sábado, 27 de setembro de 2014

Bolsas da Capivara

Normalmente somos tentados a falar sobre coisas importantes que faltam a gente pouco importante, mas a natureza compensa as coisas, criando em gente importante o desejo por coisas pouco importantes. Assim, há fortunas que se podem gastar nuns trapinhos ou adereços de moda, podendo chegar a valores que dariam para alimentar populações inteiras.

Não é o caso que aqui trazemos. A Hermés de Paris, está entre as marcas que fabricam as bolsas mais caras no mercado. Trazemos aqui uma pequena bolsa de 12.5 x 20 cm, cujo preço anunciado é de umas módicas 1330 libras, ou seja, mais de três vezes o salário mínimo negociado recentemente.

Como é óbvio, estas coisas são um fait-divers, resultado do desequilíbrio moral e intelectual duma elite decadente, sem noção do seu enquadramento universal, e interessam aqui o mínimo.

Interessam apenas o suficiente para introduzir a bolsa de Dogon, não da Hermés de Paris, mas sim de Dogon, um Anedoto representado nos frisos mesopotâmicos.
Dogon com uma bolsa, e a sua representação 
como Anedoto (ou Anunnaki), enquanto homem-peixe.

Pode ser considerado chic ter uma bolsinha com o nome do personagem, mas fazemos notar que para o conjunto ser mesmo chic, deve aparecer para além da bolsinha, a portadora deve exibir ainda uma pinha (não sei se a Hermés vende...) da maneira que se mostra em anexo:

Diversas representações de Anedotos com a sua pochette, e uma certa pinhata...

Como se mostra em detalhe, também a Hermés não fez um bom trabalho, pois falta a pega, a menos que se assuma inerente. Quanto às pulseiras, pois isso já será mais fácil de encontrar num joalheiro dedicado, mas passará por bijuteria fora de moda.

Contudo ainda não é isto que nos interessa mais nesta questão das bolsas... o problema é que se estas bolsas parecem chic no contexto mítico da Antiguidade, podem tornar-se mais broncas se recuarmos uns milénios antes, para o tempo em que se faziam pinturas na Serra da Capivara (Brasil):


No caso destas inscrições da Capivara, como atenção às proprietárias, parece ser sugerido que um bastão deveria acompanhar a bolsa.

Agora, como é óbvio, fica uma questão... podemos imaginar facilmente o que é colocado nas bolsas Dogon da Hermés, mas fica bastante mais difícil adivinhar o que transportaria Dagon que visitava os Caldeus enquanto Anedoto, assim como não é fácil supor o que transportavam os primitivos habitantes da Capivara nas suas bolsas. 

2 comentários:

  1. Também aparecem bolsas esculpidas em Gobekli Tepe.
    https://www.google.pt/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=&url=http%3A%2F%2Fdark-ride.org%2F%3Fp%3D1218&psig=AFQjCNFLXPGgpgqizwhSVztqwmrRXp9fKg&ust=1464209106466237

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    1. Com efeito! - Muito bem observado, não tinha visto.
      Deixo aqui o link directo:
      dark-ride.org/?p=1218
      fazendo notar que se trata da 3ª figura nesse link, onde estão 3 bolsas na parte superior da estela.

      Muito obrigado.

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