro do nome que davam as três pedras, pois Shiva uma das emanações de Brahman é bem conhecido (ninguém sabe qual é o seu verdadeiro aspecto) mas isto de tudo quererem associar ao sexo é lamentável, vêm falos e vaginas em tudo, os Vedas não mencionam estes linga, e como vão aparecer no Cat Tiên do Vietname... é mais fácil de quando não se sabe o que era o mundo antes das guerras dos Vedas de depois meter tudo na língua do Hinduísmo, é que estes ocidentais são terríveis metem a língua em tudo e falam por os outros sem darem cavaco a quem detém estes "dedos", os castelhanos é que não vão em falas estadunidenses e dizem na wiki que são marcos. Marcam o símbolo de algo que se perdeu com as falas.

    Cpts.
    José Manuel CH-GE

    P. S.
    O que dirão os arqueólogos dentro de mil anos dos "falos" da rosa-dos-ventos da fortaleza de Sagres?
    (Punta de Sagres, antiguo "Promontorium Sacrum" romano dedicado al dios Saturno)

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    1. Ainda sobre este local sagrado de Sagres para romanos e muçulmanos, ultimamente descaracterizado pelo Santana Lopes quando 1º ministro, e o que resta depois da desmistificada Escola Náutica de Sagres pelo Luís de Albuquerque?:

      Tem aqui um bom exemplo do que uma pessoa que não tem licenciatura em história tanto mal fez à portuguesa, a sobrinha deputada da AR continua ameaçar com policia e tribunal quem se atreve a contestar a parcialidade dos livros de história deste membro do PCP que destruiu os "mitos portugueses", um povo sem heróis e lendas desaparece e passa de português a ser europeu maçónico da loja francesa claro:

      Luís Guilherme Mendonça de Albuquerque, igualmente conhecido como Luís de Albuquerque (Lisboa, 6 de Março de 1917 — Lisboa, 22 de Janeiro de 1992) foi um professor universitário de matemática e de engenharia geográfica, e um historiador dos descobrimentos portugueses.

      As coisas não mudam de nome por acaso... nem passam de marcos a falos sem muita fala desonesta...

      Cpts.
      José Manuel CH-GE

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    2. Percebo perfeitamente, e concordo consigo em certa medida.
      De facto, houve uma tendência "freudiana" na arqueologia, que procurou ver símbolos sexuais por todo o lado.
      Há uma expressão que ilustra um pouco este pensamento:
      - Quem tem um martelo, tende a ver tudo o resto como pregos.
      Acabamos por ser todos vítimas dessa tendência natural - ajustar o que vemos à nossa visão.

      No entanto, convém não esquecer que a mitologia indiana está repleta de referências sexuais, e não apenas no Kama Sutra. Aliás o mesmo se passa na mitologia greco-romana, e em praticamente todas as outras.
      A mitologia bíblica, nas suas tendências judaica, cristã e islâmica, é que basicamente tentou reprimir e condenar toda essa natureza sexual. Nós somos fruto dessa cultura, que naturalmente acabou por ter algum sucesso - quem despende mais esforço nas guerras, nos conflitos, do que nos amores, poderá tirar vantagens bélicas.

      Houve uma grande destruição de símbolos com cariz sexual, feita por cristãos e muçulmanos, ao longo da história. Mesmo assim, na cultura popular há remniscências dessa ligação, onde os cultos de santos substituiram antigos cultos de fertilidade - como no caso da Nª Srª do Ó.

      Parece-me exagerado ver qualquer menir como um símbolo fálico, mas também pode ocorrer posteriormente que possa ter sido usado como tal.
      Neste caso, segui as indicações que encontrei, por exemplo:
      http://en.wikipedia.org/wiki/Lingam
      http://en.wikipedia.org/wiki/Yoni
      ... e creio que não parece haver grande dúvida sobre o significado.
      Este significado na combinação de energias de Xiva e Devi revela aliás uma perspectiva ontológica profunda, na linha da dualidade yin e yang.

      Por isso, de facto, se não convém martelar sempre com o significado sexual, também não me parece conveniente ignorá-lo, apenas porque estamos habituados a reprimi-lo pela cultura e moral judaico-cristã... que teve sempre objectivos diferentes entre o que impunha à população e que admitia nas elites.

      Quando os objectivos de sobrevivência alimentar estavam assegurados, e quando não havia ainda guerras devastadoras, o principal problema de vivência seria a convivência.
      A menos que se entretivessem na busca de conhecimento, a maioria dos elementos familiares passaria pelos habituais jogos, de amor e de poder.

      Mesmo a nível de linguagem, há uma identificação muito comum de cariz sexual, com muitas estruturas... um caso simples e conhecido é o pilar.
      Isto para além de ser útil para sorrisos, seria também útil como referência linguística, porque o ponto comum para entendimento está nas componentes do corpo, que são iguais para emissor e receptor.

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    3. No caso de referências recentes, conforme cita o exemplo da Escola de Sagres, também poderemos ir buscar o exemplo do Obelisco no Vaticano.
      Certamente, que seria o último sítio onde se pensaria encontrar um monumento fálico, e é claro que hoje em dia ninguém se atreve a entende-lo dessa forma... mas o Obelisco é egípcio, e bem antigo. Atendendo às referências ancestrais ao deus Min, poderemos questionar qual eram os significados iniciais desses mesmos obeliscos.

      Portanto, é claro que não faz sentido falar em falo, no contexto do Vaticano, mas pode fazer no contexto egípcio. Os significados ligam-se aos contextos.

      Ainda sobre os linga, e os 72 conjuntos com budas em Borobudur.
      A linga parece ainda referir-se a uma liga, de ligação.
      Curiosamente, acho mesmo que pode ser entendido um significado uterino ao colocarem-se aqueles budas dentro de estruturas que parecem sinos.
      Para um simples observador parecem representar o nascimento sendo que a saída apontada é o ceu...

      Muito obrigado pelo link.
      Abraços.

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  2. Pois, Kamasutram demais

    E acabam mal, uma espécie que se dedica essencialmente a comer fornicar e divertir-se é votada à auto destruição, não admira que vejam falos em tudo o que seja um pau e vaginas em tudo o que for buracos, sinais do fim.

    Das 21 definições do Lingam da wiki inglesa prefiro a que aponta para:

    Linga is the personification of the Almighty God. The term Linga means fusion and the Shivalinga are said to be the symbolical expression of all the deities.

    E agrada-me a forma do impacto duma gota na água:

    Impact of a drop of water in water, a common analogy for Brahman and the Ātman
    http://en.wikipedia.org/wiki/Brahman#mediaviewer/File:Wassertropfen.jpg

    Mas compreendo que a maioria dos humanos veja nesta imagem uma representação sexual.

    Cpts.
    José Manuel CH-GE

    P. S.

    Em Borobudur Buda é representado num veículo para ascender ao Nirvana, para os budistas Brahman não existe.
    http://en.wikipedia.org/wiki/Brahman

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    1. Essa questão do Brahman é uma questão interessante.
      Apesar de provavelmente escrever aqui mais do que devia, talvez por ir permanecendo anónimo, há várias coisas que hesito em escrever. Faço-o de vez em vez aqui nas caixas de comentários, ou então numa forma mais alegórica.

      A questão de existência de uma consciência acima da consciência actual é algo complicada de abordar, porque de certa forma parece que estamos a falar do vazio, de algo que não está bem definido.

      No entanto, creio que essa noção hindu é claramente uma das múltiplas conclusões que eles retiraram da relação entre sonho e realidade.
      A consciência que temos nesta vida seria uma consciência semelhante à do sonho, e a morte acabaria por nos acordar para uma outra noção de realidade - onde entenderíamos esta vida como apenas mais um sonho.
      Isso é tipicamente a visão solipsista, que alimentei durante muito tempo, e a conclusão meio inevitável seria a que provavelmente acordaríamos sozinhos. Só nos livraríamos dessa inevitável solidão mergulhando em novo sonho.
      Portanto, o despertar para uma nova consciência seria essa ideia de que a vida é apenas um sonho de que iremos acordar.

      Isso foi um ponto que abordei no texto
      http://alvor-silves.blogspot.pt/2012/05/arquitecturas-2.html
      onde deixei claro que o problema da visão hindu é que define mal o "eu", acabando por apropriar-se do "eu inconsciente" como sendo parte de si. Por isso, nós admitimos que o sonho é um produto nosso, e apesar de nada sabermos sobre ele, não o controlarmos nem o gerarmos, colocamos-lhe a etiqueta de que "é nosso".

      Posso-lhe dizer que não foi propriamente cómodo chegar a essa conclusão, porque é sempre melhor pensarmos que somos donos da nossa cabeça. Por isso, não descansei enquanto não encontrei resposta para o assunto, o que aconteceu algumas semanas depois.

      É claro que, no entretanto, não deixei de ser desafiado às respostas que dei, e estas coisas não precisam de ter voz para se fazerem ouvir.
      Para ser mais concreto, ocorreu uma situação, há uns meses, em que o que estava a perguntar era explicitamente respondido a cada novo clique em notícias de jornal. Como a envolvente já era de si estranha, daria para pensar que estava a sonhar... e já me fiz acordar de muitas situações absurdas, por não aceitar o absurdo.

      Porém, este tipo de questões desafiantes, servem justamente para questionar o nosso pensamento, até ao limite. Ora, eu nunca tinha tido a sensação do que era ter o "pensamento lido", e aquela coincidência caricata deu para me questionar acerca disso.
      Ora, o que ocorre é que, nada impedindo que uma outra identidade saiba o que pensamos, não pode seguir o nosso pensamento, sob pena de identificação connosco.

      Sim, o personagem pode desafiar o autor. Não um autor insano, mas um autor que queira ser coerente e manter um nexo na sua história. Por isso, a segurança do personagem perante a arbitrariedade do autor, é agarrar o nexo, e o nexo só se mantém consistente pela verdade.

      Por exemplo, enquanto autor posso criar um personagem que é médico, honesto, verdadeiro, etc... vou criando essa história com essa convicção inicial. No entanto, no final, algo farto do personagem, torno-o num facínora, que tinha enganado toda a gente.
      A culpa é de quem? Obviamente será do autor. A história ficará polvilhada de inconsistências, só para obter um final surpreendente. Vêem-se muitos filmes assim, cheios de falhas que não escapam da incoerência a uma segunda inspecção.
      Nesse caso o autor não criou um personagem sólido, foi colando vários personagens numa única figura.

      Por isso, é perfeitamente possível o despertar para uma outra realidade, mas nunca deixarão de existir três coisas:
      - o próprio, que vê.
      - o restante, que é visto.
      - o nexo que justifica a relação entre o que vê e o que é visto.

      Isto é logicamente assim, por muitas voltas que se dêem, é assim - paciência.
      Abdicando do nexo, a relação entre os outros dois torna-se arbitrária, caótica.

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    2. Portanto, indo ao seu exemplo da gota de água no oceano. A gota não é apenas absorvida pelo oceano - pelo nexo físico, ela provoca ondas, por mais pequenas que sejam. E quer-se queira, quer não, por razão desse nexo, todo o oceano vibra com o impacto da gota... porque todas as partículas estão em contacto. O deus Oceanus poderia engolir a gota, sem que afectasse mais nada, mas o nosso Oceano não pode, porque tem um nexo físico que podemos questionar, se não abdicarmos do nosso nexo.

      Quanto ao veículo, ou ao útero, repare que filosoficamente a diferença é muito pequena.
      Um veículo que nos permitisse ascender a um mundo exterior, o que seria chamado, senão um útero?
      Não é o nascimento uma saída de uma realidade interior, uterina, para um mundo exterior completamente novo, fora da protecção do ventre materno?
      Assim, do ponto de vista interpretativo, convém não esquecer que há conexões que se estabelecem em níveis mais gerais. Apesar das naves espaciais terem sido imaginadas como mais sofisticadas, não vemos as mesmas questões colocadas no espaço, que antes eram colocadas nas naves dos oceanos?
      Porém, como mensagem do passado para o futuro, é mais seguro usar como referência os nossos artefactos efémeros, ou usar o corpo humano, que nos é comum e independente da tecnologia?
      Por exemplo, não é usando estas letras latinas, que iremos assegurar uma compreensão para o futuro, independentemente de qualquer cenário. Se quiser deixar uma mensagem para o futuro, seria provavelmente mais seguro usar pictogramas, com referências a coisas que pense que não irão mudar. De entre elas, o mais seguro é usar referências às funções do corpo humano.

      Por isso, num mundo tecnológico, talvez seja natural pensar em veículos tecnológicos, mas num mundo menos tecnológico, mais filosófico, parece-me que as referências seriam mais fundamentais.

      Abraços.

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  3. Quando adolescente fiz umas 3 sessões de espiritismo com a tábua redonda ouija, um leve pires com seta indica por letras e números o que o além responde aos mortais, não obtivemos nada, mas a minha casa passou a ter ruídos anormais, vi uma presença em pontos luminosos ténues que se movimentava com barulho de passos, isto à entrada da casa, entrei fechei a porta e o mesmo barulho passou para o interior, depois fiz uma sessão sozinho e pedi que as entidades não voltassem que lhes perdoava, a parentes meus falecidos, mais tarde li que é um fenómeno que a pessoa cria, as respostas pela ouija são sempre, quando obtidas, as que as pessoas saberiam dar, nunca ninguém teve resposta reveladora de algo desconhecido do passado ou futuro, se a teve guardou-as para ele.

    Acho interessante esta filosofia duma entidade que se auto concebe do nada e cria tudo, entidade que ninguém conhece o seu verdadeiro aspecto, Brahman. Não sou seguidor de religiões só sei que nada sei, é o mais apropriado, sei que o ser humano não tem capacidade para entender o ou os universos, nem para confirmar ou infirmar a existência de um Deus ou Deuses criadores. É a minha opinião. Não descarto a incarnação como veículo para se vir a esta dimensão, estou convencido que existem outras, intuição, mas desconheço o que terão.
    Os 2 veículos do budismo tibetano não são materiais, mas um processo de despertar, daí as sinetas com o buda dentro, há quem veja nisso uma verdadeira nave espacial mas são outros que os budistas, que provavelmente sabem mais dos UFO que os ufólogos, mas enfim há de tudo. Essa hipótese de se "estar acordado" quando se pensa que se está a dormir ou vice-versa é plausível, nada prova que seja impossível, sempre tive a intuição que se tem que ignorar o que não podemos controlar ou desconhecemos, doutra maneira é o manicómio que os espíritas dizem para onde vão os que não estão preparados para lidar com esses fenómenos, "do pó vieste para o pó voltarás" isto chega-me e basta-me como resposta, é a mais certa e podemos vê-la, o resto é a imaginação e o nosso limitado poder de criação que não nos dá as respostas que desejamos, quiçá não formulamos as boas perguntas.

    Não devia ter abordado este assunto, lamento.

    Cpts.
    José Manuel CH-GE

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  4. P. S.
    Recomendo se me permite de apagar os posts anteriores ou o que achar inconveniente, que possa se prejudicial.

    Cpts.
    José Manuel CH-GE

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    1. Caro José Manuel,
      certamente que não irei seguir a sua recomendação, e o que disse não vejo como possa parecer prejudicial.
      A ideia de apagar coisas não é certamente algo que eu advogue... não se resolve nada ocultando a realidade, e o que há a fazer é melhorar a capacidade de compreensão. Foram intolerâncias que também fizeram nascer a necessidade de ocultar coisas.

      Quanto a experiências de espiritismo, nunca procurei, nem sequer tive aquela curiosidade mínima de um ler de sina. No entanto, não vejo razão objectiva para descartar por completo esse tipo de fenómenos. A razão é simples - o pensamento é algo caótico, imprevisível, portanto a priori não podemos dizer que o espírita está a simular, ou está mesmo a ser orientado por algo externo. Ainda que o homem esteja conscientemente a inventar uma história, de onde lhe vem a inspiração para ela? E essa é a questão - como não conhecemos a origem da nossa inspiração, ela é-nos externa. É claro que o espírita pode funcionar mais como "mentalista" - a partir de certos detalhes, tenta deduzir acontecimentos, e como quem consulta está receptivo, há muitos truques que funcionam.

      Porém, a questão é que sobre os tais fenómenos não lineares, quando há bifurcações não há apenas uma solução racional. Por exemplo, numa espada em equilíbrio sobre a ponta, o cair para um lado ou para o outro, pode ser algo tão indecidivel aos nossos olhos, que admitimos ambas as chances como boas. Ora é a esse nível que a decisão não se passa no nosso mundo físico - porque a única coisa que a física lhe dirá é que tem igual possibilidade de queda em ambos os lados, mas não lhe dirá o lado.
      É nesse tipo de imprevisibilidades que eventualmente se poderiam manifestar inteligências externas a esta realidade sem contrariar as leis físicas daqui; mas para esse efeito teria que conduzir experiências apropriadas nesse sentido.
      Ou seja, teria ser de tal forma que tudo poderia ser ainda entendido como um acaso, e acreditar que é ou não, acabará por ser sempre opção do observador.

      Quanto à questão do Brahman, é logicamente impossível uma inteligência criadora a partir do nada, porque isso seria admitir que a inteligência precedia o vazio. No entanto, há outros formatos de criação, que são naturais, e não precedem de inteligência, fazem é emergir essa inteligência.
      Creio que era St. Agostinho que dizia que por termos a ideia de Deus, a sua existência estava provada, e argumento similar foi usado por Descartes. Certo, mas uma coisa é a ideia, e outra coisa é pretender maior substância para além disso. Também temos a ideia de unicórnios, e eles não se consubstanciaram para além dessa ideia. As ideias existem e são imateriais, ainda que os mais renhidos ateus queiram, não encontram manifestação delas na natureza, para além da nossa interpretação.
      Sempre que haja imprevisibilidade, e essa é mais necessária que o ar que respiramos, haverá sempre tentativas de racionalização dessa imprevisibilidade... Sempre que tornarmos o nosso mundo mais previsível, mais nos aproximaremos de um mundo completamente mecânico, onde o Homem não tem lugar, porque os homens não são apenas máquinas fruto da ordem, são também intérpretes do caos.
      Agora é claro que não podemos misturar desejos e respostas, porque o desejo condicionará sempre uma interpretação subjectiva da resposta. O melhor desejo é apenas o de ter uma resposta, eventualmente contrária ao que desejamos... é sempre assim que me oriento.

      Abraços.

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